o profeta do próprio deus. Não havia mortal que fosse capaz de o assustar, e
o mesmo podia-se dizer da escuridão… e das memórias, os ossos da alma.
O som de uma porta abrindo, o grito de uma dobradiça de ferro
enferrujada.
Euron regressou. Não importava. Ele era o sacerdote Cabelo
Molhado, o amado do deus.
— Chegará à guerra? — Perguntou Greydon Goodbrother quando o
sol iluminou os montes. — Uma guerra de irmão contra irmão?
— Se o Deus Afogado o desejar. Nenhum homem sem deus pode
sentar-se na Cadeira da Pedra do Mar.
O Olho de Corvo lutará, isso é certo.
Nenhuma mulher seria capaz de derrotá-lo, nem mesmo Asha; as
mulheres eram feitas para travar as suas batalhas na cama de partos. E
Theon, se ainda vivesse, era igualmente impotente, um rapaz de amuos e
sorrisos.
Em Winterfell demonstrara o seu valor, aquele que tinha, mas o
Olho de Corvo não era nenhum rapaz aleijado. Os conveses do navio de
Euron estavam pintados de vermelho, para melhor esconder o sangue que os
ensopava.
Victarion. O rei tem de ser Victarion, senão a tempestade matará a
todos.
Greydon o deixou depois de o sol nascer, para ir levar a notícia da
morte de Balon aos primos, nas suas torres em Covabaixa, no Forte do
Espigão do Corvo e no Lago do Cadáver. Aeron prosseguiu sozinho, subindo
montes e descendo vales ao longo de um trilho pedregoso que se ia tornando
mais largo e mais nítido à medida que se ia aproximando do mar. Em todas
as aldeias fazia uma pausa para pregar, e o mesmo fazia nos pátios dos
pequenos senhores.
— Nascemos do mar, e ao mar voltaremos — dizia-lhes. A sua voz
era profunda como o oceano, e trovejava como as ondas. — O Deus da
Tempestade, na sua ira, arrancou Balon ao seu castelo e derrubou-o, e ele
agora se banqueteia sob as ondas nos salões aquáticos do Deus Afogado.
Ergueu as mãos.