Admin Qui maio 31, 2012 10:03 am
nobres, a irmã iria se arriscar a despertar a fúria do Víbora Vermelha. Sentá-la ao lado dele faria com que todas as outras mulheres no estrado se ofendessem. O Príncipe Doran tinha a intenção de provocar um quiproquó?
O Príncipe Oberyn virou o cavalo para trás, para defrontar os outros dorneses.
- Ellaria, senhores e senhoras, sores, vejam como o Rei JofFrey gosta de nós. Sua Gra¬ça teve a bondade de enviar o próprio tio Duende para nos levar à sua corte.
Bronn respondeu com um resfolego de risada, e Tyrion foi obrigado a também fingir divertimento.
- Não sozinho, senhores. Isso seria uma tarefa gigantesca demais para um homem pequeno como eu, - A essa altura, sua comitiva já tinha se aproximado, por isso foi sua vez de enumerar os nomes. - Permitam-me que lhes apresente Sor Flement Brax, her¬deiro de Valcorno. Lorde Gyles de Rosby. Sor Addam Marbrand, Senhor Comandante da Patrulha da Cidade. Jalabhar Xho, Príncipe do Vale da Flor Vermelha. Sor Harys Swyft, sogro de meu tio Kevan. Sor Merlon Crakehall. Sor Philip Foote e Sor Bronn da Água Negra, dois heróis de nossa recente batalha contra o rebelde Stannis Barathe- on. E meu escudeiro, o jovem Podrick da Casa Payne. - Os nomes iam ressoando bem à medida que Tyrion os desenrolava, mas aqueles que os possuíam não eram um grupo nem de longe tão distinto e formidável quanto aquele que acompanhava o Príncipe Oberyn, como ambos sabiam perfeitamente.
- Senhor de Lannister - disse a Senhora Blackmont -, percorremos um caminho longo e poeirento, e um pouco de descanso seria muito bem-vindo, para restaurarmos as forças. Podemos prosseguir para a cidade?
- Imediatamente, senhora. - Tyrion virou a cabeça do cavalo e chamou por Sor Addam Marbrand. Os homens de manto dourado que constituíam a maior parte de sua guarda de honra manobraram vivamente os cavalos à ordem de Sor Addam, e a coluna dirigiu-se para o rio e para Porto Real.
Oberyn Nymeros Martell, resmungou Tyrion, em surdina, enquanto se punha ao lado do homem. A Víbora Vermelha de Dorne. E o que, com os sete infernos, esperam que eu faça com ele?
Conhecia o homem apenas de reputação, certamente... mas a reputação era assus¬tadora. Quando mal tinha dezesseis anos, o Príncipe Oberyn fora encontrado na cama com a amante do velho Lorde Yronwood, um homem enorme, de feroz reputação e gênio tempestuoso. Seguiu-se um duelo, embora, em vista da juventude e do elevado nasci¬mento do príncipe, fosse apenas até o primeiro sangue. Ambos os homens receberam golpes, e a honra foi satisfeita. Mas o Príncipe Oberyn recuperou-se rapidamente, ao passo que os ferimentos de Lorde Yronwood gangrenaram e o levaram à morte. Depois de seu falecimento, os homens começaram a murmurar que Oberyn lutara com uma espada envenenada, e daí em diante tanto os amigos como os adversários passaram a chamá-lo de Víbora Vermelha.
Isso havia acontecido muitos anos antes, com certeza. O rapaz de dezesseis anos era agora um homem com mais de quarenta e sua lenda tornara-se mais sombria. Tinha via¬jado pelas Cidades Livres, onde aprendeu a arte dos venenos, e talvez artes ainda mais ne¬gras, caso se acreditasse nos rumores. Estudou na Cidadela, chegando até a foijar seis elos de uma corrente de meistre antes de se aborrecer. Serviu como soldado nas Terras Dispu¬tadas, do outro lado do mar estreito, acompanhando os Segundos Filhos durante algum tempo antes de formar a própria companhia. Seus torneios, suas batalhas, seus duelos, seus cavalos, sua luxúria... dizia-se que dormia tanto com homens quanto com mulheres e que tinha gerado bastardas por todo o Dorne. Os homens chamavam suas filhas de serpentes de areia. Até onde Tyrion sabia, o Príncipe Oberyn nunca fora pai de um filho.
E, claro, tinha mutilado o herdeiro de Jardim de Cima.
Não há homem nos Sete Reinos que seja menos bem-vindo a um casamento Tyrell, pensou Tyrion. Mandar o Príncipe Oberyn para Porto Real enquanto a cidade ainda abrigava Lorde Mace Tyrell, dois de seus filhos e milhares de seus homens de armas era uma pro¬vocação tão perigosa quanto o próprio Príncipe Oberyn. Uma palavra errada, um gracejo feito num momento inoportuno, um olhar serão o suficiente, e nossos nobres aliados vão se lançar às gargantas uns dos outros.
- Já nos encontramos uma vez - disse o príncipe dornês a Tyrion, com ligeireza, en¬quanto cavalgavam lado a lado pela estrada do rei, passando por campos de cinzas e es¬queletos de árvores. - Mas não espero que se lembre. Era ainda menor do que é agora.
Na voz do homem, havia uma aresta de zombaria que desagradava a Tyrion, mas não ia permitir que o dornês o provocasse.
- Quando aconteceu isso, senhor? - perguntou, num tom de interesse educado.
- Oh, há muitos e muitos anos, quando minha mãe governava em Dorne e o senhor seu pai era Mão de um rei diferente.
Não tão diferente quanto possa pensar, refletiu Tyrion,
- Foi quando visitei Rochedo Casterly com a minha mãe, o seu consorte e a minha irmã Elia. Tinha, oh, catorze, quinze anos, por aí, e Elia era um ano mais velha. O seu irmão e sua irmã tinham oito ou nove anos, se bem me lembro, e você havia acabado de nascer.
Estranha hora para uma visita. A mãe havia morrido no parto, então os Martell te¬riam encontrado Rochedo Casterly profundamente mergulhado em luto. Especialmente o pai. Lorde Tywin raras vezes mencionava a mulher, mas Tyrion ouviu os tios falarem do amor que havia entre eles. Naqueles tempos, o pai era Mão de Aerys, e muitos diziam que Lorde Tywin Lannister governava os Sete Reinos, mas a Senhora Joanna governava Lorde Tywin.
- Ele não era o mesmo homem depois que ela morreu, Duende - disse-lhe um dia o tio Gery. - A melhor parte dele morreu com ela. - Gerion era o mais novo dos quatro filhos de Lorde Tytos Lannister, e o tio de que Tyrion mais gostava.