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    O Festim dos Corvos

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    O Festim dos Corvos - Página 16 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:18 pm

    filho com sua armadura, por bondade. Sor Loras caminhe comigo, preciso
    trocar uma palavra contigo.
    O Cavaleiro das Flores não teve escolha a não ser seguir nos seus
    calcanhares, como o cachorrinho que era. Cersei esperou até estarem nas
    escadas em espiral antes de falar.
    — O que era aquilo, me diga?
    — Minha irmã — ele admitiu. — Sor Tallad, Sor Dermot e Sor
    Portifer estavam montando na Justa, e a rainha sugeriu que Vossa Graça
    gostaria de ter um turno.
    Ele a chamou assim para provocar-me.
    — E você fez?
    —Eu ajudei Vossa Graça a colocar sua armadura e mostrei a ele
    como treinar sua lança — respondeu.
    — Aquele cavalo era muito grande para ele. E se ele caísse? E se o
    saco de areia tivesse amassado a cabeça dele?
    — Contusões e lábios sangrando fazem parte de ser um cavaleiro.
    — Começo a entender porque seu irmão é um aleijado. — Isto tirou
    o sorriso do lindo rosto dele, ela ficou feliz em ver. — Se porventura meu
    irmão falhou em explicar as suas obrigações, sor. Você está aqui para
    proteger meu filho dos inimigos. Treiná-lo para cavalaria é da competência
    do mestre de armas.
    — A Fortaleza Vermelha não tem um mestre de armas desde que
    Aron Santagar foi morto — Sor Loras disse, com uma pontada de
    reprovação em sua voz. — Vossa Graça tem nove anos e está ansioso para
    aprender. Na idade dele ele deveria ser um escudeiro. Alguém tem que
    ensiná-lo.
    Alguém irá. Mas não será você.
    — Diga-me, de quem foi escudeiro, Sor? — Ela perguntou
    docemente. — Sor Renly, não foi?
    — Tive a honra.
    —Sim, imagino quanta. — Cersei havia visto quão apertado eram os
    laços entre escudeiros e os cavaleiros a que serviam. Ela não queria Tommen
    crescendo próximo a Loras Tyrell. O Cavaleiro das Flores não era o tipo de
    homem para nenhum garoto imitar. — Eu tenho sido descuidada. Com um
    reino para governar, uma guerra para lutar, e um pai para lamentar, talvez eu
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    O Festim dos Corvos - Página 16 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:18 pm

    tenha esquecido um assunto tão crucial quanto nomear um mestre de armas.
    Devo corrigir este erro quanto antes.
    Sor Loras puxou de volta uma mecha que havia caído em sua testa.
    — Vossa Graça, não encontrará um homem tão habilidoso com a
    espada e a lança quanto eu.
    Humilde, não?
    — Tommen é seu rei, não seu escudeiro. Você deve lutar por ele,
    morrer por ele se for necessário. Nada mais.
    Ela o deixou na ponte levadiça, que se estendia sobre o fosso como
    uma cama de pregos de ferro e entrou na Fortaleza de Maegor sozinha. Onde
    encontrarei um mestre de armas, ela pensava enquanto subia para seus
    aposentos. Recusando Sor Loras, ela havia tirado a chance de todos os
    cavaleiros da Guarda Real. aquilo seria sal na ferida, certamente irritaria
    Jardim de Cima. Sor Tallad, Sor Dermot? Certamente deve haver alguém.
    Tommen estava gostando de seu escudo jurado, mas Osney estava se
    mostrando menos capaz do que ela esperava no assunto da donzela
    Margaery, e ela tinha uma função diferente em mente para seu irmão Osfryd.
    Tinha sido realmente uma pena que o Cão tivesse ficado raivoso. Tommen
    sempre tivera medo da voz áspera e da face queimada de Sandor Clegane, e
    o desdém de Clegane seria o antídoto perfeito para o cavalheirismo afetado
    de Loras Tyrell.
    Aron Santagar é de Dorne, Cersei lembrou. Eu poderia enviá-lo
    para Dorne. Séculos de guerras sangrentas estavam entre Lançassolar e
    Jardim de Cima. Sim, um homem de Dorne poderia preencher minhas
    expectativas perfeitamente. Deve haver boas espadas em Dorne.
    Quando Cersei entrou em seu solar, encontrou Lorde Qyburn lendo
    em um assento na janela.
    — Se agradar a Sua Graça, tenho relatórios.
    — Mais conspirações e traições? — Cersei perguntou. — Eu tive um
    dia longo e cansativo. Diga-me rapidamente.
    Ele sorriu simpaticamente.
    — Como quiser. Há rumores de que o Arconte de Tyrosh ofereceu
    um acordo a Lys, para entrar em sua atual guerra comercial. Dizem que Myr
    esteve a ponto de entrar na guerra, do lado de Tyrosh, mas sem a Companhia
    Dourada os homens de Myr não acreditaram que...
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    O Festim dos Corvos - Página 16 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:18 pm

    — O que os homens de Myr acreditam não me interessa. As Cidades
    Livres estavam sempre lutando entre si. Suas traições e alianças sem fim
    significavam pouco ou nada para Westeros. Tem alguma noticia de maior
    importância?
    — A revolta de escravos em Astapor se espalhou para Meereen, ao
    que parece. Marinheiros de uma dúzia de navios falam de dragões...
    — Harpias. Tem harpias em Meereen. — Ela lembrava-se disso de
    algum lugar. Meereen era no fim do mundo, mais a leste que Valiria. —
    Deixe os escravos se revoltarem. Não mantemos escravos em Westeros. É
    tudo que tem para mim?
    — Há algumas notícias de Dorne que Vossa Graça pode achar
    interessante. Príncipe Doran prendeu Sor Daemon Sand, um bastardo que
    uma vez foi escudeiro da Víbora Vermelha.
    — Lembro-me dele. Sor Daemon estava entre os Cavaleiros de
    Dorne que haviam acompanhado Príncipe Oberyn a Porto Real. O que ele
    fez?
    — Ele exigiu que a filha de Príncipe Oberyn fosse libertada.
    — Muito tolo ele.
    — Também — Lorde Qyburn disse. — A filha do Cavaleiro de
    Bosquepinto ficou noiva inesperadamente de Lorde Estermont, nosso amigo
    em Dorne nos disse. Ela foi enviada a Pedra Verde tarde da noite, e dizem
    que ela e Estermont já se casaram.
    — Um bastardo no ventre explica bem isso. — Cersei brincou com
    uma mecha de seu cabelo. Quantos anos tem a noiva?
    —Vinte e três, Vossa Graça. Enquanto Lorde Estermont...
    — Deve estar com setenta. Estou ciente disso. Os Estermont eram
    seus parentes através de Robert, cujo pai tomou uma delas como esposa, o
    que deve ter sido um ataque de loucura ou de luxuria.
    Na época que Cersei casou-se com o rei, a Senhora mãe de Robert
    estava a muito morta, embora seus dois irmãos tenham vindo para o
    casamento e ficado por meio ano. Robert depois havia insistido em retornar a
    cortesia com uma visita a Estermont, uma ilhazinha montanhosa, fora de
    Cabo Cólera. A úmida e sombria quinzena que Cersei havia passado em
    Pedra Verde, a sede de Casa Estermont foi o mais longo de sua jovem vida.
    Jaime apelidou o castelo Merda Verde à primeira vista, e logo Cersei
    começou a chamá-lo assim também. Sabiamente ela passara seus dias
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:18 pm

    assistindo seu marido real falcoar, caçar, e beber com seus tios, e ameaçar
    sem razão vários primos no pátio de Merda Verde.
    Havia uma prima também, uma corpulenta viuvinha, com peitos tão
    grandes como melões, cujo pai e marido haviam morrido em Ponta
    Tempestade durante o cerco.
    — O pai dela foi bom para mim — Robert contou a ela. — Eu e ela
    brincávamos juntos quando éramos crianças. — O que não o impediu de
    voltar a brincar com ela. Tão logo Cersei fechava os olhos o rei se furtava
    para consolar a pobre criatura solitária. Uma noite ela pediu a Jaime para
    segui-lo, para confirmar suas suspeitas. Quando seu irmão retornou, ele
    perguntou a ela se ela queria Robert morto.
    — Não — ela respondeu. — Quero que ele seja corno. — Ela
    gostava de pensar que fora naquela noite que Joffrey fora concebido.
    — Eldon Estermont tomou uma esposa cinquenta anos mais jovem.
    — Disse a Qyburn. — Por que isso deveria me preocupar?
    Ele encolheu os ombros.
    — Eu não digo que deveria... Mas Daemon Sand e esta garota
    Santagar são ambos próximos da filha do Príncipe Doran, Arianne, ou ao
    menos o homem de Dorne nos faz acreditar. Talvez isso signifique pouco ou
    nada, mas achei que Vossa Graça deveria saber.
    — Agora sei. — Cersei estava perdendo a paciência. — Tem algo
    mais?
    — Algo mais. Um assunto trivial. — Ele deu a ela um sorriso de
    desculpas e contou a ela de um show de fantoches que recentemente havia se
    tornado popular entre os cidadãos. Um fantoche, vestido de Rei dos Animais
    era dominado por orgulhosos leões altivos. — Os leões fantoches ficam mais
    gananciosos e arrogantes de acordo com que o conto de traição continua, até
    que eles começam a devorar a si mesmos. Quando o nobre cervo faz uma
    objeção, os leões o devoram, e rugem que este é seu direito como a mais
    poderosa das bestas.
    — E este é o fim? — Cersei perguntou, divertida. Olhado sobre certa
    luz, aquilo poderia ser visto como uma lição saudável.
    —Não, Vossa Graça. No fim um dragão eclode do ovo e devora
    todos os leões.
    O fim levava o show de fantoches de uma simples insolência, para
    traição.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:18 pm

    — Bobos e estúpidos. Apenas cretinos arriscariam a cabeça por
    um dragão de madeira. — Ela considerou durante um momento. — Mande
    algum de seus murmuradores para estes shows e faça nota de quem os
    frequenta, eu posso querer saber seus nomes.
    — O que será feito deles, se posso ser atrevido?
    — Qualquer homem de importância deve ser multado. Metade de
    sua fortuna deve ser suficiente para ensiná-los uma boa lição e preencher
    nossos cofres sem esvaziar os deles. Aqueles que forem pobres demais
    devem perder um olho, por assistir traição. Para os marionetistas, o
    machado.
    — Eles são quatro, porventura Vossa Graça poderia deixar-me dois
    deles para meus próprios propósitos. Uma mulher seria especialmente...
    — Eu lhe dei Senelle. A rainha disse rispidamente.
    — Pobre de mim. A pobre garota está bastante... exausta.
    Cersei não queria nem pensar nisso. A garota havia vindo com ela
    sem imaginar, achando que estava vindo para servir. Mesmo quando Qyburn
    colocara as correntes em torno de seus pulsos ela não pareceu entender. A
    lembrança ainda fazia a rainha ficar enjoada. As celas estavam geladas. As
    tochas estremeciam, e aquela coisa suja gritando na escuridão...
    — Sim, você pode pegar uma mulher. Duas se quiser. Mas primeiro
    eu terei nomes.
    — Como quiser — Qyburn retirou-se.
    Lá fora, o sol estava se pondo. Dorcas havia preparado seu banho.
    Cersei estava agradavelmente imersa na água morna e pensando no que diria
    aos hóspedes na ceia, quando Jaime estourou a porta e ordenou que Dorcas e
    Jocelyn saíssem. Seu irmão parecia um pouco menos que limpo e tinha um
    pouco de cheiro de cavalo sobre ele. Ele trazia Tommen com ele.
    — Doce irmã — ele disse. — O rei requer uma palavra.
    As tranças douradas de Cersei flutuavam na água do banho. O quarto
    estava cheio de vapor. Uma gota de suor escorria pelo seu rosto.
    — Tommen? — Ela disse em uma voz perigosamente doce. — O
    que foi agora?
    O garoto conhecia aquele tom. Ele encolheu.
    — O garoto quer o corcel branco amanha — disse Jaime. — Para
    suas lições de Justa.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:18 pm

    Ela sentou-se na banheira.
    — Não haverá Justa.
    — Sim, haverá. — Tommen inflou seu lábio inferior. — Eu tenho
    que montar todos os dias.
    — E você poderá — declarou a rainha. — Uma vez que tiver um
    mestre de armas adequado para supervisionar seu treinamento.
    — Eu não quero um mestre de armas adequado. Quero Sor Loras.
    — Você faz muito daquele garoto. Sua esposinha encheu-lhe a
    cabeça de noções loucas das proezas dele, eu sei, mas Osmund Kettleblack é
    três vezes mais cavaleiro que ele.
    Jaime riu.
    — Não o Osmund Kettleblack que eu conheço.
    Ela poderia tê-lo estrangulado. Eu preciso ordenar a Sor Loras que
    permita a Sor Osmund desmontá-lo. Isso deverá tirar as estrelas dos olhos
    de Tommen. Sal em uma lesma e vergonha em um herói e eles encolhem.
    — Estou procurando um homem de Dorne para te treinar — disse
    ela. — Os homens de Dorne são os melhores do reino na Justa.
    — Eles não são. De qualquer modo não quero qualquer homem
    estúpido de Dorne, eu quero Sor Loras. Eu ordeno.
    Jaime riu. Ele não ajuda em nada. Ele achava isso divertido? A
    rainha deu um tapa na água com raiva.
    — Devo mandar buscar Pate? Você não ordena a mim. Eu sou sua
    mãe.
    — Sim, mas eu sou o Rei. Margaery diz que todos têm que fazer o
    que o Rei quer. Eu quero meu corcel branco selado amanhã, então Sor Loras
    irá me ensinar Justa. E eu quero um gatinho e não vou comer mais
    beterrabas.
    Ele cruzou os braços.
    Jaime ainda estava rindo. Então a rainha o ignorou.
    — Tommen, venha aqui.
    Quando ele deu um passo atrás, ela suspirou.
    — Você esta com medo? Um rei não deveria mostrar seu medo.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:19 pm

    O garoto se aproximou da banheira, com os olhos baixos. Ela
    acariciou seus cachos dourados.
    — Rei ou não, você é um garotinho. Até você atingir a idade, o
    poder será meu. Você irá aprender Justa, eu prometo. Mas não com Loras.
    Os cavaleiros da guarda real têm obrigações mais importantes que brincar
    com crianças. Pergunte ao comandante. Não é isso, Sor?
    — Obrigações muito importantes — ele sorriu francamente. —
    Rodear as muralhas da cidade, por exemplo.
    Tommen parecia quase as lágrimas.
    — Eu ainda posso ter um gatinho?
    — Talvez — a rainha admitiu. — Desde que eu não ouça mais
    bobagens sobre Justa. Promete?
    Ele arrastou os pés.
    — Sim.
    — Muito bem. Agora vá. Meus convidados chegarão logo.
    Tommen foi embora, mas antes de sair ele virou-se para dizer:
    — Quando eu for um rei de direito, eu irei proibir beterrabas.
    O irmão dela fechou a porta com o pé.
    — Vossa Graça — Jaime disse quando estavam a sós. — Eu estava
    imaginando. Está bêbada, ou é meramente estúpida?
    Ela bateu na água novamente, mandando outro respingo de água
    para molhar os pés dele.
    — Segure sua língua, ou...
    — Ou o que? Vai me mandar inspecionar os muros da cidade de
    novo? Ele sentou-se e cruzou as pernas. A droga das suas muralhas estão
    bem. Eu rastejei sobre cada centímetro delas e olhei todos seus sete portões.
    As dobradiças do portão de ferro estão enferrujadas, e o Portão do Rei e o
    Portão da Lama precisam ser substituídos após Stannis ter batido neles com
    seus homens. As muralhas estão tão fortes como sempre foram... Mas talvez
    Vossa Graça tenha esquecido que nossos amigos de Jardim de Cima estão
    dentro das muralhas?
    — Eu não me esqueci de nada — Cersei disse a Jaime, pensando em
    certas moedas de ouro com uma Mão em um lado e o rosto de um rei
    esquecido no outro. Como um carcereiro miserável podia ter uma moeda
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:19 pm

    como aquela escondida embaixo de seu penico? Como um homem como
    Rugen tinha ouro antigo de Jardim de Cima?
    — Esta é a primeira vez que ouço sobre um novo mestre de armas.
    Você precisará procurar muito por um homem melhor na Justa que Loras.
    Sor Loras é...
    — Eu sei o que ele é. Eu não o quero perto do meu filho. Você tem
    que lembra-lo das suas obrigações. — O banho estava ficando melhor.
    — Ele sabe suas obrigações. E não há melhor lance...
    — Você era melhor, antes de perder sua mão. Sor Barristan, quando
    era jovem. Arthur Dayne era melhor e Príncipe Rhaegar era um adversário
    até para ele. Não me irrite sobre quão feroz a flor é. Ele é só um garoto.
    Ela estava cansada de Jaime a desafiando. Ninguém havia desafiado
    o senhor seu pai. Quando Tywin Lannister falava os homens obedeciam.
    Quando Cersei falava os homens sentiam se livres para aconselha-la, para
    contradizê-la, até recusar. Isto é apenas por que sou uma mulher. Porque
    não posso lutar com uma espada. Eles davam mais respeito a Robert do que
    dão a mim, e Robert era um idiota bêbado. Ela não deveria aguentar aquilo,
    especialmente de Jaime. Eu preciso me livrar dele, e logo. Havia existido um
    tempo em que ela sonhara que eles deveriam governar os Sete Reinos lado a
    lado, mas Jaime havia se tornado mais um obstáculo do que uma ajuda.
    Cersei saiu do banho. Água escorreu pelas suas pernas dos seus
    cabelos.
    — Quando eu quiser um conselho, eu pedirei. Deixe-me, sor, eu
    preciso me vestir.
    — Seus convidados do jantar, eu sei. Que conluio é agora? São
    tantos que perco a conta. — Sua atenção havia caído na água que havia nos
    cabelos dourados entre as pernas dela.
    Ele ainda me quer.
    — Com saudades do que perdeu irmão?
    Jaime levantou os olhos.
    — Eu a amo também, doce irmã. Mas você é uma tola. Uma tola
    linda e dourada.
    As palavras a picaram. Você me disse palavras doces em Pedra
    Verde, na noite em que plantou Joff dentro de mim, Cersei pensou.
    — Saia.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:19 pm

    Ela virou-se de costas para ele e ouviu-o sair, atrapalhado com a
    porta e com seu coto. Enquanto Jocelyn estava garantindo que estava tudo
    pronto para a ceia, Dorcas ajudou a rainha com seu novo vestido. Tinha
    listras de cetim verde brilhante, alternando com listras de veludo preto de
    pelúcia, e renda preta de Myr intrincada acima do corpete. Renda de Myr era
    caro, mas era necessário a uma rainha parecer bem em todos os momentos, e
    suas lavadeiras miseráveis haviam encolhido vários de seus vestidos velhos,
    então eles não serviam mais. Ela poderia ter as chicoteado pelo descuido,
    mas Taena lhe pediu para ser misericordiosa.
    — O povo irá amá-la mais se for gentil — havia dito. Então Cersei
    ordenou que deduzissem os valores dos salários das mulheres, uma solução
    muito mais elegante.
    Dorcas colocou um espelho de prata em sua mão. Muito bom, a
    rainha pensou, sorrindo a seu reflexo. Era muito melhor estar fora do luto.
    Preto a fazia parecer muito pálida. É uma pena que não estou jantando com
    a Senhora Merryweather, a rainha pensou. Havia sido um longo dia, e a
    sagacidade de Taena sempre a animava. Cersei não tinha uma amiga de
    quem gostava tanto desde Melara Hetherspoon, e Melara havia provado ser
    uma pequena conspiradora gananciosa, com ideias acima de seu posto. Eu
    não devo pensar mal dela. Ela esta morta e enterrada, e me ensinou a nunca
    confiar em ninguém além de Jaime.
    Quando Cersei se juntou aos convidados no solar, eles já haviam
    feito um bom começo com o hidromel. A Senhora Falyse não apenas parece
    com um peixe, mas também bebe como um, pensou ao notar que esta havia
    esvaziado quase meio copo.
    — Doce Falyse, exclamou, beijando as bochechas da mulher. E
    bravo Sor Balman. Eu estava distraída quando ouvi de sua querida mãe.
    Como esta nossa Senhora Tanda?
    A Senhora Falyse parecia como se estivesse a ponto de chorar.
    — Que bom que Vossa Graça perguntou. O quadril da mamãe foi
    destruído pela queda, Meistre Frenken disse. Ele fez tudo que pode. Agora
    nós rezamos, mas...
    Reze o quanto quiser, ela ainda vai estar morta quando a lua mudar.
    Mulheres tão velhas como Tanda Stokeworth não sobrevivem a um quadril
    quebrado.
    — Devo acrescentar minhas preces também — disse Cersei. — Lord
    Qyburn me disse que Tanda foi jogada de seu cavalo.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:19 pm

    — A sela estourou enquanto ela estava montando — disse Sor
    Balman Byrch. — O cavalariço deveria ter visto a corda que foi usada. Ele
    foi punido.
    — Severamente, espero. — Cersei sentou-se, indicando que seus
    convidados também deveriam sentar-se. — Vai querer outro copo de
    hidromel, Falyse? Você sempre foi apaixonada por ele, eu me lembro.
    — Muito gentil de sua parte lembrar, Vossa Graça.
    Como poderia esquecer? Jaime disse que era incrível você não
    urinar nas coisas.
    — Como foi sua viajem?
    — Desconfortável — reclamou Falyse. — Choveu na maioria dos
    dias. Pensamos em passar a noite em Rosby, mas o jovem protegido de
    Lorde Gyles recusou-nos hospitalidade — ela fungou. — Guarde minhas
    palavras, quando Gyles morrer aquele malnascido desgraçado vai fugir com
    o seu ouro. Ele pode até tentar reivindicar as terras e o senhorio, embora por
    direito Rosby deva vir para nós quando Gyles morrer. A senhora minha mãe
    era tia de segunda esposa, e prima de terceiro grau do próprio Gyles.
    Seu sigilo é de uma ovelha minha senhora, ou de uma espécie de
    macaco? Cersei pensou
    — Lorde Gyles está ameaçando morrer desde que eu o conheci, mas
    ele ainda está conosco, e estará por muitos anos, eu espero — ela sorriu
    agradavelmente. — Sem dúvidas ele vai tossir em cima de nossos túmulos.
    — Provavelmente — Sor Balman concordou. O protegido de Rosby
    não foi o único a atormentar-nos, Vossa Graça. Encontramos rufiões na
    estrada também. Imundos, criaturas despenteadas com escudos de couro e
    seixos. Alguns tinham estrelas costuradas em suas jaquetas, as estrelas
    sagradas de sete pontos, mas tinham uma aparência do mal sobre todos eles.
    — Eles estavam cheios de piolhos, estou certa. — Falyse
    acrescentou.
    — Eles chamam a si mesmos pardais. — Cersei disse. — Uma praga
    sobre a terra. Nosso novo Alto Septão terá de lidar com eles, uma vez que
    for coroado. Se não, vou lidar com eles eu mesma.
    — Sua alta santidade já foi escolhida? — Perguntou Falyse.
    —Não — a rainha teve que confessar. — O Septão Ollidor estava a
    ponto de ser escolhido, até que alguns desses pardais seguiram-no até um
    bordel e o arrastaram nu na rua. Luceon parece à opção mais provável agora,
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:20 pm

    embora os nossos amigos sobre a colina digam que ele ainda tem alguns
    votos aquém do número necessário.
    — Que a Velha guie as deliberações com sua lâmpada de ouro da
    sabedoria — disse Falyse piedosamente. — Sor Baldan remexeu-se em sua
    cadeira. — Vossa Graça, um assunto estranho, mas para evitar mal estar
    entre nós, você deveria saber que nem minha boa esposa, nem sua boa mãe
    tiveram uma boa mão para nomear essa criança bastarda. Lollys é uma
    criatura simples, e seu marido é dado ao humor negro. Eu lhe disse para
    escolher um nome mais apropriado, porem ele riu.
    A rainha tomou um gole de vinho e estudou-o. Sor Balman tinha
    sido bom na Justa, observou uma vez, e um dos cavaleiros mais belos nos
    Sete Reinos. Ele poderia ainda ostentar um bigode bonito; entretanto, ele não
    tinha envelhecido bem. Seu cabelo ondulado loiro tinha recuado, enquanto
    sua barriga avançado inexoravelmente contra o seu gibão. Como um
    fantoche ele deixa muito a desejar, ela refletiu. Ainda assim, ele deve servir.
    — Tyrion era o nome de um rei, antes dos dragões chegarem. O
    anão despojou-o, mas talvez esta criança possa trazer honra de novo a este
    nome. Se este bastardo viver o suficiente. Eu sei que não devo culpá-los. A
    Senhora Tanda é a irmã que nunca tive, e você... Sua voz se quebrou.
    Perdoe-me, eu vivo com medo.
    Falyse abriu e fechou sua boca, o que a fez parecer algum tipo
    especialmente estúpido de peixe.
    — Com... com medo, Vossa Graça?
    — Não tenho dormido uma noite inteira desde que Joffrey morreu.
    Cersei encheu o cálice com hidromel. Meus amigos... são meus amigos,
    espero? E do Rei Tommen?
    — Aquele doce rapaz — Sor Balman declarou. — As próprias
    palavras da Casa Stokeworth são orgulhosas de serem leais.
    — Eu gostaria que houvesse mais como você, sor. Eu digo a
    verdade, eu tenho grande duvidas a respeito de Sor Bronn da Água Negra.
    Marido e mulher trocaram um olhar.
    — O homem é insolente, Vossa Graça. — Falyse disse. — Rude e
    desbocado.
    — Ele não é um verdadeiro cavaleiro — disse Sor Balman.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:20 pm

    —Não — Cersei sorriu toda para ele. — E você é um homem que
    conhece o verdadeiro cavalheirismo, sor. Eu me lembro de assisti-lo na justa
    e... que torneio era onde você lutou com tanto brilhantismo, sor?
    Ele sorriu modestamente.
    — Aquele em Valdocaso há seis anos? Não, você não estava lá,
    senão você certamente teria sido coroada a rainha do amor e da beleza. Foi o
    torneio em Lannisporto após a Rebelião Greyjoy, não? Eu desmontei um
    bom número de cavaleiros naquela vez.
    — Foi este. — Seu rosto ficou sombrio. — O anão desapareceu na
    noite que meu pai morreu, deixando dois bons carcereiros para trás em poças
    de sangue. Alguns afirmam que ele fugiu através do mar estreito, mas eu me
    pergunto. O anão é astuto. Talvez ele ainda se esconda por perto, planejando
    mais assassinatos. Talvez algum amigo está escondendo-o.
    — Bronn? — Sor Balman acariciou seu bigode.
    — Ele sempre foi uma criatura do anão. Só os Outros sabem quantos
    homens ele mandou para o inferno sob as ordens de Tyrion.
    — Vossa Graça, eu acho que já teria notado um anão se escondendo
    em nossas terras — disse Sor Balman.
    — Meu irmão é pequeno. Ele foi feito para esconder-se. — Cersei
    deixou sua mão balançar. O nome de uma criança é uma coisa pequena...
    Mas insolência não punida instiga rebelião. E este homem Bronn estava
    encontrando mercenários para ele, Qyborn me disse.
    — Ele tomou quatro cavaleiros para sua casa — disse Falyse.
    Sor Balman bufou.
    — Minha boa esposa os lisonjeia ao chamá-los de cavaleiros. Eles
    são mercenários indignos, sem um pingo de cavalheirismo, todos os quatro.
    — Como eu temia. Bronn está juntando espadas para o anão. Talvez
    os Sete salvem o meu filhinho. O anão irá matá-lo, como matou seu irmão
    — ela soluçou. — Meus amigos, eu ponho minha honra em suas mãos... mas
    o que é a honra de uma rainha contra os medos de uma mãe?
    — Diga, Vossa Graça. — Sor Balman lhe garantiu. — Suas palavras
    nunca deixarão este quarto.
    Cersei alcançou o outro lado da mesa e sacudiu a mão dele.
    — Eu... eu dormiria mais facilmente a noite se eu fosse ouvir que
    Sor Bronn tivesse sofrido um acidente... enquanto caça, talvez.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:20 pm

    Sor Balman considerou por um instante.
    — Um acidente mortal?
    Não, eu desejo que você quebre o dedão do pé dele. Meus inimigos
    estão em todos os lugares e meus amigos são idiotas.
    — Eu imploro, Sor — suspirou. Não me faça dizer isso.
    — Eu entendo. — Sor Balman levantou um dedo.
    Um nabo teria entendido mais rápido.
    — Você é um verdadeiro cavaleiro de fato, Sor. A resposta às
    orações de uma mãe amedrontada. — Cersei o beijou. — Faça isso rápido,
    se puder. Bronn tem apenas alguns homens com ele agora, mas se não
    agirmos, ele certamente encontrará mais. — Ela beijou Falyse. — Eu nunca
    esquecerei isto meus amigos. Meus amigos verdadeiros de Stokeworth.
    Orgulhosos de serem leais. Eu prometo-lhes que acharemos um marido
    melhor para Lollys quando isso terminar. Um Kettleblack, talvez. Nós
    Lannister pagamos nossas dividas.
    O restante foi Hidromel e beterraba com manteiga, pão quente
    cozido, erva-crostosas, e as costelas de javali. Cersei havia descoberto que
    gostava muito de javali desde a morte de Robert. Ela não se incomodava
    nem com a companhia, mesmo que os sorrisos de Falyse e Sor Balman
    estivessem sujos de sopa doce. Já havia passado da meia noite quando ela
    conseguiu desvencilhar-se deles. Sor Balman provou um grande frasco para
    sugerir ainda outro, e a rainha não achou prudente recusar. Eu poderia ter
    contratado um Homem Sem Rosto para matar Bronn pela metade do que
    gastei em hidromel, ela refletiu quando eles finalmente foram.
    Naquela hora seu filho já estava adormecido, mas Cersei deu uma
    olhada nele antes de procurar sua própria cama. Ela ficou surpresa ao
    encontrar três gatinhos aninhados a ele
    — De onde eles vieram? Perguntou a Sor Meryn, do lado de fora da
    câmara real.
    — A pequena rainha os deu a ele. Ela só queria lhe dar um, mas ele
    não conseguia decidir de qual deles gostava mais.
    Melhor que cortá-los fora de sua mãe com uma adaga, eu suponho.
    As tentativas grotescas de sedução de Margaery eram tão obvias que era para
    se rir. Tommen é jovem demais para beijos, então ela lhe dá gatinhos. Cersei
    desejava que eles não fossem pretos, entretanto. Gatos pretos davam má
    sorte, como a garotinha de Rhaegar tinha descoberto naquele mesmo castelo.
    Ela poderia ser minha filha, se o Rei Louco não tivesse feito sua brincadeira
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:20 pm

    cruel com meu pai. Tinha que ter sido loucura o que levara Aerys a recusar a
    filha de Lorde Tywin e pegar seu filho em vez disso, enquanto casava seu
    próprio filho com uma fraca princesa de Dorne, com olhos negros e peito
    liso.
    A memória da rejeição ainda estava inflamada, mesmo depois de
    todos esses anos. Mais de uma noite ela havia assistido o príncipe Rhaegar
    no salão, tocando sua harpa de cordas de prata com seus longos e elegantes
    dedos. Algum homem já havia sido tão bonito? Ele era mais que um homem,
    todavia. Seu sangue era o sangue da antiga Valiria, o sangue dos dragões e
    dos deuses. Quando ela era apenas uma garotinha seu pai havia lhe
    prometido que ela poderia se casar com Rhaegar. Ela não poderia ter mais
    que seis ou sete anos.
    — Não fale disso, criança — ele havia dito a ela, com seu sorriso
    secreto que apenas Cersei já havia visto. — Não até que Vossa Graça
    concorde com o noivado. Isto deve permanecer nosso segredo por agora. —
    E havia sido, entretanto uma vez ela havia desenhado um retrato de si
    mesma voando atrás de Rhaegar em um dragão, seus braços apertados ao
    redor do peito dele. Quando Jaime a descobriu, disse que era a Rainha
    Alysanne e o Rei Jaehaerys.
    Ela estava com dez anos quando viu seu príncipe em carne e osso,
    no torneio que seu pai havia feito para recepcionar o Rei Aerys ao oeste.
    Estandes haviam sido levantados junto às muralhas de Lannisporto, e a
    torcida do povo tinha ecoado por Rochedo Casterly como um trovão. Eles
    torceram por seu pai duas vezes mais alto que pelo Rei, mas isso foi apenas a
    metade de tão alto quanto torceram por Rhaegar.
    Com dezessete anos e novo na cavalaria, Rhaegar Targaryen usava
    uma placa preta em cima de sua armadura dourada quando galopou para a
    Justa. Longas correntes de vermelho, dourado e de seda laranja haviam
    flutuado por trás de seu elmo, como chamas. Dois de seus tios caíram diante
    de sua lança, juntamente com dúzias dos melhores na Justa de seu pai, a flor
    do oeste. À noite o príncipe tocou sua harpa de prata e a fez chorar. Quando
    ela foi apresentada a ele, Cersei quase se afogou nas profundezas de seus
    tristes olhos roxos. Ele foi ferido, ela se lembrou de ter pensado, mas vou
    curar suas feridas quando nos casarmos. Perto de Rhaegar até seu lindo
    Jaime não parecia nada mais que um rapazote. O príncipe será meu marido,
    ela pensara, com vertiginosa excitação, e então quando o velho rei morrer,
    eu serei a rainha. A rainha havia lhe confidenciado aquela verdade antes do
    torneio.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 2:20 pm

    — Você deve estar especialmente linda — a SenhoraGenna lhe
    disse, agitando seu vestido. — No final da festa deve ser anunciado que você
    e o Príncipe Rhaegar estão noivos.
    Cersei havia sido tão feliz naquele dia. De outro modo ela jamais
    teria ousado visitar a tenda de Maggy, a Sapa. Ela somente havia feito isso
    para mostrar a Jeyne e Melara que leoas não temiam nada. Eu serei rainha.
    Por que uma rainha deveria ter medo de uma velha hedionda. A lembrança
    daquela profecia ainda a fazia tremer uma vida depois. Jeyne saira correndo
    da tenda, mas Melara havia ficado, e ela também. Nós a deixamos
    experimentar nosso sangue, e rimos de suas estúpidas profecias. Nenhuma
    delas fazia nenhum sentido. Ela seria a esposa de Rhaegar, não importava o
    que a mulher havia dito. Seu pai havia prometido e a palavra de Tywin
    Lannister era ouro.
    Sua risada morreu no fim do torneio. Não havia tido festa final, sem
    brindes para comemorar seu noivado com príncipe Rhaegar. Apenas o
    silencio gelado e olhares frios entre o rei e seu pai. Mais tarde, quando Aerys
    e seu filho e todos seus galantes cavaleiros se foram para Porto Real ela
    havia ido até sua tia em prantos, sem entender.
    — Seu pai propôs o compromisso — Senhora Genna lhe disse, —
    mas Aerys recusou-se a ouvir sobre isso. ‘Você é meu mais fiel servo,
    Tywin’ — o rei disse — ‘mas um homem não casa seu herdeiro com a filha
    de seu servo.’ Seque suas lágrimas pequena. Já viu um leão chorar? Seu pai
    achará um homem para você, um melhor que Rhaegar.
    Sua tia tinha mentido, entretanto, e seu pai havia falhado com ela,
    assim como Jaime estava falhando agora. Papai não me encontrou um
    homem melhor, ao invés disso ele me deu Robert, e a maldição de Maggy
    floresceu como uma flor envenenada. Se ela tivesse se casado com Rhaegar,
    como os deuses pretendiam, ele nunca teria olhado duas vezes para a garota
    lobo. Rhaegar poderia ser nosso rei hoje e eu seria sua rainha, a mãe de
    seus filhos.
    Ela nunca havia perdoado Robert por matá-lo.
    Mas claro, leões nunca haviam sido bons em perdoar. Como Sor
    Bronn de Água Negra logo aprenderia.
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:11 pm

    Briene 438



    Foi Hyle Hunt quem insistiu que eles pegassem as cabeças.
    — Tarly vai querê-las para colocá-las nas muralhas — ele
    disse.
    — Nós não temos nenhum alcatrão — Brienne apontou. —
    A carne vai apodrecer. Deixem-nas aqui. — Ela não queria viajar pela
    escuridão verdejante da floresta de pinheiros com as cabeças dos homens
    que tinha matado.
    Hunt não a escutou. Ele mesmo cortou o pescoço dos cadáveres,
    amarrou as três cabeças pelos cabelos e as jogou em sua sela. Brienne não
    tinha escolha a não ser fingir que elas não estavam lá, mas, às vezes,
    principalmente à noite, ela podia sentir seus olhos mortos nas suas costas.
    Uma vez sonhou que elas sussurravam uma para outra.
    Estava frio e úmido na Ponta da Garra Rachada quando eles
    voltaram a andar. Alguns dias chovia, em outros, só parecia que iria chover.
    Eles nunca estavam aquecidos. Mesmo quando acampavam era difícil
    encontrar lenha seca para a fogueira.
    Quando eles chegaram aos portões de Lagoa da Donzela, uma
    multidão de moscas os recebeu, um corvo comera os olhos de Shagwell e
    tinham larvas engatinhando em Pyg e Timeon. Brienne e Podrick estavam,
    há muito, cavalgando muitos metros à frente, para manter o cheiro de
    podridão bem atrás deles. Sor Hyle afirmou ter perdido todo o olfato até
    então.
    — Enterre-as — ela o falava toda vez que acampavam à noite, mas
    Hunt não era nada mais senão intratável. Ele vai preferir dizer a Lorde
    Randyll que matou todos os três.
    Mas, pela sua honra, o cavaleiro não fez nada do tipo.
    — O escudeiro gago jogou uma pedra — informou quando o
    levaram, junto com Brienne, à presença de Tarly, no pátio do castelo de
    Mooton. As cabeças foram apresentadas a um sargento da guarda, a quem
    foi dito para limpá-las, cobri-las de breu e ergue-las sobre o portão. — A
    moça da espada se encarregou do resto.
    — Todos os três? — Lorde Randyl estava incrédulo.
    — O jeito que ela lutou... ela poderia ter matado mais três.
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:11 pm

    — E você encontrou a menina Stark? — Tarly exigiu dela.
    — Não, meu senhor.
    — Ao invés disso você matou alguns ratos. Gostou?
    — Não, meu senhor.
    — Uma pena. Bem, você já sentiu o gosto de sangue. Provou o que
    quer que tenha querido provar. É hora de você tirar a cota de malha e por
    roupas adequadas novamente. Há navios no porto. Um deles vai à Tarth.
    Você irá com ele.
    — Obrigada, meu senhor, mas não.
    O rosto de Lorde Tarly dizia que não queria nada mais a não ser
    cortar sua cabeça e enfiá-la numa estaca acima dos portões de Lagoa da
    Donzela, junto a Timeon, Pyg e Shagwell.
    — Você pretende continuar com essa insensatez?
    — Eu pretendo encontrar a Senhora Sansa.
    — Se isso agradar a meu senhor — Sor Hyle disse. — Eu a vi
    lutando contra os Saltimbancos. Ela é mais forte do que a maioria dos
    homens, e rápida.
    — A espada é rápida — Tarly interrompeu. — Essa é a natureza do
    aço valiriano. Mais forte que a maioria dos homens? Sim. Ela é uma
    aberração da natureza, longe de mim negar isso.
    Gente como ele nunca me amará, Brienne pensou, não importa o
    que eu faça.
    — Meu senhor, pode ser que Sandor Clegane tenha algum
    conhecimento sobre a menina. Se eu pudesse encontra-lo...
    — Clegane se tornou um fora da lei. Ele cavalga com Beric
    Dondarrion agora, ao que parece. Ou não, os contos variam. Mostre-me onde
    eles estão escondidos. Eu irei com prazer cortar suas barrigas ao meio, puxar
    suas entranhas para fora e queimá-las. Nós enforcamos dúzias de foras da
    lei, mas os líderes ainda se esquivam de nós. Clegane, Dondarrion, o
    feiticeiro vermelho, e agora esta mulher, Coração de Pedra... Como você
    pretende encontrá-los, quando eu mesmo não posso?
    — Meu senhor, eu... — Ela não tinha uma boa resposta para ele. —
    Tudo que posso fazer é tentar.
    — Tente, então. Você tem sua carta, não precisa de minha licença,
    entretanto, eu lhe darei. Se você for bem sucedida, tudo que conseguirá com
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:12 pm

    isso serão feridas de tanto cavalgar. Se não, talvez Clegane deixe você viver
    depois que ele e seus capangas tenham acabado de te estuprar. Você pode
    engatinhar de volta à Tarth com algum cachorro bastardo na barriga.
    Brienne ignorou aquilo.
    — Se isso agradar a meu senhor, quantos homens cavalgam com o
    Cão?
    — Seis ou sessenta ou seiscentos. Depende a quem nós
    perguntamos. — Randyl Tarly estava, claramente, cheio daquela conversa.
    Ele começou a se virar.
    — Se meu escudeiro e eu pudermos implorar por sua hospitalidade
    até...
    — Implore o quanto quiser. Eu não irei te tolerar em minha
    residência.
    Sor Hyle Hunt deu um passo à frente.
    — Com a licença do meu senhor, eu pensei que esta ainda fosse a
    residência de Lorde Mooton.
    Tarly deu ao cavaleiro um olhar venenoso.
    — Mooton tem a coragem de uma minhoca. Você não me falará
    sobre Mooton. Quanto a você, minha senhora, é dito que seu pai é um bom
    homem. Neste caso, tenho pena dele. Alguns homens são abençoados com
    filhos, alguns com filhas. Nenhum homem merece ser amaldiçoado com algo
    como você. Viva ou morta, Senhora Brienne, não virá à Lagoa da Donzela
    enquanto eu ainda governar.
    Palavras são como vento, Brienne falou para si mesma. Elas não
    podem te machucar. Deixe-as passarem por cima.
    — Como desejar, meu senhor — ela tentou dizer, mas Tarly já tinha
    saído. Ela saiu do pátio como um sonâmbulo, sem saber onde estava indo.
    Sor Hyle se pôs ao lado dela.
    — Existem estalagens.
    Ela balançou a cabeça. Não queria uma palavra com Hyle Hunt.
    — Você se lembra do Ganso Fedorento?”
    Sua capa ainda tinha o cheiro daquilo.
    — Por quê?
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:12 pm

    — Encontre-me lá no dia seguinte, ao meio-dia. Meu primo Alyn foi
    um dos que tentaram achar o Cão. Eu falarei com ele.
    Por que faria isso?
    — Por que não? Se você for bem sucedida onde Alyn falhou, eu
    poderei escarnecer dele por muitos anos.
    Ainda havia estalagens em Lagoa da Donzela, Sor Hyle estava certo.
    Algumas tinham queimado durante um saque ou outro, e tiveram que ser
    reconstruídas, e as que permaneceram estavam cheias de soldados do
    exército de Lorde Tarly. Ela e Podrick visitaram todas elas naquela tarde,
    mas não havia camas para eles em lugar nenhum.
    — Sor? Minha senhora? — Podrick disse enquanto o sol se deitava.
    — Há navios. Navios têm camas. Redes. Ou beliches.
    Os homens de Lorde Randyll ainda rondavam pelo estaleiro, tão
    numerosos como as moscas que voavam nas cabeças dos Saltimbancos
    Sangrentos, mas seu sargento conhecia Brienne de vista, e a deixou passar.
    Os pescadores locais estavam amarrando as redes para a noite e lamentando
    o que tinham conseguido naquele dia, mas seu interesse estava nos navios
    maiores, que dobravam as águas tempestuosas do mar estreito. Meia-dúzia
    deles estavam no porto, menos uma galera chamada Filha do Titã, que
    estava puxando suas cordas para navegar na maré da noite. Ela e Podrick
    Payne rondaram pelos barcos que permaneceram. O capitão da Menina de
    Vila Gaivota achou que ela era uma prostituta e falou para eles que seu barco
    não era um bordel, e o arpoador do baleeiro ibenês quis comprar o menino,
    mas eles tinham uma fortuna melhor em outro lugar. Ela comprou para
    Podrick uma laranja no Caminhante dos Mares, um barco de pesca recémchegado
    de Vilavelha, pelo caminho de Tyrosh, Pentos, e Valdocaso.
    — Vila Gaivota é a próxima — seu capitão lhe disse, — dali para
    Dedos, depois para Vilirmãs e Porto Branco, se as tempestades permitirem.
    É um barco limpo, o Caminhante dos Mares, não tem muitos ratos, quando
    muito, e nós teremos ovos frescos e manteiga recém-batido a bordo. Minha
    senhora está procurando por uma passagem para o norte?
    — Não. — Ainda não. Ela estava tentada, mas...
    Enquanto caminhavam para o próximo píer, Podrick arrastou os pés
    e disse:
    — Sor? Minha senhora? E se minha senhora for para casa? Minha
    outra senhora, quero dizer. Sor. A Senhora Sansa.
    — Eles queimaram sua casa.
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:12 pm

    — Mesmo assim. Os deuses dela estão lá. E os deuses não podem
    morrer.
    Os deuses não podem morrer, mas meninas podem.
    — Timeon era um homem cruel e um assassino, mas eu não acredito
    que ele mentiria sobre o Cão. Nós não podemos ir para o norte sem termos
    certeza. Haverá outros barcos.
    Na ponta leste do porto, eles finalmente encontraram abrigo para a
    noite, em uma galera comercial quebrada pela tempestade, chamada Dama
    de Myr. O estado do barco não era bom. Tinha perdido seu mastro e metade
    da tripulação em uma tempestade, mas o senhor não tinha o dinheiro que
    precisava para consertá-lo, então ele estava feliz em fazer algum negócio
    permitindo que Brienne e Pod compartilhassem uma cabina vazia.
    Eles não tiveram uma noite revigorante. Brienne acordou três vezes.
    Uma vez quando a chuva tinha começado, outra vez quando um rangido a
    fez pensar que Dick, o Ágil, estava rastejando para matá-la. Na segunda vez,
    ela acordou com a faca na mão, mas não era nada. Na escuridão da cabine
    apertada, levou um tempo para ela se lembrar de que Dick, o Ágil, estava
    morto. Quando ela voltou a dormir, sonhou com os homens que matou. Eles
    dançaram ao seu redor, zombando, beliscando-a, quando ela os golpeou com
    a espada. Ela cortou os três em fitas sangrentas, ainda assim eles se
    apinhavam ao seu redor... Shagwell, Timeon e Pig, sim, mas Randyll Tarly
    também, e Vargo Hoat, e Ronnet Connington, o Vermelho. Ronnet tinha
    uma rosa entre seus dedos. Quando ele a segurou em sua frente, ela cortou
    sua mão fora.
    Ela acordou suando, e passou o resto da noite amontoada debaixo da
    capa, ouvindo o som da chuva no convés acima dela. Foi uma noite
    selvagem. De quando em quando ela ouvia o som de um trovão distante, e
    pensou no barco de Bravos que velejou na maré da noite.
    Na manhã seguinte, ela foi ao Ganso Fedorento novamente, acordou
    sua proprietária negligente e comprou algumas salsichas gordurosas, pão
    frito, meio copo de vinho, uma jarra de água fervendo e dois copos limpos.
    A mulher olhou de soslaio para Brienne enquanto colocava a água para
    ferver.
    — Você é a grandalhona que marchou junto com Dick, o Ágil. Eu
    me lembro. Ele traiu você?
    — Não.
    — Te estuprou?
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:13 pm

    — Não.
    — Roubou seu cavalo?
    — Não. Ele foi morto por foras da lei.
    —Foras da lei? A mulher parecia estar mais curiosa do que chateada.
    — Eu sempre pensei que Dick iria ser pendurado ou enviado para aquela
    Muralha.
    Eles comeram o pão frito e metade das salsichas. Podrick Payne
    lavou sua ração com água e um pouco de vinho enquanto Brienne bebia um
    copo de vinho aguado e se perguntava o que fazia ali. Hyle Hunt não era
    nenhum cavaleiro de verdade. Seu rosto honesto era apenas uma máscara. Eu
    não preciso de sua ajuda, não preciso nem de sua proteção, e eu não preciso
    dele, ela falou a si mesma. Ele provavelmente nem vem. Me falar para vir
    aqui foi apenas mais uma peça.
    Ela se levantou para ir embora quando Sor Hyle chegou.
    — Minha senhora. Podrick. — Ele olhou de relance para os copos e
    pratos e para as salsichas meio comidas, esfriadas numa poça de gordura, e
    disse: — Deuses, espero que você não tenha comida a comida daqui.
    — O que nós comemos não te interessa — Brienne disse. — Você
    encontrou seu primo? O que ele te falou?
    — Sandor Clegane foi visto pela última vez nas Salinas, no dia do
    ataque. Depois disso ele cavalgou para o oeste, ao longo do Tridente.
    Ela fez uma careta.
    — O Tridente é um rio longo.
    — Sim, mas eu não acho que nosso cachorro vagará para muito
    longe da sua boca. Westeros perdeu seu charme para ele, ao que parece. Nas
    Salinas ele estava procurando por um barco. — Sor Hyle tirou um rolo de
    couro de ovelha da sua bota, empurrou as salsichas e o desenrolou. Era um
    mapa. — O Cão matou três dos homens de seu irmão em uma velha
    estalagem na encruzilhada, aqui. Ele levou o ataque para as Salinas, aqui. —
    Ele apontou as Salinas com seu dedo. — Ele pode entrar numa armadilha.
    Os Frey se encontram aqui em cima, nas Gêmeas, e Darry e Harrenhal estão
    no sul, do outro lado do Tridente, a oeste ele tem os Blackwood e os Bracken
    brigando, e Lorde Randyll está aqui em Lagoa da Donzela. A estrada de
    altitude para o Vale está coberta pela neve, se ele conseguir passar pelos clãs
    da montanha. Para onde um cachorro iria?
    — Se ele estiver com Dondarrion...?
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:13 pm

    — Não. Alyn tem certeza disso. Os homens de Dondarrion estão
    procurando por ele também. Eles deram sua palavra de que pretendem
    pendurá-lo pelo que ele fez nas Salinas. Eles não tem parte nisso. Lorde
    Randyll ouviu um boato de que eles esperam colocar os homens comuns
    contra Beric e sua irmandade. Ele nunca terá o senhor do relâmpago
    enquanto o povo o estiver protegendo. E tem essa outra banda, liderada por
    essa Coração de Pedra... Amante de Lorde Beric, de acordo com um conto.
    Supostamente, ela foi enforcada pelos Frey, mas Dondarrion a beijou e a
    trouxe de volta à vida, e agora ela não pode morrer, não mais do que ele
    pode.
    Brienne estudou o mapa.
    — Se Clegane foi visto pela última vez nas Salinas, esse seria o
    lugar para achar sua trilha.
    — Não há mais ninguém nas Salinas, a não ser um velho cavaleiro
    escondido no seu castelo, segundo Alyn.
    — Mesmo assim seria um bom lugar para começar.
    — Há um homem — Sor Hyle disse. — Um septão. Ele passou pelo
    meu portão no dia anterior ao que você apareceu. Meribald é seu nome.
    Nascido e crescido junto ao rio, e ele serviu aqui por toda a vida. Partirá de
    manhã para fazer sua rota, e sempre passa pelas Salinas. Deveríamos ir com
    ele.
    Brienne olhou para cima bruscamente.
    — Nós?
    — Eu irei com você.
    — Não.
    — Bem, eu irei com o septão Meribald para as Salinas. Você e
    Podrick podem ir para onde quiserem.
    — Lorde Randyll ordenou que me seguisse de novo?
    — Ele ordenou que eu ficasse longe de você. Lorde Randyll acha
    que você pode ser um bom estupro.
    — Então por que viria comigo?
    — Era isso ou retornar para o trabalho no portão.
    — Se seu senhor ordenou.
    — Ele não é mais meu senhor.
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:13 pm

    Aquilo foi inesperado para ela.
    — Você deixou seu serviço?
    — Sua senhoria me informou que ele não tinha de longe nenhuma
    necessidade de minha espada, ou de minha insolência. Isso significa a
    mesma coisa. Doravante, eu irei aproveitar a vida de aventureiro de um
    cavaleiro errante... Embora eu imagine que se nós achássemos Sansa Stark,
    seríamos recompensados.
    Ouro e terra, são essas coisas que ele pensa que conseguirá com
    isso.
    — Eu pretendo salvar a garota, não vendê-la. Eu fiz um voto.
    — Eu não me lembro de ter feito.
    — Este é o motivo pelo qual você não virá comigo.
    Eles partiram na manhã seguinte, quando o sol subia.
    Foi uma procissão estranha: Sor Hyle em um cavalo de cor castanha
    e Brienne na sua égua alta e cinza, Podrick Payne escarranchado na sua sela,
    e o septão Meribald andando ao lado deles com sua lança, guiando um
    pequeno jumento e um grande cachorro. O jumento carregava um peso tão
    grande que Brienne estava com medo de que suas costas se quebrassem.
    — Comida para os pobres e famintos dos rios — Septão Meribald
    falou-lhes nos portões de Lagoa da Donzela. — Sementes e nozes e frutas
    secas, mingau de aveia, farinha de trigo, pão de cevada, três rodelas de
    queijo amarelo da estalagem pelo Portão dos Tolos, bacalhau salgado para
    mim, carneiro salgado para o Cachorro... oh, e sal. Cebolas, cenouras, nabos,
    dois sacos de feijão, quatro de cevada, e nove de laranjas. Eu tenho uma
    queda por laranjas, confesso. Eu comprei essas de um marinheiro, e receio
    que essas serão as últimas que vou chupar até a primavera.
    Meribald era um septão sem septo, situado um pouco acima de um
    irmão pidão na hierarquia da fé. Havia centenas como ele, um bando
    maltrapilho cuja humilde tarefa era ir de aldeia em aldeia, conduzindo
    serviços religiosos, selando casamentos e perdoando pecados. Ele esperava
    que aqueles a quem visitava o desse abrigo e comida, mas a maioria era tão
    pobre quanto ele, então Meribald não podia demorar-se em um lugar por
    muito tempo sem causar algum aperto aos seus anfitriões. Estalajadeiros
    bondosos permitiam que ele dormisse às vezes em sua cozinha ou em seu
    estábulo, e havia refúgios e ainda alguns castelos onde ele sabia que podiam
    lhe dar alguma hospitalidade. Quando não havia esses lugares, ele dormia
    debaixo de árvores ou nas matas.
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:13 pm

    — Há muitas florestas nas zonas do rio — Meribald disse. — As
    antigas são as melhores. Não há nada melhor do que uma árvore de cem
    anos. Dentro de uma delas um homem pode dormir como em uma
    estalagem, com menos medo das pulgas.
    O septão não podia ler ou escrever, como ele alegremente confessou
    ao longo do caminho, mas ele sabia uma gama de diferentes orações e podia
    recitar longas passagens de A Estrela de Sete Pontas, o que era tudo que as
    pessoas das vilas precisavam. Ele tinha o rosto cicatrizado, coberto de pelos
    cinza, rugas nos cantos dos olhos. Embora fosse um homem robusto, um
    metro e oitenta de altura, tinha um jeito de curvar-se quando andava que o
    fazia parecer muito mais baixo. Suas mãos eram grandes e coriáceas, com os
    nós dos dedos vermelhos e sujeira debaixo das unhas. E ele tinha o maior pé
    que Brienne já tinha visto, nu e negro, e duro como um chifre.
    — Eu não uso sapato há vinte anos — ele falou a Brienne. — No
    primeiro ano, eu tinha mais calos do que dedos, e a planta dos meus pés
    sangravam como um porco quando caminhava por pedras duras, mas eu
    rezei e o Sapateiro de cima transformou minha pele em couro.
    — Não existe nenhum sapateiro em cima — Podrick protestou.
    — Existe, rapaz... embora você possa chamá-lo por outro nome.
    Diga-me, qual dos sete deuses você ama mais?
    — O Guerreiro — disse Podrick sem nenhuma hesitação.
    Brienne pigarreou.
    — No Castelo do Entardecer o septão de meu pai sempre disse que
    não há mais de um deus.
    — Um deus com sete aspectos. É assim, minha senhora, e você está
    certa em apontar isso, mas o mistério dos sete que são um só não é fácil para
    o povo simples compreender, e eu não sou nada se não for simples, então eu
    ensino sobre os sete deuses. — Meribald voltou-se para Podrick. — Eu
    conheci um garoto que não amava o Guerreiro. Mas eu estou velho, e como
    velho, eu amo o Ferreiro. Sem o seu labor, o que o Guerreiro defenderia?
    Toda cidade tem um ferreiro, e todo castelo. Eles fazem o arado que
    precisamos para plantar o que vamos colher, os pregos que usamos para
    construir nossos barcos, sapatos de aço para os cascos dos nossos cavalos
    fiéis, as espadas brilhantes dos nossos senhores. Ninguém pode duvidar do
    valor de um ferreiro, então nós nomeamos um dos Sete em honra a eles, mas
    poderíamos também chama-lo de o Fazendeiro ou o Pescador, o Carpinteiro
    ou o Sapateiro. No que ele trabalha não importa. O que importa é que ele
    trabalha. O Pai governa, o Guerreiro luta, o Ferreiro trabalha, e juntos eles
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    Mensagem  Admin Seg Jun 25, 2012 1:13 pm

    realizam tudo o que é preciso para um homem. Assim como o Ferreiro é um
    dos aspectos da divindade, o Sapateiro é um aspecto do Ferreiro. Foi ele
    quem ouviu minha oração e curou meus pés.
    — Os deuses são bons — Sor Hyle disse numa voz seca — mas por
    que incomodá-los quando você poderia simplesmente ter calçado os sapatos?
    — Ir com os pés descalços foi a minha pena. Até mesmo os septãos
    santos podem ser pecadores, e minha carne é tão fraca quanto poderia ser. Eu
    era jovem e cheio de vida, e as garotas... um septão pode parecer tão
    elegante como um príncipe se ele é o único homem que conhece que tem
    tido mais do que um sorriso na sua vila. Eu recitava para elas A Estrela de
    Sete Pontas. O Livro da Donzela funcionava melhor. Oh, eu era um homem
    fraco antes de jogar fora meus sapatos. Envergonha-me pensar em todas as
    garotas que deflorei.
    Brienne se consertou na sela desconfortavelmente, pensando no
    campo abaixo das muralhas de Jardim de Cima e a aposta que Sor Hyle e os
    outros tinha feito para ver quem seria o primeiro que iria para a cama com
    ela.
    — Nós estamos procurando por uma donzela — confidenciou
    Podrick Payne. — Uma garota nobre de treze anos, ruiva.
    — Eu pensei que procuravam por foras da lei.
    — Eles também — Podrick admitiu.
    — A maioria dos viajantes fazem tudo que podem para evitar
    homens como esses — disse o Septão Meribald, — ainda assim vocês
    procuram por eles.
    — Nós procuramos por apenas um fora da lei — Brienne disse. — O
    Cão.
    — Foi o que Sor Hyle me disse. Que os Sete te salvem, filha. É dito
    que deixa um trilha de bebês mortos e mulheres violadas atrás de si. O
    Cachorro Louco das Salinas, eu ouvi o chamarem. O que um povo tão bom
    iria querer com tal criatura?
    — A donzela de que Podrick falou pode estar com ele.
    — Verdade? Então devemos rezar pela pobre menina.
    E por mim, pensou Brienne, uma oração por mim também. Peça à
    Velha para erguer sua lanterna e me guiar até a Senhora Sansa, e ao
    Guerreiro para dar força aos meus braços para que eu possa defendê-la.

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