pisadas dos guardas soavam estranhas, amortecidas, quando percorriam os
salões de pedra branca. Ouvia-se o som do vento que gemia em torno das
torres, mas nada mais. Quando chegou ao Ninho da Águia se ouvia também
o barulho das Lágrimas de Alyssa, mas a cascata se havia congelado.
Gretchel lhe disse que permaneceria em silencio até a primavera.
Lorde Robert estava sozinho no Salão Matinal, por cima das
cozinhas, passando com indiferença uma colher de madeira por uma tigela
de sopa de aveia com mel.
— Queria ovos. — Se queixou quando a viu. — Queria três ovos
fritos e um pedaço de bacon.
Não tinham ovos, assim como não tinham bacon. Os celeiros do
Ninho da Águia continham aveia, milho e cevada suficientes para alimentálos
durante um ano, mas era uma garota bastarda, uma tal Mya Stone, quem
subia os alimentos frescos do Vale. Depois que os Senhores Rebeldes
acamparam ao pé da montanha, Mya já não podia passar. Lord Belmore, que
havia sido o primeiro dos seis a se apresentar nas Portas, enviou um corvo a
Mindinho para lhe comunicar que o Ninho da Águia não receberia mais
comida até que lhes enviassem Lorde Robert. Não era uma chantagem, mas
se parecia muito com isso.
— Quando Mya vier, poderá comer tantos ovos quanto quiser. —
Prometeu Alayne ao pequeno senhor. — Trará ovos, manteiga, melões e
outras coisas muito gostosas.
Não conseguiu acalma-lo.
— Eu queria ovos hoje.
— Não há ovos, pequeno Robert, você já sabe disso. Por favor,
coma a aveia, está muito gostosa. — Tomou uma colherada de sua tigela
para dar exemplo.
Robert voltou a passear a colher pela tigela, mas não a levou aos
lábios.
— Não tenho fome — disse finalmente. — Quero voltar para a
cama. Não dormi nada esta noite. Dava para ouvir as músicas. O Meistre
Colemon me deu vinho do sono, mas continuei ouvindo.
Alayne deixou a colher.
— Se houvesse alguém cantando, eu também haveria ouvido. Foi
um pesadelo, nada mais.