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    O Festim dos Corvos

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    O Festim dos Corvos - Página 22 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:08 pm

    Sor Loras ignorou sua súplica.
    — Levará meio ano ou mais para levar Pedra do Dragão à submissão
    pela fome, como Lorde Paxter quer fazer. Dê-me o comando, Vossa Graça.
    O castelo será seu em uma quinzena, nem que tenha que derrubá-lo com as
    minhas próprias mãos.
    Ninguém tinha dado a Cersei um presente tão adorável desde que
    Sansa Stark correu a ela para revelar os planos de Lorde Eddard. Estava
    satisfeita de ver como Margaery tinha ficado pálida.
    — Sua coragem me tira o fôlego, Sor Loras — disse Cersei. —
    Lorde Waters, algum de nossos novos dromondes está preparado para ser
    lançado ao mar?
    — Doce Cersei está, Vossa Graça. Um barco rápido, e tão forte
    como a rainha da qual obteve o nome.
    — Esplêndido. Vamos deixar Doce Cersei levar nosso Cavaleiro das
    Flores para Pedra do Dragão imediatamente. Sor Loras, o comando é seu.
    Jura-me que não retornará enquanto Pedra do Dragão não for de Tommen.
    — Eu juro, Vossa Graça. — Ele levantou.
    Cersei o beijou em ambas as bochechas. Beijou também sua irmã, e
    sussurrou:
    — Você tem um irmão galante. — Ou Margaery não teve a
    elegância de responder, ou o medo tinha roubado suas palavras.
    A alvorada estava a várias horas de distância quando Cersei se
    esgueirou pela porta do rei atrás do Trono de Ferro. Sor Osmund foi a sua
    frente com o archote e Qyburn caminhava ao seu lado, caminhando em
    pequenos passinhos. Pycelle tinha que se esforçar para acompanhar.
    — Se vossa graça me permite — ele ofegou — jovens são muito
    ousados, e pensam somente na glória da batalha, nunca em seus perigos. Sor
    Loras... o plano dele é repleto de perigos. Para invadir as muitas muralhas de
    Pedra do Dragão…
    — ...tem que ser muito corajoso.
    — ...corajoso, sim, mas...
    — Não tenho dúvidas que o nosso Cavaleiro das Flores será o
    primeiro homem a ganhar as ameias.
    E talvez o primeiro a cair. O bastardo bexiguento que Stannis tinha
    deixado para manter seu castelo não era nenhum campeão de torneio
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    O Festim dos Corvos - Página 22 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:08 pm

    imaturo, mas sim um assassino experiente. Se os deuses fossem bons, dariam
    a Sor Loras o fim glorioso que ele parecia querer. Assumindo que o garoto
    não se afogaria no caminho. Tinha havido outra tempestade na noite passada,
    uma das violentas. A chuva havia caído em lençóis negros por horas. E isso
    não seria triste? A rainha pensou. Afogamento é comum. Sor Loras anseia
    por glória assim como homens de verdade anseiam por mulheres, o mínimo
    que os deuses podiam fazer é conceder a ele uma morte digna de canção.
    Não importava o que acontecesse ao garoto em Pedra do Dragão e,
    de qualquer maneira, a rainha sairia vencedora. Se Loras tomasse o castelo,
    Stannis sofreria um golpe doloroso, e a frota Redwyne estaria livre para
    navegar ao encontro dos homens de ferro. Se falhasse, ela asseguraria de que
    levasse a parte da culpa do leão. Nada mancha mais o herói do que o
    fracasso. E se ele tiver que voltar para casa em seu escudo, coberto de
    sangue e glória, Sor Osney estará lá para consolar o sofrimento de sua
    irmã.
    O riso não podia ser contido por muito mais tempo. Ele explodiu dos
    lábios de Cersei, e ecoou pelo corredor.
    — Vossa Graça? — pestanejou Grande Meistre Pycelle, com sua
    flácida boca aberta. — Porque... porque está rindo?
    — Porque, — ela tinha de dizer — caso contrário poderia chorar.
    Meu coração está repleto de amor pelo nosso Sor Loras e pelo seu valor.
    Ela deixou o Grande Meistre na escada em espiral. Aquele já viveu
    mais do que qualquer utilidade que um dia pode ter tido, decidiu a rainha.
    Tudo que Pycelle estava fazendo era praguejá-la com advertências e
    objeções. Até mesmo tinha contestado o acordo que tinha feito com o Alto
    Septão, olhando-a de boca aberta e com um olhar estúpido quando o ordenou
    que preparasse os documentos necessários e balbuciando acerca de história
    velha e morta até que Cersei o interrompera.
    — Os tempos do Rei Maegor terminaram, e os seus decretos
    também — disse com firmeza. — Estes são os tempos do Rei Tommem, e
    meus. — Teria feito melhor se tivesse o deixado nas celas negras.
    — Caso Sor Loras caia, Vossa Graça irá precisar encontrar alguém
    merecedor para a Guarda Real. — disse Lorde Qyburn quando atravessavam
    o fosso coberto de espigões que cingia a Fortaleza de Maegor.
    — Alguém esplêndido — concordou. — Alguém tão jovem, rápido
    e forte que Tommen esqueça tudo sobre Sor Loras. Um pouco de
    cavalheirismo não lhe faria mal, mas sua cabeça não deve estar cheia de
    ideias tolas. Você conhece tal homem?.
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    O Festim dos Corvos - Página 22 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:08 pm

    — Quem me dera! — disse Qyburn. — Tenho outro tipo de herói
    em mente. O que lhe falta de cavalheirismo ele lhe dará dez vezes em
    devoção. Protegerá seu filho, matará seus inimigos, e guardará seus
    segredos, e nenhum homem vivo será capaz de resistir a ele.
    — Isso é o que você diz. Palavras são vento. Na hora certa, você
    poderá apresentar este santo e veremos se ele é tudo isso que você prometeu.
    — Irão cantar sobre ele, eu juro isso. — Os olhos de Lorde Qyburn
    enrugavam-se com a diversão. — Posso perguntar sobre a armadura?
    — Eu estou cuidando de seu pedido. O armeiro pensa que sou louca.
    Ele me garante que nenhum homem é forte o suficiente para mover-se e lutar
    com tamanho peso de aço. — Cersei deu ao meistre sem corrente um olhar
    de advertência. — Faça-me de tola, e irá morrer gritando. Acredito que
    esteja ciente disso?
    — Sempre, Vossa Graça.
    — Bom. Não diga mais nada sobre isso.
    — A rainha é sábia. Estas paredes têm ouvidos.
    — Pois elas têm. — À noite, Cersei às vezes ouvia sons suaves, até
    mesmo em seus próprios aposentos. Ratos nas paredes, ela se dizia, nada
    mais que isso.
    Uma vela estava queimando ao lado de sua cama, mas a lareira
    apagou-se e não havia mais nenhuma luz. O quarto estava frio também.
    Cersei despiu-se e caiu debaixo dos cobertores, deixando seu vestido
    amontoado no chão. Do outro lado da cama, Taena se moveu.
    — Vossa Graça — murmurou baixinho. — Que horas são?
    — A hora da coruja — a rainha respondeu.
    Embora muitas vezes Cersei dormisse sozinha, nunca tinha gostado.
    Suas mais antigas memórias eram de compartilhar a cama com Jaime,
    quando eram tão jovens que ninguém os conseguia distinguir. Mais tarde,
    depois de terem sido separados, teve uma série de companheiras de cama, a
    maioria garotas de mesma idade que ela, filhas de cavaleiros e vassalos de
    seu pai. Nenhuma tinha lhe agradado e poucas duraram muito.
    Serpentezinhas, todas elas. Insípidas, criaturas chorosas, sempre contando
    histórias e tentando intrometer-se entre mim e Jaime. Ainda assim, houve
    profundas noites nas entranhas do Rochedo, em que aceitou de bom grado o
    calor delas ao seu lado. Uma cama vazia é uma cama fria.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:08 pm

    Ainda mais ali. Aquele quarto lhe dava calafrios, e seu miserável
    real marido havia morrido sob aquela copa. Robert Baratheon, o Primeiro de
    Seu Nome, que nunca haja um segundo. Um burro, bêbado bruto. Que chore
    no inferno. Taena aquecia a cama como Robert jamais o fez, e nunca tentou
    forçá-la a abrir as pernas. Nos últimos tempos, compartilhava a cama da
    rainha mais frequentemente do que com Lorde Merryweather. Orton parecia
    não se importar... Ou se ele se importava, sabia que não o devia dizer.
    — Fiquei preocupado quando acordei e vi que tinha ido embora —
    murmurou a Senhora Merryweather, sentando-se e encostando-se nos
    travesseiros, com as colchas envolvendo sua cintura. — Alguma coisa
    errada?
    — Não — disse Cersei — tudo está bem. De manhã Sor Loras irá
    navegar a Pedra do Dragão, para conquistar o castelo, liberar a frota
    Redwyne, e provar sua virilidade para todos nós.
    Disse à mulher Myrish tudo o que tinha ocorrido sob a oscilante
    sombra do Trono de Ferro.
    — Sem seu valente irmão, nossa pequena rainha está quase nua. Ela
    tem seus guardas, com certeza, mas eu tenho visto o seu capitão por aí, no
    castelo. Um homem loquaz com um esquilo em sua armadura. Os esquilos
    fogem dos leões. Ele não tem o que é preciso para desafiar o Trono de Ferro.
    — Margaery tem outras espadas — advertiu a Senhora
    Merryweather. — Ela tem feito muitos amigos na corte, e ela e suas jovens
    primas tem admiradores.
    — Alguns pretendentes não me preocupam — disse Cersei — Já o
    exército em Ponta Tempestade...
    — O que está pretendendo fazer, Vossa Graça?
    — Porque está perguntando? — A pergunta era um pouco afiada
    demais para o gosto de Cersei. — Eu espero que não esteja pensando em
    compartilhar meus pensamentos com a nossa pequena pobre rainha?
    — Nunca. Eu não sou a tal Senelle.
    Cersei não queria pensar em Senelle. Ela pagou a minha bondade
    com traição. Sansa Stark tinha feito o mesmo. E o mesmo tinham feito
    Melara Hetherspoon e a gorda Jeyne Farman quando as três eram crianças.
    Nunca teria entrado naquela tenda se não fosse por elas. Nunca teria
    permitido que Maggy, a Rã, saboreasse os meus amanhãs numa gota de
    sangue.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:09 pm

    — Ficaria muito triste se um dia traísse minha confiança, Taena.
    Não teria escolha a não ser entregar você a Lorde Qyburn, mas sei como eu
    choraria.
    — Nunca daria motivos para você chorar, Vossa Graça. Se eu der,
    me diga, e eu própria me entregarei a Qyburn. Só quero estar perto de você.
    Para servir você, de qualquer jeito que você necessitar.
    — E por este serviço, que recompensa você espera?
    — Nada. Agrada-me lhe agradar. — Taena rolou para o lado dela,
    sua pela morena brilhando a luz das velas. Seus seios eram maiores do que
    os da rainha e terminava com enormes mamilos, negros como carvão. Ela é
    mais jovem que eu. Seus seios não começaram a ceder. Cersei se perguntou
    como seria a sensação de beijar outra mulher. Não levemente na bochecha,
    como era comum na cortesia das senhoras de alto nascimento, mas sim em
    cheio nos lábios. Os lábios da Taena eram muito cheios. Ela se perguntou
    como seria a sensação de mamar naqueles seios, colocar a mulher Myrish de
    costas e empurrar as pernas dela e usá-la como um homem poderia usá-la,
    como Robert a usou quando a bebida estava nele, e ela era incapaz de fazê-lo
    parar com sua mão ou boca.
    Aquelas tinham sido as piores noites, encontrando-se impotente
    debaixo dele e ele a tendo a seu prazer, fedendo a vinho e grunhindo como
    um javali. Normalmente ele saia e ia dormir assim que acabava, e estava
    roncando antes que sua semente pudesse secar nas coxas de Cersei. Ela
    sempre ficava ferida depois, em carne viva entre as pernas, com seus seios
    doloridos pelo maltrato que eles sofreram. A única vez que a deixara
    molhada foi na noite de núpcias.
    Robert fora bastante bonito quando se casaram. Alto, forte e
    poderoso, mas seu cabelo era preto e pesado, espesso no peito e grosso em
    torno de seu sexo. O homem errado tinha voltado do Tridente, a rainha
    pensava às vezes enquanto ele estava lutando com ela. Nos primeiros anos,
    quando montava nela mais vezes, fechava os olhos e fingia que era Rhaegar.
    Não conseguia fingir que era Jaime; Era tão diferente, tão estranho. Até
    mesmo o cheiro dele estava errado.
    Para Robert, nunca aquelas noites aconteceram. Ao chegar a manhã
    nada recordava, ou ao menos era isso que queria que ela acreditasse. Uma
    vez, durante o primeiro ano do casamento, Cersei manifestou seu
    descontentamento no dia seguinte.
    — Você me machucou — reclamou. Ele teve a decência de parecer
    envergonhado.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:09 pm

    — Não fui eu, minha senhora — disse em um aborrecido tom
    sombrio, como uma criança que foi pega tentando roubar bolos de maçã da
    cozinha. — Foi o vinho, eu bebo muito vinho. — Para arrastar abaixo sua
    confissão, ele pegou seu chifre de cerveja. Quando o levou para a boca, ela
    atirou-lhe seu próprio chifre no rosto dele, com tanta força que lascou um
    dente. Anos mais tarde em um banquete o escutou contando a uma criada
    como quebrou o dente em um corpo a corpo. Bem, nosso casamento foi uma
    briga, ela refletiu, então ele não mentiu.
    Mas todo o resto tinha sido só mentiras. Ele se lembrava do que lhe
    fazia a noite, estava certa disso. Podia ver em seus olhos. Só fingia esquecer;
    isso era mais fácil do que enfrentar sua vergonha. No fundo, Robert
    Baratheon era um covarde. Com o tempo os assaltos se tornaram menos
    frequentes. Durante o primeiro ano, ele a tomava pelo menos uma vez por
    quinzena, no final não era mais do que uma vez por ano. Nunca parou
    completamente, no entanto. Cedo ou tarde sempre havia uma noite em que
    bebia demais e queria reivindicar os seus direitos. O que o envergonhava a
    luz do dia o dava prazer na escuridão.
    — Minha rainha? — disse Taena Merryweather. — Está com um
    olhar estranho em seus olhos. Está indisposta?
    — Eu só estava… lembrando. — Sua garganta estava seca. — Você
    é uma boa amiga, Taena. Não tenho uma verdadeira amizade desde...
    Alguém bateu com força à porta.
    De novo? A urgência do som a fez estremecer. Terão mais mil
    navios caído sobre nós? Escorregou para dentro de seu manto e foi ver quem
    era.
    — Perdão por perturbar Vossa Graça — o guarda disse — mas a
    Senhora Stokeworth está lá embaixo, implorando uma audiência.
    — A esta hora? — falou Cersei. — Será que Falyse perdeu o juízo?
    Diga a ela que eu estou deitada. Que plebeus estão sendo chacinados nos
    Escudos. Que fui acordada no meio da noite. Irei vê-la pela manhã.
    O guarda hesitou.
    — Se Vossa Graça me permite, ela… ela não está com uma boa
    aparência, se é que você me entende.
    Cersei franziu a testa. Assumiu que Falyse estava ali para dizer que
    Bronn estava morto. — Muito bem. Vou precisar me vestir. Leve ela ao meu
    aposento privado e diga que me aguarde. — Quando a Senhora
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:09 pm

    Merryweather levantou para ir junto, a rainha objetou. — Não, fique. Uma
    de nós deve descansar um pouco pelo menos. Eu não deverei demorar.
    O rosto da Senhora Falyse estava machucado e inchado, os olhos
    vermelhos de tanto chorar. O lábio inferior estava cortado, sua roupa suja e
    rasgada.
    — Pela bondade dos deuses — disse Cersei levando-a para dentro do
    seu aposento e fechando a porta. — O que aconteceu com seu rosto?
    Falyse pareceu não ouvir a pergunta.
    — Ele o matou — disse numa voz trêmula. — Mãe, tenha
    misericórdia, ele… ele… — Ela desabou em soluços, com o corpo
    tremendo.
    Cersei despejou vinho em um copo e levou para mulher que chorava.
    — Beba isto. O vinho a acalmará. Isso. Um pouco mais. Pare de
    chorar e me diga por que está aqui.
    Foi preciso um jarro inteiro até que a rainha finalmente conseguisse
    arrancar toda a triste história da Senhora Falyse. Uma vez que tinha ouvido,
    não sabia se ria ou gritava.
    — Um combate singular — repetiu. Não há ninguém nos Sete
    Reinos em que eu realmente possa confiar? Sou a única em Westeros com
    uma pitada de juízo? — Você está me dizendo que Sor Balman desafiou
    Bronn para um combate singular?
    — Ele disse que isso seria s-s-simples. A lança é a uma arma de cacavaleiro,
    ele disse, e B-Bron não é um verdadeiro cavaleiro. Balman disse
    que ia derrubá-lo do cavalo e acabar com ele assim que ele caísse at-atatordoado.
    Bronn não é nenhum cavaleiro, isso era verdade. Bronn é um
    assassino endurecido pela batalha. O cretino do seu marido escreveu sua
    própria sentença de morte.
    — Um plano esplêndido. Posso me atrever a perguntar o que deu
    errado?
    — Bronn enfiou a lança no peito do pobre cavalo do Balman.
    Balman, ele... suas pernas foram esmagadas quando a besta caiu. Ele gritou
    tão piedosamente...
    Mercenários não tem piedade, Cersei poderia ter dito.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:10 pm

    — Disse para encenar um acidente de caça. Uma flecha perdida,
    queda de cavalo, um furioso javali... há várias maneiras que um homem pode
    morrer numa mata. Nenhuma delas envolve lanças.
    Falyse pareceu não ouvir.
    — Quando tentei correr para o meu Balman, ele, ele, ele me bateu
    no rosto. Ele fez meu senhor confessar. Balman estava implorando por
    Meistre Frenken, para que o tratasse, mas o mercenário, ele, ele, ele...
    — Confessar? — Cersei não gostou daquela palavra. — Acredito
    que nosso bravo Sor Balman controlou a língua.
    — Bronn enfiou o punhal em seu olho, e me disse que era melhor eu
    ir embora de Stokeworth antes de o sol se pôr ou eu teria o mesmo. Disse
    que me entregaria a guarnição, se algum deles me quisesse. Quando ordenei
    que capturassem Bronn, um de seus cavaleiros teve a audácia de dizer que
    era melhor fazer o que o Lorde Stokeworth disse. O chamou de Lorde
    Stokeworth! — A Senhora Falyse agarrou a mão da rainha. — Vossa Graça
    têm que me dar cavaleiros. Uma centena de cavaleiros! E besteiros, para
    retomar o meu castelo. Stokeworth é meu! Eles nem sequer permitiram que
    eu pegasse as minhas roupas! Bronn disse que eram as roupas de sua esposa
    agora, todas as minhas sedas e veludos.
    Seus trapos são os menores dos seus problemas. A rainha libertou
    seus dedos para longe do pegajoso aperto da outra mulher.
    — Pedi para você que apagasse uma vela para ajudar a proteger o
    rei. Em vez disso você atira um frasco de fogo vivo nele. O idiota do seu
    Balman pôs meu nome nisso? Diga-me que não.
    Falyse lambeu os lábios.
    — Ele... ele estava com dor, suas pernas estavam quebradas. Bronn
    disse que teria misericórdia, mas... O que vai acontecer com minha pobre
    mãe? — Eu imagino que ela vai morrer.
    — O que você acha? — Senhora Tanda poderia muito bem já estar
    morta. Bronn não parecia ser o tipo de homem que iria despender muito
    esforço cuidando de uma velha com o quadril quebrado.
    — Você tem que me ajudar. Para onde eu irei? O que vou fazer?
    Talvez você possa se casar com o Rapaz Lua, Cersei quase disse. Ele
    é quase tão tolo quanto o seu falecido marido. Não poderia arriscar uma
    guerra à porta de Porto Real, não agora.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:10 pm

    — As irmãs silenciosas estão sempre felizes em receber viúvas —
    disse — Elas têm uma vida boa, uma vida de oração, contemplação e boas
    obras. Levam consolo para os vivos e paz para os mortos. — E também não
    falam. Não podia deixar a mulher andando pelos Sete Reinos, espalhando
    contos perigosos.
    Falyse era surda para o bom senso.
    — Tudo que fizemos, fizemos a serviço de Vossa Graça. Orgulhosos
    de sermos fieis. Você disse...
    — Eu me lembro. — Cersei forçou um sorriso. — Ficará aqui
    conosco, minha senhora, até descobrirmos um jeito de conquistar seu castelo
    de volta. Deixe-me servi-la outro copo de vinho. Isso te ajudará a dormir.
    Você está doente e com o coração enfermo, isso é fácil de perceber. Minha
    pobre Falyse. Isso, beba.
    Enquanto sua convidada tomava o vinho, Cersei foi até a porta
    chamar suas aias. Disse a Dorcas para procurar Lorde Qyburn e trazê-lo
    quando o encontrasse. Despachou Jocelyn Swyft de volta para a cozinha.
    — Traga pão e queijo, um pedaço de carne e algumas maçãs. E
    vinho. Temos sede.
    Qyburn chegou antes da comida. A senhora Falyse tinha bebido
    outros três copos, e começava a adormecer, apesar de às vezes acordar e dar
    outro soluço. A rainha levou Qyburn de lado e contou-lhe da loucura de Sor
    Balman.
    — Eu não posso deixar Falyse espalhando histórias sobre a cidade.
    Sua dor a deixou fraca de espírito. Ainda precisa de mulheres para o seu...
    trabalho?
    — Preciso, Vossa Graça. Os titereiros estão bastante gastos
    — Leve ela e faça o que quiser, então. Mas, uma vez que tenha
    descido para as celas negras... Preciso dizer mais alguma coisa?
    — Não, Vossa Graça. Eu compreendo.
    — Ótimo. — A rainha sorriu novamente. — Querida Falyse. Meistre
    Qyburn está aqui. Ele te ajudará a descansar.
    — Oh, — disse Falyse vagamente. — Oh, que bom.
    Quando a porta se fechou atrás deles, Cersei colocou outro copo de
    vinho para si.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:10 pm

    — Eu estou cercada por inimigos e imbecis, — disse. Não poderia
    confiar nem no seu próprio sangue, nem em Jaime, que tempos atrás tinha
    sido sua outra metade. Ele tinha prometido ser minha espada e escudo, e
    meu forte braço direito. Por que insiste em me irritar? Bronn certamente
    não era mais que um aborrecimento. Nunca acreditou de verdade que ele
    estava dando abrigo ao duende. Seu pequeno e deformado irmão era muito
    esperto para permitir que Lollys desse seu nome ao maldito bastardo que
    acabou de parir, tendo a certeza de que iria atrair a fúria da rainha sobre ela.
    A Senhora Merrywether tinha dito isso, e estava certa. A zombaria era
    certamente obra do mercenário. Conseguia imaginar ele vendo seu enrugado
    e vermelho filho adotivo sugando uma das tetas de Lolly, um copo de vinho
    em uma mão e um sorriso insolente no rosto. Aproveite todos os seus
    desejos, Sor Bronn, você estará gritando em breve. Aproveita sua senhora
    desmiolada e seu castelo roubado enquanto puderes. Quando for hora, vou
    te esmagar como se fosse uma mosca. Talvez devesse mandar Loras Tyrell
    para esmagá-lo, isso se de alguma forma o Cavaleiro das Flores conseguisse
    retornar vivo de Pedra do Dragão. Isso seria maravilhoso. Se os deuses forem
    bons, irão matar-se um ao outro, como Sor Arryk e Sor Erryk. E quanto a
    Stokeworth... Não, estava farta de pensar sobre Stokeworth.
    Taena voltara a dormir quando a rainha retornou ao quarto, com a
    cabeça girando. Muito vinho e pouco descanso, disse para si mesma. Não era
    toda noite que era acordada duas vezes com tão desesperadas notícias. Pelo
    menos pude levantar. Robert estaria muito bêbado para levantar, quanto
    mais para governar. Teria pedido para Jon Arryn cuidar de tudo isto. Lhe
    agradava pensar que era um rei melhor que Robert.
    O céu lá fora já estava começando a clarear. Cersei sentou na cama
    ao lado da Senhora Merryweather, ouvindo sua leve respiração, vendo seus
    seios subirem e descerem.
    Será que está sonhando com Myr? Ela imaginava. Ou era com o seu
    amante da cicatriz, o perigoso homem de cabelos escuros que não poderia
    ser recusado? Estava certa de que Taena não estava sonhando com Lorde
    Orton.
    Cersei colocou suas mãos no seio da mulher. Suavemente, quase
    nem o tocando, sentindo o calor que emitia na palma de sua mão, a pele lisa
    como cetim. Deu um aperto suave, então passou o dedo levemente sobre o
    grande e escuro mamilo, para trás e para frente e para trás e para frente até
    que o sentiu endurecer. Quando olhou pra cima, os olhos de Taena estavam
    abertos.
    — Isso foi bom? — perguntou.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:10 pm

    — Sim, — a Senhora Merryweather disse.
    — E isso? — Cersei beliscou o mamilo, com força, torcendo-o entre
    seus dedos.
    A mulher de Myr deu um suspiro de dor.
    — Você está me machucando.
    — É só o vinho. Eu bebi um frasco na minha janta, e outro com a
    viúva Stokeworth. Tive que beber para manter a calma. — Ela torceu o outro
    mamilo de Taena, beliscando até a mulher suspirar de novo. — Eu sou a
    rainha. Eu tenho que exigir meus direitos.
    — Faça o que a senhora desejar. — O cabelo de Taena era negro
    igual ao de Robert, mesmo entre suas pernas, e quando Cersei os tocou,
    estavam encharcados, enquanto os de Robert eram grossos e secos. — Por
    favor — a mulher Myrish disse — vá em frente, minha rainha. Faça o que
    quiser comigo. Eu sou sua.
    Mas não valia a pena. Não podia sentir o que quer que Robert
    sentisse nas noites em que a possuía. Não havia prazer, não para ela. Para
    Taena, sim. Seus mamilos eram dois diamantes negros, seu sexo estava
    escorregadio e fumegante. Robert poderia tê-la amado por uma hora. A
    rainha deslizou um dedo para dentro do pântano da Myrish, depois outro,
    movendo eles para dentro e para fora, mas uma vez que Robert estivesse
    dentro de você, ele dificilmente lembraria seu nome.
    Queria ver se seria tão fácil com uma mulher como era com Robert.
    Dez mil de nossos filhos pereceram na minha mão, Vossa Graça, pensou,
    deslizando um terceiro dedo para dentro de Myr. Enquanto você roncava, eu
    lambia os vossos filhos da minha cara e dedos um por um, todos aqueles
    pálidos e pegajosos príncipes. Você reivindicou seus direitos, meu lorde,
    mas na escuridão eu comia seus herdeiros. Taena estremeceu. Ofegou
    algumas palavras em uma língua estrangeira, depois ofegou de novo,
    arqueou suas costas e gritou. Soa como se estivesse sendo estripada, a rainha
    pensou. Por um momento se deixou imaginar que seus dedos eram as presas
    de um javali, rasgando a mulher de Myr da virilha até a garganta.
    Ainda não está bom.
    Nunca tinha sido bom com ninguém a não ser com Jaime.
    Quando tentou tirar sua mão, Taena pegou seus dedos e os beijou.
    — Querida rainha, como eu posso te agradar? — Ela deslizou sua
    mão em Cersei e tocou-lhe sexo. — Diga o que quer de mim, meu amor.
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    O Festim dos Corvos - Página 22 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:11 pm

    — Saia — Cersei afastou-se e puxou as mantas para se cobrir,
    tremendo. Estava amanhecendo. Logo amanheceria, e tudo isso seria
    esquecido.
    Nunca teria acontecido.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:11 pm

    Jaime 585



    Os trompetes lançaram o seu grito metálico, que ascendeu ao
    tranquilo céu azul do pôr-do-sol. Josmyn Peckledon se pôs em pé de
    um salto e correu para pôr o cinto de seu senhor.
    O garoto tem um bom instinto.
    — Os bandidos não anunciam a sua chegada com trompetes. — lhe
    disse Jaime. — Não preciso de uma espada. Deve ser o meu primo, o
    Guardião do Oeste.
    Quando saiu da tenda, os cavaleiros já estavam desmontando: meia
    dúzia de cavaleiros e mais de vinte arqueiros e soldados a cavalo.
    — Jaime! — rugiu um homem desgrenhado que vestia uma cota de
    malha dourada e capa de pele de burro. — Tão fraco, e todo de branco! E
    com barba!
    — Isto? Apenas uma penugem se comparada com a tua, primo. — A
    barba encrespada e o farto bigode de Sor Daven se fundiam num cavanhaque
    espesso como um arbusto, e o emaranhado cabelo ruivo era amassado pelo
    elmo que estava tirando. No meio de todo aquele cabelo sobressaia um nariz
    arrebitado e um par de olhos castanhos, cheios de energia. — Algum
    bandido te roubou a navalha com que você fazia a barba?
    — Jurei que não cortaria o cabelo até que meu pai fosse vingado. —
    Apesar de seu aspecto leonino, a voz de Daven Lannister tinha uma estranha
    timidez. — Mas o Jovem Lobo se encarregou de Karstark antes de mim.
    Tirou a vingança de minhas mãos. — Estendeu o elmo ao escudeiro e passou
    os dedos pelo cabelo. — Mas gosto de ter barba. As noites são cada vez mais
    frias; um pouco de pelugem mantém a cara quente. Além disso, como dizia
    tia Genna, tenho um carvão no lugar do queixo. — Agarrou Jaime pelos
    braços. — Tememos por ti depois do que aconteceu no Bosque dos
    Murmúrios. Houve rumores de que o lobo gigante do Stark havia destroçado
    tua garganta.
    — Derramou amargas lágrimas por mim, primo?
    — A metade de Lannisporto derramou. A metade feminina. — O
    olhar de Daven se parou no coto do braço de Jaime. — Então é verdade.
    Esses filhos da puta te cortaram a mão da espada.
    — Agora tenho uma nova, de ouro. Ser maneta tem as suas
    vantagens. Bebo menos vinho, por medo de derramá-lo.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:12 pm

    — Bem pensado. — Seu primo começou a rir. — Quem te fez isso?
    Catelyn Stark?
    — Vargo Hoat.
    De onde saem essas lendas?
    — O qoriense? — Sor Davos cuspiu. — Isto é para ele e a sua
    Companhia dos Bravos. Disse a teu pai que eu mesmo me encarregaria de
    conseguir provisões, mas se negou. Me disse que há tarefas adequadas para
    os leões, e que a forragem era destinada às cabras e aos cães.
    Eram as palavras literais de Lorde Tywyn, Jaime sabia; quase podia
    ouvir a voz de seu pai.
    — Entra, primo. Temos que conversar.
    Garrett havia acendido a fogueira, e as cinzas conferiam à tenda de
    Jaime um calor avermelhado. Sor Daven tirou a capa e a atirou a Lew
    Pequeno.
    — É um Piper, garoto? — grunhiu. — Parece um tanto
    insignificante.
    — Sou Lewys Piper, se ao meu senhor lhe agrada.
    — Uma vez dei uma boa surra no teu irmão no corpo a corpo. O
    magrelo se ofendeu quando lhe perguntei se a mulher que dançava nua no
    seu escudo era a sua irmã.
    — É o brasão de nossa Casa. Não temos nenhuma irmã.
    — Que pena. Vosso brasão tem uns peitos estupendos. Mas que
    classe de homens se esconde atrás de uma mulher nua? Cada vez que lhe
    dava uma golpe no escudo me sentia muito pouco cavalheiro.
    — Já basta. — Interrompeu Jaime entre risos. — Deixe-o em paz. —
    Pia estava preparando vinho apimentado; removia o líquido com uma tigela.
    — Tenho que saber o que vou encontrar em Correrrio.
    Seu primo encolheu os ombros.
    — O cerco continua. Peixe Negro está cruzando os braços no seu
    castelo e nós em nossos acampamentos. Na verdade, estamos morrendo de
    tédio. — Sor Daven se sentou em um banco. — Tully deveria fazer algo para
    nos recordar que ainda estamos em guerra. E assim, poderíamos nos livrar de
    uns quantos Frey. De Ryman, para começar. Passa o dia bêbado. Ah, e de
    Edwyn. Não é tão imbecil como o seu pai, mas está cheio de ódio como um
    furúnculo de pus. E nosso Sor Emmon... Ah, não, Lorde Emmon, os Sete
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:12 pm

    nos amparem se nos esquecermos seu novo título... Nosso Senhor de
    Correrrio não para de me dizer como tenho que conduzir o cerco. Quer que o
    castelo seja tomado sem causar danos, porque agora é o seu senhorial
    assentamento.
    — O vinho já está quente? — perguntou Jaime a Pia.
    — Sim, meu senhor. — A garota tapava a boca ao falar.
    Peck lhes serviu o vinho numa bandeja dourada. Sor Daven tirou as
    luvas e se serviu de um copo.
    — Obrigado, garoto. Quem é você?
    — Josmyn Peckledon, se ao meu senhor lhe agrada.
    — Peck foi um herói na Batalha da Água Negra. — disse Jaime. —
    Matou dois cavaleiros e capturou outros dois.
    — Deve ser mais corajoso do que aparenta, menino. Isso que você
    tem na cara é barba, ou se esqueceu de se lavar? A mulher de Stannis
    Baratheon tem um bigode mais farto. Quantos anos você tem?
    — Quinze, meu senhor.
    Sor Daven soltou um resmungo.
    — Sabe o que é o melhor dos heróis, Jaime? Que como todos
    morrem jovens, os demais pegam mais mulheres. — Estendeu o copo ao
    escudeiro. — Enche outra vez e eu também direi que é um herói. Tenho
    sede.
    Jaime levantou o seu copo com a mão esquerda e bebeu um gole. O
    calor se estendeu pelo seu peito.
    — Estava falando dos Frey que queria ver mortos. Ryman, Edwyn,
    Emmon...
    — E Walder Rivers. — acrescentou Daven. — Pequeno filho da
    puta. Odeia ser bastardo e odeia todo mundo que não é. Em troca, Sor
    Perwyn parece uma boa pessoa; a esse que não o matem. As mulheres
    também não estão mal. Tenho entendido que vou casar com uma. De certo,
    seu pai podia me dar a cortesia de me consultar sobre este matrimônio. Meu
    pai já estava tratando com Paxter Redwyne antes do que aconteceu em
    Cruzaboi, sabia? Redwyne tem uma filha que vem com um bom dote...
    — Desmera? — Jaime começou a rir. — Você gosta tanto de sardas?
    — Se tenho que escolher entre os Frey e as sardas... Que quer que eu
    te diga? A metade dos cachorros de Lorde Walder tem cara de doninha.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:12 pm

    — Só a metade? Já pode dar graças. Em Darry conheci a esposa de
    Lancel.
    — Ami Portas Abertas, pelos deuses. Quando me inteirei de que
    Lancel havia escolhido essa, não pude acreditar. Que acontece com esse
    garoto?
    — Se tornou devoto. — replicou Jaime. — Mas a escolha da esposa
    não foi coisa sua. A mãe de Senhora Amerei é uma Darry. Nosso tio pensou
    que essa esposa nos ajudaria a ganhar o apoio dos camponeses.
    — Como? Fodendo com cada um deles, um depois do outro? Sabe
    porque a chamam Ami Portas Abertas? Porque levanta as saias para cada
    cavaleiro que passa. Mais vale que Lancel procure um armeiro que faça um
    elmo com cornos.
    — Não vai precisar disso. Nosso primo está voltando para Porto
    Real para professar os votos como espada do Septão Supremo.
    Sor Daven não ficaria mais atônito se Jaime lhe dissesse que Lancel
    havia decidido virar bobo da corte.
    — Não pode ser verdade! Está brincando comigo. Ami Portas
    Abertas deve ter ainda mais cara de doninha do que ouvi falar, para que o
    rapaz acabe assim.
    Quando Jaime tinha ido se despedir de Senhora Amerei a havia
    encontrado soluçando pela dissolução do seu casamento, enquanto Lyle
    Crakehall a consolava. Suas lágrimas não o haviam preocupado nem a
    metade do que os olhares odiosos que lhe lançaram seus parentes no pátio.
    — Espero que não esteja pensando em professar os votos tu também,
    primo. — disse a Devan. — Em questão de acordos matrimoniais, os Freys
    são muito melindrosos. Nem pensaria em decepcioná-los outra vez.
    Sor Daven soltou um resmungo.
    — Me casarei e levarei a minha doninha para a cama, pode ter
    certeza. Lembro muito bem o que aconteceu com Robb Stark. Mas, pelo que
    me conta Edwyn, é melhor que escolha alguém que ainda não tenha
    florescido, ou o mais provável é que Walder Negro já tenha passado por
    minhas terras. Com certeza ele já fodeu Ami Portas Abertas, e mais de uma
    vez. Pode ser que isso explique a santidade de Lancel e o cansaço de seu pai.
    — Tem visto Sor Kevan?
    — Sim. Passou por aqui a caminho do oeste. Pedi-lhe que nos
    ajudasse a tomar o castelo, mas não quis nem ouvir falar do tema. Passou
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:12 pm

    sem fazer nada todo o tempo em que esteve aqui. Sempre cortês, mas gélido.
    Jurei a ele que não havia pedido que me nomeassem Guardião do Oeste, que
    essa honra deveria pertencer a ele, e me disse que não guardava nenhum
    ressentimento em relação a mim, mas seu tom de voz dizia o contrário. Ele
    esteve aqui três dias, e se me dirigiu três palavras, foram muitas. Queria que
    tivesse ficado; seu conselho seria de grande ajuda. Nossos amigos Frey não
    se atreveriam a fatigar Sor Kevan tanto como eu.
    — Me conta. — disse Jaime.
    — Te contaria, mas por onde começo? Enquanto eu construía aríetes
    e torres de assalto, Ryman se dedicava a construir um patíbulo. Todos os
    dias, ao amanhecer, pega Edmure Tully, põe uma corda no pescoço e ameaça
    executá-lo se o castelo não se render. O Peixe Negro não faz nem caso disso,
    assim que, ao anoitecer voltam a levar Lorde Edmure. Sua esposa está
    grávida, sabia?
    Não haviam lhe contado isso.
    — Se deitou com ela depois do Casamento Vermelho?
    — Estava na cama com ela durante o Casamento Vermelho. Roslin
    era uma garota muito bonita, sem cara de doninha, e por incrível que lhe
    pareça, ela gosta de Edmure. Perwyn me disse que reza para que seja uma
    menina.
    Jaime meditou um instante sobre aquilo.
    — Quando nascer o filho de Edmure, Lorde Walder não precisará
    mais dele.
    — Acho o mesmo. Nosso tio político, Emm... Perdão, Lorde
    Emmom, quer que Edmure seja logo enforcado. Que haja um Tully senhor
    de Correrrio o preocupa tanto como a perspectiva de que nasça outro. Não
    passa um dia sem que me suplique que obrigue Sor Ryman a enforcar o
    Tully, seja como seja. Enquanto isso tem Lorde Gawen Westerling me
    puxando a outra manga. Peixe Negro tem em seu castelo sua senhora esposa
    e três de seus fedelhos. Sua senhoria tem medo de que o Tully os mate se os
    Frey enforcam Edmure. Uma dessas fedelhas é a rainha do Jovem Lobo.
    Jaime pensou já ter visto Jeyne Westerling em alguma ocasião, mas
    não se lembrava de seu aspecto.
    Deve ser muito formosa para valer um reino.
    — Sor Brynden não matará nenhum menino. — assegurou a seu
    primo. — Não é um peixe tão negro. — Começava a entender porque
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:12 pm

    Correrrio não havia caído ainda. — Diga-me como tem conduzido tudo,
    primo.
    — Temos o castelo cercado. Sor Ryman e os Frey estão ao norte de
    Pedra Caída. Ao sul do Ramo Vermelho se encontra Lorde Emmom, junto
    com Sor Forely Prester e o que resta de seu antigo exército, além dos
    senhores dos rios que se uniram conosco depois do Casamento Vermelho.
    Sempre estão de mal humor. Valem para se enfiar nas suas tendas e um
    pouco mais. Meu acampamento está entre os rios, em frente ao fosso e na
    porta principal de Correrrio. Também montamos uma barreira flutuante, que
    cruza o Ramo Vermelho, rio abaixo. Manfryd Yew e Raynard Ruttiger estão
    coordenando a defesa, logo ninguém poderá escapar por barco. Também lhes
    dei redes para pescar. Assim nos abasteceremos.
    — Podemos render o castelo por fome?
    Sor Daven negou com a cabeça.
    — O Peixe Negro tirou de Correrrio todas as bocas inúteis e limpou
    as provisões. Tem reservas suficientes para manter seus homens e seus
    cavalos durante dois anos.
    — E como nós estamos de provisões?
    — Enquanto houver peixes nos rios, não morreremos de fome, ainda
    que não sei como vamos dar de comer aos cavalos. Os Frey baixam comida e
    feno desde as Gêmeas, mas Sor Ryman afirma que não tem o suficiente para
    compartilhar, assim que teremos que buscar comida por nossa conta. A
    metade dos homens que enviei em busca de alimentos não voltou. Uns têm
    desertado; outros temos encontrados pendurados em árvores como se fossem
    frutas maduras.
    — No caminho até aqui tropeçamos com alguns. — assentiu Jaime.
    Os exploradores de Adam Marbrand os haviam encontrados
    pendurados em uma macieira silvestre, com os rostos enegrecidos. Os
    assassinos haviam despido os cadáveres e haviam metido uma maçã entre os
    dentes de cada um. Nenhum apresentava feridas; era evidente que se haviam
    rendido. Javali se enfureceu, e jurou uma vingança sangrenta a quem havia
    atado guerreiros para que morressem como porcos.
    — Talvez fossem os bandidos. — comentou Sor Daven após escutar
    Jaime. — Ou não. De vez em quando aparecem por aqui grupos de
    nortenhos. E talvez esse senhores do Tridente tenham dobrado os joelhos,
    mas me parece que no fundo seguem sendo um pouco... lobos.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:13 pm

    Jaime observou seus dois escudeiros mais jovens, que rondavam em
    torno das fogueiras e fingiam que não estavam escutando. Lewys Piper e
    Garrett Peck eram filhos dos senhores dos rios. Gostava deles, e não gostaria
    nada ter que entregá-los a Sor Illyn.
    — As cordas são típicas dos Dondarrion.
    — O senhor do relâmpago não é o único que sabe fazer um nó. Não
    comecemos com Lorde Berric. Está aqui, está ali, em todas as partes, mas
    quando se enviam homens em sua procura, ele se evapora como a névoa. Os
    senhores dos rios o estão ajudando, tenho certeza disso. Malditos sejam. Um
    dia dizem que está morto, e no seguinte, que não pode morrer. — Sor Daven
    deixou o copo de vinho. — De noite, meus exploradores avistam fogueiras
    em lugares elevados. Creio que são sinais, como se estivessem nos vigiando.
    Também há fogueiras nos povoados. Algum deus novo...
    Não, um deus antigo.
    — Thoros, o sacerdote myriense, aquele gordo que bebia às vezes
    com Robert, está com Dondarrion. — Sua mão dourada estava em cima da
    mesa. Jaime a mexeu e observou o resplendor do ouro à escassa luz das
    fogueiras. — Nos encarregaremos de Dondarrion se precisar, mas primeiro
    trataremos do Peixe Negro. Tem que saber que não há esperança. Já tentou
    fazer um trato com ele?
    — Sor Ryman tentou. Cavalgou até as portas do castelo meio
    bêbado, gritando insultos e ameaças. O Peixe Negro apareceu entre as
    ameias somente o tempo necessário para lhe dizer que não pensava em
    desperdiçar palavras com um ser tão deprimente. Logo disparou um flecha
    na garupa da sua montaria, que se empinou, e o Frey caiu na lama. Eu ri
    tanto que quase mijei nas calças. Se fosse eu, teria cravado a flecha na sua
    boca mentirosa.
    — Então eu colocarei o elmo quando for tratar com eles. — replicou
    Jaime com um ligeiro sorriso. — Tenho intenção de lhe oferecer umas
    condições muito generosas.
    Se conseguisse por fim ao cerco sem derramamento de sangue, não
    se poderia dizer que tivesse levantado armas contra a casa Tully.
    — Pode tentar, se quiser, meu senhor, mas duvido muito que
    consigamos alguma coisa conversando. Vamos ter que atacar o castelo.
    Houve tempos, e não tão remotos, em que Jaime havia tomado
    aquela mesma decisão sem duvidar. Sabia que não podia dispor de dois anos
    para render o Peixe Negro por fome.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:13 pm

    — Seja o que for que fizermos, terá que ser depressa. — disse a Sor
    Daven. — Meu lugar está em Porto Real, com o rei.
    — Claro. — concordou o seu primo. — Compreendo que tua irmã
    deve precisar de ti. Porque dispensou Sor Kevan? Acreditava que ele seria
    nomeado Mão.
    — Ele não aceitou.
    Não estava tão cego como eu.
    — Kevan deveria ser o Guardião do Oeste. Ou tu. Não é que eu não
    agradeça a honra, claro, mas nosso tio tem o dobro da minha idade e tem
    muito mais experiência de comando. Espero que saiba que eu não pedi este
    cargo em nenhum momento.
    — Ele sabe.
    — Como está Cersei? Tão bonita como sempre?
    — Radiante. — Vaidosa. — Loira. — Mais falsa que ouro de bobo.
    Na noite anterior havia sonhado que a surpreendia fodendo com o Rapaz
    Lua. Ele matava o bobo, e quebrava os dentes da sua irmã com a mão
    dourada, como havia feito Gregor Clegane com a pobre Pia. Em seus sonhos,
    Jaime sempre tinha duas mãos; uma era de ouro, mas funcionava como a
    outra. — Quanto antes terminarmos com o assunto de Correrrio, antes
    poderei estar ao lado de Cersei. — O que não sabia era o quê faria a seguir.
    Seguiu falando com seu primo durante mais uma hora, até se
    despedirem. Depois, Jaime pôs a mão de ouro e uma capa marrom para
    passear entre as tendas.
    A verdade era que gostava daquela vida. Sentia-se mais à vontade no
    acampamento, entre soldados, que na corte, e seus homens também pareciam
    cômodos com ele. Junto a uma fogueira de cozinha, três arqueiros lhe
    ofereceram um pedaço da lebre que haviam caçado. Ao lado de outra, um
    jovem cavaleiro lhe pediu conselhos sobre a melhor maneira de se defender
    de uma maça. Mais abaixo, na margem do rio, comentou como duas
    lavadeiras lutavam nos ombros de um par de soldados. As garotas estavam
    meio bêbadas e meio nuas; riam e lançavam golpes com capas enroladas
    enquanto uma dúzia de homens as aplaudiam. Jaime apostou uma estrela de
    cobre na ruiva que montava Raff, o Querido, e o perdeu quando os dois
    caíram com estrépito na grama.
    Do outro lado do rio, os lobos uivavam; o vento soprava entre os
    salgueiros, e fazia com que os ramos se mexessem e sussurrassem. Jaime
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:13 pm

    deu com Sor Illyn Payne do lado de fora de sua tenda. Estava afiando a
    espada com uma amoladeira.
    — Vamos. — disse, e o cavaleiro silencioso se levantou com um
    tênue sorriso.
    Ele gosta disso, compreendeu. Ele gosta de me humilhar noite após
    noite. Pode ser que gostasse ainda mais de me matar. Queria acreditar que
    estava melhorando, mas a melhoria era lenta e tinha um preço elevado. Por
    baixo da armadura de aço e as amarras de couro e lã, Jaime Lannister era
    uma tapeçaria de cortes, hematomas e contusões.
    Um sentinela lhes deu passagem quando saiam do acampamento
    com seus cavalos. Jaime lhe deu uma palmada no ombro com a mão
    dourada.
    — Siga alerta. Há lobos pelas redondezas.
    Cavalgaram ao largo do Ramo Vermelho até os restos de uma aldeia
    incendiada que haviam cruzado aquela tarde. Ali aconteceu sua dança
    noturna, entre pedras enegrecidas e cinzas frias e velhas. Durante um
    momento, Jaime tomou a iniciativa e se permitiu crer que talvez estivesse
    recuperando sua antiga habilidade. Talvez aquela noite fosse Payne quem
    iria dormir dolorido e ensanguentado.
    Foi como se Sor Illyn tivesse lido seus pensamentos. Deteve o
    último golpe de Jaime, e lançou um contra-ataque que o fez retroceder até o
    rio, onde caiu contra a grama. Acabou de joelhos, com a espada do cavaleiro
    silencioso na garganta, enquanto que a sua havia se perdido entre as plantas.
    À luz da lua, as marcas de varíola no rosto de Payne eram grandes como
    crateras. Emitiu aquele som abafado que talvez fosse uma gargalhada, e
    subiu a espada pelo pescoço de Jaime até que a ponta repousou entre os seus
    lábios. Logo retrocedeu e embainhou o aço.
    Seria melhor que tivesse desafiado Raff, o Querido com uma puta
    nos ombros, pensou Jaime enquanto sacudia o barro da mão dourada. Uma
    parte dele tinha gana de arrancar essa inutilidade e atirá-la ao rio. Não servia
    pra nada, e a mão esquerda tampouco servia pra alguma coisa. Sor Illyn
    havia voltado com os cavalos, o deixando só para que se pusesse de pé. Pelo
    menos, ainda tenho duas pernas.
    O último dia de viagem havia sido frio e ventoso. O vento sacudia os
    ramos das árvores nos bosques sem folhas e inclinava os pés de cana junto
    aos rios ao longo do Ramo Vermelho. Apesar da capa de inverno de lã da
    Guarda Real, Jaime sentia os dentes batendo contra o vento enquanto
    cavalgava com seu primo Daven. A tarde estava muito avançada quando
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:13 pm

    avistaram Correrrio, que sobressaia no estreito cabo onde Pedregoso confluía
    com Ramo Vermelho. O castelo dos Tully parecia um grande navio de pedra
    cuja proa apontava rio abaixo. A luz tingia de vermelho e dourado os muros
    de arenito, que pareciam mais altos e grossos do que Jaime recordava.
    Vai ser um osso duro de roer, pensou sombrio. Se o Peixe Negro não
    ouvia a voz da razão, teria que romper o juramento que havia feito a Catelyn
    Stark; o que havia feito ao seu rei tinha prioridade.
    A barreira do rio e os três grandes acampamentos de cerco eram
    exatamente como lhe havia descrito seu primo. O de Sor Ryman Frey, ao
    norte do Pedregoso, era o maior, e também o mais desordenado. Um enorme
    andaime cinzento, alto como um gigante, se alçava por cima das tendas. Nele
    divisou uma figura solitária com uma corda em torno do pescoço.
    Edmure Tully. Sentiu uma pontada de compaixão. É uma crueldade
    mantê-lo ali, de pé, dia após dia, com a corda no pescoço. Seria melhor se
    cortassem a sua cabeça e acabassem com isso de uma vez.
    Por trás do andaime se estendiam tendas e fogueiras em um
    emaranhado desorganizado. Os Frey menores e seus cavaleiros haviam
    ocupado seus pavilhões rio acima, logo após as trincheiras de latrinas; rio
    abaixo haviam cabanas de barro, caravanas e carros de bois.
    — Sor Ryman não quer que seus garotos se aborreçam, assim que
    lhes proporciona putas, rinhas de galos e caça de javalis. — lhe contou
    Daven. — E tem até um cantor. Nossa tia trouxe Wat Sorriso Branco de
    Lannisporto, acredita nisso? Assim que Ryman também tinha que ter um
    cantor para não ser menos. Que tal se fizermos uma armadilha no rio e
    afogarmos todos, primo?
    Jaime observou os arqueiros que se moviam por trás das ameias nas
    muralhas do castelo. Por cima delas ondulavam os estandartes da casa Tully,
    com a truta de prata desafiante sobre um campo de goles azul. Mas na torre
    mais alta se via uma bandeira diferente, grande, branca, com o lobo gigante
    dos Stark.
    — A primeira vez que vi Correrrio, era um escudeiro mais verde que
    a grama do verão. — disse Jaime a seu primo. — O velho Summer Crakehall
    me enviou para entregar uma mensagem; insistia que não se podia confiar
    num corvo. Lorde Hoster me reteve uma semana enquanto meditava sobre a
    resposta. Me sentou junto com sua filha Lysa em todas as refeições.
    — Não me estranha que vestiu o branco. Eu teria feito o mesmo.
    — Homem, Lysa não estava tão mal.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:14 pm

    Na realidade, era uma jovem muito bonita, delicada, com lindos
    olhos e larga cabeleira castanha.
    Mas era muito tímida. Ficava em silêncio a maior parte do tempo e
    tinha ataques de riso tontos; não tinha nada do fogo de Cersei. Sua irmã
    maior parecia mais interessante, mas Catelyn estava prometida a um
    nortenho, o herdeiro de Winterfell. De todos os modos, naquela idade não
    havia nenhuma garota que interessasse a Jaime tanto como o famoso irmão
    de Hoster, que havia ganhado fama combatendo aos Nove Pequenos Reis
    nos Degraus. Quando estava sentado na mesa, fazia caso omisso da pobre
    Lysa enquanto pressionava Brynden Tully para que lhe contasse anedotas de
    Maelys, o Monstruoso e o Príncipe de Ébano. Naquela época, Sor Brynden
    era mais jovem que eu agora, pensou Jaime. E eu era mais jovem que Peck.
    A passagem mais próxima para cruzar o Ramo Vermelho estava
    corrente acima, mais pra lá do castelo. Para chegar ao acampamento de Sor
    Devan tiveram que atravessar a cavalo o de Emmom Frey, e passar pelos
    pavilhões dos senhores dos rios que haviam dobrado o joelho para voltar à
    paz do rei. Jaime se fixou nos estandartes de Lychester, Vance, Roote e
    Godbrook, nas bolotas da Casa Smallford e na donzela bailando de Lorde
    Piper, mas os que lhe deram o que pensar foram os que não viu. A águia
    prateada dos Mallister não estava por ali, nem tampouco o cavalo vermelho
    dos Bracken, o salgueiro dos Ryger nem as serpentes entrelaçadas dos
    Paege. Todos eles haviam renovado sua lealdade ao Trono de Ferro, mas não
    se haviam unido ao cerco. Jaime sabia que os Bracken estavam lutando
    contra os Blackwood: isso explicava sua ausência, mas os demais...
    Nossos novos amigos não são tão amigos. Sua lealdade é
    superficial. Tinha que tomar Correrrio o quanto antes. Quanto mais durasse
    o cerco, mais Casas procurariam uma maneira de deixa-los, como Tytos
    Blackwood.
    Na passagem, Sor Kennos de Kayce fez soar o Corno de Herrock.
    Isso deveria atrair o Peixe Negro até as ameias. Sor Hugo e Sor
    Dermont guiaram Jaime até o outro lado do rio; os cascos de seus cavalos
    chapinharam nas lodosas águas avermelhadas enquanto estandarte branco da
    Guarda Real, e o leão e o veado de Tommen, ondulavam ao vento. O resto
    da coluna os seguia de perto.
    O acampamento dos Lannister retumbava com o som dos martelos
    contra a madeira ali onde se alçava uma nova torre de assalto. Já havia outras
    duas terminadas, semicobertas com couro de cavalo sem curtir. Entre elas
    viu um aríete, um tronco de árvore com a ponta endurecida ao fogo,
    pendurado com cordas em uma estrutura de madeira.
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:14 pm

    Parece que meu primo não tem estado ocioso.
    — Meu senhor, onde quer que monte a sua tenda? — lhe perguntou
    Peck.
    — Ali, naquele aclive. — Apontou com a mão de ouro, ainda que
    não fosse o instrumento ideal para aquela tarefa. — As provisões e o
    equipamento aqui; os cavalos, do outro lado. Utilizaremos as latrinas, que
    tão amavelmente escavou o meu primo. Sor Addam, inspecione o nosso
    perímetro para ver se encontra algum ponto fraco. — Jaime não previa
    nenhum ataque, mas tampouco havia previsto o que aconteceu no Bosque
    dos Murmúrios.
    — Chamo as doninhas para uma reunião do conselho de guerra? —
    perguntou Daven.
    — Antes quero falar com o Peixe Negro. — Jaime fez um sinal a Jon
    Bettley, o careca, para que se aproximasse. — Busque um estandarte de paz
    e leve uma mensagem ao castelo. Informe a Sor Brynden Tully que quero
    falar com ele ao amanhecer. Me encontrarei na borda do fosso e nos
    reuniremos em sua ponte levadiça.
    Peck o olhou, alarmado.
    — Mas, meu senhor, os arqueiros podem...
    — Não o farão. — Jaime desmontou. — Monte a tenda e ponha
    meus estandartes.
    E vejamos quem vem correndo e a que velocidade.
    Não teve que esperar muito. Pia estava muito ocupada acendendo
    um braseiro. Peck foi ajudá-la. Nas últimas noites, Jaime ia dormir com o
    som de fundo dos jovens que fodiam em um canto da tenda.
    — Eh, já está aqui! — retumbou a voz de sua tia. Seu corpanzil
    ocupava todo o limiar, enquanto seu esposo Frey observava atrás dela. — Já
    era hora. Venha! Um abraço para a gorda da tua tia!
    Estendeu-lhe os braços, com o que não houve outro remédio que não
    abraça-la.
    Quando era jovem, Genna Lannister tinha curvas generosas, sempre
    ameaçando estourar o sutiã, mas com o tempo, havia se tornado quadrada.
    Tinha o rosto largo e suave; seu pescoço era uma grossa coluna rosada; seu
    busto era imenso. Com sua carne havia bastado para fazer dois homens do
    tamanho de seu marido. Jaime esperou obediente sua tia lhe beliscar a
    orelha. Sempre tinha a orelha beliscada por ela desde que a conheceu, mas
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    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:14 pm

    aquele dia ela se conteve, e só lhe plantou um beijo úmido e brando em cada
    bochecha.
    — Sinto muito por sua perda.
    — Agora tenho uma mão nova, de ouro. — Mostrou a ela.
    — Muito bonita. Também vai mandar fazer um pai de ouro? — A
    voz de Senhora Genna era áspera. — Me referia à perda de Tywyn.
    — Um homem como Lorde Tywyn Lannister só aparece a cada mil
    anos. — Declarou seu esposo. Emmom Frey era um homenzinho irritável de
    mãos nervosas. Pesava pouco mais de setenta e cinco quilos... e isso,
    molhado, e com a cota de malha. Era um pé de cana vestido de lã e sem sinal
    de barba, um defeito que o queixo proeminente tornava ainda mais absurdo.
    Havia perdido a metade do cabelo antes de completar os trinta. Àquelas
    alturas já tinha uns sessenta, e só lhe restavam algumas mechas brancas.
    — Ultimamente nos chegam notícias muito estranhas. — disse
    Senhora Genna depois que Jaime dispensou Pia e seus escudeiros. — Já não
    sabemos no que acreditar. É verdade que Tyrion assassinou Tywyn? Ou é
    alguma calúnia que tua irmã está divulgando?
    — É verdade.
    O peso da mão de ouro começava a se tornar cansativo. Desamarrou
    meio desajeitado as correias que a mantinham ligadas ao coto.
    — Um filho que levanta a mão contra o seu pai. — suspirou Sor
    Emmom. — É monstruoso. Correm tempos amargos em Westeros. Com o
    fim de Lorde Tywyn, temo por todos nós.
    — Também temia por todos nós quando ele ainda vivia. — Genna
    descarregou o peso de suas amplas nádegas em um banco, que rangeu de
    maneira alarmante sob o seu peso. — Conte-nos sobre nosso filho Cleos,
    sobrinho; diga—nos como morreu.
    Jaime desamarrou a última correia e deixou a mão a um lado.
    — Uns bandidos nos fizeram uma emboscada. Sor Cleos os pôs em
    fuga, mas isso lhe custou a vida. — A mentira saiu naturalmente. Viu que
    lhes havia agradado.
    — O garoto tinha muito valor, eu lhe disse. Levava isso no sangue.
    — A Sor Emmom aparecia uma saliva rosada entre os lábios quando falava,
    cortesia da folhamarga a que era tão aficionado.
    — Seus ossos deveriam repousar sob Rochedo Casterly, na Sala dos
    Heróis. — declarou Senhora Genna. — Onde foi enterrado?

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