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    O Festim dos Corvos

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    O Festim dos Corvos - Página 24 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:35 pm

    Jaime 675


    O broche que prendia o manto de Sor Bryden Tully era um peixe
    negro, forjado em jato e em ouro. Seu anel era cruel e cinzento.
    Acima disso ele usava perneiras, gorjal, manoplas, ombreiras e
    polainas de aço enegrecido, nenhuma peça nem metade tão escura quanto o
    olhar em seu rosto enquanto esperava por Jaime Lannister no final da ponte
    levadiça, sozinho em um corcel castanho ajaezado em vermelho e azul.
    Ele não me ama. O Tully tinha um rosto desgastado, profundamente
    enrugado e queimado pelo vento, debaixo de um coque de um duro cabelo
    grisalho, mas Jaime ainda podia ver o grande cavaleiro que uma vez havia
    encantado um escudeiro com os contos dos Reis Nove Centavos. Os cascos
    de Honra batiam contra as tabuas da ponte levadiça. Jaime tinha pensado
    muito se deveria usar sua armadura de ouro ou a branca para este encontro;
    no fim ele escolheu um manto de couro e uma capa escarlate.
    Ele parou a uma certa distancia de Sir Bryden e inclinou a cabeça
    para o homem mais velho.
    — Regicida. — Disse Tully.
    Assim ele faria desse nome à primeira palavra a sair de sua boca, o
    que faria Jaime o xingar de diversas formas, mas ele estava resolvido a
    manter a calma.
    — Peixe Negro, — ele respondeu. — Obrigado por vir.
    — Eu suponho que você voltou para cumprir os juramentos que fez
    a minha sobrinha, — Sor Bryden disse. — Se bem me lembro, você
    prometeu a Catelyn suas filhas em troca de sua liberdade. Sua boca se
    apertou. E ainda assim, eu não vejo as garotas, onde elas estão?
    Ele vai me fazer dizer isto?
    — Eu não as tenho.
    — Que pena. Você deseja retornar ao seu cativeiro? Sua cela antiga
    ainda está disponível. Pusemos junco fresco no chão.
    E um agradável balde novo pra eu cagar, não duvido.
    — Foi atencioso da sua parte, sor, mas eu temo que devo recusar. Eu
    prefiro o conforto do meu velho pavilhão.
    — Enquanto Catelyn desfruta o conforto de seu túmulo.
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    O Festim dos Corvos - Página 24 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:35 pm

    Eu não tive nada com a morte da Senhora Catelyn, poderia ter dito,
    e suas filhas foram embora antes que eu chegasse a Porto Real. Estava na
    ponta da língua para falar de Brienne e da espada que tinha dado a ela, mas
    Peixe Negro estava olhando para ele da mesma maneira que Eddard Stark
    tinha o olhado quando o encontrou no Trono de Ferro com o sangue do Rei
    Louco sob sua lâmina.
    — Eu vim pra falar da vida, não da morte. Daqueles que não
    precisam morrer, mas devem...
    — A menos que eu o entregue Correrio. É aqui que vocês ameaçam
    enforcar Edmure? — Sob suas sobrancelhas espessas, os olhos do Tully
    eram pedras. — Meu sobrinho está condenado a morte não importa o que eu
    faça. Então o enforque e esteja acabado com ele. Eu espero que Edmure
    esteja tão cansado de ficar de pé sobre aquelas forcas como eu estou de vê-lo
    lá.
    Ryman Frey é um idiota. Seu teatro com Edmure e a forca só tinha
    feito Peixe Nnegro mais obstinado, isto estava claro.
    — Você mantém a Senhora Sybelle Westerling e três de seus filhos.
    Eu vou devolver o seu sobrinho em troca delas.
    — Como você devolveu as filhas da Senhora Catelyn?
    Jaime não se permitiu ser provocado.
    — Uma velha mulher e três crianças pelo seu senhor. Isso é um
    negócio melhor do que você poderia ter esperado.
    Sor Bryden deu um sorriso duro.
    — A você não falta valor, Regicida. Negociação com perjúrios é
    como construir sobre areia movediça, embora Cat deveria ter pensado
    melhor ao confiar em pessoas como você.
    Era em Tyron que ela confiava, Jaime quase disse. O duende a
    enganou também.
    — As promessas que fiz a Senhora Catelyn foram arrancadas com
    uma lamina no pescoço.
    — E o juramento que fez a Aerys?
    Ele sentiu seus dedos fantasmas coçando.
    — Aerys não faz parte disso. Você vai trocar os Westerlings por
    Edmure?
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    O Festim dos Corvos - Página 24 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:39 pm

    — Não. Meu rei confiou sua rainha a minha guarda, e eu jurei
    mantê-la segura. Eu não vou entregá-la a armadilha de um Frey.
    — A garota foi perdoada. Nenhum mal acontecerá a ela, você tem a
    minha palavra nisso.
    — Sua palavra de honra? — Sor Bryden ergueu uma sobrancelha. —
    Você ao menos sabe o que é honra?
    Um cavalo.
    — Eu farei qualquer juramento que você quiser.
    — Me poupe Regicida.
    — Eu quero. Suspenda suas bandeiras e abra seus portões que eu
    concederei aos seus homens suas vidas. Aqueles que quiserem permanecer
    em Correrio em serviço de Lorde Emmon poderá fazê-lo. O resto será livre
    para ir onde quiserem, embora eu vá exigir que entreguem suas armas e
    armaduras.
    — Eu me pergunto, quão longe eles chegarão desarmados antes dos
    “bandidos” caírem sobre eles. Você não ousaria permitir que eles se unissem
    à Lorde Beric, ambos sabemos disso. E quanto a mim? Serei exibido em
    Porto Real para morrer como Eddard Stark?
    — Eu vou lhe permitir vestir o negro. O bastardo de Stark é o Lorde
    Comandante na Muralha.
    Peixe Negro estreitou os olhos.
    — O seu pai fez arranjo para isso também? Catelyn nunca confiou
    no menino, se bem me lembro, não mais do que ela confiava em Theon
    Greyjoy. E parece que ela estava certa sobre os dois. Não sor, eu acho que
    não. Eu morrerei quente, se te agrada, com uma espada na mão correndo
    vermelho com o sangue do leão.
    — Sangue Tully também corre vermelho, — Jaime o lembrou. — Se
    você não entregar o castelo, eu irei arrasá-lo. Centenas irão morrer.
    — Centenas dos meus, milhares dos seus.
    — Sua guarnição perecerá até o último homem.
    — Eu conheço este som. Você o cantou ao som de “As Chuvas de
    Castemare”? Antes meus homens morrerão lutando sobre seus pés do que de
    joelhos sob o machado de um carrasco.
    Isto não está indo bem.
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    O Festim dos Corvos - Página 24 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:40 pm

    — Este desafio de nada serve, sor. A guerra acabou, e seu Jovem
    Lobo está morto.
    — Assassinado na violação sagrada de todas as leis de hospitalidade.
    — Trabalho de Frey, não meu.
    — Chame isso como quiser. Isto fede a Tywin Lannister.
    Jaime não podia negar isso.
    — Meu pai está morto também.
    — Que o Pai o julgue com justiça.
    Agora, há uma perspectiva terrível.
    — Eu teria matado Robb Stark no Bosque dos Murmúrios, se eu
    pudesse ter chegado até ele. Alguns tolos ficaram em meu caminho. Por
    acaso importa como o garoto pereceu? Ele não ficará menos morto, e seu
    reino morreu junto com ele.
    — Você deve ser cego, assim como aleijado, sor. Levante os olhos e
    você verá que o lobo gigante ainda voa acima de nossas paredes.
    — Eu o tenho visto. Ele parece solitário. Harrenhal caiu. Guardamar
    e Lagoa da Donzela também. Os Brackens têm se ajoelhado, e eles tem Tyto
    Blackwood encurralado no Bosque dos Murmúrios. Piper, Vance, Mooton,
    todos os seus aliados se renderam. Apenas Correrio permanece. Nós temos
    vinte vezes o seu número.
    — Vinte vezes homens requerem vinte vezes comida. Quão bem
    provisionado você está, meu lorde?
    — Bem o suficiente para sentar aqui até os fins dos dias se precisar,
    enquanto você passa fome dentro de suas paredes. — Ele disse a mentira tão
    corajosamente quanto podia e esperava que seu rosto não o traísse.
    Peixe-negro não estava convencido.
    — O fim dos seus dias talvez. Nossos próprios abastecimentos são
    amplos, embora temo que não deixamos muita coisa nos campos para nossos
    visitantes.
    — Nós podemos trazer comidas das Gêmeas, — Jaime disse. — Ou
    sobre as colinas do oeste, se chegar a isso.
    — Se você diz. Longe de mim questionar a palavra de um tão
    honrado cavaleiro.
    O desprezo em sua voz fez Jaime se arrepiar.
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    O Festim dos Corvos - Página 24 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:40 pm

    — Existe um meio mais rápido de decidir o assunto. Um único
    combate. Meu campeão contra o seu.
    — Eu estava me perguntando quando você chegaria a isso. Sor
    Brynden gargalhou. Quem seria? Strongboar? Addam Marbrand? Walder
    Negro, Frey? Ele se inclinou para frente. Porque não eu e você, sor?
    Essa teria sido uma doce luta um dia, Jaime pensou, forragens para
    os cantores.
    — Quando a Senhora Catelyn me libertou, ela me fez jurar não
    erguer armas novamente contra os Stark ou os Tully.
    — Um juramento muito conveniente, sor.
    Seu rosto escureceu.
    — Você esta me chamando de covarde?
    — Não. Eu estou te chamando de aleijado. — Peixe Negro acenou
    com a cabeça para a mão dourada de Jaime. — Nós dois sabemos que você
    não pode lutar com isso.
    — Eu tinha duas mãos. Será que você jogaria sua vida fora por
    orgulho? — Uma voz dentro dele sussurrou. — Alguns podem dizer que um
    aleijado e um velho estão bem combinados. Liberte-me de meu voto à
    Senhora Catelyn e eu irei encontrá-lo espada a espada. Se eu ganhar,
    Correrrio é nossa. Se você me vencer, levantaremos o cerco.
    Sir Brynden riu de novo.
    — Por mais que eu goste da chance de tomar essa espada dourada de
    você e cortar o seu coração negro, suas promessas são inúteis. Eu ganharia
    nada com sua morte, exceto o prazer de matar você, e não vou arriscar a
    minha vida por isso, por menor que possa ser o risco.
    Foi uma coisa boa Jaime não usar uma espada, de outra forma ele
    teria rasgado sua lamina e se Sor Brynden não o matasse, os arqueiros na
    parede certamente o fariam.
    — Ah algum termo que você irá aceitar? — Ele exigiu de Peixe
    Negro.
    — De você? — Sir Brynden deu de ombros. — Não.
    — Porque você sequer chegou a tratar comigo?
    — Um cerco é um mortalmente maçante. Eu queria ver este seus
    tocos e ouvir quaisquer desculpas que você teria a oferecer por sua mais
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:40 pm

    recente barbaridade. Elas são mais fracas do que eu esperava. Você sempre
    me decepciona Regicida.
    Peixe Negro girou em sua égua e trotou em direção a Correrio. A
    ponte levadiça desceu rapidamente, seus picos de ferro causando estragos no
    chão lamacento.
    Jaime virou a cabeça de Honra para a longa viagem de volta para as
    linhas de cerco Lannister. Ele podia sentir os olhos sobre ele. Os homens de
    Tully em suas ameias, os Freys do outro lado do rio. Se eles não forem
    cegos, irão todos saber que ele jogou minha oferta em minha cara. Ele
    precisaria arrasar o castelo. Bem, o que é mais uma promessa quebrada para
    o Peixe Negro? Apenas mais merda no balde. Jaime resolveu ser o primeiro
    homem nas ameias. E com essa minha mão de ouro, provavelmente o
    primeiro a cair.
    De volta ao acampamento, Pequeno Lew segurou suas rédeas
    enquanto Peck deu-lhe uma mão para ajudá-lo a descer da sela. Será que eles
    pensam que sou tão aleijado que não posso desmontar sozinho?
    — Como você se saiu, meu senhor? — Perguntou seu primo, Sor
    Daven.
    — Ninguém colocou uma flecha na garupa do meu cavalo. De outra
    forma haveria pouco para distinguir-me de Sor Ryman. — Ele fez uma
    careta. — Portanto, agora ele precisa fazer o Ramo Vermelho ficar mais
    vermelho. Culpe a si mesmo por isso, Peixe Negro, você me deixou uma
    pequena escolha. Monte um conselho de guerra. Sor Addam, Strongboar,
    Forley Prester, os nossos senhores dos rios... E os nossos amigos dos Frey.
    Ser Ryman, Lord Emmon, e quem mais eles se importarem em trazer.
    Eles se reuniram rapidamente. Lorde Piper e ambos os Lorde Vance
    vieram falar pelos arrependidos senhores do Tridente, cuja lealdade em
    breve seria posta a prova. O oeste foi representado por Sor Daven, Javali
    Forte, Addam Marbrand, e Forley Prester. Lorde Emmon Frey juntou-se a
    eles, com sua esposa. A Senhora Genna reivindicou sua cadeira com um
    olhar que desafiou qualquer homem ali para questionar sua presença.
    Ninguém fez. Os Freys enviaram Sor Walder Rivers, conhecido como
    “Bastardo Walder” e Edwyn, o primogênito de Sir Ryman, um homem
    pálido e delgado, com um nariz comprimido e cabelos lisos e escuros. Sob
    um manto azul, Edwyn usava um gibão de couro de bezerro cinza, finamente
    bordadas com arabescos ornados trabalhados no couro.
    — Eu falo pela Casa Frey, — ele anunciou. — Meu pai está
    indisposto esta manhã.
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:40 pm

    Sor Daven suspirou.
    — Ele está bêbado ou apenas enjoado pelo vinho da noite anterior?
    Edwyn enrijeceu a boca, como um avarento.
    — Lorde Jaime, — ele disse. — Preciso sofrer tanta descortesia?
    — Isso é verdade? — Jaime perguntou a ele. — Seu pai está
    bêbado?
    Frey apertou seus lábios e olhou Sor Ilyn Payne, que estava de pé ao
    lado da tenda, em sua malha enferrujada, sua espada cutucando sobre um
    ombro.
    — Ele... Meu pai tem um estomago ruim, meu senhor. Vinho tinto o
    ajuda em sua digestão.
    — Ele deve estar digerindo um sangrento mamute! — disse Sor
    Daven.
    Javali Forte e Senhora Genna riram.
    — Já chega. — Disse Jaime. — Nós temos um castelo a vencer.
    Quando seu pai armava um conselho, ele deixava seus capitães falarem
    primeiro. Jaime resolveu fazer o mesmo. — Como devemos proceder?
    — Enforque Edmure Tully, para começar. — Exortou Lorde Emmon
    Frey. — Isto irá ensinar a Sor Bryden que nós realmente queremos dizer o
    que dizemos. Se enviarmos a cabeça de Edmure a seu tio, pode convencê-lo
    a ceder.
    — Brynden Peixe Negro não é movido tão facilmente. — Disse
    Karyl Vance, o senhor do Pouso do Viajante, tinha um melancólico olhar. A
    marca de nascença da cor de vinho cobria seu pescoço e um lado do rosto.
    Seu próprio irmão não conseguiu move-lo para uma cama de casal.
    Sor Daven balançou a cabeça desgrenhada.
    — Temos que demolir as paredes, como eu venho dizendo o tempo
    todo. Torres de cerco, escadas de escalada, e um aríete para quebrar o portão,
    isto é o que precisamos aqui.
    — Eu liderarei o ataque, — disse Javali Forte. — De ao peixe o
    sabor do aço e do fogo, isso é o que eu digo.
    — Eles são meus muros, — Protestou Lorde Emmon. — E este é o
    meu portão que você irá quebrar. Ele tirou um pergaminho novamente de sua
    manga. Rei Tommen pessoalmente me deu...
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:40 pm

    — Nós todos vimos seu papel, tio. — Retrucou Edwyn Frey. —
    Porque você não vai e balançe-o para o Peixe Negro para ver se funciona?
    — Demolir as muralhas será um negócio sangrento, — disse Addam
    Marbrand. — Proponho esperarmos uma noite sem lua e enviarmos uma
    dúzia de homens escolhidos pelo rio em um barco com remos abafados. Eles
    podem escalar os muros com cordas e ganchos, e abrir os portões a partir do
    interior. Eu os liderarei, se o conselho desejar.
    — Loucura, — declarou o bastardo, Walder Rivers. — Sor Bryden
    não é homem para ser enganado com esses truques.
    — O Peixe Negro é o obstáculo, — concordou Edwyn Frey. — Seu
    elmo tem uma truta preta na crista que o faz fácil de achar ao longe. Eu
    proponho que movamos nossas torres de cerco para perto, enchemos de
    arqueiros, e fingimos um ataque contra os portões. Isso vai trazer Sor Bryden
    para as ameias, cristas e tal. Deixe que cada arqueiro lancem seus dardos
    como um solo da noite, e fazerem da crista sua marca. Uma vez que Sor
    Bryden morra, Correrrio é nossa.
    — Minha. — Canalizou Lorde Emmon. — Correrrio é minha.
    A marca de nascença de Lord Karyl escureceu.
    — O Solo da noite será sua própria contribuição, Edwyin? Um
    veneno mortal, não duvido. Peixe Negro merece uma morte nobre, e eu sou
    o homem que dará a ele. — Javali Forte bateu com o punho na mesa — Vou
    desafiá-lo para um combate. Maça, machado ou espada longa, não farei
    distinção. O velho será minha carne.
    — Porque ele se dignaria a aceitar seu desafio, sor? — Perguntou
    Sor Forley Prester. — O que ele poderia ganhar com tal duelo? Vamos
    levantar o cerco se ele conseguir ganhar? Eu não acredito nisso. Nem ele.
    Um único combate não iria conseguir nada.
    — Eu conheço Bryden Tully desde que éramos escudeiros juntos,
    em serviço de Lorde Darry, — disse Norbert Vance, o cego Lorde de
    Atranta. — Se agradar aos meus senhores, deixem-me ir e falar com ele e
    tentar fazê-lo entender o desespero de sua posição.
    — Ele entende isso bem o suficiente, — disse Lord Piper. Ele era
    um baixo, roliço homem de cabelo vermelho selvagem, o pai de um dos
    escudeiros de Jaime. A semelhança com o menino era inconfundível. — O
    homem não é estúpido, Nobert. Eles têm olhos... E muito senso para ceder a
    coisas como essas. Ele fez um gesto obsceno em direção a Edwyn Frey e
    Walder Rivers.
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:40 pm

    Edwyn arrepiou.
    — Se meu senhor de Piper pretende implicar...
    — Eu não implico Frey. Eu digo o que quero dizer diretamente,
    como um homem honesto. Mas o que você saberia dos costumes dos homens
    honestos? Você é um traiçoeiro mentiroso, como todos os seus parentes.
    Prefiro beber uma caneca de mijo do que pegar a palavra de qualquer um
    Frey. Ele se inclinou sobre a mesa, onde está Marq? Responda-me isso. O
    que você fez com meu filho? Ele era um convidado em seu maldito
    casamento.
    — E nosso honrado convidado ele deve permanecer, — disse
    Edwyn. — Até que você prove sua lealdade para Vossa Graça, Rei Tommen.
    — Cinco cavaleiros e vinte homens armados foram com Marq para
    as Gêmeas. — Disse Piper. — Eles são seus convidados também, Frey?
    — Alguns dos cavaleiros, talvez. Aos outros foram servidos nada
    mais do que mereciam. Você faria bem em guardar sua língua traidora,
    Piper, a menos que você queira que seu herdeiro retorne em pedaços.
    Os conselhos de meu pai nunca chegaram a isso, Jaime pensou
    quando Piper veio cambaleado para seus pés.
    — Diga isso com uma espada em suas mãos, Frey. — O pequeno
    homem rosnou. — Ou você só luta com manchas de merda?
    O rosto do Frey empalideceu. Ao lado dele Walder Rivers se ergueu.
    — Edwyn não é homem de espada... Mas eu sou Piper. Se você tiver
    mais observações para fazer vamos lá fora fazê-las.
    — Este é um conselho de guerra, não uma guerra, — Jaime lembrou
    a eles. — Sentem-se, os dois.
    Nenhum homem se moveu.
    — Agora!
    Walder Rivers sentou-se. Lord Piper não era tão fácil de comover.
    Ele resmungou uma maldição e saiu da tenda.
    — Eu devo enviar homens atrás dele e arrasta-lo de volta, meu
    senhor? — Sor Daven perguntou a Jaime.
    — Envie Sor Ilyn, — exortou Edwyn Frey. — Nós só precisamos de
    sua cabeça.
    Karyl Vance se virou para Jaime.
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:41 pm

    — Lord Piper falou de tristeza. Marq é seu primogênito. Os
    cavaleiros que o acompanharam até as Gêmeas eram sobrinhos e primos.
    — Traidores e rebeldes, todos, você quer dizer, — disse Edwyn
    Frey.
    Jaime lhe lançou um olhar frio.
    — As Gêmeas pegaram a causa do Jovem Lobo também, — ele
    lembrou ao Frey. — Então você o traiu. Isso faz de você duas vezes mais
    traidor que Piper. — Ele gostou de ver o fino sorriso de Edwyn morrer. Eu
    tenho tido conselho suficiente por um dia, decidiu. — Estamos acabados.
    Vejam suas preparações, meus senhores. Nós atacaremos na primeira luz.
    O vento soprava do norte quando os senhores deixaram a tenda.
    Jaime podia sentir o mau cheiro do acampamento Frey além do Pedregoso.
    Do outro lado da água Edmure Tully ficou abandonado na forca no alto do
    cadafalso cinza, com uma corda em seu pescoço.
    Sua tia partiu depois, seu marido em seus calcanhares.
    — Lorde Sobrinho, — Emmon protestou. — Este ataque a meu
    lugar... Você não deve fazer isso. — Quando ele engoliu, a maça em sua
    garganta se moveu para baixo e para cima. — Você não deve... Eu o proíbo.
    — Ele tinha mastigado folhamarga outra vez; espuma rosada brilhava em
    seus lábios. — O castelo é meu, eu tenho o pergaminho. Assinado pelo rei.
    Pelo pequeno Tommen. Eu sou o senhor legal de Correrrio, e...
    — Não por muito tempo enquanto Edmure Tully vive, — disse a
    Senhora Genna. — Ele é macio de coração e de cabeça, eu sei, mas vivo o
    homem ainda é um perigo. O que você pretende fazer sobre isso, Jaime?
    — É Peixe Negro que é perigoso, não Edmure.
    — Deixem Edmure comigo. Sor Lyle, Sor Ilyn. Assistam-me se
    quiser. É hora de eu pagar uma visita para aquelas forcas.
    O Pedregoso era mais profundo e mais rápido que o Ramo
    Vermelho, e o vau mais próximo estava a léguas de distancia. A balsa tinha
    acabado de começar a cruzar o rio com Walder Rivers e Edwyn Frey quando
    Jaime e seus homens chegaram ao rio. Enquanto aguardavam seu retorno,
    Jaime disse a eles o que queria. Sor Ilyn cuspiu no rio.
    Quando os três desceram da balsa na margem norte, uma camponesa
    bêbada se ofereceu para agradar a Javali Forte com sua boca.
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:41 pm

    — Aqui, divirta-se meu amigo, — Sor Lyle disse, empurrando-a
    para Sor Ilyn. Rindo, a mulher moveu-se para beijar Payne nos lábios, em
    seguida viu seus olhos e se encolheu.
    O caminho entre as cocheiras eram primitivos, de lama marrom,
    misturado com esterco de cavalo e marcado tanto por cascos como por botas.
    Em todos os lugares Jaime viu as torres gêmeas da Casa Frey exibidas em
    escudos e flâmulas azul e cinza, juntamente com casas menores
    juramentadas a Coroa: A garça de Erenford, o tridente de Haigh, os três
    raminhos de viscos de Lord Charlton. A chegada do Regicida não passou
    despercebida. Uma velha vendendo leitões em uma cesta parou para encarálo,
    um cavaleiro com uma cara meio-familiar se colocou em um joelho, e
    dois homens mijando em uma vala viraram-se pulverizando entre si.
    — Sor Jaime, — alguém chamou atrás dele, mas ele seguiu em
    frente sem se virar. Em torno dele ele vislumbrou os rostos dos homens que
    haviam feito o seu melhor para matá-lo no Bosque dos Murmúrios, onde os
    Freys lutaram sob as bandeiras do Lobo Gigante de Robb Stark. Sua mão de
    ouro pendurava-se pesada em seu lado.
    O grande pavilhão retangular de Ryman Frey era maior no campo;
    suas paredes de lona cinza foram feitas de quadrados costurados para
    assemelhar-se a pedras, e seus dois picos evocava as Gêmeas. Longe de estar
    indisposto, Lorde Ryman estava desfrutando algum entretenimento. O som
    do riso de uma mulher embriagada vinha de dentro da tenda, misturada com
    a melodia de uma harpa e a voz de um cantor. Eu lidarei com você mais
    tarde, sor, Jaime pensou. Walder Rivers permaneceu diante de sua própria
    modesta tenda, conversando com dois homens armados. Seu escudo trazia as
    armas da Casa Frey com as cores invertidas, e uma curva vermelha sinistra
    do outro lado das torres. Quando o bastardo viu Jaime, ele franziu a testa. Aí
    está um frio olhar suspeito se eu alguma vez vi um. Este ai é mais perigoso
    do que qualquer um de seus legítimos irmãos.
    A forca havia sido levantada a três metros do chão. Dois lanceiros
    foram postados ao pé da escada.
    — Você não pode ir lá em cima sem a permissão de Lorde Ryman,
    — um disse a Jaime.
    — Isso diz que eu posso, Jaime bateu no punho de sua espada com
    um dedo. A questão é, para passar eu terei que ir sobre o seu cadáver?
    O lanceiro arredou para o lado.
    No topo da forca, o Senhor de Correrrio ficou olhando para a
    armadilha abaixo dele. Seus pés estavam pretos e cheios de lama, sua perna
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    O Festim dos Corvos - Página 24 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:41 pm

    estava nua. Edmure vestia uma túnica de seda suja listrada em vermelho e
    azul, e um laço de corda de cânhamo.
    Ao som dos passos de Jaime, ele levantou sua cabeça e passou a
    língua sobre seus lábios rachados.
    — Regicida? — A visão de Sor Ilyn fez seus olhos se arregalarem.
    — Melhor uma espada que uma corda. Faça-o Payne.
    — Sor Ilyn, — disse Jaime. — Você ouviu Lorde Tully. Faça.
    O silencioso cavaleiro agarrou sua espada larga com as mãos. Longa
    e pesada ela era, e afiada como um metal comum podia ser. Os lábios
    rachados de Edmure moveram-se silenciosamente. Quando Sor Ilyn levou a
    lamina para trás, ele fechou seus olhos. O curso teria todo o peso de Payne.
    — Não! Pare! NÃO! — Edwyn Frey chegou ofegante a vista. —
    Meu pai esta vindo. Mais rápido que pode. Jaime, você deve...
    — “Meu senhor” me serviria melhor, Frey, — disse Jaime. — E
    você faria bem em omitir a maior parte dos discursos que você dirige a mim.
    Sor Ryman veio subindo os degraus da forca na companhia de uma
    meretriz com cabelos de palha tão bêbada quanto ele estava. Seu vestido era
    amarrado na frente, mas alguém tinha desfeito os laços do umbigo, então
    seus seios estavam saindo. Eles eram grandes e pesados, com grotescos
    mamilos marrons. Em sua cabeça um diadema de bronze, martelado e com
    pontas tortas, esculpidas com runas e unidas com pequenas espadas negras.
    Quando ela viu Jaime, riu.
    — Quem nos sete infernos é esse ai?
    — O Lorde Comandante da Guarda Real, — Jaime respondeu com
    fria cortesia. — Eu talvez pergunte o mesmo de você, senhora.
    — Senhora? Eu não sou uma senhora. Eu sou a rainha.
    — Minha irmã ficará surpresa ao ouvir isso.
    — Lorde Ryman me coroou ele mesmo. — Ela apertou seus quadris
    largos. — Eu sou a rainha das prostitutas.
    Não, Jaime pensou, minha doce irmã tem este título também.
    Sor Ryman encontrou sua língua.
    — Cale a Boca. Lorde Jaime não quer ouvir alguns disparates de
    prostituta.
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    O Festim dos Corvos - Página 24 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:41 pm

    Este Frey era um homem atarracado com um rosto largo, olhos
    pequenos e um conjunto carnudo e macio de queixos. Seu hálito tinha o
    fedor do vinho e de cebolas.
    — Fazendo rainhas, Sor Ryman? — Jaime perguntou suavemente.
    Estúpido. Tão estúpido quanto este negócio com Lorde Edmure.
    — Eu dei o aviso a Peixe Negro. Eu disse a ele que Edmure morreria
    a menos que ele entregasse o castelo. Eu tinha essa forca construída, para
    mostrar a ele que Sor Ryman Frey não faz ameaças vazias. Em Guardamar
    meu filho Walder fez o mesmo com Patrek Mallister e Lorde Jason dobrou
    os joelhos, mas... Peixe Negro é um homem frio, ele nos recusou então...
    —... Você enforcou Lorde Edmure?
    O homem avermelhou.
    — Meu senhor avô... Se pendurarmos o homem, nós não teremos
    refém, sor. Você considerou isso?
    — Somente tolos fazem tratos que não estão preparados para
    cumprirem. Se eu tratasse de bater em você a menos que você calasse sua
    boca, e você resolvesse falar, o que você acha que eu faria?
    — Sor, você não entend…
    Jaime bateu nele. Foi um golpe de costas da mão feita com a mão de
    ouro, mas a força dele enviou Sor Ryman tropeçando para trás para os
    braços de sua prostituta.
    — Você tem uma cabeça gorda, Sor Ryman. E um pescoço grosso
    também. Sor Ilyn, quantos golpes você levaria para decepar o pescoço?
    Sor Ilyn colocou um único dedo contra seu nariz.
    Jaime riu.
    — Você esta se vangloriando. Eu digo três.
    Ryman Frey ficou de joelhos.
    — Eu não fiz nada…
    — Além de beber e prostituir. Eu sei.
    — Eu sou herdeiro do Gargalo, você não pode...
    — Eu avisei você sobre falar. — Jaime observou o homem ficando
    pálido. Um beberrão, um tolo, um covarde. Sor Walder devia ter melhor
    resistência que esse, ou os Frey estão acabados.
    — Você está destituído, sor.
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    O Festim dos Corvos - Página 24 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:41 pm

    — Destituído?
    — Você me ouviu. Vá embora.
    — Mas… Aonde eu devo ir?
    — Para o inferno ou para casa, como você preferir. Desde que você
    não esteja no acampamento quando o sol nascer. Você talvez leve sua rainha
    das prostitutas, mas não a coroa dela. — Jaime virou de Sor Ryman para seu
    filho. Edwyn, eu estou dando a você o comando de seu pai. Tente não ser tão
    estúpido quanto ele.
    — Isso não deve ser muito difícil, meu senhor.
    — Envie uma palavra para Lorde Walder. A coroa requer todos os
    seus prisioneiros. — Jaime acenou com sua mão de ouro.
    —Sor Lyle, tragam-no.
    Edmure Tully desabou de bruços quando a lamina de Sor Ilyn partiu
    a corda em dois. Um pé de cânhamo ainda estava pendurado da corda em seu
    pescoço. Javali Forte agarrou o final dela e puxou para seus pés.
    — Um peixe em uma coleira, — ele disse rindo. — Aí esta uma
    visão que eu nunca vi antes.
    Os Freys se afastaram para deixá-lo passar. Uma multidão se reuniu
    abaixo do andaime, incluindo uma dúzia de seguidores do campo em vários
    estados de desordem. Jaime notou um homem segurando uma harpa.
    — Você, cantor, venha comigo.
    O homem tirou o chapéu.
    — Como meu senhor ordena.
    Ninguém disse uma palavra enquanto caminhavam de volta para a
    balsa, com o cantor de Sor Ryman trilhando atrás deles. Mas quando eles
    impeliram para fora da margem do rio em direção para o lado sul de
    Pedregoso, Edmure Tully agarrou Jaime pelo braço.
    — Por quê?
    Um Lannister sempre paga suas dívidas, ele pensou, e você é a
    única moeda que me sobrou.
    — Considere um presente de casamento.
    Edmure olhou para ele com cautelosos olhos.
    — Um… Presente de casamento?
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:41 pm

    — Eu fui informado que sua esposa é bonita. Ela teria que ser para
    você ir para a cama com ela enquanto sua irmã e seu rei estavam sendo
    assassinados.
    — Eu nunca soube, — Edmure lambeu os lábios rachados. — Havia
    violonistas fora do quarto de dormir.
    — E a Senhora Roslin estava distraindo você.
    — Ela... Eles a fizeram fazer isso, Lorde Walter e o resto. Roslin
    nunca quis... Ela chorou, mas eu pensei que era…
    — O sinal de sua masculinidade desenfreada? Sim, isso faria
    qualquer mulher chorar, eu tenho certeza.
    — Ela está carregando meu filho.
    Não, Jaime pensou, esta é sua morte que esta crescendo dentro da
    barriga dela. De volta em seu pavilhão, ele dispensou Javali Forte e Sor
    Ilyn, mas não o cantor.
    — Eu talvez precise de uma curta canção, — ele disse ao homem. —
    Lew, aqueça um pouco de água para o banho do meu convidado. Pia,
    encontre para ele alguma roupa limpa. Nada com leões, se puder. Peck,
    vinho para Lorde Tully. Você esta com fome meu senhor?
    Edmure negou com a cabeça, mas seus olhos ainda estavam
    desconfiados.
    Jaime se sentou em um banquinho enquanto Tully tinha seu banho.
    A sujeira saia em nuvens cinzas.
    — Depois que você tiver comido, um de meus homens escoltará
    você até Correrrio. O que acontece depois disso depende de você.
    — O que você quer dizer?
    — Seu tio é um homem velho. Valente, sim, mas a melhor parte de
    sua vida acabou. Ele não tem nenhuma noiva para lamentar por ele, nenhum
    filho para defender. Uma boa morte é tudo o que Peixe Negro pode esperar...
    Mas você tem anos pela frente, Edmure. E você é o senhor legítimo da Casa
    Tully, não ele. Seu tio deve servir a seu prazer. O destino de Correrrio está
    em suas mãos.
    Edmure o encarou.
    — O destino de Correrrio...
    — Entregue o castelo e ninguém morre. Seu pequeno povo pode ir
    em paz ou ficar para servir Lorde Emmon. A Sor Bryden será permitido
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:42 pm

    vestir o negro, juntamente com a quantidade de militares que preferir se
    juntar a ele. Você também, se a Muralha apelar por você. Ou você pode ir
    para o Rochedo Casterly como meu cativo e desfrutar de todos os confortos
    e cortesias que convém a um refém da sua classificação. Eu enviarei sua
    esposa para se juntar a você, se você quiser. Se seu filho for um garoto, ele
    irá servir a Casa Lannister como um Pagem ou Escudeiro, e quando ele se
    tornar cavaleiro, lhe daremos algumas terras. Se Roslin te der uma filha, eu a
    verei com um bom dote quando tiver idade suficiente para casar. A você
    mesmo pode até ser concedida liberdade condicional, uma vez que a guerra
    estiver acabada. Tudo o que você precisa fazer é entregar o castelo.
    Edmure levantou suas mãos da banheira e observou a água correr
    por entre seus dedos.
    — E se eu não entregar o castelo?
    Será que você vai me fazer dizer as palavras? Pia estava junto à aba
    da tenda com o braço cheio de roupas. Seus escudeiros estavam ouvindo
    também, assim como o cantor. Deixe-os ouvir, Jaime pensou, deixe o mundo
    ouvir. Não fará diferença alguma. Ele forçou a si mesmo um sorriso.
    — Você tem visto nossos números, Edmure. Você já viu as escadas,
    as torres, os trabucos e os aríetes. Assim que eu der o comando, minha
    vanguarda irá pontear o seu fosso e quebrar o seu portão. Centenas morrerão,
    a maioria de seu próprio povo. Seus ex-juramentados farão parte da minha
    primeira onda de ataque, assim você vai começar o dia matando pais e
    irmãos daqueles que morreram por você nas Gêmeas. A segunda onda será
    Freys, eu tenho destes de sobra. Minha retaguarda seguirá quando seus
    arqueiros ficarem em falta de flechas, e seus cavaleiros tão cansados que
    nem poderão levantar as laminas. Quando o castelo cair, todos aqueles que
    estiverem dentro serão postos a espadas. Seu rebanho será massacrado, suas
    florestas dos deuses serão derrubadas, suas guardas e torres irão queimar. Eu
    colocarei suas muralhas a baixo, e desviarei o Pedregoso sobre as ruínas.
    Depois que eu terminar, nenhum homem jamais saberá que um castelo
    alguma vez ficava aqui. — Jaime ficou de pé. — Sua esposa talvez vá parir
    depois disso. Você vai querer seu filho, eu espero. Eu vou mandá-lo a você
    quando ele nascer. Com uma catapulta.
    Silencio seguiu seu discurso. Edmure sentado em sua banheira. Pia
    agarrando as roupas contra seus seios. O cantor reforçou uma corda em sua
    harpa. Pequeno Lew escavava um naco de pão para fazer uma trincheira,
    fingindo que não tinha ouvido. Com uma catapulta, Jaime pensou. Se sua tia
    estivesse estado lá, ela ainda diria que Tyrion era filho de Tywin?
    Edmure Tully finalmente encontrou sua voz.
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:42 pm

    — Eu poderia sair dessa banheira e matá-lo onde você está,
    Regicida.
    — Você poderia tentar.
    Jaime esperou. Quando Edmure não fez movimento para se erguer,
    ele disse
    — Eu deixarei você para aproveitar sua comida. Cantor, cante para
    nosso convidado enquanto ele come. Você conhece a musica, eu acredito.
    — Aquela sobre a chuva? Sim, meu senhor, eu a conheço.
    Edmure parecia ver o homem pela primeira vez.
    — Não. Ele não! Tire ele de perto de mim.
    — Por quê? É só uma canção, — disse Jaime. Ele não pode ter uma
    voz tão ruim.
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:42 pm

    Cersei 692


    O Grande Meistre Pycelle já era velho quando Cersei o conhecera, mas
    parecia ter envelhecido mais cem anos nas três últimas noites.
    Precisou de uma eternidade para dobrar o joelho enferrujado à sua
    frente, e depois de o fazer não conseguiu voltar a erguer-se até Sor Osmund
    o agarrar e o pôr em pé.
    Cersei estudou-o com desagrado.
    — Lorde Qyburn informa-me de que Lorde Gyles tossiu pela
    última vez.
    — Sim, Vossa Graça. Fiz o melhor que pude para aliviar o seu
    falecimento.
    — Fez? — A rainha virou-se para a Senhora Merryweather. — Eu
    disse que queria Rosby vivo, não disse?
    — Disse, Vossa Graça.
    — Sor Osmund, o que recorda da conversa?
    — Ordenou ao Grande Meistre Pycelle que salvasse o homem,
    Vossa Graça. Todos ouvimos.
    A boca de Pycelle abriu-se e fechou-se.
    — Vossa Graça tem de saber que eu fiz tudo o que podia ser feito
    pelo pobre homem.
    — Tal como fez com Joffrey? E o seu pai, o meu querido marido?
    Robert era tão forte como qualquer homem nos Sete Reinos, e no entanto o
    perdeu para um javali. Oh, e não nos esqueçamos de Jon Arryn. Sem dúvida
    que teria matado também Ned Stark, se eu tivesse deixado que ficasse com
    ele mais tempo. Diga-me, meistre, foi na Cidadela que aprendeu a apertar as
    mãos e arranjar desculpas?
    A voz dela fez o velho se encolher.
    — Ninguém poderia ter feito mais, Vossa Graça. Eu... eu sempre
    prestei um serviço leal.
    — Quando aconselhou o Rei Aerys a abrir os portões à
    aproximação da hoste do meu pai, era essa a sua ideia de serviço leal?
    — Isso... eu avaliei mal o. . .
    — Foi esse um bom conselho?
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:42 pm

    — Vossa Graça tem certamente de saber...
    — O que eu sei é que quando o meu filho foi envenenado se
    mostrou ser menos útil do que o Rapaz Lua. O que eu sei é que a coroa tem
    uma necessidade desesperada de ouro, e o nosso mestre da moeda está
    morto.
    O velho idiota agarrou-se àquilo.
    — Eu. . . eu esboçarei uma lista de homens capazes de ocupar o
    lugar do Lorde Gyles no conselho.
    — Uma lista. — Cersei sentiu-se divertida com o atrevimento. —
    Posso bem imaginar o tipo de lista que me arranjaria. Grisalhos, tolos
    gananciosos e Garth, o Grosso. — Os lábios se apertaram. – Tem andado
    muito em companhia da Senhora Margaery nos últimos tempos.
    - Sim. Sim, eu... a Rainha Margaery tem estado muito perturbada
    por causa de Sor Loras. Eu forneço a Sua Graça preparados para dormir e...
    outros tipos de poções.
    — Sem dúvida. Diga-me, foi a nossa pequena rainha quem
    ordenou que matasse o Lorde Gyles?
    — M-matar? — Os olhos do Grande Meistre Pycelle ficaram do
    tamanho de ovos cozidos. — Vossa Graça não pode acreditar. . . foi a sua
    tosse, por todos os deuses, eu. . . Sua Graça não faria. . . ela não tinha má
    vontade contra o Lorde Gyles, porque haveria a Rainha Margaery de o
    querer. . .
    — . . . morto? Ora, para plantar outra rosa no conselho de Joffrey.
    É cego, ou foi comprado? Rosby estava no seu caminho, de modo que o pôs
    na cova. Com a vossa conivência.
    — Vossa Graça, juro, o Lorde Gyles pereceu devido à tosse. —
    Tinha a boca a tremer. — A minha lealdade sempre esteve com a coroa, com
    o reino. . . c-com a Casa Lannister.
    Por essa ordem? O medo de Pycelle era palpável. Está
    suficientemente maduro. É altura de espremer o fruto e provar o seu sumo.
    — Se é tão leal como diz, porque estaria mentindo? Não se
    incomode em negá-lo. Começou a dançar em volta da Donzela Margaery
    antes de Sor Loras partir para Pedra do Dragão, portanto poupe-me a mais
    fábulas sobre só desejar consolar a nossa nora na sua dor. O que te leva tão
    frequentemente à Arcada das Donzelas? Não é, certamente, a desenxabida
    conversa de Margaery. Andai a cortejar aquela sua septã de cara bexiguenta?
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:42 pm

    Fazendo festinhas na pequena Senhora Bulwer? É um espião, informando-a
    sobre mim para lhe alimentar as maquinações?
    — Eu. . . eu obedeço. Um meistre jura servir.
    — Um grande meistre jura servir o reino.
    — Vossa Graça, ela... ela é a rainha...
    — Eu é que sou a rainha.
    — Quis dizer. . . ela é a esposa do rei, e. . .
    — Eu sei quem ela é. O que quero saber é por que motivo tem
    necessidade de você. A minha nora está enferma?
    — Enferma? — O velho puxou a coisa a que chamava barba,
    aquela sementeira remendada de pêlos finos e brancos que brotava das
    barbelas soltas e rosadas que tinha sob o queixo. — N-não está enferma,
    Vossa Graça, não propriamente. Os meus votos proíbem-me de divulgar. . .
    — Os seus votos serão pequeno conforto nas celas negras —
    avisou-o a rainha. — Ou eu ouço a verdade, ou passará a usar grilhetas.
    Pycelle ruiu sobre os joelhos.
    — Suplico... eu fui um homem do senhor seu pai, e para você um
    amigo no problema de Lorde Arryn. Não poderia sobreviver às masmorras,
    de novo não...
    — Porque é que Margaery manda te chamar?
    — Ela deseja... ela... ela...
    — Diga!
    O velho encolheu-se de medo.
    — Chá da lua — sussurrou. — Chá da lua, para...
    — Eu sei para que é usado o chá da lua. — Aí está. — Muito bem.
    Endireite esses joelhos vergados e tente se lembrar de como se é um homem.
    Pycelle lutou por erguer-se, mas levou tanto tempo que teve de dizer a
    Osmund Kettleblack para lhe dar outro puxão. — E quanto à Lorde Gyles,
    não há dúvida de que o Pai no Céu o julgará com justiça. Não deixou filhos?
    — Não há filhos da sua semente, mas há um protegido. . .
    —... que não é do seu sangue. — Cersei ignorou aquele
    aborrecimento com um golpe de mão. —Gyles conhecia a nossa terrível
    necessidade de ouro. Sem dúvida que te falou do desejo que tinha de deixar
    todas as suas terras e fortuna a Tommen. — O ouro de Rosby ajudaria a
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:43 pm

    refrescar os seus cofres, e as terras e castelo de Rosby podiam ser outorgados
    a um dos seus como recompensa por serviços leais. Lorde Waters, talvez.
    Aurane tinha andado a sugerir a necessidade que sentia de uma propriedade;
    a sua senhoria não passava de uma honraria vazia sem propriedades. Cersei
    sabia que o homem tinha os olhos postos em Pedra do Dragão, mas aí estava
    a mirar alto demais. Rosby seria mais adequado ao seu nascimento e
    estatuto.
    — O Lorde Gyles adorava Vossa Graça de todo o coração —
    estava dizendo Pycelle — mas... o seu protegido...
    —... irá sem dúvida compreender, depois de te ouvir falar do desejo
    expresso por Lorde Gyles ao morrer. Vá, e trate do assunto.
    — Se aprouver a Vossa Graça. — O Grande Meistre Pycelle quase
    tropeçou na própria veste com a pressa de sair.
    A Senhora Merryweather fechou a porta nas costas dele.
    — Chá da lua — disse, ao voltar-se para a rainha. — Que tolice da
    parte dela. Porque haveria de fazer uma coisa dessas, de correr tal risco?
    — A pequena rainha tem apetites que Tommen é por enquanto
    novo demais para satisfazer. — Isso era sempre um perigo, quando uma
    mulher feita era casada com uma criança. Ainda mais com uma viúva. Ela
    pode afirmar que Renly nunca lhe tocou, mas eu não acredito. As mulheres
    só bebiam chá de lua por um motivo; as donzelas não tinham qualquer
    necessidade da bebida. — O meu filho foi traído. Margaery tem um amante.
    Isso é alta traição, punível pela morte. — Só podia esperar que a bruxa de
    cara de ameixa seca da mãe de Mace Tyrell sobrevivesse o suficiente para
    assistir ao julgamento. Ao insistir que Tommen e Margaery casassem de
    imediato, a Senhora Olenna condenara a sua preciosa rosa à espada de um
    carrasco. — Jaime levou Sor Ilyn Payne. Suponho que terei de encontrar
    outro Magistrado do Rei para lhe fazer voar a cabeça.
    — Eu farei — ofereceu-se Osmund Kettleblack com um sorriso
    fácil. — Margaery tem um pescocinho bonito. Uma boa espada o atravessará
    sem dificuldade.
    — Atravessaria — disse Taena — mas há um exército Tyrell em
    Ponta Tempestade e outro em Lagoa da Donzela. Eles também têm espadas
    afiadas.
    Estou lavada em rosas. Era um aborrecimento. Ainda precisava de
    Mace Tyrell, mesmo que não precisasse da filha. Pelo menos até que Stannis
    esteja derrotado. Depois, não precisarei de nenhum deles. Mas como podia
    livrar-se da filha sem perder o pai?
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:43 pm

    — Traição é traição — disse — mas temos de ter provas, algo mais
    substancial do que chá da lua. Se se provar que ela é infiel, até o próprio pai
    terá de a condenar, caso contrário a vergonha dela transforma-se na sua.
    O Kettleblack mordeu uma ponta do bigode.
    — Temos de os apanhar durante o ato.
    — Como? Qyburn tem olhos postos nela de noite e de dia. Os seus
    criados aceitam as minhas moedas mas trazem-nos só ninharias. E no
    entanto ninguém viu esse amante. Os ouvidos à sua porta ouvem cantos,
    risos, mexericos, nada que possamos usar.
    — Margaery é demasiada astuta para ser apanhada assim tão
    facilmente — disse a Senhora Merryweather. — As suas mulheres são as
    muralhas do seu castelo. Dormem com ela, vestem-na, rezam com ela, lêem
    com ela, fazem costura com ela. Quando não está fazendo falcoaria ou
    passeando a cavalo, está brincando de entra-no-meu-castelo com a pequena
    Alysanne Bulwer. Sempre que há homens por perto, a septã encontra-se
    presente, ou então as primas.
    — Em alguma altura ela terá de se livrar das galinhas — insistiu a
    rainha. Uma ideia assaltou-a. — A menos que as senhoras também
    participem... nem todas, talvez, mas algumas.
    — As primas? — Até Taena mostrou dúvidas. — Todas as três são
    mais novas do que a pequena rainha, e também mais inocentes.
    — Libertinas vestidas com o branco de donzelas. Isso só torna os
    seus pecados mais chocantes. Os seus nomes perdurarão em vergonha. — De
    súbito, a rainha pôde quase saboreá-lo. — Taena, o senhor seu esposo é o
    meu administrador de justiça. Vocês dois tem de jantar comigo, nesta mesma
    noite. — Queria aquilo feito depressa, antes de Margaery enfiar na cabecinha
    a ideia de regressar a Jardim de Cima ou zarpar para Pedra do Dragão para
    acompanhar o irmão ferido às portas da morte. — Ordenarei aos cozinheiros
    que cozinhem um javali para nós. E claro que temos de ter alguma música,
    para ajudar à nossa digestão.
    Taena foi muito rápida a compreender.
    — Música. Exatamente.
    — Vá dizer ao senhor seu esposo e fazer preparativos para o cantor
    — disse Cersei. — Sor Osmund, você pode ficar. Temos muito a discutir.
    Também terei necessidade de Qyburn.
    Infelizmente, as cozinhas revelaram-se desprovidas de javalis, e
    não havia tempo para pôr caçadores em campo. Em vez disso, os cozinheiros
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:43 pm

    mataram uma das porcas do castelo, e serviram-lhes pernil guarnecido com
    cravinho e untado com mel e cerejas secas. Não era o que Cersei queria, mas
    contentou-se com o que havia. Para sobremesa, tinham maçãs cozidas com
    um forte queijo branco. A Senhora Taena saboreou cada garfada. Não se
    pôde dizer o mesmo de Orton Merryweather, cuja cara redonda se manteve
    manchada e pálida do caldo ao queijo. Bebeu muito, e não parou de deitar
    olhares de soslaio ao cantor.
    — Uma grande pena, o que aconteceu a Sor Gyles — disse por fim
    Cersei. — Contudo, atrevo-me a dizer que nenhum de nós sentirá falta da
    sua tosse.
    — Não. Não, penso que não.
    — Vamos ter necessidade de um novo mestre da moeda. Se o Vale
    não estivesse tão instável, traria de volta Petyr Baelish, mas... estou com
    ideias de testar Sor Harys no cargo. Ele não pode fazer pior do que Gyles, e
    pelo menos não tosse.
    — Sor Harys é Mão do Rei — disse Taena.
    Sor Harys é um refém, e até nisso é fraco.
    — Já é tempo de Tommen ter uma Mão mais enérgica.
    O Lorde Orton levantou o olhar da taça de vinho.
    — Enérgica. Com certeza. — Hesitou. — Quem?...
    — Você, senhor. Está no seu sangue. O seu bisavô ocupou o lugar
    do meu pai como Mão de Aerys. — Substituir Tywin Lannister por Owen
    Merryweather revelara-se semelhante a substituir um cavalo de batalha por
    um burro, era certo, mas Owen já era um homem velho e acabado quando
    Aerys o promovera, amável, ainda que ineficaz. O neto era mais novo, e...
    Bem, ele tem uma mulher forte. Era uma pena que Taena não pudesse servir
    como Mão. Era três vezes mais homem do que o marido, e muito mais
    divertida. No entanto, também nascera em Myr e era mulher, de modo que
    Orton teria de servir. — Não tenho dúvidas de que é mais capaz do que Sor
    Harys. — O conteúdo do meu penico é mais capaz do que Sor Harys. —
    Consentirá em servir?
    — Eu... sim, claro. Vossa Graça concede-me uma grande honra.
    Uma honra maior do que merece.
    — Me serviu capazmente como administrador de justiça, senhor. E
    continuará a fazê-lo nos... tempos difíceis que se avizinham. — Quando viu
    que Merryweather compreendera o que queria dizer, a rainha virou o seu
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:43 pm

    sorriso para o cantor. — E você também deve ser recompensado, por todas
    as doces canções que tocou para nós enquanto comíamos. Os deuses te
    concederam um dom.
    O cantor fez uma vénia.
    — É bondade de Vossa Graça dizê-lo.
    — Não é bondade — disse Cersei — é meramente a verdade.
    Taena informou-me de que te chamam Bardo Azul.
    — Chamam, Vossa Graça — As botas do cantor eram de flexível
    couro de vitela azul, as bragas de boa lã azul. A túnica que usava era de seda
    azul clara cortada com cintilante cetim azul. Até chegara ao ponto de pintar
    o cabelo de azul, à moda de Tyrosh. Longo e encaracolado, o cabelo caía-lhe
    até aos ombros e cheirava como se tivesse sido lavado em água de rosas. De
    rosas azuis, sem dúvida. Pelo menos tem os dentes brancos. Eram bons
    dentes, nem um pouco tortos.
    — Não tem outro nome?
    Uma sugestão de rosa inundou-lhe o rosto.
    — Em rapaz era chamado Wat. É um bom nome para um rapaz do
    campo, mas menos adequado a um cantor.
    Os olhos do Bardo Azul eram da mesma cor dos de Robert.
    Bastava isso para Cersei o odiar.
    — É fácil compreender por que é o favorito da senhora Margaery.
    — Sua Graça é bondosa. Ela diz que lhe dou prazer.
    — Oh, estou certa disso. Posso o vosso alaúde?
    — Se aprouver a Vossa Graça – Sob a cortesia, havia uma tênue
    sugestão de desconforto, mas ele entregou-lhe o alaúde mesmo assim. Não
    se recusa um pedido da rainha.
    Cersei fez vibrar uma corda e sorriu perante o som.
    — Doce e triste como o amor. Diga-me, Wat... a primeira vez que
    levou Margaery para a cama foi antes dela casar com o meu filho, ou depois?
    Por um momento, ele não pareceu compreender. Quando
    compreendeu, os seus olhos esbugalharam-se.
    — Vossa Graça foi mal informada. Juro, eu nunca...
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    Mensagem  Admin Seg Jul 09, 2012 1:43 pm

    — Mentiroso! — Cersei bateu com tal força com o alaúde na cara
    do cantor que a madeira pintada explodiu em cacos e lascas. — Lorde Orton,
    chame os meus guardas e leve esta criatura para as masmorras.
    A cara de Orton Merryweather estava húmida de medo.
    — Isto... oh, infâmia... ele atreveu-se a seduzir a rainha?
    — Temo que tenha sido ao contrário, mas é na mesma um traidor.
    Que cante para Lorde Qyburn.
    O Bardo Azul ficou branco.
    — Não. — Pingou sangue do seu lábio, onde o alaúde o rasgara. —
    Eu nunca... — Quando Merryweather lhe pegou no braço, ele gritou: —
    Mãe, misericórdia, não.
    — Eu não sou a sua mãe — disse Cersei.
    Mesmo nas celas negras, tudo o que obtiveram dele foi
    desmentidos, orações e súplicas por misericórdia. Não demorou muito a
    escorrer-lhe sangue pelo peito abaixo, vindo de todos os dentes partidos, e
    ele molhou as suas bragas azuis-escuras por três vezes, mas mesmo assim o
    homem persistiu nas suas mentiras.
    — Será possível que tenhamos o cantor errado? — Perguntou
    Cersei.
    — Tudo é possível, vossa Graça. Não tenha medo. O homem
    confessará antes da noite terminar. —Lá embaixo nas masmorras, Qyburn
    usava lã grosseira e um avental de couro de ferreiro. Dirigindo-se ao Bardo
    azul, disse: — Lamento se os guardas foram rudes com você. A educação
    deles é tristemente deficiente. — A voz era bondosa, solícita. — Tudo o que
    queremos de você é a verdade.
    — Eu disse a verdade — soluçou o cantor. Grilhetas de ferro
    prendiam-no solidamente à fria parede de pedra.
    — Nós sabemos que não. — Qyburn tinha na mão uma navalha,
    cujo gume cintilava tenuemente à luz do archote. Cortou a roupa ao Bardo
    Azul, até deixar o homem nu, à exceção das altas botas azuis. Cersei achou
    divertido ver que os pêlos entre as suas pernas eram castanhos.
    — Diga-nos como deu prazer à pequena rainha — ordenou.
    — Eu nunca... eu cantei, só isso, cantei e toquei. As suas senhoras
    o dirão. Elas estiveram sempre conosco. As primas.
    — De quantas delas tens conhecimento carnal?

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