Reading

Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Private


    O Festim dos Corvos

    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:44 pm

    — É de uma mão que preciso. — Os sete deuses erguiam-se por
    cima de altares esculpidos, cuja madeira escura brilhava à luz das velas. Um
    tênue cheiro de incenso pairava no ar. — Dorme aqui em baixo?
    — Todas as noites faço a cama junto a um altar diferente, e os Sete
    me enviam visões. Baelor, o Abençoado, também tivera em tempos visões.
    Especialmente quando jejuava.
    — Há quanto tempo você não come?
    — A fé é toda a nutrição de que necessito.
    — A fé é como papas de aveia. É melhor com leite e mel.
    — Sonhei que viria. No sonho sabia o que eu tinha feito. Como
    pequei. Matou-me por isso.
    — É mais provável que seja você a se matar com todos esses jejuns.
    Não foi Baelor, o Abençoado, que foi em jejum até ao ataúde?
    — As nossas vidas são chamas de vela, segundo a Estrela de Sete
    Pontas. Qualquer brisa vadia pode nos apagar. A morte nunca está longe
    neste mundo, e sete infernos esperam os pecadores que não se arrependem
    dos seus pecados. Reze comigo, Jaime.
    — Se o fizer, come uma tigela de papas? — Quando o primo não
    respondeu, Jaime suspirou. — Devia estar dormindo com a tua mulher, não
    com a Donzela. Precisa de um filho com sangue Darry se quiser manter este
    castelo.
    — Uma pilha de pedras frias. Nunca a pedi. Nunca a desejei. Só
    desejava… — Lancel estremeceu. — Que os Sete me salvem, mas eu
    desejava ser você.
    Jaime teve de rir.
    — É melhor ser eu do que o Abençoado Baelor. Darry precisa de um
    leão, primo. E a nossa pequena Frey também. Ela fica úmida entre as pernas
    sempre que alguém menciona o Herrock. Se ela ainda não se deitou com ele,
    deitará em breve.
    — Se o ama, desejo-lhes felicidade um com o outro.
    — Um leão não devia ter cornos. Tomou a moça como esposa.
    — Disse algumas palavras e lhe dei um manto vermelho, mas só
    para agradar ao pai. O casamento requer a consumação. O Rei Baelor foi
    obrigado a casar com a irmã Daena, mas nunca viveram como marido e
    mulher, e ele a pôs de lado assim que foi coroado.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:44 pm

    — O reino teria ficado mais bem servido se ele tivesse fechado os
    olhos e fodido a irmã. Sei história suficiente para saber disso. Seja como for,
    não é provável que te confundam com Baelor, o Abençoado.
    — Pois não. — Concordou Lancel. — Ele era um espírito raro, puro,
    bravo e inocente, intocado por todo o mal do mundo. Eu sou um pecador,
    com muitíssimo a expiar.
    Jaime pousou a mão no ombro do primo.
    — O que você sabe de pecado, primo? Eu matei o meu rei.
    — O homem corajoso mata com uma espada, o covarde com um
    odre de vinho. Somos ambos regicidas, sor.
    — Robert não era um verdadeiro rei. Há até quem diga que o veado
    é a presa natural do leão. — Jaime conseguia sentir os ossos sob a pele do
    primo… e também mais qualquer coisa. Lancel estava usando um cilício por
    baixo da túnica. — Que mais você fez que requer tanta penitência? Diga-me.
    O primo baixou a cabeça, com lágrimas correndo pelo rosto.
    Essas lágrimas foram toda a resposta de que Jaime precisou.
    — Matei o rei. Disse. E depois fodi a rainha.
    — Eu nunca… Se deitou com a minha querida irmã? Diga! Diga!
    — Nunca derramei a minha semente dentro… dentro de…
    —… Da boceta? — sugeriu Jaime.
    —… Do ventre — concluiu Lancel. — Não é traição, a menos que
    se termine lá dentro. Dei-lhe conforto, depois de o rei morrer. Você estava
    preso, o seu pai se encontrava em campo, e o seu irmão… Ela tinha medo
    dele, e com bons motivos. Ele me obrigou a trai-la.
    — Ah, obrigou? — Lancel, Sor Osmund e quantos mais? Seria a
    parte acerca do Rapaz Lua só um sarcasmo? — A obrigou?á
    — Não! Eu a amava. Queria protege-la.
    Queria ser eu. Os seus dedos fantasma lhe fizeram cócegas. No dia
    em que a irmã viera à Torre da Espada Branca para lhe suplicar que
    renunciasse aos seus votos, rira-se depois dele a recusar, e vangloriara-se de
    ter mentido mil vezes. Jaime tomara aquilo como uma tentativa desajeitada
    de feri-lo como ele a ferira.
    Pode ter sido a única coisa verdadeira que ela alguma vez me disse.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:44 pm

    — Não pense mal da rainha, — suplicou Lancel. — Toda a carne é
    fraca, Jaime. Nenhum mal proveio do nosso pecado. Nenhum… nenhum
    bastardo.
    — Ora. Os bastardos raramente são feitos na barriga. — Perguntou a
    si próprio o que o primo diria se confessasse os seus pecados, as três traições
    a que Cersei dera os nomes de Joffrey, Tommen e Myrcella.
    — Fiquei zangado com Sua Graça depois da batalha, mas o Alto
    Septão disse que eu devia perdoá-la.
    — Ah confessou os seus pecados a Sua Alta Santidade?
    — Ele rezou por mim quando fui ferido. Era um bom homem.
    É um homem morto. Fizeram soar os sinos por ele. Perguntou a si
    próprio se o primo faria alguma ideia do fruto que as suas palavras tinham
    gerado.
    — Lancel, você um maldito tolo.
    — Você está certo — disse Lancel. — Mas a minha tolice ficou para
    trás, sor. Pedi ao Pai no Céu para me mostrar o caminho, e ele mostrou. Vou
    renunciar a esta terra e a esta esposa. Pedra-Dura pode ficar com ambas, se
    quiser. Amanhã regressarei a Porto Real e ajuramentarei a espada ao novo
    Alto Septão e aos Sete. Pretendo proferir votos e me juntar aos Filhos do
    Guerreiro.
    O rapaz não estava fazendo sentido.
    — Os Filhos do Guerreiro foram proscritos há trezentos anos.
    — O novo Alto Septão os fez renascer. Emitiu um chamado aos
    guerreiros de mérito para colocarem as vidas e as espadas ao serviço dos
    Sete. Os Pobres Companheiros também serão restaurados.
    — Porque haveria o Trono de Ferro de permitir tal coisa? — Jaime
    se lembrava de que um dos primeiros reis Targaryen lutara durante anos para
    suprimir as duas ordens militares, embora não recordasse qual. Maegor,
    talvez, ou o primeiro Jaehaerys.
    Tyrion saberia.
    — Sua Alta Santidade escreveu que o Rei Tommen deu o seu
    consentimento. Eu te mostro a carta, se quiser.
    — Mesmo se isso for verdade… Você é um leão do Rochedo, um
    senhor. Tem esposa, castelo, terras a defender, pessoas a proteger. Se os
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:45 pm

    deuses forem bons, terá filhos do teu sangue para te suceder. Porque jogaria
    tudo isso fora em troca… Em troca de um voto qualquer?
    — Porque você fez os seus? — Perguntou Lancel em voz baixa.
    Por honra, poderia ter dito Jaime. Por glória. Mas teria sido
    mentira. A honra e a glória tinham desempenhado os seus papéis, mas a
    maior parte do motivo fora Cersei. Uma gargalhada escapou dos seus lábios.
    — Vai correr para junto do Alto Septão, ou da minha querida irmã?
    Reza por isso, primo. Reza muito.
    — Rezará comigo, Jaime?
    Olhou em volta, para os deuses do septo. A Mãe, cheia de
    misericórdia. O Pai, severo em julgamento, o Guerreiro, com uma mão sobre
    a espada. O Estranho, nas sombras, com a cara meio humana escondida sob
    uma capa com capuz.
    Julgava que eu era o Guerreiro e Cersei a Donzela, mas ela foi todo
    o tempo o Estranho, escondendo o seu verdadeiro rosto do meu olhar.
    — Reza por mim, se quiser. — Disse ao primo. — Eu esqueci todas
    as palavras.
    Os pardais ainda esvoaçavam em volta dos degraus quando Jaime
    voltou a sair para a noite.
    — Obrigado. — Disse-lhes. — Agora me sinto muito mais santo.
    E foi em busca de Sor Ilyn e de um par de espadas. O pátio do
    castelo estava cheio de olhos e ouvidos. Para fugir deles, demandaram o
    bosque sagrado de Darry. Ali não havia pardais, só árvores nuas
    desconfiadas, com ramos negros que arranhavam o céu. Um tapete de folhas
    mortas rangia sob os seus pés.
    — Está vendo aquela janela, Sor? — Jaime usou uma espada para
    apontar. — Ali era o quarto de Raymun Darry. Onde o Rei Robert dormiu no
    nosso regresso de Winterfell. A filha de Ned Stark tinha fugido depois de o
    seu lobo ter atacado Joff, deve se lembrar. A minha irmã quis que a menina
    perdesse uma mão. A velha punição, por bater em alguém de sangue real.
    Robert lhe disse que era cruel e louca. Levaram metade da noite
    discutindo… Bem, Cersei discutiu, e Robert bebeu. Já depois da meia noite,
    a rainha me chamou. O rei estava sem sentidos, a ressonar no tapete de Myr.
    Perguntei à minha irmã se queria que eu o levasse para a cama. Ela me disse
    que devia levar a ela para a cama, e se despiu do roupão. A possuí na cama
    de Raymun Darry depois de passar por cima de Robert. Se Sua Graça tivesse
    acordado, eu o teria matado naquele momento e local. Não seria o primeiro
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:45 pm

    rei a morrer pela minha espada… Mas você já conhecia essa história, não é
    verdade? — Golpeou um ramo de árvore, o partindo ao meio. — Enquanto a
    fodia, Cersei gritou: “Eu quero”. Julguei que se referia a mim, mas o que ela
    queria era a rapariga Stark, mutilada ou morta. As coisas que eu faço por
    amor. — Foi por sorte que os homens dos Stark encontraram a menina antes
    de mim. Se eu tivesse dado com ela primeiro…
    As marcas de bexigas no rosto de Sor Ilyn eram buracos negros à luz
    do archote, tão escuras como a alma de Jaime. Fez aquele som de estalar.
    Está rindo de mim, compreendeu Jaime Lannister.
    — Tanto quanto sei também você fodeu a minha irmã, seu bastardo
    de cara bexigosa. — Cuspiu. — Bem, fecha a merda da boca e me mata se
    conseguir.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:55 pm

    Briene 553



    O septo ficava sobre uma ilha elevada a meia milha da costa, onde a
    selvagem foz do Tridente se alarga ainda mais para beijar a baía dos
    Caranguejos. Mesmo da costa sua prosperidade era aparente. Sua
    encosta estava coberta de plantações em terraços, com viveiros de peixes
    abaixo e moinhos de vento acima, suas pás de madeira e lona girando
    lentamente com a brisa da baía. Brienne podia ver ovelhas pastando na
    encosta e cegonhas andando nas águas rasas próximas ao porto das balsas.
    — As Salinas estão do outro lado da água, — disse o Septão
    Meribald, apontando para o norte através da baía. — Os irmãos vão nos
    levar de balsa com a maré da manhã, apesar de eu temer o que vamos
    encontrar lá. Vamos comer uma refeição quente antes de enfrentar a
    travessia. Os irmãos sempre têm um osso extra para o cachorro — o
    cachorro latiu e abanou o rabo.
    A maré estava baixando agora, rapidamente. A água que separava a
    ilha da costa estava retrocedendo, deixando para trás uma vasta extensão de
    lama marrom e brilhante pontilhada por piscinas d’água que brilhavam a luz
    do sol como moedas de ouro. Brienne coçou sua nuca, onde um inseto a
    picou. Ela tinha seu cabelo preso no alto e o sol aqueceu sua pele.
    — Por que eles chamam este lugar de Ilha Quieta? — perguntou
    Podrick.
    — Os que vivem aqui são penitentes, que procuram expiar seus
    pecados através de contemplação, orações e silêncio. Apenas o Irmão Mais
    Velho e seus procuradores que têm permissão para falar, e os ajudantes
    apenas por um dia a cada sete.
    — As irmãs silenciosas nunca falam, — disse Podrick. — Eu ouvi
    dizer que elas não têm língua.
    Septão Meribald sorriu.
    — As mães têm intimidado suas filhas com esse conto desde que eu
    tinha a sua idade. Não havia verdade nisso naquela época e continua não
    tendo. Um voto de silêncio é um ato de contrição, um sacrifício pelo qual se
    prova sua devoção aos Sete. Para um mudo fazer voto de silêncio seria como
    para um aleijado desistir de dançar. — Ele levou o seu jumento encosta
    abaixo, acenando para que os outros o seguissem. — Se vocês quiserem
    dormir sob um teto esta noite, vocês devem desmontar de seus cavalos e
    atravessar a lama comigo. O caminho da fé, é como nós o chamamos.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:55 pm

    Apenas os que têm fé podem cruzá-lo com segurança. Os perversos são
    engolidos pela areia movediça, ou são afogados quando a maré retorna com
    força. Nenhum de vocês é perverso, eu espero? Mesmo assim, eu teria
    cuidado onde colocar os pés. Pisem apenas onde eu piso e vocês devem
    alcançar o outro lado.
    O caminho da fé era tortuoso, Brienne não pôde deixar de notar.
    Embora a ilha parecesse elevar-se para o nordeste de onde eles deixaram a
    costa, Septão Meribald não se dirigiu diretamente para lá. Ao invés, ele
    iniciou o caminho para o leste, para as águas profundas da baía, que, à
    distância, bruxuleavam em tons de azul e prata. A lama marrom e macia se
    amassava entre seus dedos. Ao andar, ele parava de tempos em tempos, para
    testar a lama à frente com seu bastão. O cachorro permaneceu perto de seus
    calcanhares, cheirando cada rocha, concha e tufos de alga. A princípio ele
    não seguiu a frente ou afastado. Brienne os seguiu, tomando cuidado para
    permanecer próxima a linha das pegadas deixadas pelo cachorro, pelo burro
    e o santo homem. Depois seguiu Podrick, e por ultimo Sor Hyle. Após cem
    jardas, Meribald se virou abruptamente em direção ao sul, então ficou quase
    de costas para o septo. Ele seguiu nessa direção por mais cem jardas, os
    guiando entre duas rasas piscinas. O cachorro parou em uma delas e ganiu
    quando um caranguejo o prendeu com sua garra. Uma luta breve, mas
    furiosa se seguiu antes do cachorro voltar trotando, molhado e sujo de lama,
    com o caranguejo entre suas presas.
    — Não é lá onde queremos ir? — Sor Hyle chamou de trás deles,
    apontando para o septo. — Parece que estamos indo para qualquer lugar,
    menos para lá.
    — Fé, — urgiu Septão Meribald. — Acredite, persista, siga, e iremos
    encontrar a paz que procuramos.
    As poças tremeluziram ao redor deles, em meia centena de tons. A
    lama era de um marrom muito escuro que parecia quase negro, porém
    também havia faixas de areia dourada, rochas elevadas cinza e vermelhas, e
    emaranhados de algas pretas e verdes. Storks espreitou em torno das piscinas
    e deixou suas pegadas por todo lado, e os caranguejos correram pelas águas
    rasas. O ar cheirava a salmoura e podridão, e o chão sugou seus pés e os
    deixava continuar com relutância, emitindo um suspiro barulhento. Septão
    Meribald virou, girou e virou mais uma vez. Suas pegadas se encheram de
    água assim que ele continuou. Quando o chão começou a parecer mais firme
    e começou a se elevar sob os pés, eles haviam andado pelo menos dois
    quilômetros e meio.
    Três homens esperavam por eles quando subiram as pedras quebradas
    que cercavam a costa da ilha. Eles estavam vestidos com as túnicas marrons
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:56 pm

    e pardas dos irmãos, com largas mangas em formato de sino e capuzes
    pontudos. Os dois também tinham peças de lã enroladas na metade de baixo
    de seus rostos, então tudo o que podia ser visto eram seus olhos. O terceiro
    irmão foi o único a falar.
    — Septão Meribald, — ele chamou. — Já tem quase um ano. Seja
    bem-vindo. Seus acompanhantes também.
    O cachorro abanou o seu rabo, e Meribald tirou a lama dos seus
    sapatos.
    — Poderíamos solicitar a sua hospitalidade por uma noite?
    — Sim, claro. Teremos cozido de peixe esta noite. Vocês vão precisar
    da balsa pela manhã?
    — Se não for pedir muito. — Meribald virou-se para seus amigos
    viajantes. — Irmão Narbert é um procurador da ordem, então é permitido a
    ele falar por um dia a cada sete. Irmão, esse bom camarada me ajudou em
    meu caminho. Sor Hyle Hunt é um cavaleiro da Campina. O rapaz é Podrick
    Payne, vindo de Westerland. E esta é a Senhora Brienne, conhecida como
    Donzela de Tarth.
    Irmão Narbert aproximou-se um pouco.
    — Uma mulher.
    — Sim, irmão. — Brienne soltou seu cabelo e o balançou. — Vocês
    não tem mulheres aqui?
    — Não no momento, — disse Narbert. — As mulheres que nos
    visitam vem a nós doentes ou feridas, ou grávidas. Os sete abençoaram
    nosso Irmão Mais Velho com mãos que curam. Ele recuperou a saúde de
    muitos homens que mesmo os meistres não conseguiram curar, e de muitas
    mulheres também.
    — Eu não estou doente, machucada ou grávida.
    — Senhora Brienne é uma donzela guerreira, — confidenciou Septão
    Meribald, — Caçando o Cão de Caça.
    — É mesmo? — Narbert parecia surpreso. — Com que finalidade?
    Brienne tocou o cabo da Cumpridora de Promessas.
    — Ele, — ela disse.
    O procurador a estudou.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:56 pm

    — Você é... forte para uma mulher, é verdade, mas... mas talvez eu
    devesse levar você até Irmão Mais Velho. Ele deve ter visto você
    atravessando a lama. Venha.
    Narbert os guiou por um caminho de pedras entre um bosque de
    macieiras para um estábulo camuflado com um telhado de sapê pontiagudo.
    — Vocês devem deixar seus animais aqui. Irmão Gillam vai cuidar
    para que sejam alimentados e recebam água.
    O estábulo tinha mais do que três quartos vazios. De um lado havia
    meia dúzia de mulas, sendo cuidadas por um pequeno irmão de pernas tortas
    que Brienne pensou ser Gillam. Abaixo, na outra extremidade, bem longe
    dos outros animais, um grande garanhão tropeou ao som de suas vozes e deu
    um coice na porta de sua cocheira.
    Sor Hyle olhou admirado para o grande cavalo enquanto ele segurava
    suas rédeas para o Irmão Gillam.
    — Uma bonita fera.
    Irmão Narbert disse suspirando.
    — Os Sete nos enviam bênçãos, os Sete nos enviam provações. Ele
    deve ser bonito, mas Driftwood certamente foi parido no inferno. Quando
    nós o buscamos para aproveitá-lo em um arado, ele deu um coice no Irmão
    Rawney e quebrou sua tíbia em dois lugares. Nós tínhamos esperança que a
    castração iria melhorar o temperamento doentio da fera, mas... Irmão Gillam,
    pode mostrar a eles?
    Irmão Gillam baixou o seu capuz. Sob este ele tinha um punhado de
    cabelo loiro, o couro cabeludo tonsurado e uma bandagem marcada de
    sangue onde ele deveria ter uma orelha.
    Podrick disse assustado.
    — O cavalo mordeu e arrancou sua orelha?
    Gillam afirmou com um aceno, e cobriu novamente a sua cabeça.
    — Desculpe-me,irmão, — disse Sor Hyle, — mas eu poderia arrancar
    a outra orelha, se você se aproximasse de mim com um par de tesouras.
    A brincadeira não agradou ao Irmão Narbert.
    — Você é um cavaleiro, Sor. Driftwood é uma besta de carga. O Pai
    deu cavalos aos homens para que estes os ajudassem em seus trabalhos. —
    Ele virou-se. — Se me acompanham. O Irmão Mais Velho sem dúvida os
    estará esperando.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:57 pm

    A encosta era mais íngreme do que parecia entre as piscinas d’água.
    Para tornar mais fácil, os irmãos construíram um lance de degraus que
    vagava para frente e para trás por toda a costa e entre os edifícios. Depois de
    um longo dia numa sela Brienne estava feliz por uma chance de estender
    suas pernas.
    Eles passaram por uma dúzia de irmãos da ordem em sua subida;
    homens encapuzados em túnicas marrons e pardas que os olhavam
    curiosamente enquanto eles passavam; mas não disseram uma palavra de
    saudação. Um deles estava conduzindo um par de vacas leiteiras em direção
    a um celeiro baixo com telhado de grama; outro trabalhava batendo a
    manteiga. Nas encostas mais altas eles viram três garotos conduzindo
    ovelhas, e mais acima eles passaram por um cemitério onde um irmão, maior
    que Brienne, estava esforçando-se para cavar uma sepultura. Pela maneira
    com que ele se movia, era claro que ele era manco. Quando ele arremessou
    uma pá do solo pedregoso sobre um ombro, acidentalmente borrifou lama
    sobre seus pés.
    — Preste mais atenção aí, — ralhou Irmão Narbert. — Septão
    Meribald poderia ter sido atingido por um bocado de sujeira. — O coveiro
    abaixou a cabeça. Quando o cachorro foi cheirá-lo ele derrubou sua pá e
    arranhou sua orelha.
    — Um novato, — explicou Narbert.
    — Para quem é a cova? — perguntou Sor Hyle, já que recomeçaram
    sua subida pelos degraus de madeira.
    — Irmão Clement, que o Pai o julgue justamente.
    — Ele era velho? — perguntou Podrick Payne.
    — Se você considerar alguém de oitenta e quatro anos velho, sim, mas
    não foram os anos que o mataram. Ele morreu por causa dos ferimentos que
    ele obteve nas Salinas. Ele havia levado um pouco do nosso hidromel para o
    mercado lá, no dia que os fora-da-lei desceram à cidade.
    — O Cão de Caça? — disse Brienne.
    — Outro, tão bruto quanto. Ele cortou fora a língua do pobre Clement,
    pois ele não falava. Como ele havia feito voto de silêncio, o corsário disse
    que ele não precisava mais dela. O Irmão Mais Velho sabe mais. Ele guarda
    o pior das notícias de fora para si mesmo, para não perturbar a tranquilidade
    do septo. Muitos dos nossos irmãos vieram para cá para fugir dos horrores
    do mundo, não para conviver com eles. Irmão Clement não foi o único ferido
    entre nós. Algumas feridas não aparecem. — Irmão Narbert gesticulou para
    a direita. — Aqui fica nosso caramanchão de verão. As uvas são pequenas e
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:59 pm

    azedas, mas fazem um vinho agradável. Nós também fermentamos nossa
    própria cerveja, e o nosso hidromel e nossa sidra são muito conhecidos.
    — A Guerra nunca chegou até aqui? — Brienne disse.
    — Não essa guerra, louvados sejam os Sete. Nossas orações nos
    protegem.
    — E a maré, — sugeriu Meribald. O cachorro latiu em concordância.
    O cume da colina foi coroado por um muro baixo de pedra não
    cimentado, circundando um grupo de grandes prédios; o moinho-de-vento,
    suas pás rangendo a medida que giravam, o mosteiro onde os irmãos
    dormiam e a sala comunal onde eles faziam suas refeições, um septo de
    madeira para orações e meditação. O septo tinha janelas de vidro chumbado,
    grandes portas esculpidas com imagens da Mãe e do Pai, e um campanário
    de sete lados com uma passarela no topo. Atrás ficava uma horta onde
    alguns irmãos de mais idade estavam tirando as ervas daninhas. Irmão
    Narbert guiou seus visitantes em torno de uma castanheira até uma porta de
    madeira localizada na lateral da colina.
    — Uma caverna com porta? — Sor Hyle disse surpreso.
    Septão Meribald sorriu.
    — É chamada de o Buraco do Ermitão. O primeiro homem santo que
    veio para cá para encontrar o seu caminho viveu nela, e trabalhou tão
    maravilhosamente que outros vieram juntar-se a ele. Isso foi a dois mil anos
    atrás, eles dizem. A porta veio um pouco depois.
    Talvez há dois mil anos atrás, o Buraco do Ermitão fosse único,
    escuro, coberto de sujeira e ecoando os sons da água pingando, mas agora
    não era mais. A caverna que Brienne e seus acompanhantes entraram era
    quente, um santuário confortável. Tapetes de lã cobriam o chão, tapeçarias
    cobriam as paredes. Altas velas de cera de abelha davam mais do que ampla
    luminosidade. Os móveis eram estranhos, mas simples; uma mesa longa, um
    cadeirão, um baú, várias prateleiras altas de madeira cheias de livros, e
    cadeiras. Tudo fora feito de madeira flutuante, estranhas peças
    talentosamente talhadas e unidas e polidas até que brilhassem em profundo
    dourado a luz de velas.
    O Irmão Mais Velho não era o que Brienne esperava. Ele mal poderia
    ser chamado de idoso, para começar; considerando que os irmãos que
    estavam capinando o jardim tinham ombros inclinados e costas curvadas de
    velhos, ele ficava ereto e alto, e se movia com o vigor de um homem no auge
    de seus anos. Nem tinha o rosto suave e gentil que ela esperava de um
    curador. Sua mão era grande e quadrada, seus olhos eram perspicazes, seu
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 1:59 pm

    nariz era venoso e vermelho. Apesar de ele ser tonsurado, seu courocabeludo
    era eriçado como sua mandíbula pesada.
    Ele se parecia mais com um homem para quebrar ossos do que um
    santo, pensou a Donzela de Tarth, enquanto o Irmão Mais Velho atravessou
    a sala para abraçar Septão Meribald e afagar o cachorro.
    — É sempre um dia feliz quando nossos amigos Meribald e seu
    cachorro nos honram com uma nova visita, — ele anunciou antes de se virar
    aos outros convidados. — E novas caras são sempre bem-vindas. Nós vemos
    tão poucas delas.
    Meribald fez as costumeiras cortesias antes de se sentar sobre o
    cadeirão. Diferentemente do Septão Narbert, o Irmão Mais Velho não
    pareceu consternado pelo sexo de Brienne, mas seu sorriso estremeceu e
    desvaneceu quando o Septão disse a ele porque ela e Sor Hyle vieram.
    — Eu entendo, — foi tudo o que ele disse antes de se virar dizendo,
    — Vocês devem estar com sede. Por favor, tome um pouco da nossa sidra
    doce para lavar a poeira da viagem de suas gargantas. — Ele mesmo os
    serviu. As canecas também eram de madeira flutuante e esculpidas não
    havendo duas iguais. Quando Brienne as elogiou, ele disse — A donzela é
    gentil. Tudo o que fazemos é cortar e polir a madeira. Nós somos
    abençoados aqui. Onde o rio encontra a baía, as correntes e a maré lutam
    uma contra a outra e muitas coisas estranhas e maravilhosas são empurradas
    até nós, surgindo em nossa costa. Madeira flutuante é o menor presente de
    todos. Nós encontramos canecas de prata e potes de ferro, sacos de lã e
    cortes de seda, elmos enferrujados e espadas brilhantes... ah, e rubis.
    Isso interessou ao Sor Hyle.
    — Rubis de Rhaegar?
    — Devem ser. Quem poderia dizer? A batalha foi a muitas léguas
    daqui, mas o rio é incansável e paciente. Seis foram encontrados. Nós
    estamos esperando pelo sétimo.
    — Melhor rubis do que ossos. — Septão Meribald estava esfregando
    seu pé, a lama se soltando por debaixo de seus dedos. — Nem todos os
    presentes do rio são agradáveis. Os bons irmãos coletam os mortos também.
    Vacas afogadas, veados afogados, porcos mortos inchados do tamanho de
    meio cavalo. Ah, e cadáveres.
    — Muitos cadáveres, esses dias. — O Irmão Mais Velho suspirou. —
    Nosso coveiro não conhece o descanso. Homens do rio, do leste e do norte,
    todos são trazidos para cá. Cavaleiros e patifes são iguais. Nós os enterramos
    lado a lado, Stark e Lannister, Blackwood e Bracken, Frey e Darry. Esse é o
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:03 pm

    dever que o rio pede em troca de todos esses presentes, e nós fazemos o
    melhor que podemos. Às vezes encontramos uma mulher, ou pior, uma
    pequena criança. Esses são os presentes mais cruéis. — Ele virou-se para
    Septão Meribald. — Eu espero que você tenha tempo para nos absolver de
    nossos pecados. Desde que os atacantes mataram os antigos, não temos
    ninguém para ouvir nossas confissões.
    — Eu preciso ter tempo — disse Meribald, — embora eu espere que
    você tenha pecados melhores que da última vez que eu vim — O cachorro
    latiu. — Está vendo? Até o cachorro ficou entediado.
    Podrick Payne ficou intrigado.
    — Eu pensei que ninguém pudesse falar. Bem, ninguém não. Os
    irmãos. Os outros irmãos, não você.
    — Nós temos a permissão de quebrar o silêncio para confessar, —
    disse o Irmão Mais Velho. — É difícil falar de pecados com sinais e acenos
    de cabeça.
    — Eles queimaram o septo nas Salinas? — perguntou Hyle Hunt.
    O sorriso desapareceu.
    — Eles queimaram tudo nas Salinas, exceto o castelo. Só ele era feito
    de pedra… embora poderia ter sido feito também de sebo por tudo que
    serviu a cidade. Coube a mim tratar de alguns dos sobreviventes. Um
    pescador os trouxe pela baía até mim depois que as chamas acabaram e que
    considerou seguro aportar. Uma pobre mulher foi estuprada uma dúzia de
    vezes, e seus seios... minha donzela, você veste uma armadura de homem
    então não devo poupá-la desses horrores... seus seios foram rasgados e
    mastigados e comidos, como se fosse por algum tipo de... fera cruel. Eu fiz o
    que eu podia por ela, embora não tenha sido suficiente. Enquanto ela
    agonizava, suas piores maldições não foram para o homem que a estuprou,
    não para o monstro que devorou sua carne viva, mas para o Sor Quincy Cox,
    que barrou a entrada em seus portões quando os fora da lei entraram na
    cidade e sentou-se seguro do outro lado das paredes de pedra enquanto seu
    povo gritava e morria.
    — Sor Quincy é um homem velho, — disse Septão Meribald
    gentilmente. — Seus filhos e seus afilhados estão distantes ou mortos, seus
    netos ainda são meninos e ele tem duas filhas. O que poderia ter feito, um
    homem contra tantos?
    Ele podia ter tentado, Brienne pensou. Ele poderia ter morrido. Velho
    ou jovem, um verdadeiro cavaleiro jurou proteger aqueles que são mais
    fracos do que ele, ou morrer na tentativa.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:03 pm

    — Palavras verdadeiras, e sábias, — disse o Irmão Mais Velho para
    Septão Meribald. — Quando você cruzar para as Salinas, sem dúvida Sor
    Quincy vai pedir seu perdão. Estou feliz que você esteja aqui para perdoá-lo.
    Eu não poderia — Ele deixou de lado a caneca de madeira flutuante e ficou
    parado. — O sino da ceia vai soar em breve. Meus amigos, venham comigo
    para o Septo, para orar pelas almas do bom povo das Salinas antes de nos
    sentarmos para partir o pão e partilhar um pouco de carne e hidromel?
    — Alegremente, — disse Meribald. O cão latiu.
    O ceia no septo foi a refeição mais estranha que Brienne já havia
    comido, mas não de todo desagradável. A comida era simples, mas muito
    boa; havia pães crocantes ainda mornos do forno, potes de manteiga fresca,
    mel das colméias do septo e um espesso cozido de caranguejo e mexilhões, e
    pelo menos três tipos diferentes de peixe.
    Septão Meribald e Sor Hyle beberam o hidromel feito pelos irmãos, e
    afirmaram estar excelente, enquanto ela e Podrick se contentaram com mais
    sidra doce. A refeição não foi melancólica. Meribald fez uma oração antes
    que a comida fosse servida, e enquanto os irmãos comiam em quatro longas
    mesas, um deles tocou para eles uma harpa alta, enchendo o salão com sons
    leves e doces. Quando o Irmão Mais Velho dispensou o músico para fazer
    sua refeição, Irmão Narbert e outro procurador revezaram-se lendo A estrela
    de sete pontas.
    No momento em que a leitura estava completa, o resto da comida foi
    recolhido pelos noviços cuja tarefa era servir. Muitos eram rapazes na idade
    de Podrick, ou mais novos, mas eles eram homens feitos também, e entre
    eles o grande coveiro que eles encontraram na colina, que tinha o andar
    desajeitado e balançante de um meio-aleijado. Como o salão estava vazio, o
    Irmão Mais Velho pediu a Narbert para mostrar a Podrick e Sor Hyle seu
    catre nos claustros.
    — Vocês não se importam de dividir uma cela, eu espero? Não é
    grande, mas vocês vão achar confortável.
    — Eu quero ficar com sor, — disse Podrick. — Quero dizer, minha
    senhora.
    — O que você e a Senhorita Brienne fazem em outro lugar é entre
    vocês e Os Sete, — disse Irmão Narbert, — mas na Ilha Quieta, homens e
    mulheres não dormem debaixo do mesmo teto a não ser que sejam casados.
    — Nós temos algumas modestas cabanas separadas para as mulheres
    que nos visitam, sejam elas nobres senhoras ou garotas comuns da vila, —
    disse o Irmão Mais Velho. — Elas não são utilizadas com frequência, mas as
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:04 pm

    mantemos limpas e secas. Senhora Brienne, você me autorizaria a mostrarlhe
    o caminho?
    — Sim, obrigada. Podrick, vá com o Sor Hyle. Aqui nós somos
    hóspedes dos irmãos santos. Sob o teto deles, suas regras.
    As cabanas eram no lado leste da ilha, com vista para uma grande
    extensão de lama e as águas distantes da Baía dos Caranguejos. Era mais frio
    do que no lado protegido, e mais selvagem. A colina era íngreme, e o
    caminho serpenteava para frente e para trás entre ervas daninhas e arbustos,
    rochas esculpidas pelo vento, e árvores torcidas, espinhosas que se
    agarravam tenazmente a encosta pedregosa. O Irmão Mais Velho trouxe uma
    lanterna para iluminar o caminho durante a decida. Em uma curva ele parou
    — Numa noite clara você poderia ver os fogos nas Salinas daqui. Do
    outro lado da baía, ali. — Ele apontou.
    — Não tem nada lá, — Brienne disse.
    — Só sobrou o castelo. Mesmo os pescadores se foram, os poucos
    afortunados que foram embora pelas águas quando os corsários vieram. Eles
    viram suas casas pegarem fogo e ouviram os gritos e choros flutuarem pelo
    porto, ficaram com muito medo para aportarem seus barcos. Quando afinal
    vieram a terra, foi para enterrarem os amigos e parentes. O que há para eles
    agora além de ossos e lembranças amargas? Eles se mudaram para Lagoa das
    Donzelas ou outras cidades. — Ele gesticulou com a lanterna, e eles
    reiniciaram sua decida. — Salinas nunca foi um porto importante, mas
    alguns barcos atracavam lá de tempos em tempos. Era o que os corsários
    queriam, uma galera ou um barco de pesca para carregá-los através do mar
    estreito. Como não havia nenhum a mão, eles descontaram sua raiva e
    desespero no povo da cidade. Eu me pergunto, minha donzela … o que você
    espera encontrar lá?
    — Uma garota, — ela disse a ele. — Uma donzela nobre de treze
    anos, com um rosto justo e cabelos ruivos.
    — Sansa Stark. — O nome foi dito suavemente. — Você acredita que
    esta pobre criança está com o Cão de Caça?
    — Um homem de Dorne disse que ela estava a caminho de Correrrio.
    Timeon. Ele é um mercenário, um da Companhia dos Bravos Companheiros,
    um matador e estuprador e um mentiroso, mas eu não acho que ele tenha
    mentido a esse respeito. Ele disse que o Cão de Caça a roubou e a levou
    embora.
    — Eu entendo. — O caminho fez uma curva, e havia as casas à frente
    deles. O Irmão Mais Velho as tinha chamado de modestas. E lá estavam elas.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:04 pm

    Elas se pareciam com colméias feitas de pedra, baixas e redondas, sem
    janelas. — Esta, — ele disse, indicando a cabana mais próxima, a única com
    fumaça saindo pela chaminé no centro do telhado. Brienne teve de curvar-se
    ao entrar para não bater a cabeça contra o batente. Dentro ela encontrou um
    chão sujo, um catre de palha, peles e cobertores para mantê-la aquecida, uma
    bacia de água, um frasco de sidra, um pouco de pão e queijo, um pequeno
    fogo, e duas cadeiras baixas. O Irmão Mais Velho sentou-se em uma delas e
    abaixou a lanterna. — Posso ficar mais um pouco? Eu sinto que precisamos
    conversar.
    — Se você desejar. — Brienne soltou seu cinturão e o pendurou na
    segunda cadeira, então sentou-se no catre com as pernas cruzadas.
    — O seu homem de Dorne não mentiu, — o Irmão Mais Velho
    começou, — mas eu acredito que você não o tenha entendido. Você está
    perseguindo o lobo errado, minha donzela. Eddard Stark teve duas filhas. Foi
    com a outra que Sandor Clegane fugiu, a mais nova.
    — Arya Stark? — Brienne ficou boquiaberta, espantada. — Você
    sabia disso? A irmã da Senhora Sansa está viva?
    — Então, — disse o Irmão Mais Velho. — Agora ... Eu não sei. Ela
    pode ter sido morta entre as crianças nas Salinas.
    As palavras foram uma facada em sua barriga. Não, Brienne pensou.
    Não, isso seria muito cruel.
    — Pode ser que... o senhor queira dizer que não tem certeza... ?
    — Estou certo de que a criança estava com Sandor Clegane na
    pousada ao lado da encruzilhada, aquela onde a velha Masha Heddle
    costumava ficar, antes dos leões a terem enforcado. Estou certo de que
    estavam a caminho de Salinas. Mais que isso... não. Eu não sei onde ela está,
    ou mesmo se ela vive. Há uma coisa que eu sei, no entanto. O homem que
    você busca está morto.
    Ela teve outro choque.
    — Como ele morreu?
    — Pela espada, como ele tinha vivido.
    — Você sabe disso com certeza?
    — Eu mesmo o sepultei. Eu posso lhe dizer onde está seu túmulo, se
    você desejar. Eu o cobri com pedras para impedir os comedores de carniça
    de comer a sua carne, e coloquei o seu elmo em cima do monte de pedras
    para marcar o seu lugar de descanso final. Esse foi um erro muito grave.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:04 pm

    Alguns outros viajantes encontraram o meu marcador e o reclamaram para si
    mesmos. O homem que estuprou e matou em Salinas não foi Sandor
    Clegane, embora ele possa ser tão perigoso quanto. As terras ribeirinhas são
    cheias desses carniceiros. Eu não vou chamá-los de lobos. Os lobos são mais
    nobres do que isso... e assim são os cães, eu acho.
    — Eu sei um pouco a respeito desse homem, Sandor Clegane. Ele foi
    o escudeiro do Príncipe Joffrey por muitos anos, e mesmo por aqui podemos
    ouvir falar de suas obras, tanto boas como ruins. Se metade do que ouvimos
    for verdade, essa era uma alma amarga, atormentada, um pecador que
    zombava tanto dos deuses quanto dos homens. Ele serviu, mas não
    encontrou nenhum orgulho em serviço. Ele lutou, mas não tomou nenhuma
    alegria na vitória. Ele bebeu, para afogar a sua dor em um mar de vinho. Ele
    não amava, nem amava a si mesmo. Foi o ódio que o guiou. Apesar de ter
    cometido muitos pecados, ele nunca pediu perdão. Onde outros homens
    sonharam encontrar o amor, ou riqueza, ou a glória, este homem Sandor
    Clegane sonhou em matar seu próprio irmão, um pecado tão terrível que me
    faz tremer só de falar dele. Esse foi o pão a alimentá-lo, o combustível que
    manteve suas chamas queimando. Ignóbil como foi, a esperança de ver o
    sangue de seu irmão sobre sua lâmina foi tudo pelo qual viveu essa triste e
    colérica criatura... e mesmo isso foi tirado dele, quando o príncipe Oberyn de
    Dorne apunhalou Sor Gregor com uma lança envenenada.
    — Você fala como se tivesse pena dele, — disse Brienne.
    — Eu tive. Você também teria pena dele, se o tivesse visto em seu
    final. Deparei-me com ele no Tridente, guiado por seus gritos de dor. Ele me
    implorou pelo golpe de misericórdia, mas estou jurado a não matar
    novamente. Em vez disso, banhei sua testa febril com água do rio, e dei-lhe
    vinho para beber e um cataplasma para sua ferida, mas meus esforços foram
    insuficientes e tardios demais. O Cão de Caça morreu ali, nos meus braços.
    Você deve ter visto um garanhão negro nos nossos estábulos. Esse era o seu
    cavalo de batalha, Estranho. Um nome blasfêmico. Nós preferimos chamá-lo
    de Driftwood, já que ele foi encontrado as margens do rio. Temo que ele
    tenha a natureza de seu antigo mestre.
    O cavalo. Ela esteve no estábulo, ouviu os seus coices, mas ela não
    tinha entendido. Garanhões eram treinados para dar coices e morder. Em
    uma batalha eles eram armas, como os homens que os montavam. Como o
    Cão de Caça.
    — É verdade, então, — ela disse sombriamente. — Sandor Clegane
    está morto.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:04 pm

    — Ele descansou. — O Irmão Mais Velho fez uma pausa. — Você é
    jovem, criança. Eu já contei quarenta e quatro aniversários... o que é mais
    que o dobro da sua idade, eu acho. Você ficaria surpresa ao saber que eu já
    fui um cavaleiro?
    — Não. Você se parece mais com um cavaleiro do que com um
    homem santo. — Isto é demonstrado por seu peito e ombros, e através de sua
    mandíbula larga e quadrada. — Por que você desistiu de ser cavaleiro?
    — Eu nunca escolhi isso. Meu pai era um cavaleiro, e seu pai antes
    dele. Assim foram cada um de meus irmãos. Fui treinado para a batalha
    desde o dia em que fui considerado com idade suficiente para segurar uma
    espada de madeira. Eu vi a minha parte nisso, e não me desgracei. Eu tive
    mulheres também, e então eu fiz minha desgraça, pois algumas eu tomei pela
    força. Houve uma garota com quem eu desejava me casar, a filha mais
    jovem de um senhor de pequenas posses, mas eu era o terceiro filho de meu
    pai e não tinha nem a terra nem a riqueza para oferecer-lhe... apenas uma
    espada, um cavalo, um escudo. E em geral, eu era um homem triste. Quando
    eu não estava lutando, estava bêbado. Minha vida foi escrita em vermelho,
    de sangue e vinho.
    — Quando isso mudou? — perguntou Brienne.
    — Quando eu morri na batalha do Tridente. Eu lutei ao lado do
    príncipe Rhaegar, embora ele nunca tenha sabido o meu nome. Eu não
    poderia lhe dizer o porquê, salvo que o senhor a quem servi decidiu apoiar o
    dragão ao invés do veado. Se ele tivesse decidido de outra forma, eu
    provavelmente estaria do outro lado do rio. A batalha foi muito sangrenta.
    Os cantores querem nos fazer crer que era tudo porque Rhaegar e Robert
    estavam lutando por uma mulher que ambos alegaram amar, mas garanto,
    outros homens estavam lutando também, e eu era um deles. Eu levei uma
    flechada na coxa e outra no pé, e meu cavalo foi morto debaixo de mim, mas
    eu continuei lutando. Eu me lembro o quão desesperado eu fiquei para
    encontrar um outro cavalo, pois eu não tinha dinheiro para comprar um, e
    sem um cavalo eu não poderia ser mais um cavaleiro. Isso era tudo em que
    eu estava pensando, verdade seja dita. Eu nunca vi o golpe que me derrubou.
    Ouvi cascos nas minhas costas e pensei: um cavalo! mas antes que eu
    pudesse me virar algo bateu na minha cabeça e jogou-me de volta ao rio,
    onde certamente eu deveria ter me afogado. Ao invés disso acordei aqui na
    Ilha Quieta. O Irmão Mais Velho me contou que a maré me trouxera, nu
    como eu vim ao mundo. Só consigo pensar que alguém me encontrou na
    água rasa, tirou-me a minha armadura, botas e calças, e me empurrou de
    volta para águas mais profundas. O rio fez o resto. Todos nós nascemos nus,
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:04 pm

    então eu suponho que era justo que eu viesse em minha segunda vida da
    mesma maneira. Passei os dez anos seguintes em silêncio.
    — Eu entendo. — Brienne não sabia por que ele estava dizendo a ela
    tudo isso, ou o que mais ele deveria dizer.
    — Você entende? — Ele se inclinou para frente, suas grandes mãos
    sobre os joelhos — Então, desista dessa sua busca. O Cão de Caça está
    morto, e em todo caso ele nunca teve a sua Sansa Stark. Quanto a esta besta
    que usa seu elmo, ele será encontrado e enforcado. As guerras estão
    acabando, e estes fora-da-lei não podem sobreviver à paz. Randyll Tarly está
    procurando desde Lagoa da Donzela e Walder Frey desde de as Gêmeas, e
    tem um jovem Lorde em Darry, um homem piedoso que certamente vai
    definir suas terras ao lado dos justos. Vá para casa, criança. Você tem um
    lar, o que é mais que muitos podem dizer nesses dias negros. Você tem um
    pai nobre que certamente te ama. Pense em sua dor se você nunca voltar.
    Talvez eles levem para ele sua espada e seu escudo, depois de sua queda.
    Talvez ele até os pendure em sua sala e olhe para eles com orgulho… mas se
    você perguntar a ele, eu sei que ele diria que preferiria ter uma filha viva do
    que um escudo quebrado.
    — Uma filha. — Os olhos de Brienne se encheram de lágrimas. — Ele
    merece. Uma filha que possa cantar para ele e encher a sua casa de netos. Ele
    merece um filho também, um filho forte e galante para trazer honra ao seu
    nome. Galladon se afogou quando eu tinha quatro anos e ele tinha oito, e
    Alysanne e Arianne morreram quando ainda eram bebês. Eu sou a única
    filha que os deuses deixaram ele criar. A bizarra, que não está apta para ser
    nem um filho, nem uma filha. — Tudo isso veio a tona, como o sangue
    negro de uma ferida, as traições e os noivados, Ronnet Vermelho e sua rosa,
    Lord Renly dançando com ela, a aposta por sua virgindade, as lágrimas
    amargas que ela derramou na noite em que seu rei casou-se com Margaery
    Tyrell, a disputa em Ponteamarga, a capa de arco-íris da qual ela tinha sido
    tão orgulhosa, a sombra no pavilhão do rei, Renly morrendo em seus braços,
    Correrrio e a Senhora Catelyn, a viagem até o Tridente, o duelo com Jaime
    na floresta, os homens sem cara, Jaime chorando — Safiras, — Jaime na
    banheira em Harrenhal com vapor subindo de seu corpo, o gosto do sangue
    de Vargo Hoat quando ela o mordeu na orelha, a arena do urso, Jaime
    saltando para baixo na areia, a longa viagem para Porto Real, Sansa Stark, o
    voto que fez a Jaime, o voto que fez a Senhora Catelyn, Cumpridora de
    Promessas, Valdocaso, Lagoa da Donzela, Dick, o ágil e Ponta da Garra
    Rachada e os sussurros dos homens que ela havia matado...
    — Eu preciso encontrá-la, — ela terminou. — Há outros procurando,
    todos querendo capturá-la e vendê-la para a rainha. Preciso encontrá-la
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:04 pm

    primeiro. Eu prometi a Jaime. Cumpridora de Promessas, ele nomeou a
    espada. Eu preciso tentar salvá-la… ou morrer na tentativa.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:06 pm

    Cersei 568



    Mil Navios! — O cabelo castanho da pequena rainha
    estava emaranhado e despenteado, e a luz das tochas
    fazia com que suas bochechas parecessem coradas,
    como se tivesse acabado de sair dos braços de algum
    homem. — Vossa graça, isso deve ter uma resposta violenta! — Sua última
    palavra ressoou pelas vigas e ecoou pelo teto cavernoso da sala do trono.
    Sentada na sua grande cadeira dourada e carmim abaixo do Trono de
    Ferro, Cersei podia sentir um crescente aperto em seu pescoço. Deve, ela
    pensou. Ela ousa dizer “deve” para mim. Desejou dar um tapa na cara da
    garota Tyrell. Ela deveria estar de joelhos, implorando por minha ajuda. Em
    vez disso, se atreve a dizer a legítima rainha o que deve ser feito.
    — Mil Navios? — Sor Harys Swift estava ofegante. — Certamente
    não. Nenhum rei comanda mil navios.
    — Algum idiota assustado contou em dobro — concordou Orton
    Merryweather. — Isso, ou os vassalos do Lorde Tyrell estão mentindo para
    nós, aumentando os números dos inimigos para que não pensemos que eles
    são uns frouxos.
    As tochas da parede de trás jogavam a longa e cortante sombra do
    Trono de Ferro a meio caminho das portas. A extremidade distante do salão
    estava perdida na escuridão, e Cersei não podia deixar de sentir que as
    sombras também estavam se fechando em torno dela. Meus inimigos estão
    em toda a parte, e meus amigos são inúteis. Ela só tinha que olhar para seus
    conselheiros para saber isso, somente Lorde Qyburn e Aurane Waters
    pareciam acordados. Os outros tinham sido despertados da cama pelos
    mensageiros de Margaery batendo em suas portas, e estavam ali confusos e
    perturbados. Lá fora a noite era negra e silenciosa. O castelo e a cidade
    dormiam. Boros Blunt e Meryn Trant pareciam dormindo também, embora
    permanecessem em pé. Até mesmo Osmund Kettleback bocejava. Mas Loras
    não. Não nosso Cavaleiro das Flores. Ele estava atrás de sua pequena irmã,
    uma tênue sombra com uma espada longa no quadril.
    — Metade desses tantos navios ainda seriam 500, meu senhor —
    Waters fez notar a Orton Merryweather. — Somente a Árvore teria força
    suficiente no mar para se opor a uma frota desse tamanho.
    — E os nossos novos dromondes? — perguntou Sor Harys. —
    Certamente os dracares dos homens de ferro não poderão resistir aos nossos
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:07 pm

    dromondes, certo? O Martelo do Rei Robert é o mais poderoso navio de
    guerra em toda Westeros.
    — Ele era — disse Waters. — Doce Cersei será equivalente, uma
    vez concluído, e Lorde Tywin terá o dobro do tamanho de ambos. No
    entanto, apenas metade está equipada, e nenhum está totalmente tripulado.
    Mesmo quando estiverem, os números estarão muito contra nós. O dracár
    comum é pequeno comparado as nossas galés, isso é verdade, mas os
    homens de ferro possuem grandes navios também. Grande Kraken do Lorde
    Balon e os navios de guerra da frota dos homens de ferro foram feitos para
    guerra, não para assalto. Eles são iguais as nossas menores galés de guerra
    em força e velocidade, e a maioria são melhores tripulados e com melhores
    capitães. Os homens de ferro passam suas vida inteiras no mar.
    Robert devia ter limpado as ilhas depois que Balon Greyjoy se
    levantou contra ele, pensou Cersei. Ele estraçalhou suas frotas, queimou
    suas cidades, e quebrou seus castelos, mas quando os teve de joelhos voltou
    a largá-los. Ele deveria ter feito outra ilha com seus crânios. Isso é o que
    seu pai teria feito, mas Robert nunca tivera o estômago que um rei deve ter
    para manter um reino em paz.
    — Os homens de ferro não tinham ousado invadir a Campina desde
    que Dagon Greyjoy sentou-se na Cadeira de Pedra do Mar, — ela disse. —
    Porque eles o fariam agora? O que os encorajou?
    — Seu novo rei. — Qyburn estava com suas mãos escondidas nas
    mangas. — O irmão do Lorde Balon. O chamam de Olho de Corvo.
    — Corvos fazem seus banquetes sobre os cadáveres e moribundos,
    — disse Meistre Pycelle. — Eles não descem sobre animais fortes e
    saudáveis. Lorde Euron vai se empanturrar de ouro e saque, sim, mas assim
    que nos movermos contra ele, ele voltará para Pyke, assim como Lorde
    Dagon costumava fazer em seu tempo.
    — Você está errado — disse Margaery Tyrell. — Corsários não
    atacam com tamanha força. Mil navios! Lorde Hewett e Lorde Chester estão
    mortos, assim como o filho herdeiro de Lorde Serry. Serry fugiu com os
    poucos navios que restou para Jardim de Cima, e Lorde Grimm foi feito
    prisioneiro em seu próprio castelo. Willas disse que o rei de ferro nomeou
    quatro lordes em seus lugares.
    Willas, pensou Cersei, o aleijado. Ele é o culpado por isso. Esse tolo
    do Mace Tyrell deixou a defesa da Campina nas mãos de um fraco infeliz.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:07 pm

    — É uma longa viagem da Ilha de Ferro até as Ilhas Escudos —
    ressaltou. — como poderiam mil navios fazerem todo o caminho sem serem
    vistos?
    — Willas acredita que eles não seguiram pela costa — disse
    Margaery. — Eles fizeram a viagem fora de vista, navegando longe através
    do Mar do Poente e caindo sobre a costa, vindos pelo oeste.
    O mais provável é que o irmão aleijado não tinha deixado suas
    torres guarnecidas, e agora teme que o saibamos. A pequena rainha está
    dando desculpas pelo irmão. A boca de Cersei estava seca. Preciso de um
    copo de vinho dourado da Árvore. Se os homens de ferro decidirem em
    seguida tomar a Árvore, o reino inteiro poderia passar sede em breve.
    — Stannis pode ter um dedo nisso. Balon Greyjoy ofereceu uma
    aliança ao senhor meu pai. Talvez seu filho tenha oferecido uma a Stannis.
    Pycelle franziu a testa.
    — O que Lorde Stannis ganharia…
    — Ele ganha outro ponto de apoio. E saque, isso também. Stannis
    precisa de ouro para pagar seus mercenários. Ao invadir o oeste, ele espera
    distrair-nos em Pedra do Dragão e Ponta Tempestade.
    Lorde Merryweather assentiu.
    — Uma distração. Stannis é mais inteligente do que sabíamos. Vossa
    Graça é inteligente por ter visto através de sua tática.
    — Lorde Stannis está tentando ganhar os nortenhos para sua causa
    — disse Pycelle. — Se fez amizade com os homens de ferro, não pode
    esperar...
    — Os nortenhos não estarão com ele — disse Cersei, perguntando-se
    como um homem culto podia ser tão estúpido. — Lorde Manderly cortou a
    cabeça e mãos do Cavaleiro das Cebolas, sabemos disso pelos Frey, e meia
    dúzia de outros senhores do norte se uniram à Lorde Bolton. O inimigo do
    meu inimigo é meu amigo. Para onde mais Stannis irá se virar, se os homens
    de ferro e os selvagens são os inimigos do norte? Mas se ele pensa que eu
    irei cair em sua armadilha, é mais tolo que você. — Ela voltou-se para a
    pequena rainha. — As Ilhas Escudos pertencem a Campina. Grimm, Serry e
    o restante são juramentados a Jardim de Cima. Cabe a Jardim de Cima
    responder a isso.
    — Jardim de Cima responderá — disse Margaery Tyrell. — Willas
    enviou uma mensagem para Leyton Hightower em Vilavelha, para que trate
    das suas defesas. Garlan está reunindo homens para retomar as ilhas. Mas a
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:07 pm

    maior parte da nossa força permanece com o senhor meu pai. Devemos
    enviar uma mensagem a ele em Ponta Tempestade. Imediatamente.
    — E levantar o cerco? — Cersei não gostou da presunção de
    Margaery. Ela diz “imediatamente” para mim. Será que pensa que sou sua
    aia? — Eu não tenho dúvida que Lorde Stannis ficaria satisfeito com isso.
    Ele ficaria muito satisfeito em virar nossos olhos para longe de Pedra do
    Dragão e Ponta Tempestade, para esses rochedos...
    — Rochedos? — arquejou Margaery. — Vossa Graça disse
    rochedos?
    O Cavaleiro das Flores colocou a mão sobre o ombro da irmã.
    — Se Vossa Graça me permitir, são desses rochedos que os homens
    de ferros ameaçam Vilavelha e a Árvore. Das fortalezas nas Ilhas Escudos,
    salteadores podem subir o Vago até bem no coração da Campina, como já
    fizeram no passado. Com homens suficientes, podem até ameaçar Jardim de
    Cima.
    — Realmente? — disse a rainha, com toda inocência. — Bem, então
    é melhor que seus corajosos irmãos os expulsem daqueles rochedos, e
    depressa.
    — Como a rainha sugere que eles façam isso, sem barcos
    suficientes? — perguntou Sor Loras. — Willas e Garlan podem juntar 10 mil
    homens em uma quinzena e duas vezes mais em uma virada de lua, mas não
    podem andar sobre a água, Vossa Graça.
    — Jardim de Cima está em cima do Vago — Cersei o lembrou. —
    Você e seus vassalos comandam mil léguas da costa. Não existem
    pescadores ao longo do seu litoral? Não existem barcaças de prazer, balsas,
    galés fluviais, esquifes?
    — Muitos e muitos mais — Sor Loras admitiu.
    — Esses devem ser mais do que suficientes para carregar uma tropa
    através de um pequeno trecho de água, eu acho.
    — E quando os dracares dos homens de ferro descerem sobre a
    nossa miserável frota assim que estivermos fazendo o caminho através deste
    ‘pequeno trecho de água’, o que sua graça espera que façamos?
    Se afoguem, pensou Cersei.
    — Jardim de Cima tem ouro. Você tem minha permissão para
    contratar mercenários do outro lado do mar estreito.
    avatar
    Admin
    Admin


    Mensagens : 1409
    Data de inscrição : 09/04/2012

    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sex Jun 29, 2012 2:07 pm

    — Piratas de Myr e Lys, você quer dizer? — Loras disse com
    desprezo. — A escória das Cidades Livres?
    Ele é tão insolente como a irmã.
    — É triste dizer, mas todos nós devemos lidar com a escória de
    tempos em tempos — ela disse com uma doçura venenosa. — Talvez tenha
    uma ideia melhor?
    — Somente a Árvore tem galés suficiente para retomar a boca do
    Vago dos homens de ferro e protegerem meus irmãos durante a travessia. Eu
    lhe imploro Vossa Graça, envie uma mensagem a Pedra do Dragão e ordene
    que Lorde Redwyne levante suas velas imediatamente.
    Pelo menos tem o bom senso de implorar. Paxter Redwyne tinha
    duzentos barcos de guerra, e cinco vezes mais naus mercantes, cocas de
    vinho, galés comerciais e baleeiros. Redwyne estava acampado junto às
    muralhas de Pedra do Dragão e a maioria de sua frota estava empenhada em
    transportar os homens através de Baia da Água Negra para o ataque àquela
    fortaleza insular. O restante patrulhava a Baia dos Naufrágios ao sul, onde só
    sua presença impedia que Pedra do Dragão fosse reabastecida pelo mar.
    Aurane Water irritou-se com a sugestão de Sor Loras.
    — Se Lord Redwyne conduzir seus barcos para longe, como vamos
    abastecer nossos homens em Pedra do Dragão? Sem as galés da Árvore,
    como vamos manter o cerco a Ponta Tempestade?
    — O cerco pode ser retomado mais tarde, depois...
    Cersei o interrompeu.
    — Ponta Tempestade é cem vezes mais valioso do que os Escudos, e
    Pedra do Dragão... enquanto Pedra do Dragão permanecer nas mãos de
    Stannis Baratheon, é uma faca na garganta de meu filho. Libertaremos Lord
    Redwyne e sua frota quando o castelo cair. — A rainha pôs-se de pé. — Essa
    audiência está terminada. Grande Meistre Pycelle, uma palavra.
    O velho sobressaltou-se, como se a voz dela houvesse o acordado de
    algum sonho de juventude, mas antes que pudesse responder, Loras Tyrell
    avançou a passos largos tão rapidamente que a rainha recuou com receio,
    alarmada. Estava prestes a gritar para Sor Osmund defendê-la quando o
    Cavaleiro das Flores caiu sobre um joelho.
    — Vossa Graça, deixe-me tomar Pedra do Dragão.
    A mão de sua irmã foi parar na boca.
    — Loras, não.

    Conteúdo patrocinado


    O Festim dos Corvos - Página 21 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Conteúdo patrocinado


      Data/hora atual: Seg Nov 25, 2024 2:46 pm