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    Parte 2 3 realm

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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:50 pm

    - Jon... dói-me dizer isso, mas o Senhor Comandante Mormont foi assassinado na Fortaleza de Craster, pelas mãos de seus Irmãos Juramentados.
    - Irm... os nossos próprios homens? - as palavras de Aemon doeram cem vezes mais do que os seus dedos. Jon recordou o Velho Urso como o vira pela última vez, em pé diante de sua tenda com o corvo no braço, crocitando, pedindo milho. Mormont morto? Temera isso desde que vira o resultado da batalha no Punho, mas nem assim o golpe era menor. - Quem foi? Quem é que se virou contra ele?
    - Garth de Vilavelha, Ollo Mão-Cortada, Adaga... ladrões, covardes e assassinos, to¬dos eles. Devíamos ter previsto que isso iria acontecer. A Patrulha não é o que já foi. Há homens honestos de menos para manter os patifes na linha. - Donal Noye virou as lâ-minas do meistre no fogo. - Uma dúzia de homens leais conseguiu voltar. Edd Doloroso, Gigante, seu amigo Auroque. Soubemos da história por eles.
    Só uma dúzia? Tinham saído duzentos homens de Castelo Negro com o Senhor Co-mandante Mormont, duzentos dos melhores homens da Patrulha.
    - Isso quer dizer então que Marsh é o Senhor Comandante? - a Velha Romã era amigável, e um diligente Primeiro Intendente, mas era completamente inadequado para enfrentar uma tropa de selvagens.
    - Por enquanto, até organizarmos uma eleição - disse Meistre Aemon. - Clydas, traga-me o frasco.
    Uma eleição. Com Qhorin Meia-Mão e Sor Jaremy Rykker mortos e Ben Stark ainda desaparecido, quem restava? Nem Bowen Marsh nem Sor Wynton Stout, isso era certo. Teria Thoren Smallwood sobrevivido ao Punho, ou Sor Ottyn Wythers? Não, será Cotter Pyke ou Sor Denys Mallister. Mas qual deles? Os comandantes da Torre Sombria e de Ata-laialeste eram bons homens, mas muito diferentes; Sor Denys era cortês e cauteloso, tão cavalheiresco quanto idoso, Pyke era mais jovem, de nascimento bastardo, de língua rude e excessivamente ousado. Pior, os dois homens desprezavam-se mutuamente. O Velho Urso j
    sempre os mantivera afastados, nas extremidades opostas da Muralha. Jon sabia que os Mallister possuíam uma desconfiança congênita com relação aos homens de ferro.
    Uma punhaiada de dor fez-lhe lembrar os próprios infortúnios. O meistre apertou sua mão.
    - Clydas foi buscar leite de papoula.
    Jon tentou se levantar.
    - Não preciso...
    - Precisa - disse Aemon com firmeza. - Isto vai doer.
    Donal Noye atravessou a sala e obrigou Jon a se deitar novamente.
    - Fique quieto, senão o amarro. - Mesmo com apenas um braço, o ferreiro controlava - -o como se fosse uma criança.
    Clydas voltou com um frasco verde e uma taça arredondada de pedra. Meistre Ae¬mon encheu-a.
    - Beba isto.
    Jon tinha mordido o lábio. Sentiu o sabor do sangue misturado com o da sedimentosa poção branca. Quase vomitou.
    Clydas trouxe uma bacia de água quente, e Meistre Aemon lavou o pus e o sangue do ferimento. Por mais gentil que fosse, até o toque mais leve fazia com que Jon quisesse gritar.
    - Os homens do Magnar são disciplinados e têm armaduras de bronze - disse-lhes. Falar ajudava a manter a mente afastada da perna.
    - O Magnar é um senhor em Skagos - disse Noye. - Havia skagositas em Atalaiales¬te quando cheguei à Muralha, lembro-me de ouvi-los falando dele.
    - Jon está usando a palavra em seu sentido mais antigo, creio eu - disse Meistre Ae¬mon -, não como nome de família, mas como título. Deriva do Idioma Antigo.
    - Significa senhor - concordou Jon. - Styr é o Magnar de um lugar qualquer chama¬do Thenn, na extremidade norte das Presas de Gelo. Tem uma centena de seus homens e uma vintena de corsários que conhecem a Dádiva quase tão bem quanto nós. Mas Mance nunca chegou a encontrar o berrante, isso vale de alguma coisa. O Berrante do Inverno. Era isso que ele andava à procura nas escavações que fez nas nascentes do Guadeleite.
    Meistre Aemon fez uma pausa, com o pano da lavagem na mão.
    - O Berrante do Inverno é uma lenda antiga. O Rei-Para-lá-da-Muralha realmente acredita que tal coisa existe?
    - Todos acreditam - disse Jon. - Ygritte disse que abriram uma centena de tumbas... tumbas de reis e heróis, ao longo de todo o vale do Guadeleite, mas não chegaram...
    - Quem é Ygritte? - perguntou Donal Noye sem rodeios.
    - Uma mulher do povo livre. - Como poderia explicar Ygritte para eles? Ela é quente, esperta e engraçada, e tanto pode beijar um homem como rasgar seu pescoço. - Ela está com Styr, mas não é... é jovem, só uma garota, na verdade, selvagem, mas ela... - Ela matou um velho por fazer uma fogueira. Sentiu a língua inchada e desajeitada. O leite de papoula es¬tava anuviando seus pensamentos. - Quebrei os meus votos com ela. Não queria, mas... - Foi errado. Foi errado amá-la, foi errado deixá-la... - Não fui suficientemente forte. O Meia-Mão ordenou-me, cavalgue com eles, observe, não posso vacilar, eu... - Sentia a cabeça como se estivesse recheada de lã molhada.
    Meistre Aemon voltou a cheirar o ferimento de Jon. Então pôs o pano ensangüentado na bacia novamente e disse:
    - Donal, a faca quente, por favor. Vou precisar que o mantenha imóvel.
    Não gritarei, disse Jon a si mesmo quando viu a lâmina brilhando, rubra. Mas também quebrou esse voto. Donal Noye segurou-o enquanto Clydas ajudava a guiar a mão do meistre. Jon não se mexeu, salvo para esmurrar a mesa, uma vez e outra mais. A dor foi tão enorme- mente violenta
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:50 pm

    que se sentiu pequeno, fraco e impotente dentro dela, uma criança choramin¬gando no escuro. Ygritte, pensou, quando o fedor da carne queimada subiu ao seu nariz e o som de seu próprio berro ecoou nos ouvidos. Ygritte, tive de fazer isso. Durante meio segundo, a agonia começou a diminuir. Mas então o ferro voltou a tocá-lo e ele desmaiou.
    Quando suas pálpebras se abriram, estremecendo, estava envolto em lãs espessas e flutuava. Parecia não ser capaz de se mover, mas não importava. Durante algum tempo, sonhou que Ygritte se encontrava ao seu lado, cuidando dele com mãos suaves. Por fim, fechou os olhos e adormeceu.
    A segunda vez que acordou não foi tão branda. O quarto estava escuro, mas sob as mantas a dor tinha voltado, um latejar na perna que se transformava em uma faca quente ao menor movimento. Jon ficou sabendo disso da pior maneira possível, quando tentou ver se ainda tinha a perna. Arquejando, engoliu um grito e voltou a fechar o punho.
    - Jon? - uma vela surgiu, e um rosto de que se recordava bem estava olhando-o, com orelhas grandes e tudo. - Não devia se mexer.
    - Pyp? - Jon estendeu a mão para cima, e o outro rapaz apertou-a. - Pensava que você tinha ido...
    - ... com a Velha Romã? Não, ele acha que eu sou muito pequeno e verde. Grenn também está aqui,
    - Também estou aqui. - Grenn aproximou-se do outro lado da cama. - Acabei dor¬mindo.
    Jon tinha a garganta seca.
    - Água - arquejou. Grenn trouxe-a e levou-a aos lábios de Jon. - Eu vi o Punho - disse depois de beber um longo trago. - O sangue, e os cavalos mortos... Noye disse que uma dúzia de homens conseguiu voltar... quem?
    - Dywen conseguiu. Gigante, Edd Doloroso, Doce Donnel Hill, Ulmer, Lew Mão Esquerda, Garth Pena-Cinza. Mais quatro ou cinco. Eu.
    - Sam?
    Grenn afastou o olhar.
    - Ele matou um dos Outros, Jon. Eu vi. Apunhalou-o com aquela faca de vidro de dragão que você fez para ele, e começamos a chamá-lo de Sam, o Matador. Ele detestava.
    Sam, o Matador. Jon dificilmente conseguiria imaginar um guerreiro menos provável para receber tal nome do que Sam Tarly.
    - O que aconteceu com ele?
    - Nós o abandonamos. - Grenn soava infeliz. - Sacudi-o e gritei com ele, até dei um tabefe na cara dele. Gigante tentou puxá-lo para colocá-lo em pé, mas ele era pesado de¬mais. Lembra-se de como ele costumava se enrolar no chão durante o treino e ficar ali cho¬ramingando? Na Fortaleza de Craster nem sequer choramingava. Adaga e Ollo estavam desfazendo as paredes à procura de comida, Garth e o outro Garth lutavam, alguns estu¬pravam as mulheres de Craster. Edd Doloroso achou que o grupo do Adaga fosse matar todos os homens leais para evitar que contassem o que eles tinham feito, e eram dois para cada um de nós. Abandonamos Sam com o Velho Urso. Ele não queria se mexer, Jon.
    Era seu irmão, quase disse. Como pôde abandoná-lo no meio de selvagens e assassinos?
    - Ele pode ainda estar vivo - disse Pyp. - Pode pregar urna surpresa em todos nós e chegar aqui amanhã, a cavalo,
    - Com a cabeça de Mance Rayder, sim. - Jon via que Grenn estava tentando parecer alegre, - Sam, o Matador!
    Jon tentou se sentar novamente. Foi um erro tão grande como da primeira vez. Gri¬tou, xingando.
    - Grenn, vá acordar Meistre Aemon - disse Pyp. - Diga que o Jon precisa de mais leite de papoula.
    Sim, pensou Jon.
    - Não - disse, - O Magnar...
    - Nós sabemos - disse Pyp. - As sentinelas na Muralha receberam ordens para man¬ter um olho virado para o sul, e Donal Noye despachou alguns homens para o Espinhaço do Tempo, para vigiar a estrada do rei. Meistre Aemon também enviou aves para Atalaia¬leste e a Torre Sombria.
    Meistre Aemon aproximou-se da cama, com uma mão no ombro de Grenn.
    - Jon, seja brando consigo mesmo. E bom que tenha acordado, mas precisa de um tempo para sarar. Encharcamos o ferimento com vinho fervente e fechamo-lo com um cataplasma de urtigas, sementes de mostarda e pão bolorento, mas se não descansar...
    - Não posso. - Jon lutou contra a dor para se sentar. - Mance estará aqui em breve... milhares de homens, gigantes, mamutes... a notícia já foi enviada a Winterfell? Ao rei? - suor pingou de sua testa. Fechou os olhos por um momento.
    Grenn dirigiu a Pyp um olhar estranho.
    - Ele não sabe.
    - Jon - disse Meistre Aemon aconteceram muitas coisas enquanto esteve longe, e poucas foram boas. Balon Greyjoy voltou a se coroar e mandou os seus dracares contra o Norte. Brotam reis de todos os lados como ervas daninhas, e enviamos apelos a todos eles, mas nenhum virá. Têm usos mais prementes para as suas espadas, e nós estamos longe e esquecidos, E Winterfell.,, Jon, seja forte,,, Winterfell já não existe,
    - Não existe? - Jon fitou os olhos brancos e o rosto enrugado de Aemon, - Meus irmãos estão em Winterfell. Bran e Rickon.,,
    O meistre tocou sua testa.
    - Lamento tanto, Jon. Seus irmãos morreram por ordem de Theon Greyjoy, depois de tomar Winterfell em nome do pai. Quando os vassalos de seu pai ameaçaram retomar o castelo, Greyjoy entregou-o às chamas.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:51 pm

    - Seus irmãos foram vingados - disse Grenn, - O filho de Bolton matou todos os homens de ferro, e dizem que está esfolando Theon Greyjoy centímetro por centímetro pelo que fez.
    - Lamento, Jon, - Pyp apertou seu ombro, - Todos lamentamos.
    Jon nunca gostara de Theon Greyjoy, mas ele fora protegido do pai. Outro espasmo de dor atacou sua perna e, sem saber como, viu-se de novo deitado de costas.
    - Há algum engano - insistiu. - Em Coroadarrainha vi um lobo gigante, um lobo gigante cinza... cinza... ele me reconheceu. - Se Bran estava morto, poderia uma parte dele sobreviver em seu lobo, tal como Orell vivia no interior de sua águia?
    - Beba isto. - Grenn levou uma taça aos lábios dele.
    Jon bebeu. Tinha a cabeça cheia de lobos e águias e do som dos risos dos irmãos. Os rostos em volta dele começaram a se misturar e a desvanecer. Eles não podem estar mortos. Theon nunca faria isso, E Winterfell.. granito cinza, carvalho e ferro, corvos voando em volta das torres, vapor subindo das lagoas quentes no bosque sagrado, os reis de pedra sentados em seus tronos... como podia Winterfell ter desaparecido?
    Quando os sonhos o dominaram, viu-se de novo em casa, chapinhando nas lagoas quentes sob um enorme represeiro branco que tinha o rosto do pai. Ygritte acompanhava- -o, rindo dele, livrando-se das peles até ficar nua como no dia de seu nome, tentando beijá-lo, mas ele não podia fazê-lo, com o pai a observar, não. Ele era do sangue de Win¬terfell, um homem da Patrulha da Noite. Não gerarei um bastardo, disse-lhe. Não o farei. Não o farei,
    - Você não sabe nada, Jon Snow - sussurrou ela, com a pele se dissolvendo na água quente, e a carne se desprendendo dos ossos até que só restaram o crânio e o esqueleto, e a lagoa borbulhava, espessa e rubra.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:52 pm

    Catelyn 576



    O
    uviram o Ramo Verde antes de o verem, um sussurro incessante, como o rugido de um grande animal qualquer. O rio era uma torrente fervente, com uma largura vez e meia superior à que tinha no ano anterior, quando Robb dividiu o exército ali e jurou tomar uma Frey como noiva, o preço a pagar pela travessia. Precisava então de Lorde Wal¬der e de sua ponte, e precisa ainda mais deles agora. O coração de Catelyn estava cheio de desconfianças enquanto observava as escuras águas verdes que passavam por ela rodo¬piando. Não bá como vadearmos isto, ou atravessarmos a nado, epode se passar uma volta de lua até que estas águas baixem novamente.
    Quando se aproximaram das Gêmeas, Robb colocou a coroa e chamou Catelyn e Ed¬mure para cavalgarem a seu lado. Sor Raynald Westerling levava o seu estandarte, o lobo gigante de Stark sobre o fundo cor de gelo.
    As torres da guarita emergiram da chuva como fantasmas, aparições cinzentas e bru- mosas que iam ficando mais sólidas à medida que se aproximavam. A fortaleza Frey não era um castelo, mas dois; imagens espelhadas de pedra úmida, erguidas dos lados opos¬tos da água, ligadas por uma grande ponte em arco. No centro dessa ponte estava a Torre da Água, com o rio correndo por baixo, direto e veloz. Tinham sido abertos canais nas margens, para formar fossos que transformavam cada uma das gêmeas numa ilha. As chuvas tinham transformado os fossos em lagos rasos.
    Do outro lado das águas turbulentas, Catelyn conseguia ver vários milhares de ho¬mens acampados em volta do castelo oriental, com estandartes que pendiam, como ou¬tros tantos gatos afogados, das lanças à porta de suas tendas. A chuva tornava impossível distinguir cores e símbolos. A maioria era cinza, parecia a ela, se bem que, sob aquele tipo de céu, todo o mundo parecia cinza.
    - Pise aqui com cautela, Robb - disse, prevenindo o filho. - Lorde Walder tem a pele fina e a língua afiada, e alguns desses seus filhos devem sem dúvida ter saído ao pai. Não pode deixar que o provoquem.
    -Eu conheço os Frey, mãe. Sei quanto os injuriei e até que ponto necessito deles. Serei doce como um septão.
    Catelyn mexeu-se desconfortavelmente na sela.
    - Se nos forem oferecidos refrescos na chegada, não recuse sob nenhum pretexto. Aceite o que for oferecido, e coma e beba onde todos possam ver. Se nada for oferecido, peça pão, queijo e uma taça de vinho.
    - Estou mais molhado do que faminto...
    - Robb, escute-me. Depois de comer do seu pão e sal, tem os direitos do hóspede, e as leis da hospitalidade protegem-no sob o telhado dele.
    Robb pareceu mais divertido do que assustado.
    - Tenho um exército para me proteger, mãe, não preciso confiar em pão e sal. Mas se Lorde Walder desejar me servir corvo guisado recheado de larvas, vou comê-lo e pedirei uma segunda porção.
    Quatro Frey saíram a cavalo da guarita ocidental, envoltos em pesados mantos e es¬pessa lã cinza. Catelyn reconheceu Sor Ryman, filho do falecido Sor Stevron, o primogê¬nito de Lorde Walder. Com o pai morto, Ryman era herdeiro das Gêmeas. O rosto que viu por baixo de seu capuz era robusto, largo e bruto. Os outros três eram provavelmente filhos dele, bisnetos de Lorde Walder.
    Edmure confirmou essa suposição.
    - Edwyn é o mais velho, o homem pálido e esguio com cara de prisão de ventre. O duro com a barba é Walder Negro, um tipo bem desagradável. Petyr vem no baio, é o rapaz com a cara destroçada. Os irmãos chamam-no de Petyr Espinha, E só um ano ou dois mais velho do que Robb, mas Lorde Walder casou-o aos dez anos com uma mulher com o triplo da idade dele. Deuses, espero que Roslin não se pareça com ele.
    Pararam para permitir que os anfitriões viessem até eles. O estandarte de Robb pen¬dia de seu mastro, e o som constante da chuva misturava-se com o estrondo do Ramo Verde em enchente, à direita. Vento Cinzento avançou ligeiramente, de cauda tesa, ob¬servando através de olhos rasgados de um dourado escuro. Quando os Frey se aproxi¬maram até meia dúzia de metros, Catelyn ouviu-o rosnar, um ribombar profundo que parecia quase unir-se à fúria do rio. Robb pareceu alarmado.
    - Vento Cinzento, aqui. Aqui!
    Mas o lobo gigante saltou em frente, rosnando.
    O palafrém de Sor Ryman recuou com um relincho de medo, e o de Petyr Espinha empinou-se e derrubou-o. Só Walder Negro manteve a montaria sob controle. Estendeu a mão para o cabo da espada.
    - Não! - Robb gritou. - Vento Cinzento, aqui. Aqui. - Catelyn esporeou e colocou- -se entre o lobo gigante e os outros cavalos. Lama espirrou dos cascos de sua égua quan¬do cortou o caminho de Vento Cinzento. O lobo desviou-se, e só então pareceu ouvir os chamados de Robb.
    - E assim que um Stark faz as pazes? - gritou Walder Negro, com aço nu na mão. - Parece-me uma saudação ruim mandar o seu lobo contra nós. Foi para isso que veio?
    Sor Ryman tinha desmontado para ajudar Petyr Espinha a se levantar, O rapaz estava enlameado, mas não se ferira.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:52 pm

    - Vim para pedir perdão pela desfeita que fiz à sua Casa e para assistir ao casamento de meu tio. - Robb saltou de sua sela. - Petyr, leve o meu cavalo. O seu quase já chegou ao estábulo.
    Petyr olhou para o pai e disse:
    - Posso seguir na garupa de um dos meus irmãos.
    Os Frey não mostraram qualquer sinal de reverência.
    - Chegaram tarde - declarou Sor Ryman.
    - As chuvas atrasaram-nos - disse Robb. - Enviei uma ave.
    - Não vejo a mulher.
    Por a mulher, Sor Ryman referia-se a Jeyne Westerling, e todos sabiam. A Senhora Catelyn sorriu com uma expressão apologética.
    - A Rainha Jeyne estava fatigada após tantas viagens, senhores. Sem dúvida ficará feliz em vir visitá-los quando os tempos estiverem mais estáveis.
    - Meu avô ficará descontente. - Embora Walder Negro tivesse embainhado a espada, o tom de voz não era mais amigável. - Falei muito a ele sobre a senhora, e ele desejava contemplá-la com os próprios olhos.
    Edwyn limpou a garganta.
    - Temos aposentos preparados para o senhor na Torre da Água, Vossa Graça - disse a Robb com uma cortesia cuidadosa -, bem como para Lorde Tully e a Senhora Stark. Os senhores seus vassalos também são convidados a se abrigar sob o nosso teto e a parti¬cipar do banquete de casamento.
    - E os meus homens? - perguntou Robb.
    - O senhor meu avô lamenta não poder alimentar ou hospedar uma tropa tão grande. Temos sentido grandes dificuldades para encontrar forragem e mantimentos para nossos próprios recrutas. Apesar disso, os seus homens não serão negligenciados. Se atravessa¬rem e montarem acampamento junto do nosso, levaremos barris de vinho e cerveja em quantidade suficiente para que todos bebam à saúde de Lorde Edmure e sua noiva. Er¬guemos três grandes tendas para banquetes na outra margem, para lhes dar algum abrigo das chuvas.
    - O senhor seu pai é muito gentil. Meus homens vão lhe agradecer. Tiveram uma longa e úmida viagem.
    Edmure Tully fez o cavalo avançar.
    - Quando conhecerei a minha prometida?
    - Ela espera o senhor lá dentro - prometeu Edwyn Frey. - Eu sei que irão perdoá-la se parecer tímida. Tem esperado este dia quase com ansiedade, pobre donzela. Mas tal¬vez devamos prosseguir a conversa fora desta chuva?
    - Certamente. - Sor Ryman voltou a montar, puxando Petyr Espinha para trás de si. - Se puderem me seguir, meu pai os espera. - Virou a cabeça do palafrém na direção das Gêmeas.
    Edmure pôs-se ao lado de Catelyn.
    - O Atrasado Lorde Frey podia ter achado por bem vir nos receber em pessoa - pro¬testou. - Sou seu suserano e futuro genro, e Robb é seu rei.
    - Quando tiver noventa e um anos, irmão, verá a vontade que tem de andar a cavalo na chuva. - Mas perguntou a si mesma se aquilo seria toda a verdade. Lorde Walder normal¬mente deslocava-se numa liteira coberta, que teria mantido a maior parte da chuva afasta¬da. Uma desfeita deliberada? Se fosse, podia ser a primeira de muitas outras ainda por vir.
    Houve mais problemas na guarita. Vento Cinzento recusou-se a avançar no meio da ponte levadiça, sacudiu a chuva do pelo e uivou à porta levadiça. Robb assobiou impacientemente.
    - Vento Cinzento. O que foi? Vento Cinzento, comigo. - Mas o lobo gigante límitou- -se a mostrar os dentes. Ele não gosta deste lugar, pensou Catelyn. Robb teve de se agachar e falar calmamente ao lobo antes de o animal consentir em passar sob a porta levadiça. A essa altura, Lothar Coxo e Walder Rivers já tinham se aproximado.
    - O que ele teme é o som da água - disse Rivers. - Os animais sabem que devem evitar o rio em cheia.
    - Um canil seco e uma perna de carneiro vão deixá-lo bom de novo - disse alegre¬mente Lothar. - Devo chamar nosso mestre dos cães?
    - Ele é um lobo gigante, não um cão - disse Robb -, e é perigoso para os homens que não conhece. Sor Raynald, fique com ele. Não o levarei neste estado para o salão de Lorde Walder.
    Foi hábil, decidiu Catelyn. Robb mantém também o Westerling longe da vista de Lorde Walder.
    A gota e os ossos frágeis tinham cobrado o seu preço do velho Walder Frey. Foram encontrá-lo sentado em seu cadeirão, com uma almofada por baixo e uma manta de armi- nho sobre as pernas. A cadeira era de carvalho negro, com o espaldar esculpido de modo a se assemelhar a duas robustas torres, unidas por uma ponte em arco, tão maciças que seu abraço transformava o velho numa grotesca criança. Havia algo de abutre em Lorde Walder, e bastante mais de doninha. Sua cabeça calva, manchada pela idade, projetava-se dos ombros descarnados no topo de um longo pescoço cor-de-rosa. Pele solta pendia sob seu queixo recuado, os olhos eram remelentos e ene voados, e a boca desdentada movia-se constantemente, sugando o ar vazio como um bebê suga o seio da mãe.
    A oitava Senhora Frey estava em pé ao lado do cadeirão de Lorde Walder. Aos seus pés sentava-se uma versão mais nova de si mesmo, um homem corcunda e magro de cin¬qüenta anos, cujo traje dispendioso de lã azul e cetim cinza era estranhamente realçado por uma coroa e colar ornamentados por minúsculos guizos de latão. A semelhança en¬tre ele e o seu senhor era notável, exceto nos olhos; os de Lorde Walder eram pequenos, sombrios e desconfiados, os do outro, grandes, amigáveis e vagos. Catelyn lembrou-se de que um dos filhos de Lorde Walder tinha sido pai de um débil mental muitos anos antes. Durante visitas anteriores, o Senhor da Travessia teve sempre o cuidado de esconder aquele neto. Será que ele usou sempre uma coroa de bobo, ou terá sido isso pensado como forma de zombar de Robb? Era uma pergunta que não se atrevia a fazer.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:53 pm

    Filhos, filhas, netos, maridos, esposas e criados Frey atulhavam o resto do salão. Mas foi o velho que falou.
    - Vai me perdoar por não me ajoelhar, eu sei. Minhas pernas já não funcionam como antes, embora aquilo que pende entre elas trabalhe bastante bem, heh. - Sua boca abriu num sorriso desdentado enquanto examinava a coroa de Robb. - Alguns diriam que o rei que se coroa com bronze é um pobre rei, Vossa Graça.
    - O bronze e o ferro são mais fortes do que o ouro e a prata - respondeu Robb. - Os antigos Reis do Inverno usavam uma coroa de espadas como esta.
    - De pouco lhes serviu quando os dragões chegaram, Heh. - Aquele heh pareceu agradar ao retardado, que balançou a cabeça de um lado para o outro, fazendo tilintar a coroa e o colar. - Senhor - disse Lorde Walder - perdoe o barulho de meu Aegon. Ele tem menos miolos do que um cranogmano e nunca tinha conhecido um rei. E um dos rapazes de Stevron. Chamamos-lhe Guizo.
    - Sor Stevron falou dele, senhor. - Robb sorriu para o débil mental. - Prazer em conhecê-lo, Aegon. O seu pai era um homem corajoso.
    Guizo fez os guizos soarem. Uma fina linha de cuspe escorreu de um canto de sua boca quando sorriu.
    - Poupe o seu real fôlego. Falar com ele é como falar com um penico. - Lorde Walder transferiu o olhar para os outros. - Bem, Senhora Catelyn, vejo que voltou até nós. E o jovem Sor Edmure, o vencedor do Moinho de Pedra. Agora Lorde Tully, terei de me lem¬brar disso. É o quinto Lorde Tully que conheço. Sobrevivi aos outros quatro, hek A sua noiva anda por aqui, em algum lugar. Suponho que queira dar uma olhada nela.
    - Gostaria, senhor.
    - Então dará. Mas vestida. Ela é uma garota recatada, e donzela. Não a verá nua até a noite de núpcias. - Lorde Walder cacarejou. - Hek Em breve, em breve. - Virou a cabeça. - Benfrey, vá buscar a sua irmã. E seja rápido, Lorde Tully percorreu todo o ca¬minho desde Correrrio. - Um jovem cavaleiro com um sobretudo esquartelado fez uma reverência e retirou-se, e o velho voltou a se virar para Robb, - E onde está a sua noiva, Vossa Graça? A bela Rainha Jeyne. Uma Westerling do Despenhadeiro, segundo me di¬zem, hek
    - Deixei-a em Correrrio, senhor. Ela estava muito cansada para mais viagens, confor¬me expliquei a Sor Ryman.
    - Isso me deixa muito triste. Queria contemplá-la com meus próprios e fracos olhos. Todos queríamos, heh, Não é verdade, minha senhora?
    A pálida e delgada Senhora Frey pareceu sobressaltada por ter sido requisitada a falar.
    - S-sim, senhor. Todos nós desejávamos muito prestar homenagem à Rainha Jeyne. Deve ser bela.
    - É muito bela, senhora. - Havia uma quietude gelada na voz de Robb que recordou a Catelyn o pai dele.
    Ou o velho não a ouviu ou recusou-se a prestar atenção nela.
    - Mais bela do que a minha descendência, heh? De outro modo, como teria o seu ros¬to e formas levado a Graça Real a esquecer sua promessa solene?
    Robb suportou a censura com dignidade.
    - Não há palavras que possam compensar esse fato, bem sei, mas vim dar satisfações pela desfeita que fiz à sua Casa e suplicar o seu perdão, senhor.
    - Satisfações, heh. Sim, jurou dar satisfação, eu lembro. Sou velho, mas não me es¬queço dessas coisas. Ao contrário de certos reis, ao que parece. Os jovens não se lembram de nada quando veem um rosto bonito e um belo e firme par de peitos, não é? Eu era igual. Alguns poderão dizer que ainda sou, heh heh. Estariam errados, porém, tão erra¬dos quanto você. Mas agora aqui está para fazer as pazes. No entanto, foram as minhas garotas que desprezou. Talvez sejam elas que devam ouvi-lo suplicando perdão, Vossa Graça. As minhas donzelas. Olhe para elas. - Quando sacudiu os dedos, uma chuva de feminilidade abandonou seus lugares junto das paredes para se alinhar sob o estrado. Guizo também começou a se levantar, com os guizos cantando alegremente, mas a Se¬nhora Frey agarrou a manga do retardado e puxou-o para baixo.
    Lorde Walder foi-as nomeando.
    - A minha filha Arwyn - disse ele indicando uma garota de catorze anos. - Shirei, a mais nova de minhas filhas legítimas. Ami e Marianne são netas. Casei Ami com Sor Pate de Seterrios, mas a Montanha matou esse palerma, e por isso a tenho de volta aqui. Aquela é uma Cersei, mas a chamamos de Pequena Abelha, a mãe é uma Beesbury. Mais netas. Uma é uma Walda, e as outras... bem, têm nomes, sejam eles quais forem...
    - Eu sou a Merry, Senhor Avô - disse uma garota.
    - É barulhenta, isso é certo. Ao lado da Barulhenta está a minha filha Tyta. Depois outra Walda. Alyx, Marissa... é você, Marissa? Bem que achei. Ela não é sempre careca. O meistre raspou seus cabelos, mas jura que em breve voltarão a crescer. As gêmeas são Serra e Sarra. - Semicerrou os olhos na direção de uma das meninas mais novas. - Heh, você é outra Walda?
    A menina não podia ter mais de quatro anos.
    - Sou a Walda de Sor Aemon Rivers, senhor bisavô. - Fez uma reverência.
    - Há quanto tempo fala? Não que tenha alguma coisa sensata a dizer, seu pai nunca teve. E, além do mais, ele é filho de um bastardo, heh. Vá embora, só queria Freys aqui em cima. O Rei no Norte não se interessa por material ilegítimo. - Lorde Walder olhou de relance para Robb, enquanto Guizo sacudia a cabeça e tilintava. - Aqui estão elas, todas donzelas. Bem, e uma viúva, mas há quem goste de uma mulher já domada. Podia ter escolhido qualquer uma.
    - Teria sido uma escolha impossível, senhor - disse Robb com uma cortesia cuidado¬sa. - São todas adoráveis demais.
    Lorde Walder fungou.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:53 pm

    - E ainda dizem que os meus olhos são ruins. Algumas serviriam bastante bem, su¬ponho. Outras... bem, não importa. Não eram suficientemente boas para o Rei no Norte, beh. O que tem agora a dizer?
    - Minhas senhoras - Robb parecia desesperadamente desconfortável, mas sabia que aquele momento chegaria e enfrentou-o sem vacilar. - Todos os homens devem cumprir com a palavra dada, e os reis mais do que ninguém, Eu prometi me casar com uma de vocês e quebrei esse juramento. A culpa não cabe a vocês. Fiz o que fiz não por desfeita, mas sim porque amava outra. Não há palavras que possam corrigir o que foi feito, bem sei, mas venho perante vocês para lhes pedir perdão, e que os Frey da Travessia e os Stark de Winterfell possam voltar a ser amigos.
    As meninas menores agitaram-se ansiosamente. As irmãs mais velhas esperaram por Lorde Walder, em seu trono negro de carvalho. O Guizo sacudiu-se de um lado para o outro, com os guizos tilintando no colar e na coroa.
    - Ótimo - disse o Senhor da Travessia. - Isso foi muito bom, Vossa Graça. "Não há palavras que possam corrigir o que foi feito", heh. Bem dito, bem dito. Espero que não se recuse a dançar com as minhas filhas no banquete de casamento. Isso satisfaria o coração de um velho, heh. - Balançou sua cabeça enrugada e rosada para cima e para baixo, de uma forma muito semelhante ao jeito como o neto retardado tinha feito, embora Lorde Walder não usasse guizos. - E ali está ela, Lorde Edmure. A minha filha Roslin, o meu botãozinho mais precioso, heh.
    Sor Benfrey introduziu-a no salão. Eram parecidos o suficiente para serem irmãos completos. Considerando a idade, ambos eram filhos da sexta Senhora Frey; uma Rosby, segundo Catelyn julgava recordar.
    Roslin era pequena para a idade, com uma pele tão branca como se tivesse acabado de sair de um banho de leite. Tinha um rosto agradável, com um queixo pequeno, nariz delicado e grandes olhos castanhos. Espessos cabelos castanhos caíam em ondas soltas até uma cintura tão minúscula que Edmure seria capaz de envolvê-la com as mãos. Por baixo do corpete rendado de seu vestido azul-claro, os seios pareciam pequenos, mas bem formados.
    - Vossa Graça. - A garota ajoelhou-se. - Lorde Edmure, espero não ser um desapon¬tamento para o senhor.
    Longe disso, pensou Catelyn, O rosto do irmão tinha se iluminado ao vê-la.
    - É para mim um deleite, senhora - disse Edmure. - E sei que o será sempre.
    Roslin tinha uma pequena fenda entre dois de seus dentes da frente que a deixava
    tímida com os sorrisos, mas a falha era quase cativante. Bastante bonita, pensou Catelyn, mas tão pequena, e tem sangue Rosby, Os Rosby nunca tinham sido robustos. Preferia de longe as constituições de algumas das moças mais velhas presentes no salão; filhas ou netas, não podia ter certeza. Pareciam-se com os Crakehall, e a terceira esposa de Lorde Frey pertencera a essa Casa. Quadris largos para dar à luz crianças, grandes seios para criá- -Ias, braços fortes para carregá-las. Os Crakehall sempre foram uma família de ossos grandes efortes.
    - O senhor é gentil - disse a Senhora Roslin a Edmure.
    - A senhora é linda. - Edmure tomou sua mão e ergueu-a. - Mas por que está cho¬rando?
    - De alegria - disse Roslin. - Choro de alegria, senhor,
    - Basta - interrompeu Lorde Walder, - Pode chorar e sussurrar depois de estar casa¬da, heh. Benfrey, leve a sua irmã de volta aos seus aposentos, ela precisa se preparar para um casamento. E umas núpcias, heh, a melhor parte. Para todos, para todos. ~ A boca moveu-se para dentro e para fora. - Teremos música, uma música tão doce, e vinho, heh, o tinto correrá, e vamos endireitar algumas coisas tortas, Mas agora estão cansados, e também molhados, pingando no meu chão. Há lareiras à sua espera, e vinho quente com especiarias, e banhos, se os quiserem. Lothar, leve nossos hóspedes às suas acomodações.
    - Tenho de tratar da travessia de meus homens para a outra margem, senhor - disse Robb,
    - Eles não se perderão - objetou Lorde Walder. - Já atravessaram uma vez, não foi? Quando vieram do norte. Quiseram atravessar, e eu concedi-lhes passagem, e você nunca disse talvez, heh. Mas faça o que quiser. Leve todos os homens pela mão, se assim enten¬der, por mim tanto faz.
    - Senhor! - Catelyn quase tinha esquecido. - Alguns alimentos seriam muito bem- -vindos. Percorremos muitas léguas sob chuva.
    A boca de Walder Frey moveu-se para dentro e para fora.
    - Alimentos, heh. Um pão, um pouco de queijo, talvez uma salsicha.
    - Algum vinho para empurrar para baixo - disse Robb. - E sal.
    - Pão e sal. Heh. Certamente, certamente, - O velho bateu palmas, e criados entraram no salão, trazendo jarros de vinho e bandejas com pão, queijo e manteiga. O próprio Lorde Walder pegou uma taça de tinto e ergueu-a com uma mão pintalgada. - Meus hóspedes - disse. - Meus hóspedes de honra. Sejam bem-vindos sob o meu teto e à minha mesa.
    - Agradecemos por sua hospitalidade, senhor - respondeu Robb.
    Edmure ecoou as suas palavras, e o mesmo fizeram Grande-Jon, Sor Marq Piper e os outros. Beberam do vinho dele e comeram do seu pão e de sua manteiga. Catelyn provou o vinho e mordiscou um pouco de pão e sentiu-se muito melhor por causa disso. Agora devemos estar a salvo, pensou.
    Sabendo como o velho podia ser mesquinho, esperara que os aposentos que lhes se¬riam dados fossem frios e tristonhos. Mas os Frey pareciam ter feito mais do que amplos preparativos para eles. A câmara nupcial era grande e estava ricamente mobiliada, domi¬nada por uma grande cama com colchão de penas e colunas nos cantos, esculpidas como torres de castelos. Os reposteiros eram do vermelho e azul Tully, uma cortesia simpática. Tapetes perfumados cobriam um chão de tábuas, e uma janela alta e provida de persianas abria-se para o sul. O quarto de Catelyn era pequeno, mas tinha uma mobília bonita e era confortável, com fogo queimando na lareira. Lothar Coxo assegurou-lhes de que Robb teria uma suíte inteira, como era próprio de um rei.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:53 pm

    - Se houver algo que estiver fazendo falta, basta que diga a um dos guardas, - Fez uma reverência e retirou-se, coxeando pesadamente enquanto descia os degraus em espiral,
    - Devíamos colocar nossos próprios guardas - disse Catelyn ao irmão. Descansaria mais facilmente com homens Stark e Tully à sua porta. A audiência com Lorde Walder não havia sido tão penosa como temera, mesmo assim ficaria feliz quando aquilo termi¬nasse. Alguns dias mais, e Robb partirá para a batalha, e eu para um confortável cativeiro em Guardamar. Não tinha dúvidas de que Lorde Jason lhe ofereceria todas as cortesias, mas a idéia ainda a deprimia.
    Ouvia o som dos cavalos, embaixo, vindo da longa coluna de homens montados que abria caminho através da ponte, de castelo a castelo. As pedras trovejavam com a passa¬gem de carroças muito carregadas. Catelyn foi até a janela e olhou para fora, a fim de ver a tropa de Robb emergir da gêmea oriental.
    - A chuva parece estar diminuindo.
    - Agora que estamos aqui dentro. - Edmure estava em pé, junto do fogo, deixando-se lavar pelo calor. - O que achou de Roslin?
    Muito pequena e delicada. Dar à luz será duro para ela. Mas o irmão parecia bastante satisfeito com a garota, e por isso tudo que disse foi:
    - Doce.
    - Creio que ela gostou de mim. Por que estava chorando?
    - E uma donzela na véspera do casamento. Algumas lágrimas são normais. - Lysa chorou lagos na manhã do casamento de ambas, embora tivesse conseguido estar de olhos secos e radiante quando Jon Arryn pôs seu manto creme e azul sobre os ombros dela.
    - Ela é mais bonita do que me atrevia a esperar. - Edmure levantou uma mão antes de Catelyn poder falar, - Eu sei que há coisas mais importantes, poupe-me do sermão, septã. Mesmo assim,,, viu algumas das outras donzelas que o Frey exibiu? A que tinha o tique? Seria aquilo a doença dos tremores? E aquelas gêmeas tinham mais crateras e acne no rosto do que o Petyr Espinha. Quando vi aquele bando, soube que Roslin seria careca e zarolha, com a inteligência do Guizo e o temperamento de Walder Ne¬gro. Mas ela parece tão gentil quanto bela. - Fez uma expressão perplexa, - Por que haveria a velha doninha de recusar que eu escolhesse se não pretendia me empurrar qualquer coisa hedionda?
    - A sua queda por um rosto bonito é bem conhecida - relembrou-lhe Catelyn. - Talvez Lorde Walder realmente queira que seja feliz com a sua noiva. - Ou, o que é mais provável, talvez não tenha querido que você recuasse perante um furúnculo e dificultasse os planos dele. - Ou pode ser que Roslin seja a favorita do velho. O Senhor de Correrrio é uma união muito melhor do que a maior parte das suas filhas pode esperar.
    - Isso é verdade. - Mas o irmão ainda parecia incerto. - Será possível que a garota seja estéril?
    - Lorde Walder quer que o neto herde Correrrio. Que objetivo teria em lhe dar uma esposa estéril?
    - Livra-se de uma filha que ninguém mais aceitaria.
    - De pouco lhe serviria. Walder Frey é mesquinho, mas não é burro.
    - Mesmo assim... será possível?
    - Sim - concedeu Catelyn com relutância. - Há doenças que uma garota pode ter durante a infância que a deixam incapaz de conceber. No entanto, não existe motivo para crer que a Senhora Roslin tenha sofrido delas. - Percorreu o quarto com os olhos. - Os Frey receberam-nos com maior amabilidade do que eu esperava, a bem da verdade.
    Edmure soltou uma gargalhada.
    - Umas tantas palavras espinhosas e um pouco de regozijo indecoroso. Vindo dele, é cortesia. Esperava que a velha doninha mijasse em nosso vinho e nos obrigasse a elogiar a colheita.
    O gracejo deixou Catelyn estranhamente inquieta.
    - Se me der licença, eu devia ir vestir uma roupa seca.
    - Como queira. - Edmure bocejou. - Eu talvez vá cochilar por uma hora.
    Ela retirou-se para o seu quarto. O baú de roupa que trouxera de Correrrio tinha sido carregado para cima e posto aos pés da cama. Depois de se despir e de pendurar a roupa molhada perto da lareira, colocou um vestido quente de lã no vermelho e azul dos Tully, lavou e escovou os cabelos, deixou-os secar, e foi em busca dos Frey.
    O trono negro de carvalho de Lorde Walder estava vazio quando entrou no salão, mas alguns de seus filhos estavam bebendo perto do fogo. Lothar Coxo ergueu-se desa¬jeitadamente quando a viu.
    - Senhora Catelyn, achei que estivesse descansando. Como posso ser útil?
    - Estes são os seus irmãos? - perguntou ela.
    - Irmãos, meios-irmãos, cunhados e sobrinhos. Raymund e eu partilhamos uma mãe. Lorde Lucias Vypren é esposo de minha meia-irmã Lythene e Sor Damon é filho deles. Creio que conhece o meu meio-irmão Sor Hosteen, E este é Sor Leslyn Haigh e os fi¬lhos, Sor Harys e Sor Donnel.
    - Muito prazer, senhores. Sor Perwyn está no castelo? Ele ajudou a me escoltar a Ponta Tempestade e de volta a Correrrio, quando Robb me enviou para falar com Lorde Renly. Gostaria de revê-lo.
    - Perwyn não se encontra nas Gêmeas - disse Lothar Coxo. - Darei os seus cumpri¬mentos. Sei que ele sentirá por não se encontrar com a senhora.
    - Decerto voltará a tempo do casamento da Senhora Roslin?
    - Ele tinha essa esperança - disse Lothar Coxo mas com essa chuva... viu como correm os rios, senhora.
    - De fato vi - disse Catelyn, - Posso pedir que me diga como posso falar com o seu meistre?
    - Não está bem, senhora? - perguntou Sor Hosteen, um homem imponente, com um forte maxilar quadrado.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:54 pm

    - É uma coisa de mulher. Nada que deva preocupá-lo, sor.
    Lothar, sempre atencioso, saiu com ela do salão, acompanhou-a por alguns degraus acima e ao longo de uma ponte coberta até outra escada.
    - Deverá encontrar Meistre Brenett no torreão lá em cima, senhora.
    Catelyn quase esperava que o meistre fosse ser mais um dos filhos de Walder Frey, mas Brenett não se parecia com ele. Era um homem grande e gordo, calvo, com um quei¬xo duplo e não muito asseado, a julgar pelos excrementos de corvo que manchavam as mangas de suas vestes, mas mostrou-se bastante amigável. Quando lhe falou das preocu¬pações de Edmure a respeito da fertilidade da Senhora Roslin, soltou um risinho.
    - O senhor seu irmão nada tem a temer, Senhora Catelyn. Ela é pequena, admito, e de ancas estreitas, mas a mãe era igual, e a Senhora Bethany deu ao Lorde Walder um filho a cada ano.
    - Quantos sobreviveram à infância? - perguntou ela sem rodeios.
    - Cinco. - Contou-os por dedos gordos como salsichas. - Sor Perwyn. Sor Benfrey. Meistre Willamen, que proferiu os votos no ano passado e agora serve Lorde Hunter no Vale. Olyvar, que foi escudeiro de seu filho, E a Senhora Roslin, a mais nova. Quatro rapa¬zes e uma menina. Lorde Edmure terá tantos filhos que não saberá o que fazer com eles.
    - Estou certa de que isso lhe agradará. - Então a garota era provavelmente tão fértil como agradável de se ver. Isso deve descansar a mente de Edmure. Lorde Walder não dera ao irmão motivos para se queixar, até onde Catelyn conseguia ver.
    Não retornou ao seu quarto depois de deixar o meistre; em vez disso foi até Robb. Encontrou Robin Flint e Sor Wendel Manderly com ele, bem como Grande-Jon e o fi¬lho, que ainda chamavam de Pequeno-Jon, embora ameaçasse se tornar mais alto do que o pai. Estavam todos molhados. Outro homem, ainda mais molhado, encontrava-se em pé junto ao fogo com um manto rosa-claro forrado de pele branca.
    - Lorde Bolton - disse ela,
    - Senhora Catelyn - respondeu ele, com uma voz tênue -, é um prazer voltar a vê-la, mesmo em tempos tão difíceis.
    - E bondade sua dizê-lo. - Catelyn conseguia sentir tristeza no aposento. Até Grande-Jon parecia melancólico e vencido. Olhou o rosto carregado dos homens e per¬guntou: - O que aconteceu?
    - Lannisters no Tridente - disse Sor Wendel num tom infeliz. - Meu irmão foi cap¬turado novamente.
    ~ E Lorde Bolton trouxe-nos mais novidades de Winterfell - acrescentou Robb» - Sor Rodrik não foi o único bom homem a morrer. Cley Cerwyn e Leobald Tallhart fo¬ram também mortos.
    - Cley Cerwyn não passava de um rapaz - disse ela, entristecida. - Então é verdade? Todos mortos e Winterfell destruído?
    Os olhos claros de Bolton encontraram-se com os seus.
    - Os homens de ferro queimaram tanto o castelo como a vila de Inverno. Parte do seu povo foi levado para o Forte do Pavor por meu filho, Ramsay.
    - O seu bastardo foi acusado de graves crimes - relembrou-lhe Catelyn em tom pe¬netrante. - Assassinato, violação e coisas piores.
    - Sim - disse Roose Bolton. - Seu sangue está manchado, isso não é possível negar. Mas é um bom guerreiro, tão astuto quanto destemido. Quando os homens de ferro abateram Sor Rodrik, e Leobald Tallhard pouco tempo depois, coube a Ramsay liderar a batalha, e foi o que ele fez. Jura que não vai embainhar a espada enquanto um único Greyjoy permanecer no Norte. Talvez esse serviço possa servir como um pouco de com¬pensação pelos crimes que o seu sangue bastardo o levou a cometer. - Encolheu os om¬bros. - Ou não. Quando a guerra terminar, Sua Graça deverá avaliar os fatos e julgar. Por ora, espero que a Senhora Walda já tenha me dado um filho legítimo.
    Este homem éjrio, compreendeu Catelyn, e não era a primeira vez.
    - Ramsay mencionou Theon Greyjoy? - quis saber Robb, - Foi também morto, ou conseguiu fugir?
    Roose Bolton pegou uma tira rasgada de couro da bolsa que trazia à cintura.
    - Meu filho mandou isto com a carta.
    Sor Wendel virou seu rosto redondo para longe. Robin Flint e o Pequeno-Jon Umber trocaram um olhar, e Grande-Jon resfolegou como um touro.
    - Isso é... pele? - perguntou Robb.
    - A pele do mindinho da mão direita de Theon Greyjoy. Meu filho é cruel, confesso. E no entanto... o que é um pouco de pele comparado com a vida de dois jovens príncipes? Era mãe deles, senhora. Posso oferecer-lhe este,,, pequeno penhor de vingança?
    Parte de Catelyn desejou levar o macabro troféu ao coração, mas obrigou-se a resistir.
    - Guarde-o. Por favor,
    - Esfolar Theon não trará meus irmãos de volta - disse Robb. - Quero a cabeça dele, não a pele.
    - Ele é o único filho sobrevivente de Balon Greyjoy - disse suavemente Lorde Bol¬ton, como se eles tivessem esquecido disso - e agora o legítimo Rei das Ilhas de Ferro. Um rei cativo tem grande valor como refém.
    - Refém? - a palavra irritou Catelyn. Reféns eram freqüentemente trocados. - Lorde Bolton, espero que não esteja sugerindo que libertemos o homem que matou meus filhos,
    - Quem quer que conquiste a Cadeira de Pedra do Mar vai querer Theon Greyjoy morto - ressaltou Bolton. - Até acorrentado tem uma pretensão superior à de qualquer um de seus tios. Sugiro que o mantenhamos prisioneiro e que exijamos concessões por parte dos homens de ferro, como preço a pagar por sua execução.
    Robb pesou relutantemente a idéia, mas por fim assentiu.
    - Sim. Muito bem. Assim sendo, mantenha-o vivo. Por ora. Mantenha-o bem preso no Forte do Pavor até retomarmos o Norte.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:54 pm

    Catelyn voltou-se de novo para Roose Bolton.
    - Sor Wendel disse algo sobre Lannisters no Tridente?
    - Disse, senhora. Culpo-me pelo fato. Atrasei demais a partida de Harrenhal, Aenys Frey partiu vários dias antes de mim e atravessou o vau rubi, embora não sem dificuldade, Mas quando nós chegamos lá, o rio era uma torrente. Não tive alterna¬tiva exceto atravessar meus homens em pequenos barcos, os quais possuíamos em quantidade insuficiente. Dois terços de minhas forças encontravam-se na margem norte quando os Lannister atacaram aqueles que ainda esperavam para atravessar. Homens de Norrey, Locke e Burley, principalmente, com Sor Wylis Manderly e seus cavaleiros de Porto Branco na retaguarda. Eu estava do lado errado do Tridente, im¬potente para lhes prestar assistência. Sor Wylis reagrupou nossos homens o melhor que pôde, mas Gregor Clegane atacou com cavalaria pesada e empurrou-os para o rio. Os que se afogaram foram tantos quanto os abatidos, A maior parte fugiu, mas os demais foram capturados.
    Gregor Clegane significava sempre má notícia, pensou Catelyn. Teria Robb de voltar a marchar para o sul a fim de lidar com ele? Ou viria a Montanha a caminho dali?
    - Então Clegane atravessou o rio?
    - Não. - A voz de Bolton era baixa, mas segura. - Deixei seiscentos homens no vau. Lanceiros dos córregos, das montanhas e da Faca Branca, cem arqueiros Hornwood, alguns cavaleiros livres e cavaleiros menores, e uma poderosa força de homens Stout e Cerwyn para lhes dar apoio. Ronnel Stout e Sor Kyle Condon têm o comando. Sor Kyle era o braço direito do falecido Lorde Cerwyn, como decerto sabe, senhora. Os leões não nadam melhor do que os lobos. Enquanto os rios permanecerem cheios, Sor Gregor não atravessará.
    - A última coisa de que necessitamos é a Montanha em nossas costas quando avan¬çarmos pelo talude - disse Robb. - Fez bem, senhor,
    - E muita bondade de Vossa Graça. Sofri pesadas perdas no Ramo Verde, e Glover e Tallhart mais ainda em Valdocaso.
    - Valdocaso. - Robb fez da palavra uma praga. - Robett Glover responderá por isso quando voltar a vê-lo, garanto.
    - Uma loucura - concordou Lorde Bolton -, mas Glover tornou-se imprudente de¬pois de saber que Bosque Profundo tinha caído. O desgosto e o medo fazem isso aos homens.
    Valdocaso era um assunto terminado e antigo; eram as batalhas ainda a travar que preocupavam Catelyn.
    - Quantos homens trouxe ao meu filho? - perguntou a Roose Bolton num tom con¬tundente.
    Os estranhos olhos sem cor do homem estudaram seu rosto por um instante antes de responder.
    - Cerca de quinhentos homens de cavalaria e três mil de infantaria, senhora. Homens do Forte do Pavor, na sua maior parte, e alguns de Karhold. Com a lealdade dos Karstark agora tão duvidosa, achei melhor mantê-los por perto. Lamento que não sejam mais.
    - Deverá bastar - disse Robb. - Ficará com o comando de minha retaguarda, Lorde Bolton. Pretendo me dirigir ao Gargalo assim que meu tio estiver casado. Vamos para casa.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:55 pm

    Arya - 591



    O
    s batedores aproximaram-se deles a uma hora do Ramo Verde, quando a carroça se arrastava ao longo de uma estrada lamacenta.
    - Fique com a cabeça abaixada e a boca fechada - avisou-a Cão de Caça quando os três esporearam os cavalos na direção deles; um cavaleiro e dois escudeiros, com armadu¬ras leves e montados em palafréns rápidos.
    Clegane chicoteou a parelha, um par de velhos cavalos de tração que já tinham co¬nhecido dias melhores. A carroça rangia e oscilava, suas duas enormes rodas de madeira faziam esguichar lama dos profundos sulcos da estrada a cada curva. Estranho seguia atrás, amarrado ao veículo.
    O grande corcel de temperamento ruim não usava armadura, jaezes ou arreios, e o próprio Cão de Caça seguia vestido de tecido grosseiro, verde e sujo, e uma capa de um cinza fuliginoso com um capuz que engolia sua cabeça. Desde que mantivesse os olhos baixos não era possível ver seu rosto, enxergava-se apenas o branco de seus olhos esprei¬tando para fora. Parecia um agricultor empobrecido. Mas um agricultor grande. E Arya sabia que sob o tecido grosseiro havia couro fervido e cota de malha oleada. Ela parecia um filho de agricultor, ou talvez de um criador de porcos. E atrás deles seguiam quatro barris rotundos de porco salgado e um de pés de porco em salmoura.
    Os homens a cavalo dispersaram-se e cercaram-nos para observá-los antes de se apro¬ximarem. Clegane fez a carroça parar e esperou pacientemente. O cavaleiro portava lança e espada, ao passo que seus escudeiros usavam arcos. O símbolo em seus gibões era uma versão menor daquele que seu chefe trazia cosido ao sobretudo; uma forquilha negra sobre barra dourada à direita, em fundo cor de ferrugem. Arya tinha pensado em se reve¬lar aos primeiros batedores que encontrassem, mas sempre imaginara homens de manto cinzento, com o lobo gigante ao peito. Até poderia ter arriscado, caso tivessem exibido o gigante de Umber ou o punho de Glover, mas não conhecia o cavaleiro da forquilha nem sabia a quem ele servia. A coisa mais parecida com uma forquilha que tinha visto em Winterfell foi o tridente na mão do tritão de Lorde Manderly.
    - Tem negócios nas Gêmeas? - perguntou o cavaleiro.
    - Porco salgado para o banquete de casamento, por sua mercê, sor. - Cão de Caça murmurou a resposta, de olhos baixos e rosto escondido.
    - Porco salgado nunca me agradou. - O cavaleiro da forquilha não deu a Clegane mais do que o mais apressado dos relances e não prestou qualquer atenção em Arya, mas
    olhou longa e duramente para o Estranho. O garanhão não era nenhum cavalo de tração, isso ficava claro à primeira vista. Um dos escudeiros quase acabou na lama quando o grande corcel negro deu uma mordida em sua montaria. - Como arranjou este animal? - exigiu saber o cavaleiro da forquilha.
    - A senhora disse-me para trazê-lo, sor - disse humildemente Clegane. - É um pre¬sente de casamento para o jovem Lorde Tully.
    - Que senhora? A quem serve?
    - A velha Senhora Whent, sor.
    - Será que ela pensa que pode comprar Harrenhal de volta com um cavalo? - per¬guntou o cavaleiro. - Deuses, haverá algum tolo maior do que um velho tolo? - Mas fez sinal para que avançassem. - Sigam em frente, então.
    - Sim, senhor. - Cão de Caça voltou a estalar o chicote, e os velhos cavalos de carga retomaram seu cansativo rumo. As rodas tinham se enterrado profundamente na lama durante a pausa, e foi preciso algum tempo para que a parelha retomasse o movimento. A essa altura, os batedores já se afastavam. Clegane dirigiu-lhes um último olhar e fun¬gou. - Sor Donnel Haigh - disse. - Tirei mais cavalos dele do que sou capaz de contar, E armaduras também. Uma vez quase o matei num corpo a corpo,
    - Então como é que ele não o reconheceu? - perguntou Arya,
    - Porque os cavaleiros são estúpidos, e olhar duas vezes para um camponês bexigoso qualquer estaria abaixo do nível dele. - Deu um toque com o chicote nos cavalos. - Man¬tenha os olhos baixos e o tom respeitoso, e diga muitas vezes sor, que a maior parte dos cavaleiros nem sequer a verão. Prestam mais atenção nos cavalos do que nos plebeus. Ele podia ter reconhecido o Estranho, se tivesse me visto alguma vez montado nele.
    Mas teria reconhecido a sua cara. Arya não tinha dúvidas quanto a isso, Não era fácil esquecer as queimaduras de Sandor Clegane depois de vê-las. E ele também não podia esconder as cicatrizes atrás de um elmo; pelo menos não de um elmo com a forma de um cão rosnando.
    Foi para isso que precisaram da carroça e dos pés de porco em salmoura.
    - Não vou ser arrastado acorrentado até a presença de seu irmão - tinha lhe dito Cão de Caça - e prefiro não ter de abrir caminho com a espada através de seus homens, para chegar até ele. Portanto, vamos jogar um pequeno jogo,
    Um agricultor encontrado por acaso na estrada do rei fornecera-lhes a carroça, os cavalos, o vestuário e os barris, embora não de boa vontade. Cão de Caça tinha roubado tudo na ponta da espada, Quando o agricultor o xingou de ladrão, ele disse:
    ~ Não, sou um forrageiro, Fique agradecido por ficar com a roupa de baixo. Agora tire essas botas. Senão corto suas pernas, A escolha é sua, - O agricultor era tão grande quanto Clegane, mesmo assim preferiu ceder as botas e ficar com as pernas.
    O anoitecer foi encontrá-los ainda se arrastando na direção do Ramo Verde e dos castelos gêmeos de Lorde Frey. Estou quase lá, pensou Arya. Sabia que devia se sentir ansiosa, mas tinha um nó apertado na barriga. Talvez fosse só da febre que vinha combatendo, mas talvez não. Na
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:55 pm

    noite anterior teve um pesadelo, um pesadelo ter¬rível Agora não conseguia se lembrar do sonho, mas a sensação tinha permanecido ao longo de todo o dia. Se algo havia mudado, fora apenas para se tornar mais forte. O medo golpeia mais profundamente do que as espadas♦ Tinha de ser forte, como o pai havia lhe dito. Nada havia entre ela e a mãe além de um portão de castelo, um rio e um exército... mas era o exército de Robb, portanto ali não havia nenhum perigo real. Não é?
    Roose Bolton era um deles, no entanto. O Senhor Sanguessuga, como os fora da lei o chamavam. Isso deixava-a inquieta. Fugira de Harrenhal tanto para se livrar de Bolton como dos Saltimbancos Sangrentos e teve de cortar a garganta de um de seus guardas para fugir. Será que ele sabia que ela tinha feito isso? Ou teria culpado Gendry ou Tor¬ta Quente? Teria contado à mãe dela? O que faria se a visse? Provavelmente nem sequer me reconhecerá. Por esses dias, parecia-se mais com uma ratazana afogada do que com a copeira de um senhor. Uma ratazana afogada macho. Cão de Caça tinha cortado mãos- -cheias de cabelo apenas dois dias antes. Era um barbeiro ainda pior do que Yoren, e deixara-a meio careca de um lado. Robb também não me reconhecerá, aposto. Ou mesmo a mãe. Era uma garotinha da última vez que os viu, no dia em que Lorde Eddard Stark partiu de Winterfell.
    Ouviram a música antes de verem o castelo; o ribombar distante de tambores, o es¬trondo brônzeo de trombetas, os guinchos finos das gaitas de foles soando tênues sob o rugido do rio e o som da chuva batendo em sua cabeça.
    - Perdemos a boda - disse Cão de Caça -, mas parece que a festa ainda dura. Em breve, vou me ver livre de você.
    Não, eu é que me verei livre de você, pensou Arya.
    Até aquele ponto a estrada seguira principalmente para noroeste, mas agora virava para o oeste, por entre um pomar de macieiras e um milharal submerso e derrubado pela chuva. Passaram pela última das macieiras e ultrapassaram uma elevação, e os castelos, rio e acampamentos surgiram de repente. Havia centenas de cavalos e milhares de ho¬mens, a maioria dos quais andando de um lado para o outro em volta das três enormes tendas para banquetes que se erguiam lado a lado, viradas para os portões do castelo, como três grandes salões feitos de lona. Robb tinha montado seu acampamento bem afastado das muralhas, em terreno mais alto e mais seco, mas o Ramo Verde transbor¬dou as margens e até se apoderou de algumas tendas posicionadas sem cuidado.
    A música que vinha dos castelos era mais alta ali. O som dos tambores e trombetas rolava pelo acampamento. Mas os músicos no castelo mais próximo não estavam tocando a mesma canção dos do castelo da margem oposta, e aquilo parecia mais uma batalha do que uma canção.
    - Eles não são lá muito bons - observou Arya.
    Cão de Caça fez um ruído que podia ter sido uma gargalhada.
    - Há velhas surdas em Lanisporto queixando-se da barulheira, aposto. Tinha ouvido dizer que os olhos de Walder Frey andavam fraquejando, mas ninguém falou da porcaria dos ouvidos dele.
    Arya viu-se desejando que fosse dia. Se o sol estivesse no céu e soprasse vento, pode¬ria ter sido capaz de ver melhor os estandartes. Teria procurado o lobo gigante de Stark, ou talvez o machado de batalha de Cerwyn ou o punho de Glover. Mas, nas sombras da noite, todas as cores pareciam cinza. A chuva reduzira-se a um chuvisco, quase uma névoa, mas um pé-dagua anterior deixara os estandartes tão molhados quanto panos de prato, encharcados e ilegíveis.
    Uma cerca de carros e carroças havia sido disposta ao longo do perímetro, para for¬mar uma muralha rudimentar de madeira contra qualquer ataque que pudesse surgir. Foi aí que os guardas os pararam, A lanterna que o sargento transportava dava luz suficiente para que Arya visse que seu manto era rosa-claro, salpicado com lágrimas vermelhas. Os homens sob o seu comando tinham o símbolo do Senhor Sanguessuga cosido sobre o coração, o homem esfolado do Forte do Pavor. Sandor Clegane contou-lhes a mesma his¬tória que tinha usado com os batedores, mas o sargento Bolton era uma noz mais dura de quebrar do que Sor Donnel Haigh,
    - Porco salgado não é carne própria para o banquete de casamento de um lorde - dis¬se ele com um ar de escárnio.
    - Também tenho pé de porco em salmoura, sor.
    - Para o banquete? Não tem, não. O banquete já está quase no fim. E eu sou um nor- tenho, não um cavaleiro qualquer do sul que ainda mama leite.
    - Disseram-me para ir até o intendente ou o cozinheiro...
    - O castelo está fechado. Os fidalgos não devem ser incomodados. - O sargento pensou por um momento. - Pode descarregar ali, junto das tendas para banquetes. - Apontou com uma mão revestida de cota de malha. - A cerveja deixa um homem com fome, e o velho Frey não vai sentir falta de alguns pés de porco. Seja como for, não tem dentes para eles. Pergunte pelo Sedgekins, ele vai saber o que fazer com você. - Latiu uma ordem, e seus homens empurraram uma das carroças para o lado, para deixá-los entrar.
    O chicote de Cão de Caça incitou a parelha a se aproximar das tendas. Ninguém pareceu prestar nenhuma atenção neles. Passaram chapinhando por fileiras de pavilhões brilhantemente coloridos, com paredes de seda molhada iluminadas como lanternas má¬gicas por lâmpadas e braseiros que ardiam lá dentro; brilhavam em tons de rosa, ouro e verde, listradas, quadriculadas, axadrezadas, ornamentadas com aves e feras, asnas e es¬trelas, rodas e armas. Arya vislumbrou uma tenda amarela com seis bolotas nas paredes, três sobre duas sobre uma. Lorde Smallwood, compreendeu, lembrando-se do Solar de Bolotas, tão distante, e da senhora que tinha lhe dito que era bonita.
    Mas para cada cintilante pavilhão de seda havia duas dúzias de feltro ou lona, opa¬cos e escuros. Havia também tendas-casernas, suficientemente grandes para abrigar duas vintenas de soldados de infantaria, embora até essas parecessem anãs ao lado das três grandes tendas para banquetes. Já se bebia havia horas, ao que parecia. Arya ouviu brin¬des gritados e o bater de taças, misturados com os sons habituais dos acampamentos, ca¬valos relinchando e cães latindo
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:55 pm

    carroças trovejando pela escuridão, risos e pragas, o tinir e ressoar do aço e da madeira. A música ficou ainda mais alta quando se aproximaram do castelo, mas por baixo dela havia um som mais profundo e escuro: o rio, o Ramo Verde em cheia, rugindo como um leão em sua toca.
    Arya torceu-se e virou-se, tentando olhar para todos os lados ao mesmo tempo, na esperança de vislumbrar um lobo gigante, uma tenda decorada em cinza e branco, um rosto que conhecesse de Winterfell. Mas viu apenas estranhos. Fitou um homem que se aliviava nos juncos, mas não era o Alebelly. Viu uma garota seminua fugir de uma tenda aos risos, mas a tenda era azul-clara, e não cinza como a princípio julgara, e o homem que saiu correndo atrás dela usava no gibão um gato-das-árvores, e não um lobo. Por bai¬xo de uma árvore, quatro arqueiros enfiavam cordas enceradas no entalhe de seus arcos, mas não eram arqueiros do pai. Um meistre atravessou o caminho deles, mas era muito novo e magro para ser o Meistre Luwin. Arya fitou as Gêmeas, em cujas torres as janelas altas brilhavam onde quer que houvesse uma vela ardendo. Através da neblina da chuva, os castelos pareciam assustadores e misteriosos, como algo saído de uma das histórias da Velha Ama, mas não eram Winterfell.
    A aglomeração era maior junto das tendas para banquetes. As largas abas estavam atadas, abertas, e os homens entravam e saíam com cornos e canecas nas mãos, alguns com seguidoras de acampamentos. Arya deu uma olhada para dentro quando Cão de Caça passou pela primeira das três tendas e viu centenas de homens aglomerados nos bancos e acotovelando-se em volta dos barris de hidromel, cerveja e vinho. Lá dentro quase não havia espaço para as pessoas se moverem, mas ninguém parecia se importar. Pelo menos estavam quentes e secas, Arya, fria e molhada, teve inveja delas. Alguns ho¬mens até cantavam. A chuvinha fina e brumosa fumegava em volta da porta devido ao calor que escapava do interior,
    - Ao Lorde Edmure e à Senhora Roslin - ouviu uma voz gritar. Todos beberam, e alguém gritou:
    - Ao Jovem Lobo e à Rainha Jeyne.
    Quem é a Rainha Jeyne?, interrogou-se Arya por um breve momento. A única rainha que conhecia era Cersei.
    Buracos para fogueiras tinham sido escavados fora das tendas para banquetes, abri¬gadas sob rudes dosséis de madeira entrelaçada e peles que mantinham a chuva afastada, desde que caísse na vertical. Mas o vento soprava do rio, e entrava chuva suficiente para fazer as fogueiras silvarem e tremularem. Criados viravam peças de carne enfiadas em espetos por cima das chamas. Os cheiros encheram a boca de Arya de água.
    - Não devíamos parar? - perguntou a Sandor Clegane. - Há nortenhos nas tendas. - Reconhecia-os pelas barbas, pelos rostos, pelos mantos de pele de urso e de foca, pelos brindes parcialmente escutados e pelas canções que cantavam; homens Karstark, Umber e dos clãs de montanha. - Aposto que também há homens de Winterfell, - Homens do pai, homens do Jovem Lobo, os lobos gigantes de Stark,
    - Seu irmão está no castelo - disse ele. - Sua mãe também. Quer ir até eles ou não?
    - Sim - disse ela. - Mas e o Sedgekins? - O sargento tinha lhes falado para pergun¬tar por Sedgekins.
    - O Sedgekins pode se foder com um atiçador quente. - Clegane sacudiu o chicote, e mandou-o assobiando através da chuva suave até morder o flanco de um cavalo. - É o seu maldito irmão que eu procuro.

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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:56 pm

    Catelyn 596


    O
    s tambores retumbavam, retumbavam, retumbavam, e a cabeça de Catelyn retumbava com eles. As gaitas gemiam e as flautas soltavam trinados na galeria dos músi¬cos na extremidade do salão; rabecas guinchavam, trombetas soavam, as gaitas de foles gritavam uma melodia animada, mas era a batida dos tambores que dominava tudo. Os sons ecoavam nas vigas, enquanto os convidados comiam, bebiam e gritavam uns para os outros, logo abaixo. Walder Frey deve ser surdo como uma porta para chamar isso de músi¬ca. Catelyn bebericou uma taça de vinho e viu Guizo pavonear-se ao som de "Alysanne". Pelo menos julgava que se pretendia que fosse "Alysanne". Com aqueles músicos, podia perfeitamente ter sido "O urso e a bela donzela".
    Lá fora ainda chovia, mas dentro das Gêmeas o ar estava pesado e quente. Um fogo rugia na lareira, e filas de archotes ardiam, fumacentas, em arandelas de ferro presas às paredes. Mas a maior parte do calor vinha dos corpos dos convidados do casamento, tão apertados ao longo dos bancos que cada homem que tentava levantar a sua taça dava co¬toveladas nas costelas do vizinho.
    Até no estrado estavam mais próximos do que Catelyn teria desejado. Tinha sido colocada entre Sor Ryman Frey e Roose Bolton, e ficara com o nariz cheio de ambos. Sor Ryman bebia como se o vinho estivesse prestes a acabar em Westeros, e suava-o todo pelo sovaco. O homem tinha tomado banho em água de limão, achava, mas ne¬nhum limão era capaz de disfarçar tanto suor acre. Roose Bolton tinha um cheiro mais doce, mas que não era mais agradável. Preferia bebericar hipocraz a vinho ou hidromel, e pouco comia.
    Catelyn não podia censurá-lo pela falta de apetite. O banquete de casamento come¬çou com uma sopa aguada de alho-poró, seguida por uma salada de feijão verde, cebola e beterraba, lúcio escaldado em leite de amêndoa, montinhos de purê de nabo que já estava frio antes de chegar à mesa, geleia de miolos de vitela e carne de vaca fibrosa cozida em leite. Era um pobre repasto para um rei, e os miolos de vitela embrulharam o estômago de Catelyn. Mas Robb comeu sem protestar, e o irmão de Catelyn estava embevecido demais pela noiva para prestar muita atenção à comida.
    Nunca se imaginaria que Edmure passou todo o caminho de Correrrio até as Gêmeas queixando-se de Roslin. Marido e mulher comiam do mesmo prato, bebiam da mesma taça e trocavam castos beijos entre os goles. Edmure mandava embora a maior parte dos pratos. Não podia censurá-lo por isso. Pouco recordava da comida servida em seu ban-
    quete de casamento. Terei chegado a prová-la? Ou será que passei o tempo todo fitando o rosto de Ned, tentando perceber quem ele era?
    O sorriso da pobre Roslin tinha uma certa fixidez, como se alguém o tivesse costura¬do ao rosto dela. Bem, é uma donzela casada, mas a noite de núpcias ainda não aconteceu. Sem dúvida está tão aterrorizada quanto eu estava. Robb encontrava-se sentado entre Alyx Frey e a Bela Walda, duas das mais núbeis donzelas Frey,
    -"Espero que náo se recuse a dançar com as minhas filhas no banquete de casamento" - tinha dito Walder Frey. -"Isso satisfaria o coração de um velho." - Se assim era, seu coração devia estar bem satisfeito; Robb havia desempenhado o seu dever como um rei. Dançou com cada uma das garotas, com a noiva de Edmure e com a oitava Senhora Frey, com a viúva Ami e com a esposa de Roose Bolton, a Walda Gorda, com as gêmeas cheias de espinhas Serra e Sarra, e até com Shirei, a mais nova das filhas de Lorde Walder, que devia ter uns seis anos. Catelyn perguntou a si mesma se o Senhor da Travessia estaria satisfeito, ou se encontraria motivos de queixa em todas as outras filhas e netas que não tiveram a sua vez com o rei.
    - Suas irmãs dançam muito bem - ela disse a Sor Ryman Frey, tentando ser agradável.
    - São tias e primas. - Sor Ryman bebeu um trago de vinho, com o suor escorrendo pelo rosto e desaparecendo na barba.
    Um homem amargo, e embriagado, pensou Catelyn. O Atrasado Lorde Frey podia ser avaro no que tocava a alimentar os seus convidados, mas não tinha economizado na be¬bida. Cerveja, vinho e hidromel fluíam tão depressa quanto o rio, lá fora. Grande-Jon já estava para lá de bêbado. O filho de Lorde Walder, Merrett, estava competindo com ele, taça atrás de taça, mas Sor Whalen Frey desmaiou tentando acompanhar os dois. Catelyn teria preferido que Lorde Umber tivesse achado por bem permanecer sóbrio, mas dizer ao Grande-Jon para não beber era como lhe pedir para não respirar durante algumas horas.
    O Pequeno-Jon Umber e Robin Flint estavam sentados perto de Robb, depois da Bela Walda e de Alyx, respectivamente. Nenhum dos dois estava bebendo; com Patrek Mallister e Dacey Mormont eram, naquela noite, os guardas do filho de Catelyn. Um banquete de casamento não era uma batalha, mas havia sempre perigo quando os ho¬mens se metiam nos copos, e um rei nunca devia ficar sem guarda. Catelyn sentia-se satisfeita com isso, e ainda mais com os cintos de espadas pendurados nos cabides ao longo das paredes. Nenhum homem precisa de uma espada para lidar com geleia de miolos de vitela.
    - Todos pensavam que o meu senhor escolheria a Bela Walda - disse a Senhora Wal¬da Bolton a Sor Wendel, gritando para ser ouvida por sobre a música. Ela mais parecia uma bola de sebo redonda e cor-de-rosa, com olhos azuis lacrimejantes, cabelos louros e sem força e um enorme busto, mas a voz era um guincho trêmulo. Era difícil imaginá-la no Forte do Pavor, com sua renda cor-de-rosa e capa de veiro. - Mas o senhor meu avô ofereceu a Roose o peso da noiva em prata como dote, e meu senhor de Bolton me esco¬lheu, - Os queixos da garota estremeceram quando riu. - Peso quarenta quilos a mais do que a Bela Walda, mas esta foi a primeira vez que fiquei feliz
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:56 pm

    por isso. Agora sou a Se¬nhora Bolton, e minha prima ainda é donzela e em breve fará dezenove anos, pobrezinha.
    Catelyn viu que o Senhor do Forte do Pavor não prestava qualquer atenção à taga- relice. Às vezes provava um pouco disso, uma colher daquilo, arrancando bocados de pão com dedos curtos e fortes, mas a refeição não era capaz de distraí-lo. Bolton fez um brinde aos netos de Lorde Walder quando o banquete de casamento começou, fazendo questão de mencionar que Walder e Walder estavam aos cuidados de seu filho bastardo. Pelo modo como o velho o olhou de viés, com a boca chupando o ar, Catelyn compreen¬deu que ele tinha ouvido a ameaça subjacente.
    Terá alguma vez havido uma boda menos alegre?, perguntou a si mesma até se lembrar de sua pobre Sansa e do casamento com o Duende. Mãe, tenha piedade dela, Ela tem uma alma gentil. O calor, a fumaça e o barulho estavam deixando Catelyn enjoada. Os músicos na galeria podiam ser numerosos e ruidosos, mas não eram particularmente dotados. Catelyn bebeu outro gole de vinho e deixou que um pajem lhe enchesse a taça. Mais algumas horas, e o pior terá chegado ao fim. Amanhã a esta hora Robb terá partido para outra batalha, dessa vez contra os homens de ferro em Fosso Cailin. Era estranho como essa perspectiva parecia quase um alívio. Ele ganhará a sua batalha. Ele ganha todas as suas batalhas, e os homens de ferro estão sem rei. Além disso, Ned ensinou-o bem. Os tambores retumbavam. Guizo voltou a passar à sua frente aos saltos, mas a música era tão alta que quase não conseguiu ouvir seus guizos.
    Por sobre o ruído ouviu-se de repente um rosnado, quando dois cães se lançaram um contra o outro, lutando por um resto de carne. Rolaram pelo chão, atirando dentadas, enquanto um uivo de divertimento soava. Alguém lhes deu um banho com um jarro de cerveja, e eles se separaram. Um dos cães dirigiu-se mancando para o estrado. A boca desdentada de Lorde Walder abriu-se numa gargalhada quando o cão encharcado sacu¬diu cerveja e pelos por cima de três dos seus netos.
    Ver os cães fez Catelyn desejar uma vez mais que Vento Cinzento estivesse ali, mas o lobo gigante de Robb não era visto em parte alguma. Lorde Walder recusara-se a deixá- -lo entrar no salão.
    - O seu animal selvagem tem gosto por carne humana, segundo ouvi dizer, heh
    - tinha falado o velho. - Rasga as gargantas, sim. Não quero uma criatura dessas no banquete da minha Roslin, no meio das mulheres e dos pequenos, todos os meus que¬ridos inocentes,
    - Vento Cinzento não constitui qualquer perigo para eles, senhor - protestou Robb,
    - Desde que eu esteja presente.
    - Mas você estava lá, no meu portão, não estava? Quando o lobo atacou os netos que enviei para recebê-los? Contaram-me tudo sobre isso, não pense que não, heh.
    - Nenhum mal foi feito...
    - Nenhum mal, diz o rei? Nenhum mal? Petyr caiu do cavalo, caiu. Perdi uma esposa da mesma forma, numa queda. - Sua boca moveu-se para dentro e para fora. - Ou teria sido só uma rameira qualquer? A mãe do Walder Bastardo, sim, agora me lembro. Caiu do cavalo e rachou a cabeça. O que faria Vossa Graça se Petyr tivesse quebrado o pesco¬ço, heh? Daria desculpas no lugar de um neto? Não, não, não. Pode ser rei, não direi que não, o Rei no Norte, heh, mas sob o meu teto as regras são minhas. O lobo ou a boda, senhor. Ambos, não.
    Catelyn tinha visto como Robb estava furioso, mas ele cedeu com tanta corte¬sia quanto conseguiu arranjar. "Se Lorde Walder desejar me servir corvo guisado recheado de larvas", tinha dito a ela, "vou comê-lo e pedirei uma segunda porção." E assim fez.
    Grande-Jon tinha derrubado para baixo da mesa, na bebida, mais um dos descendentes de Lorde Walder. Daquela vez fora Petyr Espinha. O rapaz tinha um terço do tamanho de Grande Jon, o que esperava? Lorde Umber limpou a boca, ergueu-se e começou a cantar.
    - Havia um urso, um urso, um URSOl Preto e castanho e coberto de pelo! - A voz dele não era nada má, embora estivesse um pouco pesada por causa da bebida.
    Infelizmente, os rabequeiros, tambores e flautistas lá em cima estavam tocando "Flo¬res da primavera", que combinava tão bem com as palavras de "O urso e a bela donzela" como caracóis combinavam com uma tigela de mingau de aveia. Até o pobre do Guizo tapou os ouvidos com aquela cacofonia.
    Roose Bolton murmurou algumas palavras numa voz fraca demais para ser enten¬dida e afastou-se em busca de uma latrina. O salão repleto de gente estava em cons¬tante ebulição com as idas e vindas de convidados e criados. Catelyn sabia que um segundo banquete, para cavaleiros e senhores de um nível um tanto inferior, trovejava no outro castelo. Lorde Walder exilara seus filhos ilegítimos e os descendentes destes para aquele lado do rio, e os nortenhos de Robb tinham começado a se referir àquilo como "o banquete bastardo". Alguns dos convidados estavam sem dúvida escapulindo para ver se os bastardos estavam se divertindo mais do que eles. Alguns talvez se aven¬turassem até os acampamentos. Os Frey tinham fornecido carroças cheias de vinho, cerveja e hidromel, de modo que os soldados comuns pudessem beber ao casamento de Correrrio e das Gêmeas.
    Robb sentou-se no lugar deixado vago por Bolton.
    - Mais algumas horas e esta farsa chegará ao fim, mãe - disse em voz baixa, enquanto Grande-Jon cantava sobre a donzela com mel nos cabelos. - Walder Negro tem se mos¬trado pacato como um cordeiro, finalmente, E o tio Edmure parece bastante contente com a sua noiva. - Inclinou-se por sobre ela. - Sor Ryman?
    Sor Ryman Frey piscou e disse:
    - Senhor. Sim?
    - Tinha a esperança de pedir a Olyvar para me servir como escudeiro quando mar¬chássemos para o norte - disse Robb mas não o vejo aqui. Estará no outro banquete?
    - Olyvar? - Sor Ryman balançou a cabeça. - Não. Olyvar não. Partiu... partiu dos castelos. Dever.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:57 pm

    - Compreendo, - O tom de Robb sugeria o contrário. Quando Sor Ryman nada mais disse, o rei voltou a ficar em pé. - Quer dançar, mãe?
    - Obrigada, mas não. - Dançar era a última coisa de que precisava, com a cabeça la- tejando como estava. - Sem dúvida que uma das filhas de Lorde Walder ficará contente por ser o seu par.
    -Ah, sem dúvida, - O sorriso dele era resignado.
    Os músicos estavam tocando "Lanças de ferro' a essa altura, enquanto Grande-Jon cantava "O robusto rapaz". Alguém devia apresentá-los uns aos outros, talvez melhorasse a harmonia. Catelyn virou-se para Sor Ryman,
    - Ouvi dizer que um de seus primos é cantor.
    - Alesander, Filho de Symond. Alyx é irmã dele. - Ergueu uma taça na direção do local onde ela dançava com Robin Flint.
    - Alesander tocará para nós esta noite?
    Sor Ryman olhou-a de canto de olho.
    - Ele não. Está longe. - Limpou suor da testa e levantou-se com dificuldade. - Per¬dão, minha senhora. Perdão. - Catelyn viu-o cambalear para a porta.
    Edmure estava beijando Roslin e apertando sua mão. Em outros pontos do salão, Sor Marq Piper e Sor Danwell Frey apostavam num jogo de bebida, Lothar Coxo dizia qualquer coisa divertida a Sor Hosteen, um dos Frey mais jovens fazia malabarismo com três punhais diante de um grupo de garotas risonhas e Guizo estava sentado no chão, chupando vinho dos dedos. Os serventes traziam enormes bandejas de prata repletas de cortes de cordeiro rosado e suculento, o prato mais apetitoso que tinham visto a noite toda. E Robb dançava com Dacey Mormont.
    Quando usava vestido em vez de cota de malha, a filha mais velha da Senhora Maege era bastante bonita; alta e esbelta, com um sorriso recatado que lhe iluminava o longo rosto. Era agradável ver que sabia ser tão graciosa num salão de dança como no pátio de treinos. Catelyn ficou se perguntando se a Senhora Maege já teria chegado ao Garga¬lo. Levara consigo as outras filhas, porém, sendo uma das companheiras de batalha de Robb, Dacey tinha preferido permanecer ao lado dele. Ele tem o dom que Ned tinha para inspirar lealdade. Olyvar Frey também havia sido devotado ao filho. Robb não tinha dito que Olyvar quis permanecer com ele mesmo depois do casamento com Jeyne?
    Sentado no meio de suas torres negras de carvalho, o Senhor da Travessia bateu as mãos manchadas. O ruído que fizeram foi tão tênue que até aqueles que se encontravam no estrado quase não ouviram, mas Sor Aenys e Sor Hosteen viram-no e começaram a bater na mesa com as taças. Lothar Coxo juntou-se a eles, seguido por Marq Piper, Sor Danwell e Sor Raymund. Em pouco tempo, metade dos convidados estava fazendo ba¬rulho com as taças. E, por fim, até os músicos na galeria repararam. Flautas, tambores e rabecas foram parando de tocar até que se fez silêncio.
    - Vossa Graça - disse Lorde Walder -, o septão rezou as suas preces, algumas pala¬vras foram ditas e Lorde Edmure envolveu a minha querida num manto com um peixe, mas eles ainda não são marido e mulher. Uma espada precisa de uma bainha, heh, e um casamento precisa de uma noite de núpcias. O que diz o meu senhor? Será próprio que os levemos para a cama?
    Uma vintena ou mais dos filhos e netos de Walder Frey desatou a bater de novo com as taças, gritando "Para a cama! Para a cama! Para a cama com elesl". Roslin ficou branca. Catelyn perguntou a si mesma se seria a perspectiva de perder a virgindade que assustava a garota, ou a própria tradição das núpcias, Com tantos irmãos, o costume não devia ser estranho a ela, mas era diferente quando se era a pessoa a ser levada. Na noite de casamento de Catelyn, Jory Cassell tinha rasgado seu vestido na pressa de despi-la dele, e Desmond Grell, bêbado, não parava de pedir desculpa pelos gracejos lascivos, apenas para fazer outro logo em seguida. Quando Lorde Dustin a viu nua, disse a Ned que os seios dela o faziam desejar nunca ter sido desmamado. Pobre ho¬mem, pensou. Foi para o sul com Ned e não regressou. Catelyn perguntou a si mesma quantos dos homens que ali estavam naquela noite acabariam mortos antes do ano chegar ao fim. Muitos, receio.
    Robb ergueu uma mão.
    - Se acha que chegou a hora, Lorde Walder, com certeza, vamos levá-los para a cama.
    Um rugido de aprovação saudou aquela proclamação. Na galeria, os músicos voltaram
    a pegar nas flautas, trombetas e rabecas e começaram a tocar "A rainha tirou a sandália,
    o rei tirou a coroa" Guizo pôs-se a saltitar ora sobre um pé, ora sobre o outro, fazendo a coroa tilintar.
    - Ouvi dizer que os homens Tully têm trutas entre as pernas no lugar dos pintos - gri¬tou audaciosamente Alyx Frey. - Será que precisam de uma minhoca para ficarem em pé?
    Ao que Sor Marq Piper retorquiu:
    - Eu ouvi dizer que as mulheres Frey têm dois portões em vez de um!
    E Alyx disse:
    - Sim, mas estão os dois fechados e trancados para coisinhas pequenas como você!
    Seguiu-se uma rajada de gargalhadas, até que Patrek Mallister subiu em uma mesa
    para propor um brinde ao peixe de um olho só de Edmure.
    - E que poderoso lúcio ele é! - proclamou.
    - Ná, aposto que é um vairão - gritou a Walda Gorda Bolton do lado de Catelyn.
    Então, o grito geral de"Para a cama com eles! Para a cama com elesf voltou a soar.
    Os convidados invadiram o estrado, com os mais bêbados na frente, como sempre. Os homens e rapazes rodearam Roslin e ergueram-na ao ar enquanto as donzelas e mães presentes no salão puseram Edmure em pé e começaram a puxar sua roupa. Ele ria e gritava-lhes piadas obscenas em resposta, embora a música estivesse alta demais para que Catelyn os ouvisse. Mas ouvia Grande-Jon.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:57 pm

    - Dê esta noivinha para mim - berrou enquanto abria caminho entre os outros ho¬mens e punha Roslin no ombro. - Olhem esta coisinha! Não tem carne nenhuma!
    Catelyn sentiu pena da garota. A maior parte das noivas tentava devolver os grace¬jos, ou pelo menos fingia se divertir, mas Roslin estava rígida de terror, agarrando-se ao Grande-Jon, como se temesse que ele a deixasse cair. E também está chorando, reparou Catelyn enquanto observava Sor Marq Piper descalçar um dos sapatos da noiva. Espero que Edmure seja gentil com a pobre criança. Música alegre e lasciva ainda jorrava da galeria; a rainha estava agora tirando a combinação e o rei, a túnica.
    Sabia que devia se juntar ao aglomerado de mulheres que rodeavam o irmão, mas aca¬baria apenas por estragar a diversão. A última coisa que se sentia agora era lasciva. Edmure perdoaria sua ausência, disso não duvidava; era muito mais divertido ser despido e deitado por uma vintena de voluptuosas e risonhas Frey do que por uma irmã amarga e magoada.
    Enquanto o homem e a donzela eram levados do salão, deixando atrás de si um rastro de roupas, Catelyn viu que Robb também tinha ficado. Walder Frey era suficientemente suscetível para ver nisso algum insulto à filha. Ele devia se juntar aos que levam Roslin para a cama, mas cabe a mim dizer-lhe isso? Sentiu-se tomada pela tensão até reparar que outros também tinham ficado para trás. Petyr Espinha e Sor Whalen Frey continuavam a dormir, com a cabeça apoiada na mesa. Merrett Frey servia-se de outra taça de vinho, enquanto Guizo vagueava pelo salão, roubando nacos de comida dos pratos daqueles que tinham saído. Sor Wendel Manderly atacava com volúpia uma perna de cordeiro. E, cla¬ro, Lorde Walder era fraco demais para sair de seu lugar sem ajuda. Mas ele espera que Robb vá. Quase conseguia ouvir o velho perguntando por que motivo Sua Graça não queria ver a filha nua. Os tambores voltaram a retumbar, retumbar, retumbar e retumbar.
    Dacey Mormont, que parecia ter sido a única mulher a ficar no saião além de Catelyn, aproximou-se de Edwyn Frey e tocou levemente o braço dele enquanto lhe dizia qual¬quer coisa ao ouvido. Edwyn afastou-se dela com uma violência imprópria.
    - Não - disse, alto demais, - Estou farto de danças por ora.
    Dacey empalideceu e afastou-se. Catelyn pôs-se lentamente em pé. O que acabou de acontecer aqui? A dúvida tomou seu coração, onde um instante antes havia apenas a fadi¬ga. Não é nada, tentou dizer a si mesma, está vendo gramequins na lenha, transformou-se numa velha boba, doente de desgosto e medo. Mas algo deve ter transparecido em seu rosto. Até Sor Wendel Manderly reparou.
    - Há algum problema? - perguntou, com a perna de cordeiro nas mãos.
    Catelyn não lhe respondeu. Em vez disso, foi atrás de Edwyn Frey. Os músicos na galeria tinham finalmente vestido tanto o rei como a rainha com o traje do dia de seu nome. Quase sem um momento de pausa, começaram a tocar um tipo muito diferente de canção. Ninguém cantou a letra, mas Catelyn reconhecia "As chuvas de Castamere" quando a ouvia. Edwyn dirigia-se apressadamente para uma porta. Catelyn apressou-se mais, levada pela música. Seis passos rápidos e o alcancou. E quem é você, disse o altivo se¬nhor, pra que a vênia seja profunda? Agarrou Edwyn pelo braço para virá-lo e ficou gelada quando sentiu os anéis de ferro sob a sua manga de seda.
    Catelyn esbofeteou-o com tanta força que lhe abriu o lábio. Olyvar, pensou, e Perwyn, Alesander, todos ausentes. E Roslin chorou...
    Edwyn Frey afastou-a com um empurrão. A música afogava todos os outros sons, ecoando nas paredes, como se as próprias pedras estivessem tocando, Robb lançou a Edwyn um olhar furioso e foi bloquear seu caminho... e cambaleou subitamente quando um dardo brotou de seu flanco, logo abaixo do ombro. Se nesse momento gritou, o som foi engolido pelas flautas, trompas e rabecas. Catelyn viu um segundo dardo perfurar a perna dele, viu-o cair. Lá em cima, na galeria, metade dos músicos tinha nas mãos bestas em vez de tambores ou alaúdes. Correu para o filho, até que algo lhe atingiu na lombar, e o duro chão de pedra subiu para lhe dar uma bofetada.
    - Robb! - gritou. Viu Pequeno-Jon Umber tirando uma mesa da armação. Dardos de bestas cravaram-se na madeira, um, dois, três, quando ele a atirou para cima de seu rei. Robin Flint estava cercado por um grupo de Freys, cujos punhais subiam e desciam. Sor Wendel Manderly levantou-se imponentemente, agarrado à perna de cordeiro. Um dar¬do entrou por sua boca aberta e saiu pela parte de trás do pescoço, Sor Wendel estatelou- -se para a frente, soltando a tábua da mesa da armação e mandando taças, jarros, bande¬jas, pratos, nabos, beterrabas e vinho para o chão saltando, derramando e deslizando.
    As costas de Catelyn estavam em brasa. Tenho de chegar até ele. Pequeno-Jon deu uma cacetada no rosto de Sor Raymund Frey com uma perna de carneiro. Mas quando esten¬deu a mão para o cinto da espada, um dardo de besta fez com que caísse de joelhos. Num manto de ouro ou num manto vermelho, suas garras um leão mantém. Catelyn viu Lucas Blackwood ser abatido por Sor Hosteen Frey. Um dos Vance foi paralisado por Walder Negro enquanto lutava com Sor Harys Haigh. E as minhas são longas e afiadas, senhor, como o senhor as tem também. As bestas atingiram Donnel Locke, Owen Norrey e mais meia dúzia. O jovem Sor Benfrey agarrou Dacey Mormont pelo braço, mas Catelyn viu- -a pegar num jarro de vinho com a outra mão e acertar em cheio o rosto de Mormont e correr para a porta. Esta escancarou-se antes de ela conseguir alcançá-la. Sor Ryman Frey entrou no salão, vestido de aço do elmo ao esporão. Uma dúzia de homens de armas Frey apinhou-se na porta atrás dele. Estavam armados com pesados machados longos.
    - Misericórdia! - gritou Catelyn, mas trombetas, tambores e o tinir do aço abafaram seu apelo. Sor Ryman enterrou a cabeça de seu machado no estômago de Dacey. A essa altura, jorravam também homens das outras portas, homens revestidos de cota de malha com hirsutos mantos de peles e com aço nas mãos. Nortenhos! Durante meio segundo tomou-os por salvadores, até que
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:57 pm

    um deles cortou a cabeça de Pequeno-Jon com dois violentíssimos golpes de machado. A esperança apagou-se como uma vela na tempestade.
    No meio do massacre, o Senhor da Travessia permanecia sentado em seu trono de carvalho esculpido, observando avidamente.
    Havia um punhal no chão a alguns centímetros de distância. Talvez tivesse escorre¬gado até ali quando Pequeno-Jon arrancara a mesa da armação, ou talvez tivesse caído da mão de algum moribundo. Catelyn rastejou até ele. As pernas e os braços pareciam chumbo e sua boca tinha gosto de sangue. Matarei Walder Frey, disse a si mesma. Guizo estava mais perto da faca, escondido por baixo de uma mesa, mas apenas se encolheu com medo quando ela pegou a lâmina. Matarei o velho, isso, pelo menos, posso fazer.
    Então o tampo de mesa que Pequeno-Jon atirara sobre Robb moveu-se, e o filho apoiou-se com dificuldade nos joelhos, Tinha uma flecha espetada no fíanco, uma segun¬da na perna, uma terceira no peito. Lorde Walder levantou uma mão, e a música parou, menos um tambor. Catelyn ouviu o estrondo da batalha distante, e, mais perto, os uivos selvagens de um lobo. Vento Cinzento, lembrou-se, tarde demais.
    - Heh - cacarejou Lorde Walder para Robb o Rei no Norte ergue-se. Parece que matamos alguns de seus homens, Vossa Graça. Oh, mas eu vou lhe dar uma satisfação que deixará tudo bem uma vez mais, heh.
    Catelyn agarrou uma mão-cheia dos longos cabelos grisalhos de Guizo Frey e arrastou-o para fora de seu esconderijo.
    - Lorde Walder! - gritou. - LORDE WALDER! - O tambor batia lento e sonoro, fim bum fim. - Basta - disse Catelyn. - Basta, disse eu. Pagou traição com traição, que fi¬que por aqui. - Quando encostou o punhal na garganta do Guizo, a memória do quarto de doente de Bran voltou, com o toque do aço na própria garganta. O tambor continuava bum fim bum fim bum fim bum. - Por favor - disse. - Ele é meu filho. O meu primeiro filho, e o último. Deixe-o ir. Deixe-o ir, e eu juro que esqueceremos isto... esqueceremos tudo que fez aqui. Juro pelos deuses antigos e pelos novos, nós... nós não buscaremos vingança,,.
    Lorde Walder olhou-a com desconfiança.
    - Só um tolo acreditaria nessa bobagem. Toma-me por um tolo, senhora?
    - Tomo-o por um pai, Fique comigo como refém, e com Edmure também, caso não o tenha matado. Mas deixe Robb ir,
    - Não. - A voz de Robb era tênue como um suspiro. ~ Mãe, não...
    - Sim. Robb, levante-se. Levante-se e saia, por favor, por favor. Salve-se... se não por mim, então por Jeyne.
    - Jeyne? - Robb agarrou a borda da mesa e forçou-se a ficar em pé. - Mãe - disse -, o Vento Cinzento..,
    - Vá até ele. Já. Robb, saia daqui.
    Lorde Walder resfolegou,
    - E por que é que eu permitiria que ele fizesse isso?
    Ela encostou a lâmina com mais força na garganta de Guizo. O retardado rolou os olhos para ela num apelo mudo. Um forte fedor assaltou seu nariz, mas não prestou mais atenção nele do que no soturno e incessante retumbar daquele tambor, bum fim bum fim bum fim bum. Sor Ryman e Walder Negro estavam a rodeá-la pelas costas, mas Catelyn não se importava. Podiam fazer com ela o que quisessem; aprisioná-la, violá-la, matá-la, não interessava. Tinha vivido tempo demais e Ned a esperava. Era por Robb que temia.
    - Por minha honra como Tully - disse a Lorde Walder -, por minha honra como Stark, trocarei a vida do seu rapaz pela de Robb. Um filho por um filho. - Sua mão tre¬mia tanto que estava fazendo a cabeça de Guizo tilintar.
    Bum, soou o tambor, bum, fim, bum, fim. Os lábios do velho projetaram-se e retraíram- -se. A faca tremeu na mão de Catelyn, escorregadia de suor.
    - Um filho por um filho, heh - repetiu ele. - Mas esse é um neto... e nunca teve gran¬de utilidade.
    Um homem com uma armadura escura e um manto rosa-claro manchado de sangue aproximou-se de Robb.
    - Jaime Lannister manda cumprimentos. - Ele espetou a espada no coração do filho de Catelyn e girou.
    Robb tinha faltado à palavra, mas Catelyn manteve a sua. Puxou com força os cabelos de Aegon e serrou seu pescoço até a faca começar a raspar em osso. Correu sangue sobre os seus dedos. Os pequenos guizos tilintavam, tilintavam, tilintavam, e o tambor retum- bava, bum fim bum.
    Por fim, alguém tirou a faca dela. As lágrimas ardiam como vinagre ao correrem por seu rosto. Dez corvos ferozes devastavam seu rosto com garras afiadas, rasgando fitas de carne, deixando profundos sulcos que escorriam, vermelhos de sangue. Sentia o sabor nos lábios.
    Dói tanto, pensou. Os nossos filhos, Ned, todos os nossos queridos bebês. Rickon, Bran, Arya, Sansa, Robb... Robb... por favor, Ned, por favor, faça com que pare, faça com que pare de doer... As lágrimas brancas e as vermelhas correram juntas até que seu rosto ficou ras¬gado e em farrapos, o rosto que Ned amara. Catelyn Stark ergueu as mãos e viu o sangue correr por seus longos dedos, pelos pulsos, por baixo das mangas do vestido. Lentos ver¬mes vermelhos rastejavam ao longo de seus braços e sob a roupa. Faz cócegas. Aquilo fez com que risse até gritar.
    - Louca - disse alguém -, perdeu o juízo.
    - E outra pessoa disse:
    - Dê um fim nela - e uma mão agarrou seus cabelos tal como ela fizera com Guizo, e Catelyn pensou, Não, isso não, não me corte os cabelos, Ned adora meus cabelos. E então o aço chegou-lhe à garganta, e a sua mordida era rubra e fria.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:58 pm

    Arya 606



    As tendas para banquetes estavam agora atrás deles. Chapinharam por sobre bar¬ro molhado e mato arrancado, para longe da luz e de volta às sombras. Em fren¬te erguia-se a guarita do castelo. Arya via tochas em movimento nas muralhas, com as chamas a dançar, sopradas pelo vento. A luz brilhava, baça, sobre cota de malha e elmos molhados. Mais tochas moviam-se pela ponte escura de pedra que unia as Gêmeas, uma coluna de tochas que corria da margem ocidental para a oriental.
    - O castelo não está fechado - disse Arya de repente. O sargento tinha dito que esta¬ria, mas se enganou. A porta levadiça estava sendo içada naquele exato instante, e a ponte levadiça já tinha sido baixada por sobre o fosso transbordando de água. Teve receio de que os guardas de Lorde Frey se recusassem a deixá-los entrar. Durante meio segundo mordeu o lábio, ansiosa demais para sorrir.
    Cão de Caça freou os animais tão de repente que ela quase caiu da carroça.
    - Sete malditos infernos de merda - ouviu-o praguejar, enquanto a roda esquerda começava a se enterrar na lama mole. A carroça foi se inclinando lentamente. - Para o chão - rugiu-lhe Clegane, batendo no ombro dela com o pulso para fazê-la cair de lado.
    Aterrissou ligeira, como Syrio lhe ensinara, e pôs-se imediatamente em pé com o ros¬to cheio de lama.
    - Por que fez isto? - gritou.
    Cão de Caça também tinha saltado para o chão. Ele arrancou o assento da parte da frente da carroça e estendeu a mão para o cinto da espada que escondera por baixo dele.
    Foi só então que Arya ouviu os cavaleiros jorrando do portão do castelo num rio de aço e fogo, com o trovão que os seus corcéis de batalha faziam ao atravessar a ponte leva¬diça quase sumido sob os tambores que soavam nos castelos. Homens e montarias usa¬vam armaduras de aço, e um em cada dez trazia uma tocha. Os outros tinham machados, alabardas e pesadas lâminas capazes de quebrar ossos e esmagar armaduras.
    Em algum lugar, ao longe, ouviu um lobo uivar, Não era um som muito alto, compa¬rado com o ruído do acampamento, a música e o rosnar baixo e ameaçador do rio que corria rápido, mesmo assim ouviu-o. Mas talvez não tivessem sido os ouvidos a ouvi-lo, O som estremeceu através de Arya como uma faca, afiada de fúria e pesar. Mais e mais cavaleiros emergiam do castelo, uma coluna com a largura de quatro homens e que pare¬cia sem fim, cavaleiros, escudeiros e cavaleiros livres, tochas e machados de cabo longo. E também havia barulho vindo de trás.
    Quando Arya olhou em volta, viu que só restavam duas das enormes tendas para banquetes onde tinha havido três, A do meio caíra. Por um momento, não compreen¬deu o que estava vendo. Então, as chamas começaram a lamber a tenda caída, e agora as outras duas caíam também, com o pesado tecido oleado assentando-se sobre os homens que estavam por baixo. Um bando de flechas incendiárias rasgou o ar. A segunda tenda pegou fogo, e logo a terceira. Os gritos tornaram-se tão ruidosos que conseguia ouvir pa¬lavras através da música. Silhuetas escuras moviam-se diante das chamas, com o aço de suas armaduras brilhando em tons de laranja quando visto de longe.
    Uma batalha, compreendeu Arya. £ uma batalha. E os cavaleiros...
    Então ficou sem tempo para observar as tendas. Com o rio invadindo as margens, as águas escuras e turbulentas na extremidade da ponte levadiça chegavam à barriga dos cavalos, mas os cavaleiros avançaram através delas mesmo assim, incentivados pela mú¬sica. Por uma vez, a mesma canção vinha de ambos os castelos. Eu conheço esta canção, compreendeu Arya subitamente. Tom das Sete cantara-a, naquela noite chuvosa em que os fora da lei tinham se abrigado na cervejaria com os irmãos pardos. E quem é você, disse o altivo senhor, pra que a vênia seja profunda?
    Os cavaleiros Frey atravessavam com dificuldade a lama e os juncos, mas alguns deles tinham visto a carroça. Arya viu três abandonarem a coluna principal, pisando forte ao longo dos baixios. Só um gato com um manto diferente, essa é a verdade fecunda.
    Com um único golpe de espada, Clegane cortou a corda que prendia Estranho e sal¬tou para o dorso do animal. O corcel sabia o que se queria dele. Levantou as orelhas e virou na direção dos corcéis de batalha em carga. Num manto de ouro ou num manto ver¬melho, suas garras um leão mantém. E as minhas são longas e afiadas, senhor, como o senhor as tem também. Arya rezara centenas e centenas de vezes para que Cão de Caça morresse, mas agora... havia uma pedra em sua mão, escorregadia de lama, e nem sequer se lembra¬va de tê-la pegado. Contra quem a atiro?
    Saltou ao ouvir o estrondo do metal, quando Clegane afastou o primeiro machado. Enquanto lutava com o primeiro homem, o segundo deu a volta por trás dele e desferiu um golpe contra a parte baixa de suas costas. Estranho girava, e Cão de Caça foi atingido por não mais que um golpe de raspão, o bastante para fazer um grande rasgão em sua blusa larga de camponês e expor a cota de malha que tinha por baixo. E um contra três. Arya continuava agarrada à sua pedra. Vão matá-lo com certeza. Pensou em Mycah, no filho do açougueiro que tinha sido seu amigo durante tão pouco tempo.
    Então viu o terceiro cavaleiro vindo em sua direção. Arya pôs-se atrás da carroça. O medo golpeia mais profundamente do que as espadas. Ouvia tambores, berrantes de guerra e flautas, garanhóes berrando, o guincho do aço batendo em aço, mas todos os sons pa¬reciam muito distantes. A única coisa que existia era o cavaleiro que se aproximava e o machado que ele tinha na mão. Usava um sobretudo sobre a armadura e ela viu as duas torres que o identificavam como
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:58 pm

    um Frey. Não compreendeu. O tio ia se casar com uma filha de Lorde Frey, os Frey eram amigos de seu irmão.
    - Não! - gritou enquanto ele rodeava a carroça, mas o homem não prestou atenção nela.
    Quando ele avançou, Arya atirou a pedra, da mesma maneira que atirara uma maçã apodrecida em Gendry. Tinha acertado em Gendry bem no meio da testa, mas agora falhou a pontaria, e a pedra rolou, de lado, na têmpora do homem. Foi o suficiente para interromper a arremetida, mas apenas isso. Arya fugiu, correndo nas pontas dos pés pelo terreno lamacento, pondo a carroça de novo entre ambos. O cavaleiro seguiu-a a trote, só trevas por trás da fenda para os olhos, Nem sequer amassara seu elmo. Giraram uma, duas vezes, uma terceira. O cavaleiro amaldiçoou-a.
    - Não pode fugir para...
    A cabeça do machado acertou em cheio na nuca dele, rasgando-lhe o elmo e o crânio, por baixo, e fazendo-o voar da sela e aterrissar de cara no chão. Atrás dele encontrava-se Cão de Caça, ainda montado no Estranho. Como foi que arranjou um machado?, quase perguntou, antes de compreender. Um dos outros Frey estava encurralado debaixo de seu cavalo moribundo, afogando-se em trinta centímetros de água. O terceiro homem es¬tava estatelado de costas, imóvel. Não tinha usado gorjal, e trinta centímetros de espada partida projetavam-se de debaixo de seu queixo.
    - Vá buscar o meu elmo - rosnou-lhe Clegane.
    O elmo estava enfiado no fundo de uma saca de maçãs secas, na parte de trás da car¬roça, escondida atrás dos pés de porco em salmoura. Arya virou a saca e jogou o elmo para Cão de Caça, Ele apanhou-o no ar com uma só mão e enfiou-o na cabeça, e no local onde estivera o homem havia apenas um cão de aço, rosnando para os incêndios.
    - Meu irmão...
    - Morto - ele gritou em resposta. - Acha que massacrariam os homens dele e o dei¬xariam vivo? - Voltou a cabeça para o acampamento. - Olhe. Olhe, droga.
    O acampamento transformara-se num campo de batalha. Não, num antro de carni¬ceiros. As chamas vindas das tendas para banquetes chegavam a meio caminho do céu. Algumas das tendas-casernas também estavam queimando, bem como meia centena de pavilhões de seda. Por todo lado as espadas cantavam. Mas agora a chuva chora em seu salão, e ninguém está lá para a ver. Viu dois cavaleiros perseguindo e abatendo um homem que fugia a pé. Um barril de madeira esmagou-se numa das tendas incendiadas e estou¬rou, e as chamas saltaram, duas vezes mais altas. Uma catapulta, compreendeu. O castelo estava arremessando azeite, ou piche, ou algo parecido.
    - Venha comigo. - Sandor Clegane estendeu uma mão para baixo. - Temos que sair daqui, e já. - Estranho sacudiu impacientemente a cabeça, com as ventas se abrindo ao sentir o cheiro de sangue. A canção tinha terminado. Restava apenas um tambor solitá¬rio, cujos sons lentos e monótonos ecoavam por sobre o rio como o bater de um coração monstruoso. O céu negro chorava, o rio resmungava, homens praguejavam e morriam. Arya tinha lama nos dentes e o rosto estava molhado. Chuva. É só chuva. Não passa disso.
    - Estamos aqui - gritou. Sua voz soava fina e assustada, uma voz de menininha. - Robb está ali no castelo, e minha mãe também, O portão está aberto e tudo, - Não havia mais Freys saindo. Vim até tão longe. - Temos que buscar a minha mãe.
    - Cadelinha estúpida. - Os incêndios refletiam-se no focinho de seu elmo e faziam os dentes de aço brilhar. - Se entrar ali, não volta a sair. O Frey talvez a deixe beijar o cadáver de sua mãe.
    - Talvez possamos salvá-la...
    - Você talvez possa. Eu não estou cansado de viver ainda. - Avançou em sua direção, empurrando-a contra a carroça. - Fique ou parta, loba. Sobreviva ou morra. A escolha...
    Arya virou as costas para ele e precipitou-se para o portão. A porta levadiça estava descendo, mas lentamente. Tenho que correr mais depressa. Mas a lama retardou-a, e de¬pois a água. Corra, rápida como um loho. A ponte levadiça tinha começado a subir, com a água escorrendo dela em cascata e a lama caindo em pesados grumos. Mais depressa. Ou¬viu um forte esparramar de água e, quando olhou para trás, viu Estranho trovejando em sua perseguição, fazendo voar nuvens de água a cada passo. E viu também o machado, ainda molhado de sangue e miolos. E Arya correu. Agora já não pelo irmão, nem mesmo pela mãe, mas por si mesma. Correu mais depressa do que jamais correra, de cabeça bai¬xa e com os pés fazendo o rio espumar, fugiu dele como Mycah devia ter fugido.
    E o machado atingiu-a na nuca.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:58 pm

    Tyrion 609





    J
    antaram sozinhos, como faziam tantas vezes,
    - As ervilhas estão cozidas demais - arriscou sua esposa a certa altura.
    - Não importa - disse. - O carneiro também está.
    Era uma brincadeira, mas Sansa entendeu como crítica.
    - Lamento, senhor.
    - Por quê? Quem deve lamentar é um cozinheiro qualquer. Você não. As ervilhas não são de sua jurisdição, Sansa.
    - Eu... eu lamento que o senhor meu esposo esteja descontente.
    - Qualquer descontentamento que eu possa estar sentindo nada tem a ver com ervilhas. Tenho Joffrey e minha irmã para me descontentar, e também o senhor meu pai, e trezentos malditos dorneses, - Tinha instalado o Príncipe Oberyn e seus se¬nhores numa torre de canto, com vista para a cidade, tão longe dos Tyrell quanto era possível sem expulsá-los por inteiro da Fortaleza Vermelha, Não era nem de perto suficientemente longe. Já tinha ocorrido um distúrbio numa casa de pasto da Bai¬xada das Pulgas que deixou um homem de armas Tyrell morto e dois dos homens de Lorde Gargalen escaldados, e um feio confronto no pátio quando a encarquilha- da e minúscula mãe de Mace Tyrell chamara Ellaria Sand de "a prostituta da ser¬pente'. Sempre que acontecia de encontrar Oberyn Martell, o príncipe perguntava quando seria feita justiça. Ervilhas cozidas demais eram o último dos problemas de Tyrion, mas não via utilidade em sobrecarregar a sua jovem esposa com eles. Sansa tinha mágoas bastantes sem precisar das suas. - As ervilhas estão boas o suficiente - disse-lhe com concisão. - São verdes e redondas, o que mais podemos esperar de ervilhas? Veja, vou repetir o prato, se agradar à senhora. - Chamou, e Podrick Payne despejou tantas ervilhas em seu prato que já não conseguia ver o carneiro. Isso foi burrice, disse a si mesmo. Agora tenho que comer tudo, caso contrário ela vai começar a lamentar de novo.
    O jantar terminou num silêncio tenso, como acontecia com tantos de seus jantares. Depois, enquanto Pod recolhia as taças e bandejas, Sansa pediu a Tyrion licença para visitar o bosque sagrado,
    - Como quiser. — Habituara-se às devoções noturnas da esposa. Ela também rezava no septo real e freqüentemente acendia velas à Mãe, à Donzela e à Velha. Tyrion achava toda aquela piedade excessiva, a bem da verdade, mas se estivesse no lugar dela, talvez também
    quisesse a ajuda dos deuses, - Confesso pouco saber dos deuses antigos - disse, tentando ser agradável, - Talvez algum dia possa me esclarecer. Até poderia acompanhá-la,
    - Não - disse Sansa de imediato. - E... é gentil em sugerir isso, mas... não há devo¬ções, senhor. Não há sacerdotes, canções ou velas. Só árvores e preces silenciosas. Iria aborrecê-lo.
    - Tem certamente razão. - Ela conhece-me melhor do que eu pensava. - Se bem que o som do restolhar de folhas poderia ser mais agradável do que um septão qualquer can¬tarolando a respeito dos sete aspectos da graça. - Tyrion mandou-a embora com um gesto. - Não me intrometerei. Proteja-se bem, senhora, o vento lá fora é fresco. - Sentiu- -se tentado a perguntar o que ela pedia ao rezar, mas Sansa era tão obediente que podia realmente lhe contar, e ele suspeitava de que não gostaria de saber.
    Voltou ao trabalho depois que ela saiu, tentando seguir alguns dragões de ouro pelo labirinto dos livros-mestres do Mindinho. Petyr Baelish não acreditara em dei¬xar o ouro guardado e juntando pó, isso era certo, mas quanto mais Tyrion procurava compreender suas contas, mais lhe doía a cabeça. Falar de reproduzir dragões em vez de trancá-los no tesouro estava muito bem, mas alguns daqueles empreendimentos cheiravam pior do que peixe pescado há uma semana. Não teria deixado tão prontamen- te Joffrey atirar os Homens Chifrudos por cima das muralhas se soubesse quantos dos mal¬ditos bastardos tinham recebido empréstimos da coroa. Teria de mandar Bronn encontrar seus herdeiros, mas temia que isso se revelasse tão infrutífero quanto tentar espremer prata de um peixinho-prateado,
    Quando a convocatória do senhor seu pai chegou, foi a primeira vez, até onde Tyrion se lembrava, em que se sentiu contente por ver Sor Boros Blount. Fechou os livros- -mestres com um sentimento de gratidão, apagou a candeia de azeite com um sopro, amarrou um manto em volta dos ombros e bamboleou através do castelo até a Torre da Mão. O vento era fresco, tal como prevenira Sansa, e havia cheiro de chuva no ar. Quan¬do Lorde Tywin o dispensasse, talvez devesse ir ao bosque sagrado, para trazer Sansa para casa antes que ficasse encharcada.
    Mas tudo isso foi varrido da sua cabeça quando entrou no aposento privado da Mão e deparou com Cersei, Sor Kevan e o Grande Meistre Pycelle reunidos em volta de Lorde Tywin e do rei. Joffrey estava quase aos saltos, e Cersei saboreava um sorrisinho cheio de si, embora Lorde Tywin parecesse tão sombrio como sempre. Pergunto-me se ele seria capaz de sorrir, mesmo se quisesse.
    - O que aconteceu? - perguntou Tyrion.
    O pai estendeu um rolo de pergaminho para ele. Alguém o alisara, mas ainda tentava se enrolar. "A Roslin pegou uma bela truta gorda", dizia a mensagem. "Os irmãos ojereceram- -Ihe um par de pele de lobo como presente de casamento." Tyrion virou o pergaminho para inspecionar o selo quebrado. A cera era cinza-prateada, e impressas nela encontravam-se as torres gêmeas da Casa Frey,
    - O Senhor da Travessia imagina que está sendo poético? Ou será que isso pretende nos confundir? - Tyrion fungou. - A truta deve ser Edmure Tully, as peles...
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:59 pm

    - Ele está morto! - Joffrey soava tão orgulhoso e feliz que daria para achar que tinha sido ele quem esfolou Robb Stark em pessoa.
    Primeiro o Greyjoy, e agora o Stark. Tyrion pensou na criança sua esposa, que naquele momento rezava no bosque sagrado. Rezando aos deuses do pai para que concedam ao irmão a vitória e mantenham a mãe a salvo, sem dúvida. Os deuses antigos não ligavam mais para as preces do que os novos, aparentemente. Talvez devesse sentir-se reconfortado por isso.
    - Os reis estão caindo como folhas, neste outono - disse. - Aparentemente, nossa guerrinha está se ganhando sozinha,
    - As guerras não se ganham sozinhas, Tyrion - disse Cersei com uma doçura vene¬nosa. - O senhor nosso pai ganhou esta guerra.
    - Nada está ganho enquanto tivermos inimigos em campo - preveniu-os Lorde Tywin.
    - Os senhores do rio não são nada tolos - concordou a rainha, - Sem os nortenhos, não podem esperar resistir ao poderio combinado de Jardim de Cima, Rochedo Casterly e Dorne. Certamente preferirão a submissão à destruição.
    - A maioria, sim - concordou Lorde Tywin. - Resta Correrrio, mas enquanto Wal¬der Frey tiver Edmure Tully como refém, o Peixe Negro não se atreverá a constituir uma ameaça. Jason Mallister e Tytos Blackwood continuarão lutando em nome da honra, mas os Frey podem manter os Mallister encurralados em Guardamar, e com o incitamento certo, Jonos Bracken pode ser persuadido a mudar de fidelidade e atacar os Blackwood. No fim, dobrarão os joelhos, sim. Pretendo oferecer termos generosos. Qualquer castelo que se renda a nós será poupado, exceto um.
    - Harrenhal?1 - disse Tyrion, que conhecia o pai.
    - E melhor que o reino se livre desses Bravos Companheiros. Ordenei a Sor Gregor para passar o castelo na espada.
    Gregor Clegane. Parecia que o pai pretendia minar a Montanha até a última pe- pita de minério antes de entregá-la à justiça de Dorne. Os Bravos Companheiros acabariam como cabeças montadas em espigões, e Mindinho entraria de passeio em Harrenhal, sem uma única mancha de sangue naquelas suas belas roupas. Perguntou a si mesmo se Petyr Baelish já teria chegado ao Vale, Se os deuses forem bons, enfren¬tou com uma tempestade no mar e afundou-se. Mas quando os deuses tinham sido razoavelmente bons?
    - Deviam ser todos passados na espada - declarou de repente Joffrey. - Os Mallister, os Blackwood e os Bracken... todos. São traidores. Quero-os mortos, avô. Não quero ne¬nhum termo generoso. - O rei virou-se para o Grande Meistre Pycelle. - E também quero a cabeça de Robb Stark. Escreva ao Lorde Frey e diga-lhe. O rei ordena. Vou servi-la a Sansa em meu banquete de casamento.
    - Senhor - disse Sor Kevan numa voz chocada -, a senhora é agora sua tia pelo ca¬samento,
    - Uma brincadeira. - Cersei sorriu. - Joff não falava a sério.
    - Falava, sim - insistiu JofFrey. - Ele era um traidor, e quero a sua estúpida cabeça. Vou obrigar Sansa a beijá-la.
    - Não. - A voz de Tyrion estava enrouquecida. - Sansa já não é sua para atormentar. Veja se percebe isso, monstro.
    JofFrey deu um sorriso zombeteiro.
    - O monstro é você, tio.
    -Ah, sou? - Tyrion inclinou a cabeça. - Então talvez devesse falar comigo mais de mansinho. Os monstros são animais perigosos, e agora os reis parecem andar morrendo como moscas.
    quisesse a ajuda dos deuses. - Confesso pouco saber dos deuses antigos - disse, tentando ser agradável. - Talvez algum dia possa me esclarecer. Até poderia acompanhá-la.
    - Não - disse Sansa de imediato. - E... é gentil em sugerir isso, mas... não há devo¬ções, senhor. Não há sacerdotes, canções ou velas. Só árvores e preces silenciosas. Iria aborrecê-lo.
    - Tem certamente razão. - Ela conhece-me melhor do que eu pensava. - Se bem que o som do restolhar de folhas poderia ser mais agradável do que um septão qualquer can¬tarolando a respeito dos sete aspectos da graça. - Tyrion mandou-a embora com um gesto. - Não me intrometerei. Proteja-se bem, senhora, o vento lá fora é fresco. - Sentiu- -se tentado a perguntar o que ela pedia ao rezar, mas Sansa era tão obediente que podia realmente lhe contar, e ele suspeitava de que não gostaria de saber.
    Voltou ao trabalho depois que ela saiu, tentando seguir alguns dragões de ouro pelo labirinto dos livros-mestres do Mindinho. Petyr Baelish não acreditara em dei¬xar o ouro guardado e juntando pó, isso era certo, mas quanto mais Tyrion procurava compreender suas contas, mais lhe doía a cabeça. Falar de reproduzir dragões em vez de trancá-los no tesouro estava muito bem, mas alguns daqueles empreendimentos cheiravam pior do que peixe pescado há uma semana. Não teria deixado tão prontamen¬te Joffrey atirar os Homens Chijrudos por cima das muralhas se soubesse quantos dos mal¬ditos bastardos tinham recebido empréstimos da coroa. Teria de mandar Bronn encontrar seus herdeiros, mas temia que isso se revelasse tão infrutífero quanto tentar espremer prata de um peixinho-prateado.
    Quando a convocatória do senhor seu pai chegou, foi a primeira vez, até onde Tyrion se lembrava, em que se sentiu contente por ver Sor Boros Blount. Fechou os livros- -mestres com um sentimento de gratidão, apagou a candeia de azeite com um sopro, amarrou um manto em volta dos ombros e bamboleou através do castelo até a Torre da Mão. O vento era fresco, tal como prevenira Sansa, e havia cheiro de chuva no ar. Quan¬do Lorde Tywin o dispensasse, talvez devesse ir ao bosque sagrado, para trazer Sansa para casa antes que ficasse encharcada.
    Mas tudo isso foi varrido da sua cabeça quando entrou no aposento privado da Mão e deparou com Cersei, Sor Kevan e o Grande Meistre Pycelle reunidos em volta de Lorde Tywin e do rei. Joffrey estava quase aos saltos, e Cersei saboreava um sorrisinho cheio de si, embora Lorde Tywin
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:59 pm

    parecesse tão sombrio como sempre. Pergunto-me se ele seria capaz de sorrir, mesmo se quisesse.
    - O que aconteceu? - perguntou Tyrion.
    O pai estendeu um rolo de pergaminho para ele. Alguém o alisara, mas ainda tentava se enrolar. "A Roslin pegou uma bela truta gorda", dizia a mensagem. "Os irmãos ofereceram- -Ihe um par de pele de lobo como presente de casamento." Tyrion virou o pergaminho para inspecionar o selo quebrado. A cera era cinza-prateada, e impressas nela encontravam-se as torres gêmeas da Casa Frey.
    - O Senhor da Travessia imagina que está sendo poético? Ou será que isso pretende nos confundir? - Tyrion fungou. - A truta deve ser Edmure Tully, as peles...
    - Ele está mortol - Joffrey soava tão orgulhoso e feliz que daria para achar que tinha sido ele quem esfolou Robb Stark em pessoa.
    Primeiro o Greyjoy, e agora o Stark. Tyrion pensou na criança sua esposa, que naquele momento rezava no bosque sagrado. Rezando aos deuses do pai para que concedam ao irmão a vitória e mantenham a mãe a salvo, sem dúvida. Os deuses antigos não ligavam mais para as preces do que os novos, aparentemente. Talvez devesse sentir-se reconfortado por isso.
    - Os reis estão caindo como folhas, neste outono - disse. - Aparentemente, nossa guerrinha está se ganhando sozinha.
    - As guerras não se ganham sozinhas, Tyrion - disse Cersei com uma doçura vene¬nosa. - O senhor nosso pai ganhou esta guerra.
    - Nada está ganho enquanto tivermos inimigos em campo - preveniu-os Lorde Tywin.
    - Os senhores do rio não são nada tolos - concordou a rainha. - Sem os nortenhos, não podem esperar resistir ao poderio combinado de Jardim de Cima, Rochedo Casterly e Dorne. Certamente preferirão a submissão à destruição.
    - A maioria, sim - concordou Lorde Tywin. - Resta Correrrio, mas enquanto Wal¬der Frey tiver Edmure Tully como refém, o Peixe Negro não se atreverá a constituir uma ameaça. Jason Mallister e Tytos Blackwood continuarão lutando em nome da honra, mas os Frey podem manter os Mallister encurralados em Guardamar, e com o incitamento certo, Jonos Bracken pode ser persuadido a mudar de fidelidade e atacar os Blackwood. No fim, dobrarão os joelhos, sim. Pretendo oferecer termos generosos. Qualquer castelo que se renda a nós será poupado, exceto um.
    - Harrenhal? - disse Tyrion, que conhecia o pai.
    - E melhor que o reino se livre desses Bravos Companheiros. Ordenei a Sor Gregor para passar o castelo na espada.
    Gregor Clegane. Parecia que o pai pretendia minar a Montanha até a última pe- pita de minério antes de entregá-la à justiça de Dorne. Os Bravos Companheiros acabariam como cabeças montadas em espigões, e Mindinho entraria de passeio em Harrenhal, sem uma única mancha de sangue naquelas suas belas roupas. Perguntou a si mesmo se Petyr Baelish já teria chegado ao Vale. Se 05 deuses forem bons, enfren¬tou com uma tempestade no mar e afundou-se. Mas quando os deuses tinham sido razoavelmente bons?
    - Deviam ser todos passados na espada - declarou de repente JofFrey. - Os Mallister, os Blackwood e os Bracken... todos. São traidores. Quero-os mortos, avô. Não quero ne¬nhum termo generoso. - O rei virou-se para o Grande Meistre Pycelle. - E também quero a cabeça de Robb Stark. Escreva ao Lorde Frey e diga-lhe. O rei ordena. Vou servi-la a Sansa em meu banquete de casamento.
    - Senhor - disse Sor Kevan numa voz chocada -, a senhora é agora sua tia pelo ca¬samento»
    - Uma brincadeira. - Cersei sorriu. - JofF não falava a sério.
    - Falava, sim - insistiu JofFrey. - Ele era um traidor, e quero a sua estúpida cabeça. Vou obrigar Sansa a beijá-la.
    - Não. - A voz de Tyrion estava enrouquecida. - Sansa já não é sua para atormentar. Veja se percebe isso, monstro.
    JofFrey deu um sorriso zombeteiro.
    - O monstro é você, tio.
    - Ah, sou? - Tyrion inclinou a cabeça. - Então talvez devesse falar comigo mais de mansinho. Os monstros são animais perigosos, e agora os reis parecem andar morrendo como moscas.
    - Podia cortar sua língua por dizer isso - disse o jovem rei, corando. - Sou o rei,
    Cersei apoiou uma mão protetora no ombro do filho,
    - Deixe o anão fazer todas as ameaças que quiser, Joff. Quero que o senhor meu pai e o meu tio vejam aquilo que ele é.
    Lorde Tywin ignorou aquilo; foi a Joffrey que se dirigiu.
    - Aerys também achava que tinha de lembrar aos homens que era o rei. E também era muito amigo de arrancar línguas. Pode interrogar Sor Ilyn Payne a esse respeito, em¬bora não vá obter resposta.
    - Sor Ilyn nunca se atreveu a provocar Aerys como o seu Duende provoca Joff - disse Cersei. - Ouviu Tyrion. "Monstro", disse ele. A Graça Real. E ameaçou-o...
    - Fique calada, Cersei, Joffrey, quando os seus inimigos o desafiarem, tem de lhes ser¬vir aço e fogo. Mas quando se ajoelham, tem de ajudá-los a se levantar. De outro modo, nunca ninguém dobrará o joelho. E qualquer homem que tenha de dizer "sou o rei" não é rei de verdade. Aerys nunca compreendeu isso, mas você compreenderá. Depois de ga¬nhar a sua guerra, restauraremos a paz régia e a justiça real. Em vez de cabeças, preocupe- -se é com o cabaço de Margaery Tyrell.
    Joffrey ostentava aquela sua expressão carrancuda e amuada. Cersei tinha-o firme¬mente preso pelo ombro, mas talvez devesse tê-lo agarrado pela garganta, O rapaz sur¬preendeu a todos. Em vez de fugir e de ir se enfiar debaixo de uma pedra, Joff ergueu-se com um ar desafiador e disse:
    - Fala de Aerys, avô, mas tinha medo dele.
    Ora essa, e não é que isso ficou interessante?, pensou Tyrion.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:59 pm

    Lorde Tywin estudou o neto em silêncio, com salpicos de ouro brilhando em seus olhos verde-claros.
    - Joffrey, peça perdão ao seu avô - disse Cersei.
    Ele libertou-se das mãos dela.
    - Por que devo pedir perdão? Todo mundo sabe que é verdade. O meu pai ganhou todas as batalhas. Matou o Príncipe Rhaegar e capturou a coroa, enquanto o seu pai estava escondido por baixo de Rochedo Casterly, - O rapaz dirigiu ao avô um olhar de desafio. - Um rei forte age com ousadia, não se limita a conversar.
    - Obrigado por essas palavras de sabedoria, Vossa Graça - disse Lorde Tywin, com uma cortesia tão fria que era capaz de fazer cair suas orelhas, congeladas. - Sor Kevan, vejo que o rei está cansado. Por favor, acompanhe-o em segurança de volta ao seu quarto. Pycelle, talvez uma poção suave para ajudar Sua Graça a ter um sono descansado?
    - Vinho dos sonhos, senhor?
    - Não quero vinho dos sonhos nenhum - insistiu Joffrey.
    Lorde Tywin teria dado mais ouvidos a um rato guinchando no canto.
    - Vinho dos sonhos servirá. Cersei, Tyrion, fiquem.
    Sor Kevan pegou firmemente no braço de Joffrey e levou-o porta afora, atrás da qual dois homens da Guarda Real esperavam. O Grande Meistre Pycelle apressou-se a segui¬dos o mais depressa que as suas velhas pernas trêmulas conseguiam levá-lo. Tyrion ficou onde estava.
    - Pai, lamento - disse Cersei quando a porta foi fechada. - Joff sempre foi teimoso, eu preveni...
    - Há léguas e léguas de diferença entre teimoso e burro, "Um rei forte age com ousa- dia?" Quem lhe disse isso?
    - Eu não, garanto - disse Cersei. - O mais provável é que tenha sido algo que ouviu Robert dizer...
    - A parte sobre você se esconder por baixo do Rochedo Casterly realmente soa a Ro¬bert. - Tyrion não queria que Lorde Tywin se esquecesse dessa parte da conversa.
    - Sim, agora me lembro - disse Cersei - Robert disse com freqüência a Joff que um rei tem de ser ousado,
    - E o que você anda lhe dizendo, se não se importa? Não travei uma guerra para pôr Robert Segundo no Trono de Ferro. Você me levou a crer que o rapaz não gostava nada do pai.
    - E por que haveria de gostar? Robert ignorava-o. Teria espancado Joff, se eu tivesse permitido. Aquele bruto com quem me obrigou a casar bateu uma vez no rapaz com tan¬ta força que lhe tirou dois dentes de leite, por causa de uma travessura qualquer com um gato. Eu disse-lhe que o mataria durante o sono se voltasse a fazer isso, e ele não fez, mas às vezes dizia coisas...
    - Aparentemente, havia coisas que precisavam ser ditas. - Lorde Tywin acenou-lhe com dois dedos, uma brusca despedida. - Saia.
    E ela saiu, fervendo,
    - Não é Robert Segundo - disse Tyrion. ~ E Aerys Terceiro.
    - O rapaz tem treze anos. Ainda há tempo. - Lorde Tywin dirigiu-se à janela. Não era característico dele, estava mais perturbado do que queria mostrar. - Precisa de uma boa lição.
    Tyrion tinha recebido a sua boa lição aos treze anos. Quase sentiu pena do sobrinho. Por outro lado, ninguém a merecia mais do que ele.
    - Basta de falar de JofFrey - disse. - As guerras são ganhas com penas e corvos, não foi o que disse? Tenho de lhe dar os parabéns. Há quanto tempo andava conspirando isso com Walder Frey?
    - Essa palavra desagrada-me - disse Lorde Tywin rigidamente.
    - E a mim desagrada ser deixado no escuro.
    - Não havia motivo para lhe contar. Não tinha participação nenhuma no assunto.
    - Cersei foi informada? - quis saber Tyrion.
    - Ninguém foi informado, exceto aqueles que tinham um papel a desempenhar. E esses só foram informados daquilo que precisavam saber. Devia saber que não há outra maneira de manter um segredo... especialmente aqui. Meu objetivo era livrar-nos de um inimigo perigoso da forma menos dispendiosa possível, não satisfazer a sua curiosidade ou fazer com que a sua irmã se sentisse importante. - Fechou as venezianas, franzindo a testa. - Você tem certa astúcia, Tyrion, mas a verdade é qu.e fala demais. Essa sua língua solta ainda será o seu fim.
    - Devia ter deixado que Joffrey a arrancasse - sugeriu Tyrion.
    - Faria bem em não me tentar - disse Lorde Tywin. - Não quero mais conversas sobre isso. Tenho refletido sobre como melhor apaziguar Oberyn Martell e sua comitiva.
    - Oh? E é alguma coisa que sou autorizado a saber, ou será que devo deixá-lo sozinho para que possa discutir o assunto consigo?
    O pai ignorou o gracejo.
    - A presença do Príncipe Oberyn na cidade é um infortúnio. O irmão é um homem cauteloso, um homem racional, sutil, ponderado, até algo indolente. É um homem que pesa as conseqüências de cada palavra e de cada ato. Mas Oberyn sempre foi meio louco.
    - E verdade que tentou mobilizar Dorne em favor de Viserys?
    - Ninguém fala disso, mas sim. Voaram corvos e galoparam mensageiros, com men¬sagens secretas que eu nunca soube o que diziam. Jon Arryn velejou até Lançassolar para devolver os ossos do Príncipe Lewyn, sentou-se com o Príncipe Doran e pôs fim a todo o falatório sobre guerra. Mas, depois disso, Robert nunca foi a Dorne, e o Príncipe Oberyn raramente saiu de lá.
    - Bem, agora está aqui, com metade da nobreza de Dorne atrás, e fica mais impacien¬te a cada dia - disse Tyrion. - Talvez eu devesse mostrar-lhe os bordéis de Porto Real, isso talvez o distraia. Uma ferramenta para cada tarefa, não é assim que as coisas são? A minha ferramenta é sua, pai. Que nunca se diga que a Casa Lannister fez soar as trombe- tas e eu não respondi.
    A boca de Lorde Tywin comprimiu-se.
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    Mensagem  Admin Ter Jun 12, 2012 1:59 pm

    - Muito divertido. Deverei mandar fazer um traje quadriculado para você, e um cha- peuzinho cheio de guizos?
    - Se o usar, terei licença para dizer tudo que quiser a respeito de Sua Graça, o Rei Joffrey?
    Lorde Tywin voltou a se sentar e disse:
    - Fui obrigado a agüentar as loucuras de meu pai. Não agüentarei as suas. Basta.
    - Muito bem, já que o pede de um modo tão simpático. Temo que o Víbora Verme¬lha não vá ser simpático... e tampouco se contente apenas com a cabeça de Sor Gregor.
    - Mais um motivo para não dá-la.
    - Não dá-la...? - Tyrion estava chocado. - Pensei que estávamos de acordo em que a floresta estava cheia de animais.
    - Animais menores, - Os dedos de Lorde Tywin entrelaçaram-se sob o seu queixo. - Sor Gregor serviu-nos bem. Nenhum outro cavaleiro no reino inspira tanto terror em nossos inimigos.
    - Oberyn sabe que foi Gregor quem...
    - Ele não sabe nada. Ouviu histórias. Mexericos de estábulo e calúnias de cozinha, Não tem nem uma migalha de provas. Sor Gregor certamente não estará disposto a lhe fazer uma confissão. Pretendo mantê-lo bem afastado enquanto os dorneses estiverem em Porto Real.
    - E quando Oberyn exigir a justiça que veio obter?
    - Direi que foi Sor Amory Lorch quem matou Elia e os filhos - disse calmamente Lorde Tywin. - E você também, se ele perguntar.
    - Sor Amory Lorch está morto - disse Tyrion numa voz sem expressão.
    - Exatamente. Vargo Hoat ordenou que Sor Amory fosse desmembrado por um urso após a queda de Harrenhal, Isso deve ser suficientemente macabro para apaziguar até Oberyn Martell.
    - Pode chamar isso de justiça,,,
    - É justiça, Foi Sor Amory quem me trouxe o corpo da menina, já que tem de saber. Encontrou-a escondida debaixo da cama do pai, como se acreditasse que Rhaegar ainda podia protegê-la. A princesa Elia e o bebê estavam no quarto das crianças, no andar de baixo.
    - Bem, é uma história, e não é provável que Sor Amory a negue. O que dirá a Oberyn quando ele perguntar quem deu a Lorch as suas ordens?
    - Sor Amory agiu por conta própria, na esperança de conquistar o favor do novo rei. O ódio de Robert por Rhaegar não era nem um pouco secreto.
    Pode servir, Tyrion teve de admitir, mas a serpente não ficará contente.
    - Longe de mim questionar a sua astúcia, pai, mas em seu lugar creio que teria deixa¬do Robert Baratheon ensangüentar as próprias mãos.
    Lorde Tywin fitou-o como se ele tivesse perdido o juízo.
    - Então merece aquele traje quadriculado. Tínhamos chegado tarde à causa de Ro¬bert. Era necessário demonstrar a nossa lealdade. Quando depus aqueles cadáveres pe¬rante o trono, ninguém pôde duvidar de que eu tinha abandonado para sempre a Casa Targaryen. E o alívio de Robert foi palpável. Por mais burro que fosse, até ele sabia que os filhos de Rhaegar tinham de morrer se quisesse que o trono alguma vez estivesse segu¬ro. Mas via-se como um herói, e os heróis não matam crianças. - O pai de Tyrion enco¬lheu os ombros. - Admito que houve brutalidade em excesso. Elia não precisava ter sido ferida de todo, isso foi pura loucura. Em si mesma nada era.
    - Então por que foi que a Montanha a matou?
    - Porque não lhe disse para poupá-la. Duvido que tenha chegado a mencioná- -la. Tinha preocupações maiores. A vanguarda de Ned Stark corria para o sul vinda do Tridente, e temi que se pudesse chegar ao ponto de cruzarmos espadas, E Aerys tinha disposição para assassinar Jaime, sem nenhum motivo além do rancor. Era isso que eu mais temia. Isso e o que o próprio Jaime poderia fazer. - Fechou a mão num punho. - E ainda não tinha compreendido bem o que havia em Gregor Clegane, sabia apenas que ele era enorme e terrível em batalha. O estupro... nem você poderá me acusar de ter dado essa ordem, espero eu. Sor Amory mostrou selvageria quase idêntica com Rhaenys. Mais tarde, perguntei-lhe por que tinham sido necessárias meia centena de estocadas para matar uma garota de... dois anos. Três? Ele disse que ela o chutou e não parava de gritar. Se Lorch tivesse metade dos miolos que os deu¬ses deram a um nabo, teria acalmado a criança com algumas palavras doces e usado uma almofada suave de seda. - Sua boca torceu-se de repugnância. - Tinha sangue nele.
    Mas em você não, pai. Não há sangue em Tywin Lannister.
    - Foi uma almofada suave de seda que matou Robb Stark?
    - Deveria ter sido uma flecha, no banquete de casamento de Edmure Tully. O ra¬paz era cauteloso demais no campo de batalha. Mantinha seus homens em boa ordem, e cercava-se de batedores e guarda-costas.
    - Então Lorde Walder matou-o sob o próprio teto, à própria mesa? - Tyrion fez um punho. - E a Senhora Catelyn?
    - Diria que também foi morta. Um par de pele de lobo. O Frey pretendia mantê-la cativa, mas talvez algo tenha dado errado.
    - E lá se foi o direito de hóspede.
    - O sangue está nas mãos de Walder Frey, não nas minhas,
    - Walder Frey é um velho rabugento que vive para acariciar a sua jovem esposa e matutar sobre todas as desfeitas que sofreu. Não duvido que tenha chocado esta feia ga¬linha, mas nunca teria se atrevido a tal coisa sem uma promessa de proteção.
    - Suponho que você teria poupado o rapaz e dito a Lorde Frey que a sua fidelidade não lhe fazia falta. Isso teria atirado o velho idiota nos braços dos Stark e teria conquista- do mais um ano de guerra. Explique-me como é que é mais nobre matar dez mil homens em batalha do que uma dúzia no jantar. - Quando Tyrion não teve resposta para aquilo, o pai prosseguiu. - O preço foi barato, de qualquer ponto de vista. A coroa atribuirá Correrrio a Sor Emmon Frey depois que o Peixe Negro se

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