O castelo do Lorde Brune minguou nas suas costas, e em breve ficou
fora de vista. Sentinelas e pinheiros marciais erguiam-se a toda a volta, altas
lanças vestidas de verde lançadas para o céu. O chão da floresta era um
tapete de agulhas caídas com a espessura de uma muralha de castelo,
juncado de pinhas. Os cascos dos cavalos pareciam não fazer um som.
Choveu um pouco, parou durante algum tempo, e então recomeçou a chover,
mas entre os pinheiros quase não sentiram uma gota.
O avanço era muito mais lento nos bosques. Brienne incitava a égua
a avançar através da penumbra verde, ziguezagueando de um lado para o
outro por entre as árvores. Apercebeu-se de que seria muito fácil perder-se
ali. Todos os lados para onde olhava pareciam iguais. O próprio ar parecia
cinzento, verde e imóvel. Galhos de pinheiro raspavam nos seus braços e
arranhavam ruidosamente o escudo pintado de novo. A estranha quietude
mexia-lhe mais com os nervos a cada hora que passava.
Também a incomodava Dick. Mais tarde nesse dia, quando o ocaso
se aproximava, tentou cantar.
— Havia um urso, um urso, um urso! Preto e castanho e coberto de
pêlo — cantou, com uma voz tão áspera como um par de bragas de lã. Os
pinheiros beberam a sua canção, tal como bebiam o vento e a chuva. Pouco
depois, parou.
— Isto aqui é mau — disse Podrick. — Este lugar é mau.
Brienne sentia o mesmo, mas não serviria de nada admiti-lo.
— Um pinhal é um sítio sombrio, mas no fim de contas é só uma
floresta. Não há nada aqui que tenhamos que temer.
— Então e os chapinheiros? E as cabeças?
— Aí está um moço esperto — disse Dick, rindo.
Brienne deitou-lhe um olhar aborrecido.
— Os chapinheiros não existem — disse a Podrick — e as cabeças
também não.
Os montes subiram, os montes desceram. Brienne deu por si a rezar
para que Dick fosse honesto, e soubesse para onde os estava a levar.
Sozinha, nem sequer tinha a certeza de conseguir voltar a encontrar o mar.
De dia ou de noite, o céu mostrava-se de um cinzento sólido e encoberto,
sem sol nem estrelas que a ajudassem a orientar-se.