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    O Festim dos Corvos

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    O Festim dos Corvos - Página 10 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 2:55 pm

    — O que você está ouvindo não é medo — lhe respondeu o ancião.
    — É o som do desespero, e para isso não há poções. Deixa que as lágrimas
    sigam seu curso, Sam. Não se pode conter a maré com um muro.
    Sam não compreendeu nada.
    — Está indo para um lugar seguro. Para um lugar quente. Porque
    estaria desesperada?
    — Sam — sussurrou o ancião. — Tens dois olhos que te servem,
    mas não vê nada. É uma mãe que chora por seu filho.
    — Ele não está doente; está enjoado, igual a todos nós. Logo
    chegaremos ao porto de Bravos...
    —... E o bebê continuará sendo o filho de Dalla, não fruto de seu
    ventre.
    Sam demorou um momento para entender o que Aemon estava
    insinuando.
    — Não é possível... Ela jamais... Claro que é seu. Goiva jamais
    haveria saído da Muralha sem o seu filho. Ela o ama.
    — Amamentou os dois e amava os dois. — Replicou Aemon. —
    Mas não da mesma maneira. Não há mãe que ame seus filhos todos por
    igual, nem sequer a Mãe Divina. E Goiva jamais haveria deixado o menino
    por sua própria vontade, estou certo. Não sei com o que a ameaçou o Lorde
    Comandante, nem o que lhe prometeu; só posso imaginar... Mas não tenho
    dúvidas de que houve ameaças e promessas.
    — Não. Não é possível. Jon jamais...
    — Jon jamais faria algo assim. Lorde Snow o fez. Às vezes não há
    uma boa opção, Sam, somente uma menos dolorosa que as outras.
    Não há boa opção. Sam pensou em tudo o que ele e Goiva sofreram;
    na casa de Craster, na morte do Velho Urso, no gelo, na neve e nos ventos
    gélidos, nos dias e mais dias de caminhada, nos espectros da Árvore Branca,
    em Mãos-frias e a árvore dos corvos, na Muralha, na Muralha, na Muralha...
    A Porta Negra, embaixo da terra. E tudo para quê? Não há boa opção, não
    há final feliz.
    Queria gritar. Queria uivar, soluçar, tremer e sentar-se para lamentar.
    Trocou os bebês. Trocou os bebês para proteger o príncipe, para
    distanciá-lo das fogueiras da Senhora Melisandre e de seu deus vermelho.
    Se fizer arder o bebê de Goiva, a quem importa? A ninguém mais do que a
    ela. Na verdade, não era mais que um cachorro de Craster, uma
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    O Festim dos Corvos - Página 10 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 2:55 pm

    abominação nascida do incesto, não o filho do Rei-pra-lá-da-Muralha. Não
    vale como refém, nem como sacrifício, nem como nada; nem sequer tem
    nome.
    Sem palavras, Sam se dirigiu cambaleante ao convés para vomitar,
    mas não tinha nada no estômago. A noite havia caído sobre eles, uma noite
    estranha e tranquila, como não haviam visto em muitos dias. O mar estava
    negro como uma boca de lobo. Os remadores descansavam nos seus postos.
    Um ou dois haviam dormido sentados. O vento inchava as velas, e ao norte,
    Sam viu uma constelação, assim como a estrela errante vermelha que o povo
    livre chamava O Ladrão.
    Essa deveria ser a minha estrela. Eu fiz com que elegessem Jon
    Senhor Comandante; eu lhe levei Goiva e o bebê. Não há final feliz.
    — E então, Matador? — Dareon se pôs a seu lado, sem perceber a
    melancolia de Sam. — Bonita noite, pelo menos uma vez. Olha, estão
    aparecendo as estrelas. Se tivermos sorte até veremos a lua. Pode ser que o
    pior já tenha passado.
    — Não. — Sam limpou o nariz e sinalizou para o sul com um dedo
    gordo, em direção ao lugar onde a escuridão era mais densa. — Ali. — Não
    disse nada, e um relâmpago acendeu no céu, repentino, silencioso, com um
    brilho cegante. As nuvens distantes brilharam por um segundo, montanhas
    sobre montanhas, roxas, vermelhas e amarelas, mais altas que o mundo. —
    O pior nem começou, e não há final feliz.
    — Louvados sejam os deuses. — Riu Dareon. — Matador, você é
    tão covarde.
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    O Festim dos Corvos - Página 10 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:03 pm

    Jaime 275



    Lorde Tywin Lannister entrara na cidade em um garanhão, sua
    armadura vermelho-esmaltada polida e brilhante, reluzente com
    gemas e filigrana. Ele a deixou no carro fúnebre, drapejado de
    bandeiras vermelhas, com cinco irmãs silenciosas velando a seus ossos.
    O cortejo fúnebre deixou Porto Real pelo Portão dos Deuses, mais
    largo e esplêndido do que o Portão do Leão. A escolha parecia errada para
    Jaime. Seu pai tinha sido um leão, ninguém podia negar, mas até mesmo
    Lorde Tywin nunca reivindicou ser um deus.
    Uma guarda de honra de cinquenta homens cercava o carro de Lorde
    Tywin, flâmulas vermelhas esvoaçavam das lanças. Os senhores do oeste
    seguiam atrás deles. O vento batia nos estandartes, fazendo-os dançar e
    voejar. Enquanto ele trotava para a coluna, Jaime passou por javalis,
    texugos, e besouros, uma flecha verde e um boi vermelho, alabardas
    cruzadas, lanças cruzadas, um gato de árvore, um morangueiro, uma figura
    de escudo com uma manga, e quatro figuras de sóis ao contrário.
    Lorde Brax vestia um gibão cinza-claro com bordados de prata, uma
    ametista em forma de um unicórnio em cima de seu coração. Lorde Jast
    usava uma armadura de aço negro, três cabeças de leões douradas
    incrustadas na sua couraça. A julgar pela sua aparência, os rumores sobre
    sua morte não tinha sido de todo errados; as feridas e as prisões tinham
    deixado apenas uma sombra do homem que ele fora. Lorde Banefort vencera
    melhor a batalha, e parecia pronto para retornar para a guerra mais uma vez.
    Plumm vestia roxo, Prester, arminho, Moreland, ferrugem e verde, mas cada
    um vestira uma capa de seda vermelha, em honra ao homem que eles
    escoltavam de volta para casa.
    Atrás dos senhores vinham uma centena de besteiros e três centenas
    de soldados, e o vermelho também ondeava de seus ombros. Em sua capa
    branca e armadura branca escamada, Jaime se sentia de fora naquele rio de
    vermelho.
    O seu tio também não deixava aquilo mais fácil.
    — Senhor Comandante — Sor Kevan disse quando Jaime trotou ao
    lado dele no alto da coluna. Vossa Graça tinha alguma última ordem para
    mim?
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:03 pm

    — Eu não estou aqui por Cersei. — Um tambor começou a rufar
    atrás deles, devagar, mensurado, fúnebre. Morto, ele parecia dizer, morto,
    morto. — Eu vim para dar adeus. Ele era o meu pai.
    — E dela.
    — Eu não sou Cersei. Eu tenho uma barba, e ela tem peitos. Se você
    ainda está confuso, tio, conte nossas mãos. Cersei tem duas.
    — Os dois gostam do escárnio — seu tio disse. — Poupe-me de suas
    zombarias, sor, eu não gosto delas.
    — Como deseja. Isto não está indo tão bem como eu desejava.
    Cersei iria querer ver você de fora, mas ela tem muitos deveres.
    Sor Kevan bufou.
    — Assim como todos nós. Como passa o seu rei? — O seu tom de
    voz fez da pergunta uma repreensão.
    — Bem o suficiente — Jaime disse defensivamente. — Balon
    Swann está com ele pelas manhãs. Um bom e bravo guerreiro.
    — Foi o tempo em que não se falava daqueles que vestem o manto
    branca.
    Nenhum homem pode escolher seus irmãos, Jaime pensou. Dê-me a
    licença para escolher meus homens, e a Guarda Real será grande
    novamente. Mas colocar isso grosseiramente soaria frágil; uma jactância
    vazia de um homem da realeza chamado Regicida. Um homem com uma
    honra de merda. Jaime preferiu esquecer aquilo. Ele não viera para discutir
    com o tio.
    — Sor — ele disse. — Você precisa fazer as pazes como Cersei.
    — Estamos em guerra? Ninguém me contou.
    Jaime ignorou aquilo.
    — Discórdia entre Lannister e Lannister ajudará apenas os inimigos
    da nossa Casa.
    — Se há discórdia, não é por minha culpa. Cersei quer governar.
    Muito bem. O reino é dela. Tudo o que eu peço é ser deixado em paz. Meu
    lugar é em Darry com meu filho. O castelo precisa ser restaurado, as terras,
    semeadas e protegidas. — Ele deu um latido de risada amarga. — E sua irmã
    me deixou pouco para ocupar o tempo. Eu também vi Lancel se casar. Sua
    esposa tem pressa em ir para Darry.
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:03 pm

    Sua viúva das Gêmeos. Seu primo Lancel estava a cem metros atrás
    deles. Com seus olhos ocos e cabelos secos e brancos, ele parecia mais velho
    do que Lorde Jast. Jaime podia sentir seus dedos fantasmagóricos se
    coçando... Fodendo com Lancel e Osmund Kettleblack e Menino Lua, pelo
    que sei... Ele tentara falar com Lancel mais vezes do que podia contar, mas
    nunca o encontrava sozinho. Se seu pai não estava com ele, algum septão
    estava. Ele podia ser o filho de Kevan, mas ele tinha leite em suas veias.
    Tyrion estava mentindo para mim. Suas palavras queriam ferir. Jaime tirou
    seu primo de seus pensamentos e voltou-se para o tio.
    — Você vai permanecer em Darry depois do casamento?
    — Por um tempo, talvez. Sandor Clegane está saqueando tudo que
    encontra ao longo de Tridente, ao que parece. Sua irmã quer sua cabeça. É
    possível que ele tenha se unido com Dondarrion.
    Jaime tinha ouvido sobre as Salinas. Por ora, metade do reino ouvira.
    Ataques excepcionalmente selvagens. Mulheres estupradas e mutiladas,
    crianças assassinadas nos braços de suas mães, metade da cidade queimada.
    — Randyll Tarly está em Lagoa da Donzela. Deixe-o lidar com os
    fora da lei. Eu iria o quanto antes a Correrrio.
    — Sor Daven governa lá. O Guardião do Oeste. Ele não precisa de
    mim. Lancel, sim.
    — É Como você diz, tio. — A cabeça de Jaime estava martelando
    como a batida do tambor. Morto, morto, morto. — Você faria bem em
    manter seus cavaleiros por perto.
    Seu tio o olhou com frieza;
    — Isto é uma ameaça, sor?
    Uma ameaça? A sugestão o assustou.
    — Um aviso. Eu só quis dizer... Sandor é perigoso.
    — Eu estava enforcando foras da lei e cavaleiros ladrões quando
    você ainda estava cagando em suas fraldas. Eu não vou fugir e encarar
    Clegane e Dondarrion sozinho, se esse é o seu medo, sor. Nem todo
    Lannister é capaz de fazer estupidez por glória.
    Por que, tio, eu acredito que você está falando de mim?
    — Addam Marbrand poderia negociar com esses foras da lei tão
    bem quanto você. Assim como Brax, Banefort, Plumm, qualquer um desses.
    Mas nenhum deles daria uma boa Mão do Rei.
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:03 pm

    — Sua irmã conhece as regras. Elas não foram mudadas. Diga a ela
    isso, da próxima vez que estiver em seu dormitório.
    Sor Kevan colocou seus tornozelos no seu corcel e galopou adiante,
    terminando abruptamente a conversa.
    Jaime o deixou ir, sua mão da espada perdida se contraindo. Ele
    tinha esperado contra toda a esperança que Cersei tivesse, de alguma forma,
    entendido mal, mas claramente aquilo estava errado. Ele sabe sobre nós
    dois. Sobre Tommen e Myrcella. E Cersei sabe que ele sabe. Sor Kevan era
    um Lannister de Rochedo Casterly. Ele podia não acreditar que ela nunca o
    faria mal, mas... Eu estava errado sobre Tyrion, por que não sobre Cersei?
    Quando filhos matam pais, o que há de impedir uma sobrinha de ordenar
    que matem seu tio? Um tio inconveniente que sabe demais. Embora Cersei
    talvez estivesse esperando que o Cão fizesse seu trabalho. Se Sandor
    Clegane matasse Sor Kevan, ela não precisaria sujar suas mãos com sangue.
    E ele vai, se eles se encontrarem. Kevan Lannister fora uma vez um homem
    robusto com uma espada, mas a juventude havia passado, e o Cão...
    A coluna o havia alcançado. Quando seu primo passou junto a ele,
    flanqueado por seus dois septões, Jaime o gritou.
    — Lancel, primo. Eu quis te parabenizar por seu casamento. Eu
    lamento que meus deveres não me permitem assistir.
    — Vossa Graça deve ser protegida.
    — E será. Mesmo assim, eu odeio ter que perder seu casamento. É
    seu primeiro casamento e o segundo dela, eu entendo. Tenho certeza que
    minha senhora ficará encantada de mostrar a você como funcionam as
    coisas.
    A observação obscena desenhou um sorriso no rosto de vários
    senhores que estavam por perto e um olhar desaprovador dos septões de
    Lancel. Seu primo se contorceu com desconforto na sela.
    — Eu conheço meus deveres como marido, sor.
    — É apenas o que uma esposa quer na noite de núpcias, disse Jaime.
    Um marido que saiba como fazer seu dever.
    Um rubor subiu nas bochechas de Lancel.
    — Eu oro por você, primo. E por Vossa Graça, a rainha. Que a
    Velha a guie à sua sabedoria e que o Guerreiro a proteja.
    — Por que Cersei precisaria do Guerreiro? Ela tem a mim. — Jaime
    virou seu cavalo, sua capa branca batendo contra o vento. O Duende estava
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:03 pm

    mentindo. Cersei antes teria o cadáver de Robert entres suas pernas do que
    um idiota como Lancel. Tyrion, seu bastardo maldito, você deveria ter
    mentido sobre alguém mais plausível. Ele galopou adiante, passando pelo
    cortejo funeral do seu pai, em direção à cidade.
    As ruas de Porto Real pareciam quase desertas quando Jaime
    Lanninster voltava para a Fortaleza Vermelha, em cima da Alta Colina de
    Aegon. Os soldados que tinham abarrotado as covas de jogo da cidade e
    lojas de ervas já tinham se ido. Garlan, o Galante, levara metade dos homens
    de Tyrell para o Jardim de Cima, e sua mãe e sua avó tinham ido com ele. A
    outra metade marchara para o sul com Mace Tyrell e Mathis Rowan para
    defender Ponta Tempestade.
    Quanto ao exército dos Lannister, dois mil veteranos sobravam
    acampados do lado de fora dos muros da cidade, esperando a frota Paxter
    Redwyne para carrega-los sobre a Baía da Águas Negra para Pedra do
    Dragão. Lorde Stannis parecia ter deixado uma pequena tropa atrás dele
    quando navegou para o norte, de modo que Cersei julgara que dois mil
    homens seriam mais do que o suficiente.
    O resto dos homens do oeste tinha voltado para suas esposas e seus
    filhos, para reconstruir suas casas, plantar nos seus campos e fazer uma
    colheita pela última vez. Cersei levara Tommen pelos seus campos antes que
    eles marchassem, para deixa-los saudar seu pequeno rei. Ela nunca estivera
    mais bonita do que naquele dia, com um sorriso em seus lábios e o sol de
    outono brilhando no seu cabelo dourado.
    O que quer que alguém dissesse sobre sua irmã, ela sabia como fazer
    os homens a amar quando se importava em tentar.
    Quando Jaime trotou através dos portões do castelo, ele encontrou
    duas dúzias de cavaleiros treinando com lanças no pátio. Algo que eu não
    posso mais fazer, ele pensou. Uma lança era mais pesada e mais incômoda
    do que uma espada, e espadas já davam mais problemas do que o suficiente.
    Ele pensou que poderia segurar a lança com sua mão esquerda, mas aquilo
    queria dizer segurar o escudo com seu braço direito. Em um torneio, o
    inimigo de um homem estava sempre à esquerda. Um escudo no seu braço
    direito seria tão útil como mamilos em sua couraça. Não, meus dias de justa
    acabaram, pensou enquanto desmontava... Mas, mesmo assim, parou para
    assistir um pouco.
    Sor Tallad, o Alto, perdeu a montaria quando o saco de areia bateu
    contra sua cabeça. Javali golpeou o escudo tão forte que este acabou
    quebrando. Kennos de Kayce terminou a destruição. Penduraram novo
    escudo para Sor Dermot de Mata de Chuva. Lambert Turnberry só deu um
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:03 pm

    golpe, mas Jon Bettley, o Imberbe, Humfrey Swyft e Alyn Stackspear
    contaram com muitos golpes, e Ronnet Connington, o Vermelho, quebrou
    sua lança. Então o Cavaleiro das Flores montou e humilhou todos os outros.
    Jaime sempre acreditara que três quartos do exército numa justa
    dependiam da habilidade como cavaleiro. Sor Loras cavalga soberbamente, e
    lidava com a lança como se ele tivesse nascido com ela na mão... O que, sem
    dúvida, explicaria a permanente expressão de dor no rosto de sua mãe. Ele
    coloca a ponta onde ele quer coloca-la, e parece ter o equilíbrio de um gato.
    Talvez não fosse por simples casualidade que ele me desmontou. É uma pena
    que ele nunca terá a chance de tentar a sorte com o garoto de novo. Ele
    deixou os homens continuarem seu treinamento.
    Cersei estava em seus aposentos Fortaleza de Maegor, com Tommen
    e a esposa de Myr de cabelos negros de Lorde Merryweather. Os três
    estavam rindo do Grande Meistre Pycelle.
    — Perdi alguma piada inteligente? — Perguntou Jaime ao cruzar a
    porta.
    — Oh, olha — ronronou a Senhora Merryweather. — Seu irmão
    corajoso retornou, Vossa Graca.
    — Grande parte dele. — A rainha estava bêbada — Jaime percebeu.
    Ultimamente, Cersei parecia ter sempre uma jarra de vinho na mão, ela que
    tivera uma vez zombado de Robert Baratheon pela sua bebedeira. Ele não
    gostou daquilo, mas naqueles dias ele parecia não gostar de nada que sua
    irmã fizesse.
    — Grande Meistre — ela disse. — Tenha a amabilidade de
    compartilhar as novidades com o Senhor Comandante.
    Pycelle parecia desesperadamente desconfortável.
    — Veio um pássaro — ele disse. De Stokeworth. A Senhora Tanda
    diz que sua filha Lollys deu à luz um filho forte e saudável.
    — E você não acredita o nome que deram ao bastardinho, irmão.
    — Eles querem chama-lo de Tywin, se me recordo.
    — Sim, mas eu proibi. Eu disse a Falyse que eu não queria o nobre
    nome do nosso pai dado a uma cria de um porquinho e de uma porca fraca
    de raciocínio.
    — A Senhora Stokeworth insiste que não foi ela que deu o nome à
    criança — Grande Meistre Pycelle apontou. Sua testa enrugada pontilhada
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:04 pm

    de suor. — O marido de Lollys escolheu, ela escreve. Este homem Bronn,
    ele... Parece que ele...
    — Tyrion, arriscou Jaime. Ele chamou o filho de Tyrion.
    O velho balançou a cabeça tremendo, enxugando a testa com a
    manga de seu robe.
    Jaime teve que rir.
    — Aí está querida irmã. Você tem procurado por Tyrion por todo
    canto, e esse tempo todo ele esteve escondido no ventre de Lollys.
    — Engraçadinho. Você e Bronn são dois palhaços. Sem dúvida o
    bastardo está chupando uma das tetas de Lollys Lackwit enquanto falamos,
    enquanto este mercenário olha, rindo de sua insolenciazinha.
    — Talvez essa criança carregue alguma semelhança com seu irmão,
    sugeriu a Senhora Merryweather. Ele pode ter nascido deformado, ou sem o
    nariz. Ela deu uma risada gutural.
    — Nós enviaremos ao nosso querido menino um presente, a rainha
    declarou. Não é, Tommen?
    — Podemos lhe enviar um gato.
    — Um leãozinho, disse a Senhora Merryweather. — Para arrancar
    sua garganta fora, seu sorriso parecia sugerir.
    — Eu tenho um tipo diferente de presente em mente — disse Cersei.
    Um novo padrasto, com certeza. Jaime conhecia o olhar nos olhos de
    sua irmã. Ele o vira antes, o mais recente na noite do casamento de Tommen,
    quando ela queimou a Torre da Mão. A luz vermelha do fogovivo banhou o
    rosto dos guardas, de forma que eles ficaram parecidos com cadáveres
    apodrecidos, um bando de espectros alegres, mas alguns dos cadáveres eram
    mais bonitos que outros. Atém mesmo no brilho maligno, Cersei era bonita
    de se ver. Ela ficou em pé com uma mão em um peito, seus lábios partidos,
    seus olhos verdes brilhando. Ela estava chorando, Jaime percebera, mas se
    era de pesar ou êxtase, não sabia dizer.
    A visão o encheu com inquietação, lembrando-o de Aerys Targaryen
    e o jeito com que um incêndio iria acordá-lo. Um rei não guarda segredos de
    sua Guarda Real. As relações entre Aerys e sua rainha tinham se extenuado
    durante os últimos anos de seu reinado. Eles dormiam separados e faziam o
    melhor para evitar um ao outro durante o tempo em que estavam acordados.
    Mas sempre que Aerys dava um homem às chamas, a Rainha Rhaella fazia
    uma visita na mesma noite. O dia em que ele queimou sua mão da maça e da
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:04 pm

    espada, Jaime e Jon Darry guardavam a entrada do dormitório enquanto o rei
    tirava seu plazer.
    — Você está me machucando. — Eles ouviram Rhaella chorando
    através da porta de carvalho. Você está me machucando. De um jeito
    estranho, aquilo tinha sido pior do que o grito de Lorde Chelsted. Nós
    juramos protege-la também, Jaime disse finalmente.
    — Sim — Darry reconheceu — mas não dele.
    Depois disso, Jaime só vira Rhaella uma vez, na manhã do dia em
    que ela foi para Pedra do Dragão. A rainha tinha sido encapuzada enquanto
    subia na casa do leme real, que a levaria para a Alta Colina de Aegon, onde
    o navio a esperava, mas ele ouviu suas donzelas sussurrando depois que ela
    tinha ido. Elas diziam que a rainha tinha a aparência de alguém que tinha
    sido atacado por uma fera, rasgado nas coxas e mastigado nos peitos. Uma
    fera coroada, Jaime sabia.
    Em seus últimos dias, o Rei Louco tinha tanto medo que não
    permitia lâmina nenhuma em sua presença, a não ser as espadas da Guarda
    Real. Sua barba estava embaraçada e suja, seu cabelo, uma confusão de prata
    e dourado que chegava a sua cintura, suas unhas, garras de vinte centímetros
    rachadas e amarelas. Ainda assim as espadas o atormentavam, as que ele não
    podia escapar; as espadas do Trono de Ferro. Seus braços e pernas estavam
    sempre cobertos de cicatrizes e cortes meio curados.
    Um rei que governa sobre ossos chamuscados e carne cozida, Jaime
    lembrou-se, observando o sorriso de sua irmã. É o rei das cinzas.
    — Vossa Graça — Jaime disse. — Podemos ter uma conversa em
    particular?
    — Como quiser. Tommen acabou o tempo de sua lição de hoje. Vá
    com o Grande Maestre.
    — Sim, Mãe. Estamos aprendendo sobre Baelor, o Abençoado.
    A Senhora Merrywether também saiu, beijando a rainha nas duas
    bochechas.
    — Podemos retornar para a ceia, Vossa Graça?
    — Ficarei muito zangada se assim não fizer — disse Cersei.
    Jaime não podia deixar de notar o jeito com que a myriana movia
    seus quadris enquanto andava. Cada passo, uma sedução. Quando a porta se
    fechou atrás dela, ele limpou a garganta e disse:
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:04 pm

    — Primeiro esses Kattleback, depois Qyburn, agora ela.
    Ultimamente, você tem mantido um alojamento de feras, querida irmã.
    — Estou gostando muito da companhia da Senhora Taena. Ela me
    diverte.
    — Ela é uma das parceiras de Margaery Tyrell — Jaime a lembrou.
    — Ela informa sobre você para a rainhazinha.
    — Claro que ela informa. — Cersei foi para o aparador encher de
    novo sua taça. — Margaery estava palpitando quando eu pedia a ela para
    levar Taena como minha parceira. Você devia tê-la ouvido. Ela será uma
    irmã para você, como está sendo para mim. Claro que você pode levá-la! Eu
    tenho minhas primas e outras senhoras para me servir de companhia. Nossa
    rainhazinha não quer ficar só.
    — Se você sabe que ela é uma espiã, por que a trouxe?
    — Margaery não tem nem metade da esperteza que ela pensa que
    tem. Ela não tem noção da serpente que é aquela puta myriana. Eu uso Taena
    para dar à rainhazinha as informações que eu quero. Algumas delas são até
    verdade. Os olhos de Cersei estavam brilhantes de malícia. E Taena me
    conta tudo o que Margaery faz.
    — É? O quanto você sabe sobre ela?
    — Eu sei que ela é uma mãe com um jovem filho que ela quer
    destacar sobre esse mundo. Ela fará o que quer que seja preciso para ver ele
    conseguir. As mães são todas iguais. A Senhora Merrywether pode ser uma
    serpente, e está longe de ser estúpida. Ela sabe que posso fazer mais por ela
    do que Margaery pode, então ela se faz útil para mim. Você ficaria surpreso
    de todas as coisas interessantes que ela me conta.
    — Que tipo de coisas?
    Cersei se sentou abaixo da janela.
    — Sabia que a Rainha dos Espinhos tem um baú de moedas na sua
    casa do leme? Ouro antigo que veio antes da Conquista. Se algum mercador
    comete o erro de dar o preço em moedas de ouro, ela o paga com as mãos de
    Jardim de Cima, cada uma vale metade do peso dos nossos dragões. Que
    mercador ousaria reclamar de ser enganado pela mãe de Mace Tyrell? — Ela
    bebericou o vinho e disse. — Gostou de seu passeio?
    — Nosso tio perguntou por você.
    — As preocupações do nosso tio não dizem respeito a mim.
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:04 pm

    — Deveriam. Você poderia fazer bom uso dele. Se não for em
    Correrrio ou no Rochedo, será no norte, contra Lorde Stannis. Nosso Pai
    sempre contou com Kevan quando...
    — Roose Bolton é nosso Guardião do Norte. Ele lidará com Stannis.
    — Não por muito tempo. O filho bastardo de Bolton removerá em
    breve aquele pequeno obstáculo. Lorde Bolton terá dois mil homens do Frey
    para aumentar sua força, mais os filhos de Lorde Walder, Hosteen e Aenys.
    Seria mais que o suficiente para lidar com Stannis e alguns mil homens
    fracos.
    — Sor Kevan...
    —... Terá suas mãos cheias em Darry, ensinando a Lancel como
    limpar sua bunda. A morte de nosso pai o fez menos homem. Ele é um
    homem velho feito. Daven e Damion nos servirão melhor.
    — Eles serão o suficiente. — Jaime não tinha rixas com seus primos.
    — Entretanto, você ainda necessita de uma Mão. Se não for nosso tio,
    quem?
    Sua irmã riu.
    — Não você. Por esse lado, fique tranquilo. Talvez o marido de
    Taena. Seu avô serviu como Mão no reinado de Aerys.
    A Mão corno da abundância. Jaime se lembrou de Owen
    Merrywether muito bem; um homem amável, mas inútil.
    — Se me lembro, ele fez seu trabalho tão bem que Aerys o exilou e
    tomou suas terras.
    — Robert as devolveu a ele. Algumas, pelo menos. Taena ficaria
    satisfeita se Orton pudesse reaver o resto.
    — Tudo isso é sobre satisfazer uma puta myriana? Eu pensava que
    fosse sobre governar o reino.
    — Eu governo o reino.
    Que os Sete nos protejam, é verdade, você governa. Sua irmã
    gostava de pensar sobre ela como Lorde Tywin com tetas, mas ela estava
    errada. Seu pai tinha sido tão impiedoso e implacável como uma geleira, e
    Cersei era só fogovivo, principalmente quando contrariada. Ela ficara
    inconstante como uma dondoca ao saber que Stannis tinha abandonado
    Pedra do Dragão, certa de que ele tinha finalmente desistido de lutar e
    velejado para o exílio. Quando a mensagem do norte chegou até ela, dizendo
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:04 pm

    que ele voltou-se novamente para a Muralha, sua fúria tinha sido terrível. Ela
    não tem carência de inteligência, mas ela não tem julgamento nem paciência.
    — Você precisa de uma Mão forte para lhe ajudar.
    — Um governador fraco precisa de uma Mão forte, como Aerys
    precisou do Pai. Um governador forte requer apenas um servo diligente para
    carregar suas ordens. — Ela mexeu o vinho. — Lorde Hallyne deve servir.
    Ele não seria o primeiro que praticou a piromancia para servir como a Mão
    do Rei.
    — Não. Eu matei o último. Há uma conversa dizendo que você que
    fazer de Aurane Waters o mestre dos navios.
    — Alguém tem me espionado? — como ele não respondeu, Cersei
    jogou seu cabelo para trás e disse. — Waters é bom para o ofício. Ele passou
    metade de sua vida com barcos.
    — Metade de sua vida? Ele não pode ter mais de vinte anos.
    — Vinte e dois, e o que tem isso? O Pai não tinha nem vinte e um
    quando Aerys Targaryen o nomeou Mão. Já chegou o tempo em que
    Tommen tenha jovens no lugar desses barbas-brancas enrugados. Aurane é
    forte e vigoroso.
    Forte, vigoroso e bonito, Jaime pensou... Pelo que sei, ela tem
    fodido com Lancel e Osmund Kettleblack e o Menino Lua...
    — Paxter Redwyne seria uma escolha melhor. Ele comanda a maior
    frota em Westeros. Aurane Waters poderia comandar um esquife, mas só se
    você compra-lo um.
    — Você é uma criança, Jaime. Redwyne é um homem do estandarte
    de Tyrell, e sobrinho daquela sua avó medonha. Eu não quero nenhuma
    criatura de Lorde Tyrell no meu conselho.
    — O conselho de Tommen, você quer dizer.
    — Você sabe o que eu quero dizer.
    — Muito bem. Eu sei que Aurane Waters é uma má ideia e Hallyne
    é ainda pior. Quando a Qyburn... Que os deuses nos abençoe, Cersei. Ele era
    do bando de Vargo Hoat. A Fortaleza o livrou de sua cadeia!
    — A ovelha cinza. Qyburn se fez mais útil para mim. E ele é leal, o
    que é mais do que eu posso dizer de meu próprio parente.
    — Seremos um banquete para os corvos se você for por esse
    caminho, querida irmã. Cersei ouça a si mesma. Você está vendo anões em
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:04 pm

    cada sombra e fazendo de amigos inimigos. Tio Kevan não é seu inimigo. Eu
    não sou seu inimigo.
    Sua face se desfigurou em fúria.
    — Eu te implorei por ajuda. Eu implorei de joelhos, e você me
    rejeitou!
    — Meus votos...
    — ...não o impediram de matar Aerys. Palavras são como vento.
    Você poderia ter me tido, mas escolheu uma capa ao invés de mim. Saia.
    — Irmã...
    — Saia, eu disse. Estou farta de olhar para esse seu toco ridículo.
    Saia! — Para fazer com que ele se fosse mais rápido, ela jogou sua taça de
    vinho na sua cabeça. Ela errou, mas Jaime entendeu a mensagem.
    O cair da noite o encontrou sentado sozinho na sala comum da Torre
    da Espada Branca, com uma taça de vinho tinto dornês e o Livro Branco. Ele
    estava passando as páginas com o toco da sua mão da espada quando o
    Cavaleiro das Flores entrou, tirou sua capa e o cinto e os pendurou em um
    cabide na parede perto de Jaime.
    — Eu te vi no jardim hoje — disse Jaime. — Você monta bem.
    — Melhor que bem, com certeza. — Sor Loras pegou uma taça de
    vinho para si e se sentou na abertura da mesa em forma de meia-lua.
    — Um homem mais modesto poderia ter respondido ‘Meu senhor é
    muito gentil’, ou ‘Eu tenho um bom cavalo’.
    — O cavalo era adequado e meu senhor é tão gentil quanto eu sou
    modesto. — Loras brandiu o livro. — Lorde Renly sempre disse que aqueles
    livros eram para meistres.
    — Este é para nós. A história de cada homem que usou um manto
    branco está escrita aqui.
    — Eu dei uma olhada nele. Os escudos são bonitos. Eu prefiro livros
    com mais iluminações. Lorde Renly tinha alguns com desenhos que faria
    com que um septão ficasse cego.
    Jaime teve que rir.
    — Não há nenhum deles aqui, Sor, mas as histórias abrirão seus
    olhos. Você faria bem se soubesse sobre as vidas daqueles que foram antes
    de você.
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:05 pm

    — Eu sei. Príncipe Aemon, o Cavaleiro do Dragão, Sor Ryan
    Redwyne, o Bom Coração, Barristan, o Ousado...
    —... Gwayne Corbray, Alyn Connington, o Demônio de Darry, sim.
    Você terá ouvido sobre Lucamore Strong também.
    — Sor Lucamore, o Forte? — Sor Loras parecia estar se divertindo.
    — Três esposas e trinta filhos, não foi? Eles cortaram sua pica fora. Devo
    cantar a música para você, meu senhor?
    — E Sor Terrence Toyne?
    — Comeu a ama do rei e morreu gritando. A lição é: homens que
    usam calções brancos precisam mantê-los bem apertados.
    — Gyles Capa Cinza? Orivel, o Mão Aberta?
    — Gyles era um traidor, Orivel era um covarde. Homens que
    envergonharam o manto branco. O que meu senhor está sugerindo?
    — Pouco e menos. Não se sinta ofendido no que não foi intencional,
    sor. E sobre Tom Costayne, o Largo?
    Sor Loras balançou a cabeça.
    — Ele foi um cavaleiro da Guarda Real por sessenta anos.
    — Quando foi isso? Eu nunca...
    — Sor Donnel de Vakdicasi, então?
    — Eu posso ter ouvido o nome, mas...
    — Addison Hill? O Coruja Branca, Michael Mertyns? Jeffory
    Norcross? Eles o chamavam de Nunca-cede. Robert Flowers, o Vermelho?
    Por que você não me pode falar sobre eles?
    — Floers é um nome bastardo. Assim como Colina.
    — No entanto, ambos os homens comandaram a Guarda Real. Seus
    contos estão no livro. Rolland Darklyn está aqui também. O homem mais
    novo em serviço da Guarda Real, até eu. Foi-lhe dada a sua capa em um
    campo de batalha e morreu dentro de uma hora depois de vesti-lo.
    — Ele não deve ter sido muito bom.
    — Bom o suficiente. Ele morreu, mas seu rei viveu. Muitos homens
    valentes vestiram o manto branco. A maioria foi esquecida.
    — A maioria merece ser esquecida. Os heróis serão sempre
    relembrados. Os melhores.
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    Mensagem  Admin Qua Jun 20, 2012 3:05 pm

    — Os melhores e os piores. Assim um de nós viverá nas canções. E
    alguns que são um pouco dos dois. Como ele. — Ele bateu de leve na página
    que ele estivera lendo.
    — Quem? — Sor Loras esticou o pescoço para ver. Dez balas pretas
    no campo escarlate. — Eu não conheço estes braços.
    — Eles pertenceram a Criston Cole, que serviu o primeiro Viserys e
    o segundo Aegon. — Jaime fechou o Livro Branco. — Eles o chamaram
    Fazedor de Reis.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:21 pm

    Cersei 289



    Três miseráveis idiotas com um saco de couro, pensou a rainha
    quando os homens se afundaram sobre os joelhos à sua frente. O
    aspecto deles não a encorajava. Suponho que haja sempre uma
    hipótese.
    — Vossa Graça — disse Qyburn em voz baixa — o pequeno
    conselho...
    —... esperará por mim. Talvez lhes possa trazer notícias sobre a
    morte de um traidor. — Do outro lado da cidade, os sinos do Septo de Baelor
    cantavam a sua canção de luto. Nenhum sino soará por você, Tyrion, pensou
    Cersei. Mergulharei a tua cabeça em alcatrão e darei o teu corpo retorcido
    aos cães. — Em pé — disse ela aos aspirantes a lordes. — Mostrem o que
    me trouxeram.
    Eles ergueram-se; três homens feios e esfarrapados. Um tinha um
    furúnculo no pescoço, e nenhum tomou banho no último meio ano. A
    possibilidade de elevar gente daquela a uma senhoria divertia-a. Podia sentálos
    ao lado de Margaery em banquetes. Quando o idiota-chefe desatou o
    cordão que fechava o saco e mergulhou a mão lá dentro, o cheiro de
    decomposição encheu a sala de audiências como uma roseira fétida. A
    cabeça que ele tirou para fora era verde-acinzentada e estava repleta de
    larvas. Cheira como o pai. Dorcas arquejou, e Jocelyn cobriu a mão e
    vomitou.
    A rainha examinou a captura, sem vacilar.
    — Mataram o anão errado — disse por fim, ressentindo-se de cada
    palavra.
    — Não matamos — atreveu-se um dos idiotas a dizer. — Isto tem de
    ser ele. Um anão, está vendo? Apodreceu um bocado, é só isso.
    — E também cresceu um nariz novo — observou Cersei. — E um
    nariz bastante bulboso, diria eu. O nariz de Tyrion foi-lhe cortado numa
    batalha.
    Os três idiotas trocaram um olhar.
    — Ninguém nos disse — informou aquele que tinha a cabeça na
    mão. — Este apareceu a andar com todo o descaramento do mundo, um anão
    feio qualquer, e a gente pensou...
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:21 pm

    — Ele disse que era um pardal — acrescentou o do furúnculo — e
    você disse que era mentira. — Dirigindo-se ao terceiro homem.
    A rainha enfureceu-se ao pensar que tinha deixado o pequeno
    conselho esperando por causa daquela farsa.
    — Desperdiçaram o meu tempo e mataram um homem inocente.
    Deveria mandar cortar as suas cabeças. — Mas se o fizer, o próximo homem
    poderia hesitar e permitir que o Duende escape à rede. Preferiria fazer uma
    pilha de anões mortos com três metros de altura a deixar que isso aconteça.
    — Saiam da minha vista.
    — Sim, Vossa Graça — disse o furúnculo. — Pedimos perdão.
    — Vai querer a cabeça? — perguntou o homem que a tinha na mão.
    — Entregue-a a Sor Meryn. Não, dentro do saco, seu cretino. Sim.
    Sor Osmund, acompanhe-os até lá fora.
    Trant levou a cabeça e o Kettleblack os carrascos, deixando apenas o
    pequeno almoço da Senhora Jocelyn como indício da sua visita.
    — Limpe isso imediatamente – ordenou-lhe a rainha. Aquela fora a
    terceira cabeça que lhe fora entregue. Pelo menos este era um anão. O
    último era apenas uma criança feia.
    — Alguém encontrará o anão, não tema — garantiu-lhe Sor
    Osmund. — E quando o fizerem, o deixaremos bem morto.
    Ah sim? Na noite anterior, Cersei tinha sonhado com a velha, com as
    suas maxilas pedregosas e voz coaxante. Maggy, a Rã, era como lhe
    chamavam nas ruas de I.anisporto. Se o pai tivesse sabido o que ela me
    disse, teria mandado lhe cortar a língua. Cersei nunca contara a ninguém,
    porém, nem mesmo a Jaime. Melara disse que se nunca falássemos das
    profecias, as esqueceríamos. Disse que uma profecia esquecida não podia
    tomar-se verdadeira.
    — Tenho informantes rastreando o Duende por todo o lado, Vossa
    Graça — disse Qyburn. Envergava algo muito semelhante a uma veste de
    meistre, mas branca em vez de cinzenta, imaculada como os mantos da
    Guarda Real. Volutas de ouro lhe decoravam a bainha, mangas e colarinho
    alto rígido, e trazia uma faixa dourada atada à cintura. — Em Vilavelha, Vila
    Gaivota, Dorne, até nas Cidades Livres. Fuja para onde fugir, os meus
    transmissores de segredos o encontrarão.
    — Partindo do princípio de que ele abandonou Porto Real. Pode
    estar escondido no Septo de Baelor, tanto quanto sabemos, balançando nas
    cordas dos sinos para fazer aquele horrível chinfrim. — Cersei fez uma
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:22 pm

    expressão amarga e permitiu que Dorcas a ajudasse a ficar em pé. — Venha,
    senhor. O meu conselho espera. — Deu o braço a Qyburn ao descer as
    escadas. — Tratou daquela pequena tarefa que o atribuí?
    — Tratei Vossa Graça. Lamento que tenha demorado tanto tempo. É
    uma cabeça tão grande. Os escaravelhos levaram muitas horas para limpar a
    carne. Em jeito de pedido de desculpa, forrei uma caixa de ébano e prata
    com feltro, para fazer uma apresentação adequada para o crânio.
    — Um saco de pano serviria igualmente bem. O Príncipe Doran quer
    a sua cabeça. Está-se nas tintas para o tipo de caixa em que ela vem.
    O repique dos sinos era mais forte no pátio. Ele era só um Alto
    Septão. Quanto mais tempo teremos de aguentar isto? Os sinos eram mais
    melodiosos do que os gritos da Montanha tinham sido, mas...
    Qyburn pareceu pressentir o que ela estava pensando.
    — Os sinos pararão ao pôr-do-sol, Vossa Graça. .
    — Isso será um grande alivio. Como você sabe?
    — Saber é a natureza do serviço que presto.
    Varys nos fez acreditar que era insubstituível. Que tolos fomos.
    Depois de a rainha ter feito com que Qyburn ocupasse o lugar do eunuco, os
    parasitas do costume não tinham perdido tempo em lhes dar seu
    conhecimento em troca dos seus sussurros por algumas moedas. Sempre foi
    a prata, não a Aranha. Qybum nos serve igualmente bem. Estava ansiosa por
    ver a expressão no rosto de Pycelle quando Qyburn ocupasse o seu lugar.
    Um cavaleiro da Guarda Real encontrava-se sempre a postos à porta
    dos aposentos do conselho quando o pequeno conselho estava em sessão.
    Naquele dia, era Sor Boros Blount.
    — Sor Boros — disse a rainha num tom agradável — parece
    bastante cinzento hoje de manhã. Algo que tenha comido, talvez? — Jaime
    fez dele provador do rei. Uma tarefa saborosa, mas vergonhosa para um
    cavaleiro. Blount odiava-a. As suas bochechas pendentes estremeceram
    quando segurou a porta para eles passarem.
    Os conselheiros aquietaram-se quando ela entrou. Lorde Gyles tossiu
    em jeito de saudação, fazendo ruído suficiente para acordar Pycelle.
    Os outros se ergueram, proferindo palavras de circunstância. Cersei
    permitiu-se o mais tênue dos sorrisos.
    — Senhores. Sei que todos perdoarão o meu atraso.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:22 pm

    — Estamos aqui para servir Vossa Graça — disse Sor Harys Swvft.
    — É um prazer antecipar a vossa chegada.
    — Estou certa de que todos conhecem lorde Qyburn.
    O Grande Meistre Pycelle não a desapontou.
    — Lorde Qyburn? — conseguiu dizer, tornando-se roxo. — Vossa
    Graça, este... Um meistre profere votos sagrados, jurando não possuir terras
    nem senhorias...
    — A sua Cidadela tirou-lhe a corrente — fez-lhe lembrar Cersei. —
    Se ele não é um meistre, não pode ser limitado pelos votos de meistre.
    Talvez você se recorde de que também chamávamos lorde ao eunuco.
    Pycelle pôs-se a falar de forma atabalhoada.
    — Este homem é... Ele é inadequado...
    — Não ouse falar-me de adequação depois do nauseabundo objeto
    de escárnio em que transformou o cadáver do meu pai.
    — Vossa Graça não pode pensar... — O velho ergueu uma mão
    manchada, como que para se proteger de um golpe. — As irmãs silenciosas
    removeram as entranhas e órgãos do Lorde Tywin, drenaram lhe o sangue...
    tomaram todos os cuidados... o seu corpo foi cheio de sais e ervas
    odoríferas...
    — Oh, me poupe dos detalhes repugnantes. Eu cheirei o resultado
    dos seus cuidados. As artes curativas do Lorde Qybum salvaram a vida do
    meu irmão, e não duvido de que ele servirá ao rei de forma mais capaz do
    que aquele eunuco afetado. Senhor, conhece os seus colegas do conselho?
    — Seria fraco informante se não conhecesse, Vossa Graça. —
    Qybum sentou-se entre Orton Merryweather e Gyles Rosby.
    Os meus conselheiros. Cersei arrancara todas as rosas, e todos
    aqueles com obrigações para com o tio ou os irmãos. Nos seus lugares
    encontravam-se homens cuja lealdade lhe pertenceria. Até lhes dera novos
    títulos, pedidos de empréstimo às Cidades Livres; a rainha não admitiria
    nenhum “mestre” na corte além de si própria. Orton Merryweather era o seu
    administrador de justiça, Gyles Rosby o seu senhor tesoureiro. Aurane
    Waters, o fogoso jovem Bastardo de Derivamarca, seria o seu grande
    almirante.
    E para Mão, Sor Harys Swyft.
    Mole, careca e obsequioso, Swyft possuía um absurdo tufozinho
    branco de barba onde a maior parte dos outros homens tinham um queixo. O
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:22 pm

    galo anão azul da sua Casa estava desenhado na frente do seu gibão de
    pelúcia amarela em contas de lápis-lazúli. Por cima daquilo, usava uma capa
    de veludo azul decorada com uma centena de mãos douradas. Sor Harys
    ficara deliciado com a nomeação, sendo como era demasiadamente obtuso
    para perceber que era mais refém do que Mão. A filha era esposa do tio de
    Cersei, e Kevan amava a sua senhora desprovida de queixo, por mais rasa de
    peito que fosse, por mais galináceas que fossem as suas pernas.
    Enquanto tivesse Sor Harys na mão, Kevan Lannister teria de pensar
    duas vezes antes de lhe opor. É certo que um sogro não é o refém ideal, mas
    antes um escudo fraco do que nenhum.
    — O rei virá juntar-se à nós? — perguntou Orton Merryweather.
    — O meu filho está brincando com a sua pequena rainha. De
    momento, a sua ideia de ser rei é carimbar papéis com o selo real. Sua Graça
    é ainda novo demais para compreender assuntos de estado.
    — E o nosso valente Senhor Comandante?
    — Sor Jaime encontra-se no seu armeiro, provando uma mão. Sei
    que estávamos todos fartos daquele feio toco. E creio bem que ele acharia
    estes procedimentos tão cansativos como Tommen. — Aurane Waters
    respondeu com um risinho. Ótimo, pensou Cersei, quando mais rirem,
    menos ameaça ele é. Que riam. — Temos vinho?
    — Temos, Vossa Graça. — Orton Merryweather não era um homem
    bem parecido, com o seu grande nariz de aspecto pesado e o desordenado
    matagal ruivo alaranjado que tinha na cabeça, mas nunca era menos que
    cortês. — Temos tinto de Dorne e dourado da Árvore, e um belo hipocraz
    doce de Jardim de Cima.
    — O dourado, me parece bom. Acho os vinhos de Dorne tão
    amargos como os dorneses. — Enquanto Merryweather lhe enchia a taça,
    Cersei disse: — Suponho que, já agora, podemos começar por eles.
    Os lábios do Grande Meistre Pycelle ainda tremiam, mas de algum
    modo conseguiu descobrir onde tinha a língua.
    — Às vossas ordens. O Príncipe Doran prendeu as bastardas
    insubmissas do irmão, mas Lançassolar continua em ebulição. O príncipe
    escreve que não tem esperança de acalmar as águas até receber a justiça que
    lhe foi prometida.
    — Com certeza. — Uma criatura cansativa, este príncipe. — A sua
    longa espera está prestes a terminar. Vou enviar Balon Swann a Lançassolar,
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    O Festim dos Corvos - Página 10 Empty Re: O Festim dos Corvos

    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:22 pm

    para lhe entregar a cabeça de Gregor Clegane. — Sor Balon teria também
    outra tarefa, mas era melhor omitir essa parte.
    — Ah. — Sor Harys Swyít remexeu na sua divertida barbinha com o
    polegar e o indicador. — Então ele está morto? Sor Gregor?
    — Imagino que sim, senhor — disse secamente Aurane Waters. —
    Disseram-me que remover a cabeça de cima do corpo é frequentemente
    mortal.
    Cersei favoreceu-o com um sorriso; apreciava um pouco de espírito,
    desde que não fosse ela o alvo.
    — Sor Gregor não resistiu aos ferimentos, tal como o Grande
    Meistre Pycelle tinha previsto.
    Pycelle herrumpou e fitou Qyburn com uma expressão amarga.
    — A lança estava envenenada. Ninguém poderia tê-lo salvado.
    — Foi o que você disse. Lembro-me bem. — A rainha virou-se para
    a sua Mão. — De que estava falando quando cheguei, Sor Harys?
    — De pardais, Vossa Graça. O Septão Raynard diz que podem subir
    a dois mil os que se encontram na cidade, e chegam mais todos os dias. Os
    seus líderes pregam sobre a condenação e a adoração de demônios...
    Cersei provou o vinho. Muito agradável.
    — E já há muito que alguém o devia ter feito, não lhe parece? Que
    chamássemos aquele deus vermelho que Stannis idolatra, se não por
    demônio? A Fé deve opor-se a um tal mal. — Qyburn lembrara-lhe daquilo,
    o esperto do homem. — O nosso falecido Alto Septão deixava passar em
    demasia, temo. A idade diminuíra-lhe a visão e exaurira lhe as forças.
    — Ele era um velho acabado, Vossa Graça. — Qyburn sorriu a
    Pycelle. — O seu falecimento não nos devia ter surpreendido. Ninguém pode
    pedir mais do que morrer pacificamente no sono, cheio de anos.
    — Pois não — disse Cersei — mas esperemos bem que o seu
    sucessor seja mais vigoroso. Os meus amigos da outra colina me dizem que
    o mais provável é que seja Torbert ou Raynard.
    O Grande Meistre Pycelle pigarreou.
    — Também tenho amigos entre os Mais Devotos, e eles falam do
    Septão Ollidor.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:22 pm

    — Não menospreze Luceon – disse Qyburn. – Na noite passada
    homenageou trinta dos Mais Devotos com leitão e dourado da Árvore, e de
    dia distribui pão duro aos pobres, para demonstrar a sua piedade.
    Aurane Waters parecia tão aborrecido como Cersei com toda aquela
    conversa oca sobre septões. Visto de perto, o seu cabelo era mais prateado
    do que dourado, e os olhos eram cinzentos esverdeados, ao passo que os do
    Príncipe Rhaegar tinham sido purpúreos. Mesmo assim, a semelhança...
    Perguntou a si própria se Waters cortaria a barba por si. Embora fosse dez
    anos mais novo do que ela, desejava-a; Cersei via-o no modo como a olhava.
    Os homens olhavam-na daquela forma desde que os seios tinham começado
    a despontar. Porque eu era tão bela, diziam eles, mas Jaime também era
    belo, e nunca o olhavam daquela forma. Quando era pequena, por vezes
    vestia a roupa do irmão, na brincadeira. Ficava sempre surpreendida com a
    diferença de tratamento dos homens para com ela quando pensavam que era
    Jaime. Até o próprio Lorde Tywin...
    Pycelle e Merryweather continuavam jogando com as palavras a
    propósito de quem seria provável tornar-se o novo Alto Septão.
    — Um servirá tão bem como o outro — anunciou abruptamente a
    rainha — mas seja quem for que coloque a coroa de cristal tem de proclamar
    um anátema contra o Duende. — O último Alto Septão mantivera-se
    notavelmente silencioso acerca de Tyrion. — Quanto a esses pardais cor-derosa,
    desde que não preguem a traição são problema da Fé, não nosso.
    Lorde Orton e Sor Harys murmuraram o seu acordo. A tentativa de
    Gyles Rosby para fazer o mesmo dissolveu-se num ataque de tosse. Cersei
    virou a cara, repugnada, quando ele puxou um escarro de muco
    ensanguentado.
    — Meistre, trouxe a carta vinda do Vale?
    — Trouxe, Vossa Graça. — Pycelle colheu-a da sua pilha de papéis
    e alisou-a. — É mais uma declaração do que uma carta. Assinada em Pedraruna
    por Bronze Yohn Royce, pela Senhora Waynwood, pelos Lordes
    Hunter, Redfort e Belmore e por Symond Templeton, o Cavaleiro de
    Novestrelas. Todos eles afixaram os seus selos. Escrevem...
    Um monte de asneiras.
    — Os senhores podem ler a carta se assim o desejarem. Royce e os
    outros estão a reunir homens por baixo do Ninho de Águia. Pretendem retirar
    do Mindinho o cargo de Senhor Protetor do Vale, à força se necessário. A
    questão é: devemos permiti-lo?
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:22 pm

    — O Lorde Baelish procura a nossa ajuda? — perguntou Harys
    Swyft.
    — Por enquanto não. Em boa verdade, parece bastante
    despreocupado. A sua última carta menciona os rebeldes apenas de
    passagem antes de me implorar que lhe envie umas velhas tapeçarias de
    Robert.
    Sor Harys passou os dedos pela barba.
    — E esses senhores da declaração, será que eles apelam ao rei para
    que os ajude?
    — Não.
    — Então... Talvez não tenhamos de fazer nada.
    — Uma guerra no Vale seria uma grande tragédia — disse Pycelle.
    — Guerra? — Orton Merryweather soltou uma gargalhada. — Lorde
    Baelish é um homem muito divertido, mas não se trava uma guerra com
    ditos de espírito. Duvido que chegue a haver derramamento de sangue. E
    será que importa quem é regente do pequeno Lorde Robert, desde que o Vale
    envie os seus impostos?
    Não, decidiu Cersei. Em boa verdade, o Mindinho fora mais útil na
    corte. Ele tinha um dom para arranjar ouro, e nunca tossia.
    —Lorde Orton convenceu-me. Meistre Pycelle, instruí esses
    Senhores Declarantes de que nenhum mal deve acontecer a Petyr. Fora isso,
    a coroa satisfaz-se com quaisquer disposições que possam fazer para a
    governação do Vale durante a menoridade de Robert Arryn.
    — Muito bem, Vossa Graça.
    — Podemos discutir a frota? — perguntou Aurane Waters. —
    Menos de uma dúzia dos nossos navios sobreviveu ao inferno na Água
    Negra. Temos de restaurar o nosso poder no mar.
    Merryweather concordou.
    — O poder naval é altamente essencial.
    — Seria possível fazer uso dos homens de ferro? — perguntou Orton
    Merryweather. — O inimigo do nosso inimigo? O que queria de nós a
    Cadeira de Pedra do Mar como preço de uma aliança?
    — Eles querem o norte — disse o Grande Meistre Pycelle — que o
    nobre pai da nossa rainha prometeu à Casa Bolton.
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    Mensagem  Admin Sáb Jun 23, 2012 1:26 pm

    — Que inconveniente — disse Merryweather. — Mesmo assim, o
    norte é grande. As terras poderiam ser divididas. Não tem de ser um arranjo
    permanente. Bolton poderá consentir, desde que lhe asseguremos de que as
    nossas forças serão suas assim que Stannis for destruído.
    — Ouvi dizer que Balon Greyjoy está morto — disse Sor Harys
    Swyft. — Sabemos quem governa agora as ilhas? Lorde Balon tinha um
    filho?
    — Leo? — tossiu o Lorde Gyles. — Theo?
    — Theon Greyjoy foi criado em Winterfell, como protegido de
    Eddard Stark — disse Qyburn. — Não é provável que seja amigo nosso.
    — Tinha ouvido dizer que estava morto — disse Merryweather.
    — Só havia um filho? — Sor Harys Swyft repuxou a barbicha. —
    Irmãos. Havia irmãos. Não havia?
    Varys teria sabido, pensou Cersei com irritação.
    — Não pretendo subir para a cama com essa lamentável matilha de
    lulas. A vez deles chegará, depois de ter lidado com Stannis. Aquilo de que
    necessitamos é de uma frota nossa.
    — Proponho que construamos novos dromones — disse Aurane
    Waters. — Dez, para começar.
    — E de onde vem o dinheiro? — perguntou Pycelle.
    Lorde Gyles tomou aquilo como um convite para recomeçar a tossir.
    Veio-lhe à boca mais cuspo cor-de-rosa e ele limpou-o com pancadinhas
    dadas na boca com um quadrado de seda vermelha.
    — Não há... — conseguiu dizer, antes da tosse lhe engolir as
    palavras. ... não... nós não... — Sor Harys mostrou-se suficientemente lesto
    para compreender o significado que se escondia atrás da tosse.
    — Os rendimentos da coroa nunca foram maiores – objetou. – Foi o
    próprio Sor Kevan quem me disse.
    Lorde Gyles tossiu.
    —... despesas... mantos dourados...
    Cersei já ouvira as objeções do homem.
    — O nosso senhor tesoureiro está a tentar dizer que temos
    demasiados homens de mantos dourados e ouro insuficiente. — A tosse de
    Gyles começara a enfadá-la. Garth, o Grosso, talvez não tivesse sido assim

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