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    Parte 2 3 realm

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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:42 pm

    Que os Outros carreguem todos eles, pensou Jon, enquanto os observava subindo a íngreme
    encosta da crista e desaparecendo sob as árvores. Não seria a primeira vez que selvagens
    escalavam a Muralha, nem sequer a centésima primeira. As patrulhas tropeçavam em alpinistas
    duas ou três vezes por ano, e às vezes os patrulheiros encontravam os cadáveres estraçalhados
    daqueles que caíam. Ao longo da costa oriental era mais freqüente os corsários construírem
    barcos para se esgueirarem através da Baía das Focas. No oeste, desciam até as profundezas
    negras da Garganta para seguir caminho em volta da Torre Sombria. Mas entre esses dois pontos,
    a única forma de derrotar a Muralha era saltar por cima dela, e muitos atacantes tinham feito isso.
    São menos os que voltam, porém, pensou, com certo orgulho cruel. Os alpinistas eram obrigados a
    deixar os cavalos para trás, e muitos dos atacantes mais jovens e inexperientes começavam
    roubando os primeiros cavalos que encontravam. Então era dado o alarme, corvos levantavam
    voo, e geralmente a Patrulha da Noite apanhava-os e enforcava-os antes de conseguirem voltar
    com o saque e as mulheres raptadas. Jon sabia que Jarl não cometeria esse erro, mas não tinha
    certeza quanto a Styr. O Magnar é um governante, não um corsário. Ele pode não saber como o
    jogo é jogado.
    - Ali estão eles - disse Ygritte, e Jon olhou para cima e viu o primeiro alpinista surgindo por cima
    das copas das árvores. Era Jarl. Encontrara uma árvore sentinela que se inclinava para a Muralha
    e levou seus homens pelo tronco, para obter uma partida mais rápida, Nunca deviam ter permitido
    que a floresta chegasse tão perto. Estão a noventa metros de altura e ainda nem tocaram no gelo
    propriamente dito.
    Viu o selvagem passar cuidadosamente da árvore para a Muralha, esculpindo um apoio para a
    mão com golpes curtos, mas precisos, do seu machado de gelo, e depois apoiando-se nele. A
    corda que tinha em volta da cintura prendia-o ao segundo homem da fila, que ainda vinha subindo
    a árvore. Passo a passo, lentamente, Jarl foi subindo, abrindo apoios para os pés com as botas
    guarnecidas de espigões quando não conseguia encontrar apoios naturais. Ao chegar a três
    metros acima da sentinela, parou numa estreita saliência de gelo, pendurou o machado no cinto,
    puxou o martelo e espetou um espigão de ferro em uma fenda. O segundo homem passou para a
    Muralha atrás dele enquanto o terceiro escalava até o topo da árvore.
    As outras duas equipes não tinham árvores dispostas favoravelmente para lhes ajudar, e não
    demorou muito até os Thenn começarem a se perguntar se não teriam se perdido ao escalar a
    crista. Todo o grupo de Jarl já se encontrava na Muralha, a vinte e cinco metros de altura, quando
    os primeiros alpinistas dos outros grupos surgiram à vista. As equipes estavam espaçadas por
    cerca de vinte metros. Os quatro de Jarl seguiam pelo centro. A sua esquerda, subia uma equipe
    liderada por Grigg, o Bode, cuja longa trança loura tornava facilmente detectável de baixo. A
    esquerda, quem liderava os alpinistas era um homem muito magro chamado Errok.
    - Tão devagar - lamentou-se o Magnar em voz alta enquanto observava o avanço dos outros. -
    Será que ele se esqueceu dos corvos? Devia subir mais depressa, antes de sermos descobertos
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:42 pm

    Jon teve de controlar a língua. Lembrava-se bem demais do Passo dos Guinchos, e da escalada
    ao luar que havia feito com Cobra das Pedras. Naquela noite engolira o coração meia dúzia de
    vezes e, ao final, doíam seus braços e pernas e os dedos estavam meio congelados. E aquilo era
    pedra, não gelo. A pedra era sólida. O gelo era uma coisa traiçoeira na melhor das hipóteses e,
    num dia como aquele, quando a Muralha chorava, o calor da mão de um alpinista podia ser o
    suficiente para derretê-lo. Os enormes blocos podiam estar gelados e duros como pedra no
    interior, mas a superfície exterior estaria escorregadia, com fiozinhos de água escorrendo e
    manchas de gelo deteriorado onde o ar tinha penetrado. Sejam os selvagens o que forem além
    disso, são corajosos.
    Mesmo assim, Jon viu-se desqando que os temores de Styr tivessem fundamento. Se os deuses
    forem bons, uma patrulha aparecerá por acaso e porá fim nisso.
    - Nenhuma muralha pode mantê-lo em segurança - dissera-lhe o pai uma vez, enquanto
    percorriam as muralhas de WinterfelL - Uma muralha tem apenas a força dos homens que a
    defendem. - Os selvagens podiam ter cento e vinte homens, mas quatro defensores seriam
    suficientes para botá-los para correr, com algumas flechas bem colocadas e talvez um balde de
    pedras.
    Mas não apareceram defensores; nem quatro, nem sequer um. O sol subiu no céu e os
    selvagens subiram a Muralha. Os quatro de Jarl mantiveram-se bem adiantados até o meio-dia,
    quando atingiram uma extensão de gelo em mau estado. Jarl tinha enrolado a corda em volta de
    um pináculo esculpido pelo vento e o estava usando para suportar seu peso quando, de repente,
    ele ruiu por inteiro e se precipitou para o chão, com Jarl ainda preso. Fragmentos de gelo do
    tamanho da cabeça de um homem bombardearam os três que estavam embaixo, mas eles
    agarraram-se aos apoios para as mãos, as estacas agüentaram, e Jarl parou bruscamente na
    ponta da corda.
    Quando sua equipe recuperou-se desse azar, Grigg, o Bode, estava quase emparelhado com
    eles. Os quatro de Errok continuavam muito atrás. A área que estavam subindo parecia lisa e sem
    buracos, coberta por uma película de gelo derretido que mostrava um brilho úmido onde o sol a
    roçava. A seção de Grigg parecia mais escura, com traços mais evidentes; longas saliências
    horizontais onde um bloco havia sido mal posicionado sobre aquele que estava por baixo,
    rachaduras e fendas, e até mesmo chaminés ao longo das juntas verticais, onde o vento e a água
    tinham escavado buracos suficientemente grandes para um homem se esconder.
    Em pouco tempo Jarl tinha seus homens de novo a subir. Os seus quatro e os de Grigg
    deslocavam-se quase lado a lado, com os de Errok quinze metros abaixo. Machados de chifre de
    veado picavam e cortavam, enviando nuvens de cintilantes estilhaços em longas cascatas que
    caíam sobre as árvores. Martelos de pedra enfiavam estacas no gelo profundamente, para que
    servissem de fixação para as cordas; as estacas de ferro esgotaram-se antes de chegarem no
    meio do caminho e, depois disso, os alpinistas usaram chifres e ossos afiados. E os homens
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:43 pm

    chutavam, batendo com os espigões de suas botas contra o gelo duro e resistente, uma e mais
    outra vez, e outra e outra ainda, até fazerem um apoio para os pés. Eles devem estar com as
    pernas dor mentes, pensou Jon depois de quatro horas. Quanto tempo mais conseguirão continuar
    com aquilo? Observou tão inquieto quanto o Magnar, com o ouvido atento ao gemido distante de
    um berrante de guerra Thenn. Mas os berrantes mantiveram-se em silêncio, e não surgiu sinal da
    Patrulha da Noite.
    Depois de seis horas, Jarl voltara a tomar a dianteira em relação a Grigg, o Bode, e seus
    homens estavam alargando a vantagem.
    - O animal de estimação de Mance deve querer uma espada - disse o Magnar, protegendo os
    olhos da luz. O sol estava alto no céu, e o terço superior da Muralha apresentava-se, quando visto
    de baixo, de um azul cristalino, com reflexos tão brilhantes que olhá-lo fazia doer os olhos. Os
    quatro de Jarl e os de Grigg quase se perdiam naquele clarão, embora o grupo de Errok
    permanecesse na sombra. Em vez de avançarem para cima, estavam se deslocando para o lado a
    cerca de cento e cinqüenta metros de altura, dirigindo-se para uma chaminé. Jon observava seus
    movimentos lentos quando ouviu o som - um súbito crac que pareceu rolar ao longo do gelo,
    seguido de um grito de alarme. E então o ar encheu-se de lascas, gritos e homens caindo, quando
    uma folha de gelo com trinta centímetros de espessura e quinze metros quadrados de área se
    desprendeu da
    Muralha e caiu, desfazendo-se, retumbando, varrendo tudo à sua frente. Mesmo no sopé da crista,
    alguns pedaços vieram girando através das árvores e rolando pela encosta. Jon agarrou Ygritte e
    puxou-a para baixo para protegê-la, e um dos Thenn foi atingido no rosto por um pedaço que lhe
    quebrou o nariz.
    E quando olharam para cima, Jarl e seu grupo tinham desaparecido. Homens, cordas, estacas,
    tudo desaparecido; nada restava acima dos cento e oitenta metros. Havia uma ferida na Muralha,
    no local onde os alpinistas estavam agarrados um instante antes, com um gelo tão liso e branco
    como mármore polido brilhando ao sol. Muito, muito abaixo, via-se uma mancha vermelha no local
    onde alguém tinha colidido com um pináculo gelado.
    A Muralha defende-se, pensou Jon enquanto ajudava Ygritte a ficar em pé de novo.
    Encontraram Jarl numa árvore, empalado num galho rachado e ainda preso pela corda aos três
    homens que jaziam, quebrados, por baixo dele. Um ainda estava vivo, mas tinha as pernas e a
    coluna estilhaçadas, bem como a maior parte das costelas.
    - Misericórdia - disse quando se aproximaram dele, Um dos Thenn esmagou sua cabeça com
    uma grande maça de pedra, O Magnar deu ordens, e seus homens começaram a reunir
    combustível para uma pira.
    Os mortos já ardiam no momento em que Grigg, o Bode, atingiu o topo da Muralha. Quando os
    quatro de Errok se juntaram a eles, nada restava de Jarl e de seu grupo além de ossos e cinzas.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:43 pm

    A essa altura, o sol tinha começado a baixar, e os alpinistas desperdiçaram pouco tempo.
    Desenrolaram as longas voltas de cânhamo que tinham enrolado em volta do peito, ataram-nas
    umas às outras e atiraram uma ponta para baixo. A idéia de tentar subir cento e cinqüenta metros
    por aquela corda encheu Jon de terror, mas Mance planejara as coisas melhor do que isso. Os
    corsários que Jarl tinha deixado embaixo desenrolaram uma enorme escada de mão, com degraus
    de cânhamo entretecido da grossura do braço de um homem, e amarraram-na à corda dos
    alpinistas. Errok, Grigg e seus homens gemeram e içaram, puxando-a até lá em cima,
    prenderam-na no topo com espigões, e depois voltaram a baixar a corda para içar uma segunda
    escada. Havia cinco ao todo.
    Quando todas estavam colocadas em seus lugares, o Magnar gritou uma brusca ordem no
    Idioma Antigo, e cinco de seus Thenn começaram a subir juntos. Mesmo com as escadas não era
    uma subida fácil Ygritte observou-os penando durante algum tempo.
    - Odeio esta Muralha - disse, numa voz baixa e zangada. - Consegue sentir como é fria? ^
    - E feita de gelo - ressaltou Jon.
    - Não sabe nada, Jon Snow. Esta muralha é feita de sangue.
    E ela ainda não havia tomado a sua dose. Ao pôr do sol, dois dos Thenn tinham caído da escada
    e morrido, mas foram os últimos. Era perto da meia-noite quando Jon chegou ao topo. As estrelas
    estavam de novo no céu, e Ygritte terminou a subida tremendo.
    - Quase caí - disse ela, com lágrimas nos olhos. - Duas vezes. Três. A Muralha estava tentando
    me atirar lá pra baixo, conseguia sentir isso. - Uma das lágrimas libertou-se e escorreu lentamente
    por seu rosto.
    - O pior já ficou para trás. - Jon tentou soar confiante. - Não fique assustada. - Tentou pôr um
    braço em volta dela.
    Ygritte bateu no peito dele com o lado da mão, com tanta força que doeu, mesmo através das
    camadas de lã, cota de malha e couro fervido que ele vestia.
    - Não estou assustada. Não sabe nada, Jon Snow.
    - Então está chorando por quê?
    - Não é por medo! - bateu violentamente no gelo com um calcanhar, arrancando um naco dele. -
    Estou chorando porque não encontramos o Berrante do Inverno. Abrimos meia centena de
    sepulturas e deixamos todas essas sombras à solta no mundo, e não encontramos o Berrante de
    Joramun, para botar abaixo esta coisa fria!
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:43 pm

    Jaime 360



    Sua mão ardia.
    Ainda, ainda, muito depois de terem apagado o archote que tinham usado para cauterizar seu toco
    sangrento, dias antes, ainda sentia o fogo atravessando seu braço, e os dedos se torcendo no meio
    das chamas, os dedos que já não tinha.
    Já tinha sido ferido antes, mas nunca assim. Nunca soubera que podia haver uma dor tamanha.
    Às vezes, sem serem chamadas, velhas preces saíam borbulhando de seus lábios, preces que
    tinha aprendido quando criança e nas quais não voltara a pensar, preces que proferira pela
    primeira vez com Cersei ajoelhada ao seu lado no septo de Rochedo Casterly; Às vezes até
    chorava, até ouvir os Saltimbancos rindo. Então obrigou os olhos a secar e o coração a morrer, e
    rezou para que a febre queimasse suas lágrimas, Agora sei como Tyrion st sentiu, todas aquelas
    vezes que riram dele.
    Depois de cair pela segunda vez da sela, ataram-no bem a Brienne de Tarth e obrigaram-nos de
    novo a dividir um cavalo. Um dia, em vez de os colocarem unidos pelas costas, amarraram-nos
    cara a cara.
    - Os amantes - suspirou sonoramente Shagwell e que bela visão que formam. Seria cruel
    separar o bom cavaleiro de sua senhora. - Então soltou aquela sua gargalhada esganiçada e disse:
    - Ah, mas qual deles é o cavaleiro e qual é a senhora?
    Se eu tivesse a minha mão, saberia depressa, pensou Jaime, Seus braços doíam e as pernas
    estavam dormentes devido às cordas, mas após algum tempo nada disso importava. Seu mundo
    reduziu-se ao latejar de agonia que era a sua mão fantasma, e a Brienne encostada a si. Pelo
    menos ela está quente, pensou, consolando-se, embora o hálito da garota fosse tão desagradável
    quanto o seu.
    A mão sempre estava entre os dois. Urswyck a havia pendurado ao pescoço dele com um
    cordão, e ela balançava de encontro ao seu peito, batendo nos seios de Brienne enquanto Jaime ia
    perdendo e recuperando os sentidos. Seu olho direito estava fechado devido ao inchaço, um
    ferimento inflamado no local em que Brienne o golpeara durante a luta, mas era sua mão que mais
    doía. Sangue e pus jorravam do coto, e a mão em falta latejava toda vez que o cavalo dava um
    passo.
    Tinha a garganta tão inflamada que não podia comer, mas bebia vinho quando davam, e água
    quando não havia alternativa, Uma vez deram-lhe uma taça, e ele esvaziou-a de um trago só,
    tremendo, e os Bravos Companheiros estouraram em gargalhadas tão roucas e sonoras que
    deixaram seus ouvidos doendo.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:43 pm

    - Isso que você tá bebendo é mijo de cavalo, Regicida - disse-lhe Rorge. Jaime tinha tanta sede
    que bebeu mesmo assim, mas depois vomitou tudo. Obrigaram Brienne a lavar o vômito da barba
    dele, tal como a obrigavam a limpá-lo quando se sujava na sela.
    Numa manha fria e úmida em que estava se sentindo ligeiramente mais forte, foi tomado por um
    ataque de loucura, estendeu a mão esquerda para a espada do dornês e arrancou-a
    desajeitadamente da bainha. Não me importa que me mate, pensou, desde que morra lutando, de
    espada na mão. Mas não deu certo. Shagwell veio contra ele pulando com uma perna de cada vez,
    dançando agilmente para o lado quando Jaime lhe lançava estocadas. Desequilibrado, cambaleou
    em frente, brandindo violentamente a espada na direção do bobo, mas Shagwell girou, abaixou-se
    e fugiu até deixar todos os Saltimbancos rindo das tentativas fúteis de Jaime para atingi-lo. Quando
    tropeçou numa pedra e caiu de joelhos, o bobo saltou diante dele e pregou um beijo úmido no topo
    de sua cabeça.
    Por fim, Rorge afastou-o com um empurrão e, com um pontapé, arrancou a espada dos fracos
    dedos de Jaime quando este tentou erguê-la.
    - Iffo foi divertido, Regifida - disse Vargo Hoat -, maf fe voltar a tentar, corto fua outra mão, ou
    talvef um pé.
    Jaime ficou deitado de costas depois, fitando o céu noturno, tentando não sentir a dor que
    serpenteava seu braço direito acima sempre que o movia, A noite estava estranhamente bela. A
    lua era um gracioso crescente, e parecia que nunca tinha visto tantas estrelas. A Coroa do Rei
    encontrava-se no zênite, e via o Garanhão empinando-se, e ali o Cisne. A Donzela da Lua, tímida
    como sempre, estava meio escondida atrás de um pinheiro. Como uma noite como esta pode ser
    bela?, perguntou a si mesmo. Por que as estrelas olhariam para alguém como eu?
    - Jaime - sussurrou Brienne, tão baixo que pensou que sonhava. - Jaime, o que está fazendo?
    - Estou morrendo - murmurou de volta,
    - Não - disse ela -, não, tem de sobreviver.
    Aquilo deu-lhe vontade de rir.
    - Pare de me dizer o que fazer, garota, Eu morro se quiser.
    - E assim tão covarde?
    A palavra chocou-o. Ele era Jaime Lannister, um cavaleiro da Guarda Real, era o Regicida,
    Nunca homem algum o chamara de covarde. Chamavam-no de outras coisas, sim; perjuro,
    mentiroso, assassino. Diziam que era cruel, traiçoeiro, imprudente. Mas covarde, nunca.
    - O que posso fazer além de morrer?
    - Viver - disse ela -, viver, lutar e procurar vingança. - Mas falou alto demais. Rorge ouviu sua
    voz, embora não as palavras, e veio chutá-la, gritando-lhe que segurasse a língua se quisesse ficar
    com ela.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:44 pm

    Covarde, pensou Jaime, enquanto Brienne lutava para abafar os gemidos. Será? Roubaram-me
    a mão da espada. Isso era tudo que eu era, uma mão de espada? Pela bondade dos deuses, será
    verdade?
    A garota tinha razão. Não podia morrer. Cersei esperava-o. Devia sentir falta dele. E Tyrion, seu
    irmão mais novo, que o amava devido a uma mentira. E seus inimigos também esperavam; o
    Jovem Lobo, que o derrotara no Bosque dos Murmúrios e matara os homens que o rodeavam,
    Edmure Tully, que o mantivera em trevas e correntes, estes Bravos Companheiros.
    Quando a manhã chegou, obrigou-se a comer. Deram-lhe ração de aveia, comida de cavalo,
    mas forçou-se a engolir todas as colheradas. Voltou a comer ao cair da noite, e no dia seguinte
    também. Viva, disse rudemente a si próprio quando a ração parecia prestes a levá-lo ao vômito,
    viva por Cersei, viva por Tyrion, viva para a vingança. Um Lannister sempre paga as suas dívidas.
    A mão que não tinha latejava, ardia e fedia. Quando chegar a Porto Real, mandarei forjar uma mão
    nova, uma mão de ouro, e um dia vou usá-la para rasgar a goela de Vargo Hoat.
    Os dias e as noites fundiram-se num incêndio de dor. Dormia na sela, encostado em Brienne,
    com o nariz cheio do fedor da mão em putrefação, e depois à noite ficava desperto, deitado no chão
    duro, preso num pesadelo acordado. Apesar de muito fraco, prendiam-no sempre a uma árvore.
    Dava-lhe um certo consolo frio saber que o temiam tanto assim, mesmo agora.
    Brienne ficava sempre amarrada a seu lado. Ficava deitada com as suas cordas como uma
    grande vaca morta, sem dizer uma palavra. A garota construiu uma fortaleza dentro de si. Devem
    estuprá-la em breve, mas não podem tocar nela atrás dessas muralhas. Porém, as muralhas de
    Jaime tinham desaparecido. Tinham-lhe tirado a mão, tinham-lhe tirado a mão da espada, e sem
    ela não era nada, A outra de nada lhe servia. Desde que aprendera a andar, seu braço esquerdo
    era o braço do escudo e nada mais. Era a mão direita que fazia dele um cavaleiro; o braço direito
    que tinha feito dele um homem,
    Um dia, ouviu Urswyck dizer qualquer coisa a respeito de Harrenhal, e lembrou-se de que era
    esse o destino do grupo. Isso fez Jaime rir em voz alta, e isso fez com que Ti- meon golpeasse seu
    rosto com um chicote longo e estreito. O corte sangrou, mas comparado com a mão, quase não o
    sentiu.
    - Por que você riu? - perguntou a mulher naquela noite, num sussurro.
    - Foi em Harrenhal que me deram o manto branco - sussurrou em resposta. - No grande torneio
    do Whent. Quis mostrar a todos nós o seu grande castelo e os seus belos filhos. Eu também quis
    lhes mostrar umas coisas. Só tinha quinze anos, mas ninguém conseguiria me derrotar naquele
    dia. Aerys não me deixou participar da justa. - Voltou a rir. - Mandou-me embora. Mas agora estou
    de volta.
    Eles ouviram o riso. Naquela noite foi Jaime quem recebeu os pontapés e murros. Também
    pouco os sentiu, até que Rorge avançou com a bota contra o coto, e então o prisioneiro desmaiou.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:44 pm

    Foi na noite seguinte que finalmente apareceram os três piores; Shagwell, Rorge sem nariz e o
    gordo dothraki Zollo, aquele que tinha cortado sua mão. Zollo e Rorge discutiam sobre quem seria
    o primeiro enquanto se aproximavam; parecia não haver qualquer dúvida de que o bobo seria o
    último. Shagwell sugeriu que podiam ir os dois primeiro e tomá-la pela frente e por trás. Zollo e
    Rorge gostaram da idéia, mas então começaram a discutir sobre quem ficaria com a frente e quem
    iria por trás.
    Também vão deixá-la mutilada, mas por dentro, onde não se vê.
    - Garota - sussurrou enquanto Zollo e Rorge xingavam um ao outro -, deixe-os ficar com a
    carne, e vá para longe. Terminará mais depressa, e eles obterão menos prazer do ato.
    - Eles não vão obter prazer nenhum daquilo que vou lhes dar - murmurou em resposta,
    desafiadora.
    Estúpida cadela teimosa e corajosa. Sabia que ela ia acabar se levando à morte. E que me
    importa que morra? Se não tivesse sido tão cabeça-dura, eu ainda teria uma mão. E no entanto,
    ouviu-se sussurrando:
    - Deixe que façam o que querem e retire-se para dentro. - Foi o que fizera quando os Stark
    morreram na sua frente, Lorde Rickard cozinhando dentro de sua armadura enquanto o filho
    Brandon se estrangulava na tentativa de salvá-lo. - Pense em Renly, se o amava. Pense em Tarth,
    em montanhas e mares, lagoas, cascatas, seja o que for que tenha na sua Ilha Safira, pense...
    Mas, a essa altura, Rorge já tinha ganhado a discussão.
    - E a mulher mais feia que eu já vi - disse a Brienne -, mas não ache que não posso deixá-la
    mais feia ainda. Quer um nariz como o meu? Lute, e fica com um. E dois olhos são demais. Um
    grito vindo de você e arranco um e obrigo você a comê-lo, e depois arranco a merda dos seus
    dentes um a um.
    - Oh, faça isso, Rorge - pediu Shagwell. - Sem os dentes, ela fica. bem parecida com a minha
    querida mãe. - Soltou um cacarejo. - E eu sempre quis foder a minha querida mãe pelo cu,
    Jaime soltou uma risadinha.
    - Ora, aí está um bobo engraçado. Tenho uma charada para você, Shagwell. Por que você se
    importa que ela grite? Ah, espere, eu sei. - E gritou o mais alto que pôde: - SAFIRAS.
    Praguejando, Rorge voltou a chutar seu coto. Jaime soltou um uivo. Não fazia idéia de que havia
    no mundo uma agonia tão grande, foi a última coisa que se lembrava de ter pensado. Era difícil
    saber quanto tempo esteve desacordado, mas quando a dor o cuspiu, Urswyck estava lá, e o
    próprio Vargo Hoat também.
    - Ela não deve fer tocada - gritou o bode, enchendo Zollo de perdigotos. - Ela tem de fer donfela,
    feuf idiotaf! Ela vale um faco de fafiraf! - E daí em diante, Hoat colocou guardas junto a eles todas
    as noites, para protegê-los de seus próprios homens.
    Duas noites passaram em silêncio antes de a garota finalmente encontrar coragem para
    murmurar:
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:44 pm

    -Jaime? Por que gritou?
    - Por que foi que gritei "safras", é isso que quer perguntar? Use a cabeça, garota. Acha que
    esses tipos teriam se importado se eu tivesse gritado "estupro"?
    - Não precisava ter gritado nada.
    - Já é suficientemente difícil olhar para você com nariz. Além disso, quis obrigar o bode a dizer
    "fafiraf". - Soltou uma gargalhadinha. - Para você é bom que eu seja um grande mentiroso. Um
    homem honroso teria dito a verdade sobre a Ilha Safira.
    - Seja como for - disse ela. - Agradeço-lhe, sor.
    A mão dele estava latejando de novo. Apertou os dentes e disse:
    - Um Lannister paga as suas dívidas. Aquilo foi pelo rio, e por aquelas pedras que despejou em
    cima de Robin Ryger.
    O bode quis fazer de sua entrada em Harrenhal um espetáculo, então Jaime foi obrigado a
    desmontar a um quilômetro e meio dos portões do castelo. Uma corda foi amarrada em volta de
    sua cintura, e uma segunda em torno dos pulsos de Brienne; as extremidades foram atadas ao
    arção da sela de Vargo Hoat. Avançaram aos tropeções, lado a lado, atrás do zebralo listrado do
    qohorik.
    A raiva de Jaime manteve-o em movimento. O linho que cobria seu coto estava cinzento e fedia
    a pus. Seus dedos fantasmas gritavam a cada passo. Eu sou mais forte do que eles pensam, disse
    a si mesmo. Ainda sou um Lannister. Ainda sou um cavaleiro da Guarda Real Chegaria a
    Harrenhal, e depois a Porto Real. Sobreviveria. E vou pagar esta dívida com juros.
    Ao se aproximarem das muralhas semelhantes a falésias do monstruoso castelo de Harren, o
    Negro, Brienne apertou seu braço.
    - Lorde Bolton controla este castelo. Os Bolton são vassalos dos Stark.
    - Os Bolton esfolam os inimigos. - Isso era tudo que Jaime recordava do nortenho. Tyrion
    conheceria tudo que havia para saber sobre o senhor do Forte do Pavor, mas encontrava-se a mil
    léguas de distância, com Cersei. Não posso morrer enquanto Cersei for viva, disse a si mesmo.
    Morreremos juntos, assim como nascemos juntos.
    A aldeia junto às muralhas tinha sido reduzida a cinzas e pedras enegrecidas, e muitos homens
    e cavalos tinham acampado recentemente junto à margem do lago, no local onde Lorde Whent
    havia organizado seu grande torneio no ano da falsa primavera. Um sorriso amargo tocou os lábios
    de Jaime ao atravessarem aquele terreno revolvido. Alguém tinha escavado uma fossa sanitária
    no exato local onde ele ajoelhara um dia para proferir seus votos. Nunca sonhei que o doce podia
    amargar tão depressa. Aerys nem sequer me deixou saborear aquela noite. Honrou-me, e em
    seguida cuspiu em mim.
    - Os estandartes - observou Brienne. - Homem esfolado e torres gêmeas, veja. Homens
    juramentados ao Rei Robb. Ali, por cima da guarita, cinza sobre fundo branco, Eles exibem o lobo
    gigante.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:44 pm

    Jaime torceu a cabeça para cima, para dar uma olhada.
    - E o seu maldito lobo, é verdade - reconheceu. - E aquilo são cabeças que estão ao seu lado.
    Soldados, criados e seguidoras de acampamentos reuniram-se para gritar para eles. Uma
    cadela malhada seguiu-os, latindo e rosnando, pelo acampamento afora, até que um dos lisenos a
    empalou numa lança e galopou até a cabeça da coluna,
    - Transporto o estandarte do Regicida - gritou, sacudindo a cadela morta por cima da cabeça de
    Jaime,
    As muralhas de Harrenhal eram tão espessas que passar por baixo delas era como passar
    através de um túnel de pedra. Vargo Hoat enviara na frente dois de seus dothraki, a fim de avisar
    Lorde Bolton de sua chegada, então o pátio exterior estava cheio de curiosos, Afastavam-se para
    Jaime passar cambaleando, com a corda que trazia enrolada na cintura a puxá-lo sempre que
    desacelerava.
    - Aprefento-lhef o Regifida - proclamou Vargo Hoat naquela sua voz densa e babo- sa. Uma
    lança golpeou a parte de baixo das costas de Jaime, fazendo-o estatelar-se.
    O instinto levou-o a levantar as mãos para amparar a queda. Quando o coto colidiu com o chão,
    a dor o deixou cego, e Jaime ficou sem saber como conseguiu apoiar-se num joelho. À sua frente,
    um lance de largos degraus de pedra levava à entrada de uma das colossais torres redondas de
    Harrenhal. Cinco cavaleiros e um nortenho encontravam- -se lá em cima, olhando-o; este de olhos
    claros e vestido de lã e peles, os cinco com um aspecto feroz, em armaduras e cotas de malha,
    ostentando o símbolo das torres gêmeas nos sobretudos.
    - Um bando de Freys - declarou Jaime. - Sor Danwell, Sor Aenys, Sor Hosteen. - Conhecia os
    filhos de Lorde Walder de vista; afinal de contas, a tia casara-se com um deles. - Aceitem as
    minhas condolências,
    - Por quê, sor? - perguntou Sor Danwell Frey.
    - Pelo filho de seu irmão, Sor Cleos - disse Jaime. - Acompanhou-nos até que os fora da lei o
    encheram de flechas. Urswyck e os homens dele tiraram suas coisas e deixaram- -no para os
    lobos.
    - Senhores! - Brienne libertou-se e avançou. - Vi seus estandartes. Escutem-me em nome de
    seus juramentos!
    - Quem fala? - quis saber Sor Aenys Frey.
    - A ama de leite do Lanifter.
    - Sou Brienne de Tarth, filha de Lorde Selwyn, a Estrela da Tarde, e sob juramento para com a
    Casa Stark, assim como vocês.
    Sor Aenys cuspiu aos pés dela.
    - Isso é para os seus votos. Confiamos na palavra de Robb Stark, e ele pagou nosssa fidelidade
    com traição.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:45 pm

    Ora, aqui temos algo interessante. Jaime torceu-se para ver como Brienne receberia a
    acusação, mas a garota era obstinada como uma mula com o freio nos dentes.
    - Não sei de traição alguma. - Sacudiu, irritada, as cordas que envolviam seus pulsos. - A
    Senhora Catelyn ordenou-me que entregasse o Lannister ao irmão, em Porto Real...
    - Ela estava tentando afogá-lo quando os encontramos - disse Urswyck, o Fiel,
    A moça corou.
    - Na ira, descontrolei-me, mas nunca o teria matado. Se ele morrer, os Lannister passarão na
    espada as filhas de minha senhora.
    Sor Aenys não pareceu tocado.
    - Por que é que devemos nos importar com isso?
    - Peçamos um resgate por ele a Correrrio - sugeriu Sor Danwell.
    - Rochedo Casterly tem mais ouro - retrucou um dos irmãos.
    - Matemo-lo! - disse outro. - A cabeça dele pela de Ned Stark!
    Shagwell, o Bobo, com seu traje de losangos cinza e rosa, deu uma cambalhota para os degraus
    mais baixos e começou a cantar.
    - Houve um dia um leão que cum urso dançou, o-oh, o-oh...
    - Filênfio, bobo. - Vargo Hoat deu-lhe uma bofetada. - O Regifida não é para o urfo. Ele é meu.
    - Se morrer, não é de ninguém. - Roose Bolton falava tão baixo que os homens se silenciavam
    para ouvi-lo. - E peço-lhe que recorde, senhor, que não é senhor de Harrenhal até que eu marche
    para o norte.
    A febre tornara Jaime tão destemido quanto tolo.
    - Poderá ser este o senhor do Forte do Pavor? Segundo as últimas notícias que tive, meu pai
    tinha posto o senhor para correr com o rabo entre as pernas. Quando foi que parou de fugir,
    senhor?
    O silêncio de Bolton era cem vezes mais ameaçador do que a malevolência babosa de Vargo
    Hoat. Claros como a névoa da manhã, seus olhos escondiam mais do que revelavam. Jaime não
    gostou daqueles olhos. Faziam-lhe lembrar do dia, em Porto Real, em que Ned Stark o encontrara
    sentado no Trono de Ferro. O senhor do Forte do Pavor finalmente enrugou os lábios e disse:
    - Perdeu uma mão.
    - Não - disse Jaime -, ela está aqui, pendurada no pescoço.
    Roose Bolton estendeu uma mão para baixo, rompeu o cordão e atirou a mão a Hoat.
    - Leve isto daqui. Esta coisa ofende minha vista.
    - Vou mandá-la ao fenhor feu pai. Vou difer-lhe que tem de pagar fem mil dragõef, fenão
    devolvemof-lhe o Regifida pedafo por pedafo. E quando refebermof o ouro dele, mandamof o For
    Jaime ao Karftark e arranjamof também uma donfela! - um rugido de gargalhadas ergueu-se entre
    os Bravos Companheiros.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:45 pm

    - Um belo plano - disse Roose Bolton, com o mesmo tom com que poderia ter dito "Um belo
    vinho" a um companheiro de jantar embora Lorde Karstark não possa lhe dar a filha dele. Rei Robb
    deixou-o uma cabeça menor, por traição e assassinato. Quanto ao Lorde Tywin, ele continua em
    Porto Real, e lá ficará até o ano novo, quando o neto recebe como esposa uma filha de Jardim de
    Cima.
    - Winterfell - disse Brienne. - Quer dizer Winterfell. Rei Joffrey está prometido a Sansa Stark.
    - Já não está mais. A Batalha da Água Negra mudou tudo. A rosa e o leão uniram-se lá, para
    desbaratar a tropa de Stannis Baratheon e reduzir sua frota a cinzas.
    Eu avisei, Urswyck, pensou Jaime, e a você também, bode. Quando apostaram contra os leões,
    perderam mais do que a sua bolsa.
    - Há notícias de minha irmã? - perguntou.
    - Ela está bem. Assim como o seu... sobrinho. - Bolton fez uma pausa antes de dizer sobrinho,
    uma pausa que significava eu sei, - Seu irmão também está vivo, embora tenha sido ferido na
    batalha. - Fez um sinal para um severo nortenho vestido com uma brigantina tachonada. - Leve Sor
    Jaime a Qyburn, E desamarre as mãos desta mulher. - Quando a corda entre os pulsos de Brienne
    foi cortada em duas, disse: - Peço as suas desculpas, senhora. Em tempos conturbados assim, é
    difícil distinguir os amigos dos inimigos.
    Brienne esfregou a parte de dentro do pulso, onde o cânhamo esfolara sua pele.
    - Senhor, estes homens tentaram me estuprar.
    - Ah, é? - Lorde Bolton virou os olhos claros para Vargo Hoat. - Estou descontente. Por isso, e
    por esse assunto da mão de Sor Jaime,
    No pátio havia cinco nortenhos e outros tantos Frey para cada Bravo Companheiro. O bode
    podia não ser tão inteligente como alguns, mas pelo menos sabia contar até cinco. Manteve-se em
    silêncio.
    - Eles ficaram com a minha espada - disse Brienne -, a minha armadura...
    - Não precisará de armadura aqui, senhora - disse-lhe Lorde Bolton. - Em Harrenhal, está sob a
    minha proteção. Amabel, arranje quartos adequados para a Senhora Brienne. Wal- ton, você vai
    cuidar imediatamente de Sor Jaime. - Não esperou resposta, virou-se e subiu os degraus, fazendo
    o manto debruado de peles rodopiar. Jaime teve apenas tempo suficiente para trocar um rápido
    olhar com Brienne antes de serem levados dali, cada um para seu lado.
    Nos aposentos do meistre, por baixo da colônia de corvos, um homem grisalho de ar paternal
    chamado Qyburn prendeu a respiração quando retirou o linho do toco da mão de Jaime.
    - Está assim tão ruim? Vou morrer?
    Qyburn enfiou um dedo no ferimento, e torceu o nariz com o jorro de pus,
    - Não. Se bem que mais alguns dias... - Cortou a manga de Jaime. - A putrefação espalhou-se.
    Vê como a carne está mole? Tenho de cortar isto tudo. A coisa mais certa a fazer seria cortar o
    braço inteiro.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:45 pm

    - Se fizer isso, quem morre é você - prometeu Jaime. - Limpe o coto e dê os pontos. Eu corro os
    meus riscos.
    Qyburn franziu a testa.
    - Posso deixar o braço superior, cortar pelo cotovelo, mas...
    - Se me cortar algum pedaço do braço é melhor que corte o outro também, senão estrangulo-o
    com ele mais tarde.
    Qyburn olhou-o nos olhos. O que quer que tenha visto neles fez com que refletisse
    cuidadosamente.
    - Muito bem. Vou cortar a carne apodrecida, nada mais. Tentarei afastar a putrefação com vinho
    fervente e um cataplasma de urtigas, sementes de mostarda e bolor de pão. Isso talvez seja
    suficiente. E sobre a sua cabeça que pesa. Vai querer leite de papoula...
    - Não. - Jaime não se atrevia a deixar que o adormecessem; podia ter um braço a menos
    quando acordasse, não importa o que o homem dissesse.
    Qyburn ficou surpreso.
    - Vai doer.
    - Gritarei.
    - Doer muito.
    - Gritarei muito alto.
    - Vai beber algum vinho, ao menos?
    - O Alto Septão reza?
    - Quanto a isso, não tenho certeza. Trarei o vinho. Deite-se, que tenho de amarrar seu braço.
    Com uma bacia e uma lâmina afiada, Qyburn limpou o coto enquanto Jaime emborcava
    vinho-forte, babando-se todo enquanto ingeria. A mão esquerda não parecia saber como encontrar
    sua boca, mas havia uma vantagem nisso. O cheiro de vinho na barba encharcada ajudava a
    disfarçar o fedor do pus.
    Nada ajudou quando chegou o momento de desbastar a carne apodrecida. Jaime gritou e
    esmurrou a mesa com o punho bom, uma vez e mais outra. Voltou a gritar quando Qyburn
    despejou vinho fervendo sobre o que restava do coto. Apesar de todas as suas promessas e de
    todos os seus temores, perdeu os sentidos durante algum tempo. Quando acordou, o meistre
    estava costurando seu braço com uma agulha e tripa de gato.
    - Deixei uma dobra de pele para tapar o pulso.
    - Você já fez isso antes - murmurou Jaime numa voz fraca. Sentia o gosto do sangue na boca,
    onde havia mordido a língua.
    - Cotos não são estranhos a nenhum homem que sirva com Vargo Hoat. Ele cria cotos onde
    quer que vá.
    Jaime pensou que Qyburn não parecia um monstro. Era gentil, falava suavemente e tinha uns
    olhos castanhos calorosos.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:46 pm

    - Como é que um meistre acaba na companhia dos Bravos Companheiros?
    - A Cidadela tirou a corrente de mim. - Qyburn pôs a agulha de lado. - Também devia fazer
    alguma coisa com essa ferida acima do olho. A carne está muito inflamada.
    Jaime fechou os olhos e deixou que o vinho e Qyburn fizessem seu trabalho.
    - Fale-me da batalha. - Na qualidade de cuidador dos corvos de Harrenhal, Qyburn teria sido o
    primeiro a saber das novidades.
    - Lorde Stannis foi pego entre o seu pai e o fogo. Dizem que o Duende incendiou o
    rio.
    Jaime imaginou chamas verdes subindo ao céu, mais altas do que as torres mais altas,
    enquanto homens em chamas gritavam nas ruas. Já tinha sonhado esse sonho. Era quase
    engraçado, mas náo havia ninguém com quem dividir a piada.
    - Abra o olho. - Qyburn ensopou um pano em água morna e limpou com pequenas pancadas a
    crosta de sangue seco. A pálpebra estava inchada, mas Jaime descobriu que conseguia forçá-la a
    abrir até a metade. O rosto de Qyburn erguia-se por cima dele. - Como foi que arranjou esta? -
    perguntou o meistre.
    - Presente de uma garota,
    - Namoro violento, senhor?
    - Essa garota é maior do que eu e mais feia do que você. Também devia tratar dela. Ainda
    manca da perna que eu feri quando lutamos.
    - Perguntarei por ela. O que essa mulher é de você?
    - A minha protetora. - Jaime teve de rir, por mais que doesse.
    - Vou triturar umas ervas que poderá misturar com o vinho para baixar sua febre. Volte amanhã,
    e colocarei uma sanguessuga na sua pálpebra para drenar o sangue ruim,
    - Uma sanguessuga. Lindo.
    - Lorde Bolton gosta muito de sanguessugas - disse Qyburn com um ar afetado.
    - Sim ~ disse Jaime. - Deve gostar.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:46 pm

    Tyrion 370


    Nada restava para lá do Portáo do Rei além de lama, cinzas e pedaços de osso queimado, mas já
    havia pessoas vivendo à sombra das muralhas da cidade, e outras vendendo peixe em cima de
    carrinhos de mão e barris. Tyrion sentiu os olhos deles postos em si quando passou; olhos frios,
    zangados e sem compaixão. Ninguém se atrevia a falar com ele, ou a tentar barrar seu caminho;
    pelo menos enquanto tivesse Bronn ao seu lado, vestindo cota de malha negra oleada. Mas se
    estivesse sozinho, arrancariam-me do cavalo e esmagariam minha cara com uma pedra da
    calçada, como fizeram com Preston Greenfield.
    - Voltam mais depressa do que ratazanas - queixou-se. - Queimamos tudo que tinham uma vez,
    era de esperar que pudessem ver nisso uma lição.
    - Dê-me umas dúzias de mantos dourados, e mato todos - disse Bronn. - Depois de mortos, não
    voltam.
    - Não, mas vêm outros para o lugar deles. Deixe-os estar... mas se começarem outra vez a
    encostar barracas na muralha, derrube-as imediatamente. A guerra ainda não acabou, não importa
    o que esses idiotas pensem. - Olhou o Portão da Lama, mais adiante. - Já vi o suficiente por ora,
    Voltamos amanhã com os mestres da guilda, para rever seus planos. - Suspirou. Bem, queimei a
    maior parte disso, suponho que seja apenas justo que o reconstrua.
    Essa tarefa devia ter sido do tio, mas o sólido, firme e incansável Sor Kevan Lannister não era o
    mesmo desde que o corvo chegara de Correrrio com a notícia do assassinato do filho. O gêmeo de
    Willem, Martyn, também fora capturado por Robb Stark, e o irmão mais velho de ambos, Lancei,
    continuava preso ao leito, atormentado por uma ferida ulcerada que não queria cicatrizar. Com um
    filho morto e outros dois em perigo mortal, Sor Kevan andava consumido pelo pesar e pelo medo.
    Lorde Tywin sempre dependera do irmão, mas agora não tinha opção exceto virar-se de novo para
    o filho anão.
    O custo da reconstrução ia ser a ruína, mas não havia alternativa. Porto Real era o principal
    porto do reino, equiparado apenas por Vilavelha, O rio tinha de ser reaberto, e quanto mais
    depressa melhor. E onde vou encontrar o maldito dinheiro? Isso era quase suficiente para levá-lo a
    sentir falta do Mindinho, que tinha zarpado para o norte havia uma quinzena. Enquanto ele dorme
    com Lysa Arryn e governa o Vale ao seu lado, eu tenho de limpar a confusão que deixou para trás.
    Se bem que, pelo menos, o pai estava dando um trabalho significativo para ele fazer. Não quer me
    nomear herdeiro de Rochedo Casterly, mas me usa sempre que pode, pensou Tyrion, enquanto o
    capitão dos homens de manto dourado lhes fazia sinal para atravessarem o Portão da Lama.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:46 pm

    As Três Rameiras ainda dominavam a praça do mercado junto ao portão, mas agora
    encontravam-se ociosas, e os pedregulhos e barris de piche tinham sido guardados. Havia
    crianças escalando as grandes estruturas de madeira, subindo como macacos vestidos de tecido
    grosseiro, para irem se empoleirar nos braços lançadores e gritar uns aos outros.
    - Lembre-me de dizer a Sor Addam para colocar aqui alguns de seus homens - disse Tyrion a
    Bronn enquanto avançavam entre dois dos trabucos. - Um garoto imbecil qualquer é capaz de cair
    e quebrar a espinha. - Ouviu-se um grito vindo de cima, e um torrão de estrume explodiu no chão,
    meio metro à frente deles. A égua de Tyrion empinou-se e quase o derrubou. - Pensando bem -
    disse, depois de controlar o cavalo -, que os fede- Ihos piolhentos se esmaguem nas pedras como
    melões passados.
    Estava de péssimo humor, e não era só porque um punhado de garotos de rua queriam cobri-lo
    de bosta. O casamento era uma agonia diária. Sansa Stark mantinha-se donzela, e metade do
    castelo parecia saber disso. Enquanto selavam os cavalos naquela manhã, ouviu atrás de si dois
    cavalariços aos risinhos abafados. Quase tinha imaginado que os cavalos também soltavam
    gargalhadinhas. Arriscara a pele para evitar o ritual nupcial, na esperança de preservar a
    privacidade de seu quarto, mas essa esperança tinha sido desfeita bem depressa. Ou Sansa fora
    suficientemente burra para fazer con- fidências a uma de suas aias, todas elas espiãs de Cersei, ou
    os responsáveis eram Varys e seus passarinhos.
    Que diferença fazia? Riam dele do mesmo jeito. A única pessoa na Fortaleza Vermelha que não
    parecia achar seu casamento uma fonte de divertimento era a senhora sua esposa.
    A infelicidade de Sansa aprofundava-se a cada dia. Tyrion teria de bom grado aberto caminho
    através de sua cortesia para lhe dar o conforto que pudesse, mas não servia de nada. Nenhuma
    palavra conseguiria algum dia torná-lo belo aos olhos dela. Ou menos Lannister. Era aquela a
    esposa que lhe tinham dado, pelo resto de sua vida, e odiava isso.
    E as noites que passavam juntos na grande cama eram outra fonte de tormento. Já não
    conseguia suportar dormir nu, como era seu costume. A esposa estava bem treinada demais para
    soltar uma palavra pouco amável, mas a repugnância nos olhos dela sempre que olhava seu corpo
    era mais do que conseguia suportar. Tyrion ordenara a Sansa que também usasse uma camisa de
    dormir. Desejo-a, percebeu. Desejo Winterfell, sim, mas também desejo Sansa, seja criança, seja
    mulher, seja o que for. Quero confortá-la. Quero ouvi- -la rir. Quero que venha até mim por vontade
    própria, que me traga as suas alegrias, as suas mágoas e o seu desejo. Sua boca torceu-se num
    sorriso amargo. Sim, e também quero ser alto como Jaime e forte como Sor Gregor, a Montanha,
    por todo o bem que isso traz.
    Involuntariamente, seus pensamentos saltaram para Shae. Tyrion não queria que ela ouvisse a
    novidade de outros lábios que não os seus, então tinha ordenado a Varys que a trouxesse até ele
    na noite anterior ao casamento. Voltaram a se encontrar nos aposentos do eunuco, e quando Shae
    tinha começado a desatar os nós do seu gibão, ele pegou-a pelo pulso e a afastou.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:47 pm

    - Espere - disse -, há uma coisa que tenho de lhe dizer. Amanhã deverei me casar...
    - ... com Sansa Stark. Eu sei.
    Tinha perdido a fala por um instante. A essa altura nem mesmo Sansa sabia.
    - Como pode saber? Varys contou?
    -Um pajem qualquer estava contando a história a Sor Tallad quando levei Lollys ao septo.
    Ouvira-a de uma criada que ouviu Sor Kevan falar com seu pai. - Desembaraçou- -se das mãos de
    Tyrion e despiu o vestido pela cabeça. Como sempre, por baixo estava nua. - Não me importa. Ela
    é só uma garotinha. Vai deixá-la com uma barrigona e voltar para mim.
    Uma parte dele tinha esperado menos indiferença. Tinha esperado, escarneceu amargamente,
    mas agora sabe como é, anão. Shae é todo o amor que provavelmente terá.
    A Rua da Lama estava cheia de gente, mas tanto os soldados como os habitantes da cidade
    abriam caminho para deixar passar o Duende e sua escolta. Crianças de olhos enco- vados
    fervilhavam pelo chão, algumas olhando para cima num apelo silencioso, enquanto outras
    mendigavam ruidosamente. Tyrion tirou um grande punhado de moedas de cobre de sua bolsa e
    atirou-as ao ar, e as crianças desataram a correr atrás delas, aos empurrões e aos gritos. As mais
    afortunadas talvez conseguissem comprar uma fatia de pão bolorento naquela noite. Nunca vira
    mercados tão cheios de gente, e apesar de toda a comida que os Tyrell vinham trazendo, os preços
    mantinham-se absurdamente elevados. Seis cobres por um melão, um veado de prata por oito
    galões de milho, um dragão por um quarto de vaca ou seis leitões magricelas. E, apesar disso, não
    parecia faltar compradores. Homens doentiamente descarnados e mulheres de aspecto
    desvairado aglomeravam-se em volta de todas as carroças e bancadas, enquanto pessoas ainda
    mais esfarrapadas as olhavam, mal-humoradas, das vielas.
    - Por aqui - disse Bronn quando chegaram ao princípio do Gancho. - Ainda quer...?
    - Quero. - A zona ribeirinha fora uma desculpa conveniente, mas Tyrion tinha outro objetivo em
    mente. Não era tarefa que lhe desse prazer, mas precisava ser desempenhada. Viraram as costas
    à Colina de Aegon e dirigiram-se ao labirinto de ruas menores que se aglomeravam em volta do
    sopé da Colina de Visenya. Bronn ia na frente. Uma ou duas vezes Tyrion olhou discretamente
    sobre o ombro para ver se eram seguidos, mas não havia nada para ver além do populacho
    habitual: um carroceiro espancando o cavalo, uma velha atirando os dejetos da noite pela janela,
    dois garotinhos lutando com paus, três homens de manto dourado escoltando um prisioneiro...
    todos pareciam inocentes, mas qualquer um podia ser o seu fim. Varys tinha informantes por todos
    os lados.
    Viraram uma esquina, e de novo a seguinte, e atravessaram lentamente uma multidão de
    mulheres junto a um poço, Bronn levou-o por uma ruela curva, por uma viela, por baixo de uma
    arcada bastante destruída. Atravessaram as ruínas de uma casa que havia queimado e levaram os
    cavalos pela arreata ao longo de um breve lance de degraus de pedra. Os edifícios eram próximos
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:47 pm

    e pobres. Bronn parou no início de uma viela torta, estreita demais para que dois cavaleiros a
    percorressem lado a lado,
    - Há duas reentrâncias e depois um beco sem saída. O antro fica no porão do último edifício,
    Tyrion saltou do cavalo.
    - Certifique-se de que ninguém entre ou saia até eu voltar. Não vou demorar. -Introduziu sua
    mão no manto, para se certificar de que o ouro ainda estava no bolso escondido. Trinta dragões.
    Uma maldita fortuna para um tipo como ele. Bamboleou-se rapidamente viela afora, ansioso para
    resolver aquilo.
    A taberna era um lugar soturno, escuro e úmido, com paredes embranquecidas por salitre e o
    teto tão baixo que Bronn teria de se abaixar para não bater a cabe- ça nas vigas. Tyrion Lannister
    não teria tal problema. Àquela hora, a sala da frente encontrava-se vazia, exceto por uma mulher
    de olhos mortos, sentada num banco atrás de um balcão feito de tábuas rudemente cortadas.
    Entregou-lhe uma taça de vinho amargo e disse:
    - Lá atrás.
    A sala de trás era ainda mais escura. Uma vela tremeluzente ardia sobre uma mesa baixa, ao
    lado de um jarro de vinho. O homem por trás dela não tinha um aspecto muito ameaçador: baixo -
    ainda que todos os homens fossem altos para Tyrion com cabelos castanhos que rareavam,
    bochechas rosadas e uma pequena barriga empurrando os botões de osso do seu gibão de pele de
    veado. Nas mãos suaves, brandia uma harpa de madeira com doze cordas, que era mais mortífera
    do que uma espada.
    Tyrion sentou-se diante do homem.
    - Symon Língua de Prata.
    O homem inclinou-se. Era calvo no alto da cabeça.
    - Senhor Mão - disse.
    - Está me confundindo. Meu pai é a Mão do Rei. Receio que eu já nem sequer seja um dedo.
    - Vai voltar a subir, estou certo. Um homem como você. Minha querida senhora Shae contou
    que é recém-casado. Seria bom se tivesse me chamado mais cedo. Iria me sentir honrado por
    cantar em seu banquete,
    - A última coisa de que minha esposa precisa é de mais canções - disse Tyrion. - E quanto a
    Shae, ambos sabemos que ela não é senhora nenhuma, e eu agradeceria se você não dissesse o
    nome dela em voz alta.
    - Às ordens da Mão - disse Symon.
    Da última vez que Tyrion tinha visto o homem, uma palavra ríspida fora o suficiente para deixá-lo
    suando, mas o cantor parecia ter encontrado alguma coragem em algum lugar. Provavelmente
    naquele jarro. Ou talvez fosse o próprio Tyrion o culpado por aquela nova ousadia. Ameacei-o, mas
    nada chegou a se seguir à ameaça, portanto agora pensa que não tenho dentes. Suspirou,
    - Dizem que é um cantor muito dotado.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:47 pm

    - E muita amabilidade sua dizê-lo, senhor.
    Tyrion concedeu-lhe um sorriso.
    - Creio que está na hora de levar sua música às Cidades Livres. Em Bravos, Pentos e Lys são
    grandes amantes de canções, e generosos com aqueles que lhes agradam. - Bebeu um gole de
    vinho. Apesar de ser uma porcaria, era forte. - Uma turnê por todas as nove cidades seria o melhor.
    Não quer negar a ninguém a alegria de ouvi-lo cantar. Um ano em cada uma deve bastar. - Enfiou
    a mão no interior do manto, onde tinha escondido o ouro. - Com o porto fechado, terá de ir a
    Valdocaso para embarcar, mas Bronn vai lhe arranjar um cavalo, e vou me sentir honrado se
    permitir que pague sua passagem...
    - Mas, senhor - objetou o homem -, nunca me ouviu cantar. Peço que escute por um momento.
    - Os dedos dele moveram-se habilmente sobre as cordas da harpa, e uma música suave encheu a
    adega. Symon começou a cantar.
    Cavalgou pelas ruas da cidade, desde o alto de sua colina, Por becos e degraus e calçadas,
    para os braços de sua menina. Porque ela era o secreto tesouro, sua vergonha e seu prazer.
    E a corrente e o forte nada são, comparados com beijos de mulher.
    - Há mais - disse o homem quando parou de tocar. - Ah, bem mais. O refrão é particularmente
    bonito, na minha opinião. Porque mãos de ouro são sempre frias, mas há calor em mãos de
    mulher...
    - Basta. - Tyrion puxou os dedos de dentro do manto, vazios. - Isso não é canção que eu queira
    ouvir novamente. Nunca mais.
    - Não? - Symon Língua de Prata pôs a harpa de lado e bebeu o gole de vinho. - É uma pena.
    Seja como for, cada homem tem a sua canção, como o meu velho mestre costumava dizer quando
    me ensinou a tocar. Outros podem gostar mais desta minha música. A rainha, talvez. Ou o senhor
    seu pai.
    Tyrion esfregou a cicatriz de seu nariz e disse:
    - Meu pai não tem tempo para cantores, e minha irmã não é tão generosa como imagina. Um
    homem sensato ganharia mais com o silêncio do que com canções. - Não podia deixar as coisas
    muito mais claras do que aquilo.
    Symon pareceu compreender bem depressa o que Tyrion queria dizer.
    - Vai achar meu preço modesto, senhor.
    - E bom saber. - Tyrion temia que trinta dragões de ouro não seriam suficientes para resolver a
    situação. - Diga-me qual é.
    - No banquete de casamento do Rei Joffrey - disse o homem - deverá haver um torneio de
    cantores.
    - E malabaristas, bobos e ursos dançarinos.
    - Só um urso dançarino, senhor - disse Symon, deixando claro que tinha seguido os
    preparativos de Cersei com muito mais interesse do que Tyrion -, mas sete cantores. Galeyon de
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:47 pm

    Cuy, Bethany Dedos-Belos, Aemon Costayne, Alaric de Eysen, Hamish, o Harpista, Collio Quaynis
    e Orland de Vilavelha vão competir por um alaúde dourado com cordas de prata... e, no entanto,
    inexplicavelmente, nenhum convite foi enviado ao homem que é mestre de todos eles.
    - Deixe-me adivinhar. Symon Língua de Prata?
    Symon sorriu com modéstia.
    - Estou preparado para demonstrar a verdade da minha vangloria perante o rei e a corte.
    Hamish é velho, e esquece freqüentemente aquilo que está cantando. E Collio, com aquele
    absurdo sotaque tyroshi! Se você compreender uma palavra em três, pode se considerar com
    sorte.
    - Foi minha querida irmã quem organizou o banquete. Mesmo se pudesse lhe assegurar este
    convite, poderia parecer estranho. Sete reinos, sete votos, sete desafios, setenta e sete pratos...
    mas oito cantores? O que pensaria o Alto Septão?
    - Não sabia que era um homem devoto, senhor.
    - A questão não é a devoção. Certas formalidades têm de ser seguidas.
    Symon bebeu um gole de vinho.
    - Apesar disso... a vida de um cantor não é desprovida de perigos. Oferecemos o nosso talento
    em cervejarias e tabernas, perante bêbados descontrolados. Se um dos sete de sua irmã sofrer
    algum imprevisto, espero que possa pensar em mim para ocupar seu lugar. - Deu um sorriso
    astuto, desmesuradamente satisfeito consigo mesmo.
    - Seis cantores seria tão despropositado quanto oito, certamente. Tentarei me informar sobre a
    saúde dos sete de Cersei. Se algum deles estiver indisposto, Bronn vai encontrá-lo.
    - Muito bem, senhor. - Symon podia ter deixado as coisas assim, mas, transbordante de triunfo,
    acrescentou: - Eu vou cantar na noite da boda do Rei JofFrey. Se por acaso for chamado à corte,
    ora, vou querer oferecer ao rei as minhas melhores composições, canções que cantei mil vezes e
    que certamente agradarão. Mas se der por mim cantando em alguma triste taberna... bem, essa
    seria uma ocasião adequada para experimentar a minha nova canção. Porque mãos de ouro são
    sempre finas, mas há calor em mãos de mulher.
    - Isso não será necessário - disse Tyrion. - Tem a minha palavra de Lannister de que Bronn o
    visitará em breve.
    - Muito bem, senhor. - O cantor barrigudo e perdendo cabelos voltou a pegar a harpa.
    Bronn esperava junto dos cavalos, na entrada da viela. Ajudou Tyrion a subir para a sela.
    - Quando é que levo o homem para Valdocaso?
    - Não leva. - Tyrion virou o cavalo. - Dê-lhe três dias, e depois informe-o de que Hamish, o
    Harpista, quebrou o braço. Diga-lhe que suas roupas nunca servirão para a corte, e que tem de
    imediatamente arranjar um traje novo. Ele virá com você a toda velocidade. - Fez uma careta. -
    Pode querer ficar com a língua dele, ouvi dizer que é de prata. O resto dele nunca deverá ser
    encontrado.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:48 pm

    Bronn deu um sorriso.
    - Conheço uma casa de pasto na Baixada das Pulgas que faz uma saborosa panela de
    castanho. Ouvi dizer que tem todos os tipos de carne.
    - Certifique-se de que eu nunca coma lá. - Tyrion pôs o cavalo a trote. Gostaria de um banho, e
    quanto mais quente melhor,
    Mas até esse modesto prazer lhe foi negado, pois assim que voltou aos seus aposentos, Podrick
    Payne informou-o de que tinha sido convocado à Torre da Mão.
    - Sua senhoria deseja vê-lo. A Mão. Lorde Tywin.
    - Eu me lembro de quem é Mão, Pod - disse Tyrion. - Perdi o nariz, não os miolos.
    Bronn soltou uma gargalhada.
    - Não arranque a cabeça do rapaz a dentadas.
    - E por que não? Ele nunca a usa. - Tyrion perguntava a si mesmo o que teria feito agora. Ou o
    que não fiz, mais provavelmente. Uma convocatória de Lorde Tywin trazia sempre preocupação; o
    pai nunca mandava buscá-lo só para dividir uma refeição ou uma taça de vinho, isso era certo.
    Quando entrou no aposento privado do pai, alguns momentos mais tarde, ouviu uma voz
    dizendo:
    - ... cerejeira para as bainhas, ligadas com couro vermelho e ornamentadas com uma fileira de
    tachões em forma de cabeça de leão e de ouro puro. Talvez com granadas para os olhos...
    - Rubis - disse Lorde Tywin. - Às granadas falta o fogo.
    Tyrion pigarreou.
    - Senhor. Mandou me chamar?
    O pai olhou para cima.
    - Chamei. Venha aqui ver isso. - Uma trouxa de oleado encontrava-se sobre a mesa, entre eles,
    e Lorde Tywin tinha uma espada longa na mão. - Um presente de casamento para Joffrey - disse a
    Tyrion. A luz que entrava pelas vidraças em forma de diamante fazia a lâmina tremeluzir de negro
    e vermelho quando Lorde Tywin a virou para inspecionar o gume, enquanto o botão e a guarda
    flamejavam de ouro. - Com este falatório besta a respeito de Stannis e sua espada mágica,
    pareceu-me melhor que déssemos também a Joffrey algo de extraordinário. Um rei deve usar uma
    espada régia.
    - Isso é espada demais para Joff - disse Tyrion.
    - Ele ainda vai crescer. Tome, sinta o peso. - Ofereceu-lhe a arma, pelo cabo.
    A espada era muito mais leve do que esperava. Ao virá-la na mão, compreendeu o porquê. Só
    um metal podia ter se tornado tão fino e manter força suficiente para a batalha, e não era possível
    confundir aquelas ondulações, os sinais de um aço que havia sido dobrado sobre si próprio muitos
    milhares de vezes.
    - Aço valiriano?
    - Sim - disse Lorde Tywin num tom de profunda satisfação.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:48 pm

    Finalmente, pai? Lâminas de aço valiriano eram raras e caras, mas ainda havia milhares no
    mundo, talvez duzentas só nos Sete Reinos. Sempre aborrecera o pai que nenhuma pertencesse à
    Casa Lannister. Os antigos reis do Rochedo tinham possuído uma arma dessas, mas a espada
    longa Brilhante Rugido perdeu-se quando o segundo Rei Tommen a levou de volta a Valíria em sua
    estúpida demanda, Nunca havia regressado; e o tio Gery também não, o mais novo e mais
    imprudente dos irmãos do pai, que partira em busca da espada perdida cerca de oito anos antes.
    Lorde Tywin oferecera-se pelo menos três vezes para comprar espadas valirianas de casas
    menores e empobrecidas, mas suas propostas foram sempre firmemente rejeitadas. Os fidalgotes
    separavam-se de bom grado de suas filhas, se um Lannister viesse pedi-las, mas estimavam as
    velhas espadas de família.
    Tyrion perguntou a si mesmo de onde teria vindo o metal para aquela. Alguns mestres armeiros
    podiam voltar a trabalhar aço valiriano, mas os segredos de sua manufatura tinham sido perdidos
    quando a Perdição chegou à antiga Valíria.
    - As cores são estranhas - comentou enquanto virava a lâmina à luz do sol. A maior parte do aço
    valiriano era de um cinza tão escuro que parecia quase negro, como era o caso daquela espada.
    Mas misturado nas dobras encontrava-se um vermelho tão profundo quanto o cinza. As duas cores
    enrolavam-se uma sobre a outra, sem chegarem a se tocar, com cada ondulação distinta, como
    ondas de noite e sangue em algum litoral de aço. - Como obteve este padrão? Nunca vi nada
    parecido.
    - Nem eu, senhor - disse o armeiro. - Confesso que estas cores não eram o que eu pretendia, e
    não sei se sou capaz de duplicá-las. O senhor seu pai pediu-me o carmesim de sua Casa, e foi
    essa a cor que tentei infundir no metal. Mas o aço valiriano é obstinado. Estas velhas espadas têm
    memória, dizem, e não mudam facilmente. Usei meia centena de feitiços e clareei o vermelho
    algumas vezes, mas a cor escurecia sempre, como se a lâmina estivesse bebendo o sol dela. E
    algumas dobras não quiseram aceitar o vermelho de jeito nenhum, como pode ver. Se os senhores
    de Lannister estiverem insatisfeitos, voltarei, naturalmente, a tentar, tantas vezes quanto
    desejarem, mas...
    - Não é necessário - disse Lorde Tywin. - Isto servirá.
    - Uma espada carmesim pode brilhar agradavelmente ao sol, mas a bem da verdade gosto
    mais destas cores - disse Tyrion, - Têm uma beleza ameaçadora... e tornam esta lâmina única.
    Não há outra espada como ela no mundo inteiro, creio eu.
    - Há uma, - O armeiro debruçou-se sobre a mesa e desenrolou a trouxa de oleado, revelando
    uma segunda espada longa.
    Tyrion pousou a espada de Joífrey e pegou a outra. Ainda que não fossem irmãs gêmeas, as
    duas eram certamente primas próximas. Esta era mais grossa e mais pesada, pouco mais de um
    centímetro mais larga e sete centímetros mais longa, mas partilhavam as mesmas linhas belas e
    limpas e a mesma cor única, as ondulações de sangue e noite. Três sulcos, profundamente
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:48 pm

    incisos, corriam na segunda lâmina, do cabo à ponta; a espada do rei tinha apenas dois. O cabo da
    arma de Joff era bastante mais ornamentado, os braços da guarda esculpidos em forma de patas
    de leão com garras de rubi projetadas, mas ambas as espadas tinham punhos de couro vermelho
    finamente trabalhado e cabeças de leão em ouro como botões.
    - Magnífico. - Mesmo em mãos tão inábeis como as de Tyrion, a lâmina parecia viva, - Nunca
    senti melhor balanço.
    - Destina-se ao meu filho.
    Não vale a pena perguntar qual deles. Tyrion colocou a espada de Jaime de volta na mesa, ao
    lado da de JofFrey, perguntando a si mesmo se Robb Stark deixaria o irmão viver tempo suficiente
    para empunhá-la. Nosso pai certamente deve pensar que sim; caso contrário, para que mandar
    forjar esta lâmina?
    - Fez um bom trabalho, Mestre Mott - disse Lorde Tywin ao armeiro. - Meu intendente tratará do
    seu pagamento. E lembre-se: rubis para as bainhas,
    - Lembrarei, senhor. E muito generoso. - O homem voltou a enrolar as espadas no oleado,
    enfiou a trouxa debaixo de um braço e ajoelhou-se, - E uma honra servir a Mão do Rei. Entregarei
    as espadas um dia antes do casamento.
    - Certifique-se disso.
    Depois de os guardas acompanharem o armeiro até a porta, Tyrion subiu para uma cadeira.
    - Então... uma espada para Joff, uma espada para Jaime e nem sequer um punhal para o anão,
    E assim que as coisas são, pai?
    - O aço era suficiente para duas lâminas, não para três. Se precisa de um punhal, vá buscar um
    no arsenal. Robert deixou uns cem quando morreu. Gerion deu-lhe um punhal dourado com cabo
    de marfim e botão de punho de safira como presente de casamento, e metade dos enviados que
    vieram à corte tentaram obter favores presenteando Sua Graça com facas incrustadas de jóias e
    espadas com relevos de prata.
    Tyrion sorriu.
    - Teriam agradado mais se o tivessem presenteado com as suas filhas.
    - Sem dúvida. A única lâmina que usava era a faca de caçar que tinha sido presente de Jon
    Arryn quando era garoto. - Lorde Tywin sacudiu uma mão, deixando de lado o Rei Robert e todas
    as suas facas, - O que você encontrou na zona ribeirinha?
    - Lama - disse Tyrion - e algumas coisas mortas que ninguém se incomodou em enterrar. Antes
    de podermos reabrir o porto, o Agua Negra terá de ser dragado, e os navios afundados, desfeitos
    ou tirados da água. Três quartos dos cais precisam de reparos, e alguns poderão precisar ser
    demolidos e reconstruídos. O mercado de peixe desapareceu por completo, e tanto o Portão do
    Rio como o Portão do Rei foram rachados pelos aríetes de Stannis e devem ser substituídos.
    Tremo de pensar no custo. - Se é verdade que caga ouro, pai, arranje uma latrina e ponha-se em
    ação, teve vontade de dizer, mas não era assim tão tolo.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:48 pm

    - Arranjará todo o ouro que for necessário.
    - Ah, é? Onde? O tesouro está vazio, já tinha dito ao senhor. Ainda não acabamos de pagar aos
    alquimistas por todo aquele fogovivo, nem aos ferreiros pela minha corrente e Cersei comprometeu
    a coroa a pagar metade do custo da boda de Joffrey: setenta e sete pratos, que os Outros os
    carreguem, mil convidados, uma torta cheia de pombas, cantores, malabaristas...
    - A extravagância tem seus usos. Temos de demonstrar o poderio e a riqueza de Rochedo
    Casterly para que todo o reino veja.
    - Então talvez deva ser o Rochedo Casterly responsável por pagar.
    - Por quê? Vi as contas de Mindinho. Os rendimentos da coroa são dez vezes maiores do que
    eram no tempo de Aerys.
    - Tal como as despesas, Robert era tão generoso com o dinheiro como com o pinto, Mindinho
    fez grandes empréstimos. De você, entre outros. Sim, os rendimentos são consideráveis, mas
    quase não chegam para cobrir a usura dos empréstimos de Mindinho. Quer perdoar a dívida da
    coroa para com a Casa Lannister?
    - Não diga idiotices.
    - Então talvez sete pratos fossem suficientes. Trezentos convidados em vez de mil. Ouvi dizer
    que um casamento pode ter o mesmo valor sem um urso dançarino.
    - Os Tyrell iriam nos julgar avarentos. Quero o casamento e a zona ribeirinha, Se não conseguir
    pagar as duas coisas, diga, que eu arranjo um mestre da moeda que consiga.
    A desgraça de ser afastado depois de tão pouco tempo não era algo que Tyrion quisesse ter que
    suportar.
    - Eu encontrarei o dinheiro.
    - Encontrará - garantiu o pai -, e já que está com a mão na massa, veja se também consegue
    encontrar a cama de sua esposa.
    Então ofalatório chegou até ele.
    -Já encontrei, muito obrigado. E aquele móvel entre a janela e a lareira, com o dossel de veludo
    e o colchão cheio de plumas de ganso.
    - Agrada-me que conheça isso, Agora talvez devesse tentar conhecer a mulher que a divide
    com você.
    Mulher? Criança, você quer dizer.
    - Alguma aranha andou sussurrando no seu ouvido, ou tenho de apresentar agradecimentos à
    minha querida irmã? - Tendo em conta as coisas que se passavam sob as mantas de Cersei, seria
    de se pensar que ela teria a decência de manter o nariz longe daquilo. - Diga-me, por que é que
    todas as aias de Sansa são mulheres a serviço de Cersei? Estou farto de ser espionado em meus
    próprios aposentos.
    - Se não gosta das criadas de sua esposa, mande-as embora e contrate outras mais do seu
    agrado. Está no seu direito. O que me preocupa é a virgindade de sua esposa, não as aias dela.
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:49 pm

    Esta... delicadeza confunde-me. Parece não ter dificuldade em se deitar com prostitutas. A garota
    Stark é feita de outra forma?
    - Por que diabos lhe interessa tanto o lugar onde enfio o caralho? - quis saber Tyrion, - Sansa é
    nova demais.
    - Tem idade suficiente para ser Senhora de Winterfell depois que o irmão estiver morto. Tire sua
    virgindade e ficará um passo mais perto de obter o Norte. Faça-lhe um filho, e o prêmio está
    praticamente ganho. Precisa que eu lhe lembre que um casamento que não foi consumado pode
    ser posto de lado?
    - Pelo Alto Septão ou um Concilio da Fé. Nosso atual Alto Septão é uma foca treinada que ladra
    lindamente quando recebe ordens para tal. É mais provável que o meu casamento seja anulado
    pelo Rapaz Lua do que por ele.
    - Talvez devesse ter casado Sansa Stark com o Rapaz Lua. Ele talvez soubesse o que fazer
    com ela.
    As mãos de Tyrion fecharam-se nos braços da cadeira.
    -Já ouvi tudo o que pretendo ouvir sobre a virgindade de minha esposa. Mas já que estamos
    discutindo casamentos, por que é que não ouço nada sobre as núpcias iminentes de minha irmã?
    Se bem me lembro...
    Lorde Tywin interrompeu-o.
    - Mace Tyrell recusou minha oferta para casar Cersei com seu herdeiro Willas.
    - Recusou a nossa querida Cersei? - aquilo deixava Tyrion com o humor muito melhor.
    - Quando abordei com ele pela primeira vez o assunto da união, pareceu bastante bem
    disposto - disse o pai. - Um dia mais tarde e tudo mudou. Obra da velha. Ela intimida
    implacavelmente o filho. Varys afirma que ela lhe disse que sua irmã era velha e usada demais
    para seu precioso neto perneta.
    - Cersei deve ter adorado isso. - Soltou uma gargalhada.
    Lorde Tywin lançou-lhe um frio olhar,
    - Ela não sabe. Nem saberá. E melhor para todos se a oferta nunca tiver sido feita. Veja se não
    se esquece disso, Tyrion. A oferta nunca foi feita.
    - Que oferta? - Tyrion tinha fortes suspeitas de que Lorde Tyrell podia acabar lamentando
    aquele vexame.
    - Sua irmã será casada. A questão é: com quem? Tenho várias idéias... - Antes de poder
    enumerá-las, ouviu-se uma pequena batida na porta e um guarda enfiou a cabeça na sala para
    anunciar o Grande Meistre Pycelle. - Pode entrar - disse Lorde Tywin.
    Pycelle entrou vacilante, apoiado em uma bengala, e parou durante tempo suficiente para
    lançar a Tyrion um olhar capaz de coalhar leite. Sua outrora magnífica barba branca, que alguém
    tinha incompreensivelmente aparado, estava crescendo rala e fina, deixando- -o com disformes
    pelancas cor-de-rosa penduradas por baixo do queixo.

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