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    Parte 2 3 realm

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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:49 pm

    - Senhor Mão - disse o velho, fazendo a reverência mais profunda que conseguia sem cair -,
    chegou outra ave de Castelo Negro, Talvez possamos falar em particular?
    - Não há necessidade. - Lorde Tywin fez sinal ao Grande Meistre Pycelle que se sentasse. -
    Tyrion pode ficar.
    Oooooh, posso? Esfregou o nariz e esperou.
    Pycelle limpou a garganta, o que envolvia bastante tosse e ruidosas escarradas.
    - A carta é do mesmo Bowen Marsh que enviou a última. O castelão. Escreve que Lorde
    Mormont enviou notícia de grande número de selvagens se deslocando para o sul.
    - As terras para lá da Muralha não podem suportar grande número de pessoas - disse
    firmemente Lorde Tywin. - Esse aviso não é novo.
    - Este último é, senhor. Mormont enviou uma ave da floresta assombrada, relatando que estava
    sob ataque. Mais corvos chegaram mais tarde, mas nenhum com cartas. Bo- wen Marsh teme que
    Lorde Mormont tenha sido morto, com todas as suas forças.
    Tyrion gostava bastante do velho Jeor Mormont, com seu jeito rude e a ave falante.
    - Essa informação é segura? - perguntou.
    - Não - admitiu Pycelle -, mas nenhum dos homens de Mormont retornou, por enquanto, Marsh
    teme que os selvagens os tenham matado, e que a própria Muralha possa ser atacada em seguida.
    - Remexeu nas vestes e encontrou o papel, - Aqui está a carta dele, senhor, um apelo a todos os
    cinco reis. Quer homens, tantos quantos possamos mandar.
    - Cinco reis? - o pai estava aborrecido. - Há um rei em Westeros. Esses tolos de negro podiam
    tentar se lembrar disso, se desejam que Sua Graça lhes dê ouvidos. Quando responder, diga-lhe
    que Renly está morto e que os outros são traidores e farsantes.
    - Sem dúvida ficarão contentes por saber disso. A Muralha fica a um mundo de distância e é
    freqüente que as notícias cheguem tarde lá. - Pycelle meneou a cabeça para cima e para baixo. - O
    que deverei dizer a Marsh a respeito dos homens que pede? Devemos convocar o conselho...
    - Não há necessidade. A Patrulha da Noite é formada por um bando de ladrões, assassinos e
    grosseirões ilegítimos, mas ocorre-me que poderiam demonstrar ser diferentes, desde que
    tivessem a disciplina adequada. Se Mormont está realmente morto, os irmãos negros têm de
    escolher um novo Senhor Comandante.
    Pycelle lançou a Tyrion um olhar malicioso.
    - Uma excelente idéia, senhor. Conheço o homem certo. Janos Slynt.
    Tyrion não gostou nada daquela idéia.
    - Os irmãos negros escolhem seu próprio comandante - lembrou-lhes. - Lorde Slynt é novo na
    Muralha. Eu sei, fui eu quem o mandou para lá. Por que haveriam de preferi-lo a uma dúzia de
    homens com mais tempo na Patrulha?
    - Porque - disse o pai, num tom que sugeria que Tyrion era um completo simplório
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    Mensagem  Admin Ter maio 29, 2012 12:49 pm

    se não votarem como lhes é dito, a sua Muralha poderá derreter antes de ver mais algum
    homem.
    Sim, isso irá funcionar. Tyrion puxou-se para a frente.
    - Janos Slynt é o homem errado, pai. Seríamos mais bem servidos pelo comandante da Torre
    Sombria. Ou de Atalaialeste do Mar.
    - O comandante da Torre Sombria é um Mallister de Guardamar. Atalaialeste é governada por
    um homem de ferro. - O tom de Lorde Tywin era claro em dizer que nenhum serviria os seus
    propósitos.
    - Janos Slynt é filho de um açougueiro - recordou Tyrion ao pai em tom enérgico. - Você mesmo
    me disse...
    - Eu me lembro do que lhe disse. No entanto, Castelo Negro não é Harrenhal. A Patrulha da
    Noite não é o conselho real. Há uma ferramenta para cada tarefa, e uma tarefa para cada
    ferramenta.
    A ira de Tyrion estourou.
    - Lorde Janos é uma armadura oca, que se venderá a quem pagar melhor.
    - Conto isso como um ponto a seu favor, Quem poderia mais do que nós? - virou-se para
    Pycelle. - Envie um corvo. Escreva que o Rei Joffrey ficou profundamente entristecido ao ouvir a
    notícia da morte do Senhor Comandante Mormont, mas lamenta não poder dispensar nenhum
    homem a essa altura, quando tantos rebeldes e usurpadores permanecem em campo. Sugira que
    as coisas podem ser bastante diferentes depois que o trono ficar seguro.., desde que o rei tenha
    plena confiança na liderança da Patrulha. Para encerrar, solicite a Marsh que dê os melhores
    cumprimentos de Sua Graça ao seu fiel amigo e servidor, Lorde Janos Slynt.
    - Sim, senhor. - Pycelle voltou a balançar sua cabeça mirrada. - Escreverei conforme as ordens
    da Mão. Com grande prazer.
    Devia ter aparado sua cabeça em vez da barba, refletiu Tyrion. £ Slynt devia ter ido tomar um
    banho com seu querido amigo AUar Deem, Pelo menos não havia cometido o mesmo erro estúpido
    com Symon Língua de Prata. Vê, pai?, quis gritar. Vê como eu aprendo depressa as minhas lições?
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:44 pm

    Samwell


    No sótão, uma mulher estava dando ruidosamente à luz, enquanto embaixo um homem jazia,
    moribundo, junto ao fogo. Samwell Tarly não saberia dizer qual dos dois o assustava mais.
    Tinham coberto o pobre Bannen com uma pilha de peles e alimentado bem o fogo, mas tudo que
    ele conseguia dizer era:
    - Tenho frio. Por favor, tenho tanto frio. - Sam estava tentando alimentá-lo com caldo de cebola,
    mas ele não conseguia engolir. O caldo escorria sobre seus lábios e queixo abaixo assim que Sam
    o enfiava na boca com uma colher.
    - Esse está morto. - Craster olhou o homem com indiferença enquanto atacava uma salsicha. -
    Era melhor enfiar uma faca no peito dele do que essa colher pela goela abaixo, se quer a minha
    opinião.
    - Não me lembro de termos pedido a sua opinião. - O Gigante não tinha mais de um metro e
    meio de altura (seu verdadeiro nome era Bedwyck), mas apesar disso era um homenzinho feroz. -
    Matador, pediu conselhos ao Craster?
    Sam encolheu-se por causa do nome, mas sacudiu a cabeça. Encheu mais uma colhe- rada,
    levou-a à boca de Bannen e tentou despejá-la entre seus lábios.
    - Comida e fogo - estava o Gigante dizendo -, foi tudo que lhe pedimos. E a comida vem de má
    vontade.
    - Contente-se por não lhe dar também o fogo de má vontade. - Craster era um homem
    corpulento, tornado ainda mais corpulento pelas esfarrapadas e malcheirosas peles de ovelha que
    usava dia e noite. Tinha o nariz largo e achatado, a boca caída para um lado e uma orelha em falta.
    E, embora seus cabelos eriçados e sua barba emaranhada fossem grisalhos, suas mãos duras e
    nodosas ainda pareciam suficientemente fortes para machucar. - Dei-lhes de comer o que pude,
    mas vocês, corvos, estão sempre com fome. Vocês têm sorte por eu ser um homem devoto, senão
    teria botado todos para correr. Acha que gosto de tipos como ele, morrendo sobre o meu chão?
    Acha que preciso de todas as suas bocas, homenzinho? - O selvagem cuspiu. - Corvos. Quando foi
    que um pássaro preto trouxe o bem à casa de um homem, pergunto a você? Nunca. Nunca.
    Mais caldo escorreu pelo canto da boca de Bannen. Sam limpou-o com um canto da manga. Os
    olhos do patrulheiro estavam abertos, mas nada viam.
    - Tenho frio - voltou a dizer, num sussurro. Um meistre poderia ter sabido como salvá-lo, mas
    eles não tinham meistre. Kedge Olho-Branco cortara o pé retalhado de
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:44 pm

    Bannen nove dias antes, num jorro de pus e sangue que deixou Sam agoniado, mas tinha sido
    pouco e tarde demais, - Tenho tanto frio - repetiram os lábios pálidos.
    Em volta do salão, uma esfarrapada vintena de irmãos negros agachavam-se no chão ou
    sentavam-se em bancos grosseiros, bebendo taças do mesmo caldo ralo de cebola e roendo pedaços
    de pão duro. Alguns deles estavam feridos com maior gravidade do que Bannen. Fornio
    tinha passado vários dias em delírio, e o ombro de Sor Byam vertia um fétido pus amarelo. Quando
    deixaram Castelo Negro, Bernarr Castanho levava sacos de fogo de Myr, unguento de mostarda,
    alho moído, tanásia, papoula, cobre-de-rei e outras ervas curativas. Até sonodo- ce, que concedia
    a dádiva da morte sem dor. Mas Bernarr Castanho morreu no Punho e ninguém pensou em
    procurar os remédios do Meistre Aemon. Hake também sabia algo sobre ervas, como cozinheiro
    que era, mas Hake igualmente tinha ficado para trás. Por isso, cabia aos intendentes sobreviventes
    fazer o que pudessem pelos feridos, e isso era muito pouco. Pelo menos aqui estão secos, com um
    fogo para aquecê-los. Mas precisam de mais comida.
    Todos precisavam de mais comida. Os homens andavam resmungando havia dias. Karl
    Pé-Torto andava sempre dizendo que Craster tinha de ter uma despensa escondida, e Garth de
    Vilavelha começou a servir de eco, quando estava fora do alcance dos ouvidos do Senhor
    Comandante. Sam pensara em pedir algo mais nutritivo, pelo menos para os feridos, mas não tinha
    coragem. Os olhos de Craster eram frios e maus, e sempre que o selvagem olhava na sua direção,
    as mãos dele torciam-se um pouco, como se quisessem se fechar em punhos. Será que ele sabe
    quejalei com Goiva da última vez que estivemos aqui?, perguntava a si mesmo. Será que ela lhe
    contou que eu disse que a levaríamos? Será que ele arrancou isso dela na porrada?
    - Tenho frio - disse Bannen. - Por favor, tenho frio.
    Apesar de todo o calor e fumaça que havia no salão de Craster, o próprio Sam sentia frio. E
    cansaço, tanto cansaço. Precisava dormir, mas sempre que fechava os olhos sonhava com neve
    soprada pelo vento e mortos arrastando os pés em sua direção, com mãos negras e brilhantes
    olhos azuis.
    Em cima, no sótão, Goiva soltou um soluço trêmulo que ecoou ao longo do comprido salão sem
    janelas.
    - Empurre - ouviu uma das esposas mais velhas de Craster dizer à garota. - Mais forte. Mais
    forte. Grite, se ajudar. - E ela gritou, tão alto que Sam se encolheu.
    Craster virou a cabeça para lançar às mulheres um olhar irritado.
    -Já tô mais que farto desses gritos - berrou-lhes. - Dê um trapo pra ela morder, senão vou aí em
    cima e faço-a provar a minha mão.
    E Sam sabia que ele faria. Craster tinha dezenove mulheres, mas nenhuma se atreveria a
    interferir depois de ele começar a subir a escada. Assim como os irmãos negros não interferiram
    duas noites antes, quando ele tinha espancado uma das garotas mais novas. Houve resmungos,
    certamente.
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:44 pm

    - Ele está matando a garota - Garth de Viaverde falou.
    Karl Pé-Torto riu e disse:
    - Se ele não quiser aquele bombonzinho, pode dar para mim,
    Bernarr Negro praguejou em voz baixa e irritada, e Alan de Rosby levantou-se e saiu para não
    ter de ouvir.
    - O teto é dele, as regras também - recordou-lhes o patrulheiro Ronnel Harcley, - Craster é
    amigo da Patrulha.
    Um amigo, pensou Sam, enquanto escutava os gritos abafados de Goiva. Craster era um
    homem brutal que governava as mulheres e filhas com mão de ferro, mesmo assim sua fortaleza
    era um refugio.
    - Corvos congelados - tinha zombado Craster quando entraram, em desordem, os poucos que
    tinham sobrevivido à neve, às criaturas e ao frio penetrante. - E um bando bem menor do que o que
    foi pro norte. - Mas tinha cedido lugar a eles no seu chão, um teto para manter a neve afastada, um
    fogo onde puderam se secar, e suas mulheres tinham trazido taças de vinho quente para levar
    algum calor à barriga deles. - Malditos corvos - chamava-lhes, mas também os alimentava, por
    menor que fosse a ração.
    Somos hóspedes, lembrou Sam a si mesmo. Goiva é dele. Filha dele, mulher dele. 0 teto é dele,
    as regras também.
    A primeira vez em que estivera na Fortaleza de Craster, Goiva viera suplicar-lhe ajuda, e Sam
    emprestara seu manto negro para esconder sua barriga quando foi à procura de Jon Snow.
    Espera-se que os cavaleiros defendam mulheres e crianças. Só alguns dos irmãos negros eram
    cavaleiros, mesmo assim... Todos proferimos as palavras, pensou Sam. Sou o escudo que
    defende os reinos dos homens. Uma mulher era uma mulher, mesmo que fosse selvagem.
    Devíamos ajudá-la. Devíamos. Era pelo filho que Goiva temia; tinha medo de que pudesse ser um
    menino. Craster criava as filhas para se tornarem suas esposas, mas não se viam nem homens
    nem garotos no seu complexo. Goiva tinha dito a Jon que Craster entregava os filhos aos deuses,
    Se os deuses forem bons, vão enviar uma filha, rezou Sam.
    Em cima, no sótão, Goiva abafou um grito.
    - E isso - disse uma mulher. - Agora mais um empurrão. Oh, estou vendo a cabeça dele.
    Dela, pensou Sam, infeliz. A cabeça dela, dela.
    - Frio - disse Bannen fracamente. - Por favor, Tenho tanto frio, - Sam pôs de lado a tigela e a
    colher, estendeu outra pele para cima do moribundo, enfiou outro graveto no fogo. Goiva soltou um
    guincho e começou a arquejar. Craster roeu sua morcela dura. Tinha morcelas para si e para suas
    mulheres, mas não para a Patrulha.
    - Mulheres - lamentou-se. - Berram de uma maneira... Uma vez tive uma porca gorda que deu à
    luz uma ninhada de oito sem soltar mais que um grunhido, - Mastigando, virou a cabeça para olhar
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:45 pm

    de soslaio e com desprezo para Sam. - Era quase tão gorda quanto você, rapaz. Matador. - Soltou
    uma gargalhada.
    Aquilo foi mais do que Sam conseguia suportar. Afastou-se da fogueira tropeçando, passando
    desajeitadamente por cima e em volta dos homens que estavam dormindo, aga- chados ou
    morrendo no chão de terra batida. A fumaça, os gritos e os gemidos estavam fazendo com que se
    sentisse prestes a desmaiar. Baixando a cabeça, empurrou as abas de pele de veado que serviam
    de porta a Craster e saiu para a tarde.
    O dia estava nublado, mas ainda era suficientemente luminoso para cegá-lo após a escuridão do
    salão. Montes de neve pesavam nos ramos das árvores ao redor e cobriam as colinas douradas e
    acastanhadas, mas menos do que antes, A tempestade tinha terminado, e os dias passados na
    Fortaleza de Craster tinham sido... bem, quentes talvez não, mas de um frio não tão penetrante.
    Sam ouvia o suave ploc-ploc-ploc da água derretendo nos pingentes que decoravam a borda do
    espesso telhado de colmo. Inspirou, profunda e tremulamente, e olhou em volta.
    Para oeste, Ollo Mão-Cortada e Tim Stone deslocavam-se entre os cavalos, dando de comer e
    beber aos garranos que restavam,
    Para o lado de onde o vento soprava, outros irmãos matavam e esfolavam os animais que
    estavam fracos demais para prosseguir. Lanceiros e arqueiros faziam rondas por trás dos diques
    de terra que eram a única defesa de Craster contra o que quer que se escondesse na floresta do
    outro lado, enquanto uma dezena de fogueiras para cozinhar soltavam espessas nuvens de
    fumaça cinza-azulada. Sam ouvia os ecos distantes de machados trabalhando na floresta, onde
    um grupo de trabalho recolhia a lenha necessária para manter as chamas ardendo durante toda a
    noite. As noites eram a pior hora. Quando escurecia. E esfriava.
    Não tinha havido nenhum ataque desde que estavam na Fortaleza de Craster, nem de criaturas,
    nem de Outros. Nem haveria, segundo Craster.
    - Um homem devoto não tem motivo para temer tais coisas. Disse isso mesmo a Mance Rayder,
    quando ele veio meter o nariz aqui. Não me deu mais ouvidos do que vocês, os corvos, com suas
    espadas e suas malditas fogueiras. Isso não vai ajudá-los em nada quando o frio branco chegar. A
    essa altura, só os deuses os ajudarão. E melhor ficar de bem com os deuses.
    Goiva também havia falado do frio branco e contara-lhes que tipo de oferendas Craster fazia aos
    seus deuses. Sam quis matá-lo quando soube. Não há leis para lá da Muralha, lembrou a si
    mesmo, e Craster é um amigo da Patrulha.
    Um grito rouco veio de detrás do edifício de taipa. Sam foi ver o que se passava, O chão sob
    seus pés era uma massa de neve em liquefação e lama mole que Edd Doloroso insistia ser
    composta pela merda do Craster, No entanto, era mais densa do que merda; sugava com tanta
    força as botas de Sam que ele sentiu uma tentando sair,
    Por trás de uma horta e de um curral de ovelhas vazio, uma dúzia de irmãos negros disparava
    flechas contra um alvo que tinham feito de feno e palha. O intendente magro e louro que
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:45 pm

    chamavam de Doce Donnel tinha espetado uma bem ao lado do centro do alvo, disparada de uma
    distância de cinqüenta metros.
    - Faça melhor do que isso, velho - disse.
    - Tá bem, eu faço. - Ulmer, recurvado, de barba grisalha e pele e membros flácidos, dirigiu-se à
    marca e tirou uma flecha da aljava que trazia à cintura. Na juventude, tinha sido um fora da lei, um
    membro da infame Irmandade da Mata de Rei. Afirmava ter um dia atravessado com uma flecha a
    mão do Touro Branco da Guarda Real, para roubar um beijo dos lábios de uma princesa de Dorne.
    Também roubara suas jóias e um baú de dragões de ouro, mas era do beijo que gostava de se
    gabar quando estava de pileque.
    Encaixou uma flecha e puxou a corda, todo ele suave como seda de verão, e então deixou-a
    voar. A flecha atingiu o alvo dois centímetros e meio mais perto do centro do que a de Donnel Hill,
    - E suficiente, moço? - disse, dando um passo para trás.
    - E mais do que suficiente - disse o homem mais novo, de má vontade. - O vento cruzado ajudou
    você. Soprava com mais força quando eu disparei.
    - Nesse caso, devia tê-lo considerado. Tem um bom olho e uma mão firme, mas vai precisar de
    bem mais do que isso para ganhar de um homem da mata de rei. Quem me ensinou a dobrar o arco
    foi o Fletcher Dick, e nunca existiu melhor arqueiro. Já lhe contei a história do Fletcher Dick?
    - Só trezentas vezes. - Todos os homens de Castelo Negro tinham ouvido as histórias de Ulmer
    sobre o grande bando de fora da lei de outros tempos; sobre Simon Toyne e o Cavaleiro
    Sorridente, sobre Oswyn Pescoço-Comprido, o Três Vezes Enforcado, sobre Wenda, o Corço
    Branco, sobre Fletcher Dick, sobre o Bem Barrigudo e todos os outros. Em busca de uma
    escapatória, o Doce Donnell olhou em volta e viu Sam no meio da lama. - Matador - chamou. -
    Venha, mostre-nos como matou o Outro, - E estendeu o grande arco de teixo.
    Sam corou.
    - Não foi com uma flecha, foi com um punhal, vidro de dragão... - Sabia o que aconteceria se
    pegasse o arco. Erraria o alvo e enviaria a flecha por cima do dique até as árvores. E então ouviria
    os risos.
    - Não importa - disse Alan de Rosby, outro bom arqueiro. - Estamos todos com vontade de ver o
    Matador disparar o arco. Não estamos, rapazes?
    Não conseguia encará-los; os sorrisos de escárnio, as pequenas brincadeiras maldosas, o
    desprezo em seus olhos. Sam virou-se para ir embora por onde tinha vindo, mas o pé direito
    afundou-se profundamente na lama, e quando tentou puxá-lo, a bota saiu. Teve de ajoelhar para
    soltá-la, com as gargalhadas ressoando em seus ouvidos. Apesar de todas as meias que tinha
    calçadas, quando conseguiu fugir, a neve que derretia já as tinha empapado até os dedos do pé.
    Imprestável, pensou, infeliz. Meu pai conhecia-me bem. Não tenho o direito de estar vivo quando
    tantos homens corajosos morreram,
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:45 pm

    Grenn estava cuidando da fogueira ao sul do portão do complexo, como dorso nu enquanto
    rachava a madeira. Tinha o rosto vermelho do esforço e o suor evaporava-se da sua pele em
    nuvenzinhas de vapor. Mas sorriu quando Sam se aproximou, bufando.
    - Os Outros ficaram com a sua bota, Matador?
    Ele também?
    - Foi a lama. Não me chame disso, por favor.
    - Por que não? - Grenn parecia honestamente surpreso. - E um bom nome, e arranjou-o com
    justiça.
    Pyp costumava provocar Grenn por ter a cabeça dura como a muralha de um castelo, portanto
    Sam explicou pacientemente,
    - E só uma maneira diferente de me chamarem de covarde - disse, apoiado na perna esquerda
    e esforçando-se para enfiar o pé direito novamente na bota lamacenta. - Estão caçoando de mim,
    da mesma maneira que caçoam do Bedwyck quando o chamam de Gigante.
    - Mas ele não é um gigante - disse Grenn - e o Paul nunca foi pequeno. Bem, talvez fosse
    quando era bebê de peito, mas depois disso não. Mas você matou mesmo o Outro, portanto não é
    a mesma coisa.
    - Eu só... eu nunca... eu estava assustado!
    - Não mais do que eu. E só o Pyp que diz que eu sou burro demais para me assustar. Fico tão
    assustado quanto qualquer um. - Grenn dobrou-se para apanhar uma tora partida e atirou-a na
    fogueira. - Costumava ter medo do Jon, sempre que tinha de lutar com ele. Ele era muito rápido e
    lutava como se quisesse me matar. - A madeira verde e úmida caiu nas chamas, fúmegando antes
    de pegar fogo. - Mas nunca contei. Às vezes acho que todo mundo anda só fingindo ter coragem, e
    nenhum de nós a temos de verdade. Vai ver é fingindo que arranjamos coragem, não sei. Deixe
    que chamem você de Matador, e daí?
    - Nunca gostou que Sor Alliser o chamasse de Auroque.
    - Ele estava dizendo que eu sou grande e estúpido. - Grenn coçou a barba. - Mas se o Pyp
    quisesse me chamar de Auroque, poderia. Ou você, ou o Jon. Um auroque é um animal feroz e
    forte, por isso não é assim tão ruim, e eu sou grande, e estou ficando maior. Você não gostaria
    mais de ser Sam, o Matador, do que o Sor Porquinho?
    - Por que não posso ser só o Samwell Tarly? - sentou-se pesadamente em uma tora úmida que
    Grenn ainda não tinha cortado, - Foi o vidro de dragão que o matou. Não fui eu, foi o vidro de
    dragão.
    Sam tinha contado a eles, tinha contado a todos. Sabia que alguns não acreditavam nele. O
    Adaga havia mostrado a Sam a sua adaga e dito:
    - Tenho ferro, pra que quero vidro? - Bernarr Negro e os três Garths deixaram claro que
    duvidavam de toda a história, e Rolley de Vilirmãs chegou a ponto de dizer:
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:45 pm

    - O mais certo é que tenha apunhalado uns arbustos que se mexiam e tenha descoberto depois
    que era o Paul Pequeno dando uma cagada, por isso inventou uma mentira.
    Mas Dywen tinha escutado, assim como Edd Doloroso, e obrigaram Sam e Grenn a contar ao
    Senhor Comandante. Mormont passou toda a história com a testa franzida e colocou questões
    contundentes, mas era um homem cauteloso demais para rejeitar qualquer possibilidade de obter
    proveito. Pediu a Sam todo o vidro de dragão que trazia na mochila, embora fosse bem pouco.
    Sempre que Sam pensava no tesouro que Jon encontrara enterrado sob o Punho sentia vontade
    de chorar. Havia lâminas de punhal e pontas de lança, e pelo menos duzentas ou trezentas pontas
    de flecha. Jon tinha feito punhais para si, para Sam e para o Senhor Comandante Mormont, e deu
    a Sam uma ponta de lança, um velho chifre quebrado e algumas pontas de flecha. Grenn também
    ficou com um punhado de pontas de flecha, mas era tudo.
    Portanto, tudo que tinham agora era o punhal de Mormont e aquele que Sam dera a Grenn, mais
    dezenove flechas e uma grande lança de madeira dura, com uma ponta negra de vidro de dragão.
    As sentinelas entregavam a lança umas às outras quando o turno mudava, e Mormont tinha
    distribuído as flechas entre seus melhores arqueiros. Bill Resmungão, Garth Pena-Cinza, Ronnel
    Harcley, Doce Donnel Hill e Alan de Rosby tinham três cada um, e Ulmer quatro, Mas mesmo se
    acertassem todos os disparos, logo ficariam reduzidos a flechas incendiárias, como todos os
    outros. Tinham disparado centenas de flechas incendiárias no Punho, mas as criaturas
    continuaram a vir.
    Não será suficiente, pensou Sam. As paliçadas inclinadas de lama e neve em derreti- mento de
    Craster pouco segurariam o passo das criaturas, que tinham escalado as encostas muito mais
    íngremes do Punho e saltado em grande número a muralha anelar. E em vez de trezentos homens
    alinhados em fileiras organizadas, as criaturas encontrariam quarenta e um sobreviventes
    esfarrapados para combatê-las, nove dos quais feridos demais para lutar. Quarenta e quatro
    tinham entrado aos tropeções no reduto de Craster, dos sessenta e tantos que conseguiram fugir
    do Punho, mas três morreram em decorrência dos ferimentos, e Bannen em breve seria o quarto.
    - Acha que as criaturas foram embora? - perguntou Sam a Grenn, - Por que é que não vêm
    acabar conosco?
    - Elas só vêm quando está frio.
    - Sim - disse Sam -, mas é o frio que traz as criaturas, ou são as criaturas que trazem o frio?
    - Que importa? - o machado de Grenn fez voar lascas de madeira. - Vêm juntos, e é isso que
    interessa. E agora que a gente sabe que o vidro de dragão as mata, talvez nem sequer venham.
    Talvez agora tenham medo de nósl
    Sam quis poder acreditar naquilo, mas parecia-lhe que quando se estava morto, o medo não
    tinha mais significado do que a dor, o amor ou o dever. Envolveu as pernas com os braços, suando
    sob as camadas de lã, couro e peles que o cobriam. O punhal de pedra de dragão tinha derretido a
    coisa pálida na floresta, é verdade... mas Grenn estava falando como se ele fizesse o mesmo às
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:46 pm

    criaturas. Não sabemos se é assim, pensou. Na verdade, não sabemos nada. Gostaria que Jon
    estivesse aqui. Sam gostava de Grenn, mas não podia falar com ele da mesma forma. Eu sei que
    Jon não me chamaria de Matador. E poderia conversar com ele a respeito do bebê de Goiva. Mas
    Jon partira com Qhorin Meia- -Mão, e não tinham recebido notícias dele desde então. Ele também
    tinha um punhal de vidro de dragão, mas terá pensado em usá-lo? Estará morto e deitado
    congelado em algum desfdadeiro... ou, pior, estará morto e caminhando?
    Não conseguia entender por que motivo os deuses quereriam levar Jon e Bannen e deixá-lo
    aqui, covarde e desajeitado como era. Devia ter morrido no Punho, onde se mijara três vezes e
    além disso perdera a espada. E teria morrido na floresta, se o Paul Pequeno não tivesse vindo
    carregá-lo. Gostaria que tudo isso fosse um sonho. Então poderia acordar. Como seria bom
    acordar no Punho dos Primeiros Homens com todos os irmãos ainda ao seu redor, até mesmo Jon
    e o Fantasma. Ou, melhor ainda, acordar em Castelo Negro, atrás da Muralha, e ir até a sala
    comum para comer uma tigela do espesso mingau de trigo do Hobb Três-Dedos, com uma grande
    colherada de manteiga derretendo no meio e um bocado de mel. Só de pensar nisso, seu
    estômago vazio ressoou.
    "Neve."
    Sam olhou para cima ao ouvir o som. O corvo do Senhor Comandante Mormont circundava a
    fogueira, batendo o ar com grandes asas negras.
    "Neve", crocitou a ave. "Neve, neve."
    Onde quer que o corvo fosse, Mormont surgiria pouco depois. O Senhor Comandante emergiu
    de entre as árvores, montado em seu garrano, entre o velho Dywen e o patrulheiro com cara de
    raposa chamado Ronnel Harclay, que tinha sido promovido ao lugar de Thoren Smallwood. Os
    lanceiros ao portão gritaram um desafio, e o Velho Urso respondeu com um resmungo de
    impaciência:
    - Quem, nos sete infernos, vocês acham que vem lá? Os Outros levaram seus olhos? - passou
    a cavalo entre os postes do portão, um dos quais exibia um crânio de carneiro e o outro um de urso,
    e em seguida puxou as rédeas ao animal, ergueu um punho e assobiou. O corvo desceu ao seu
    chamado.
    - Senhor - ouviu Ronnel Harclay dizer -, temos só vinte e duas montadas, e duvido que metade
    delas chegue à Muralha.
    - Eu sei - resmungou Mormont. - Mas temos de ir mesmo assim. Craster deixou isso claro. -
    Lançou um relance de olhos para oeste, onde um grupo de nuvens escuras escondia o sol. - Os
    deuses deram-nos uma folga, mas durante quanto tempo? - Mormont saltou da sela,
    sobressaltando o corvo, que voltou a levantar voo. Então viu Sam e berrou: - Tarly!
    - Eu? - Sam pôs-se desajeitadamente em pé.
    "Eu?" O corvo pousou na cabeça do velho, "Eu?"
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:46 pm

    - Seu nome é Tarly? Tem algum irmão nas redondezas? Sim, você. Feche a boca e venha
    comigo.
    - Com o senhor? - as palavras jorraram num guincho.
    O Senhor Comandante Mormont fulminou-o com o olhar.
    - É um homem da Patrulha da Noite. Tente não sujar a roupa de baixo sempre que olho para
    você. Venha, disse eu. - As botas de Mormont faziam sons úmidos na lama e Sam teve de se
    apressar para acompanhá-lo. - Tenho pensado nesse seu vidro de dragão.
    - Não é meu - disse Sam.
    - Está bem, no vidro de dragão de Jon Snow. Se punhais de vidro de dragão são aquilo de que
    necessitamos, por que é que só temos dois? Cada homem na Muralha devia ser armado com um
    no dia em que profere suas palavras.
    - Não sabíamos...
    - Não sabíamos! Mas um dia devemos ter sabido. A Patrulha da Noite esqueceu a sua
    verdadeira função, Tarly. Não se constrói uma muralha com duzentos metros de altura para evitar
    que selvagens vestidos de peles raptem mulheres. A Muralha foi feita para defender os reinos dos
    homens... e não contra outros homens, que é o que os selvagens são, se olharmos bem as coisas.
    Demasiados anos, Tarly, demasiadas centenas e milhares de anos. Perdemos de vista o
    verdadeiro inimigo. E agora ele está aqui, mas não sabemos como lutar contra ele. O vidro de
    dragão é feito por dragões, como o povo gosta de dizer?
    - Os m... meistres pensam que não - gaguejou Sam, - Os meistres dizem que vem dos fogos da
    terra. Chamam de obsidiana.
    Mormont fungou.
    - Podiam chamar de torta de limão, que eu não me importaria. Se mata como você diz, quero
    mais.
    Sam tropeçou,
    - O Jon encontrou mais, no Punho, Centenas de pontas de flecha, e também pontas de lança...
    - Você já tinha dito. De pouco nos vale aqui. Para chegarmos de novo ao Punho teríamos de
    estar armados com as armas que não teremos até chegarmos ao maldito Punho. E ainda temos de
    lidar com os selvagens. Precisamos encontrar vidro de dragão em outro lugar qualquer.
    Sam quase tinha se esquecido dos selvagens, com tudo que acontecera nos últimos tempos,
    - Os filhos da floresta usavam lâminas de vidro de dragão - disse. - Deviam saber onde
    encontrar obsidiana.
    - Os filhos da floresta estão todos mortos - disse Mormont. - Os Primeiros Homens mataram
    metade deles com lâminas de bronze, e os Andalos concluíram o serviço com ferro. Por que um
    punhal de vidro deveria...
    O Velho Urso interrompeu-se quando Craster surgiu de entre as abas de pele de veado de sua
    porta. O selvagem sorria, revelando uma boca cheia de dentes marrons e estragados.
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:46 pm

    - Tenho um filho.
    "Filho", crocitou o corvo de Mormont. "Filho, filho, filho."
    O rosto do Senhor Comandante ficou rígido.
    - Fico contente por você.
    - Ah, fica? Quanto a mim, ficarei contente quando você e seus homens forem embora. Já é mais
    que tempo, tô achando.
    - Assim que nossos feridos estejam suficientemente fortes...
    - Eles estão tão fortes quanto poderiam ficar, velho corvo, e ambos sabemos disso. Quanto
    àqueles que tão morrendo, e também sabe quem são, corte suas malditas goelas e acabe com o
    problema. Ou então deixe-os, se não tiver estômago, e eu tratarei deles.
    O Senhor Comandante Mormont irritou-se.
    - Thoren Smallwood dizia que era amigo da Patrulha...
    - Sim - disse Craster. - Dei-lhes tudo aquilo que podia dispensar, mas o Inverno vem aí, e agora
    a garota me empatou com mais uma boca chorona para sustentar.
    - Podíamos levá-lo - guinchou alguém.
    A cabeça de Craster virou-se. Seus olhos estreitaram-se. Cuspiu aos pés de Sam.
    - O que foi que disse, Matador?
    Sam abriu e fechou a boca.
    - Eu... eu... eu só quis dizer... se não o quisesse... a sua boca para sustentar... com o Inverno
    vindo aí, nós... nós podíamos levá-lo, e...
    - O meu filho, O meu sangue. Acha que iria dá-lo a corvos?
    - Só pensei... - Você não tem filhos, você os abandona, foi o que Goiva disse, você os deixa na
    floresta, é por isso que só tem esposas, e filhas que crescem para se transformarem em esposas.
    - Cale-se, Sam - disse o Senhor Comandante. - Já disse o bastante. Mais do que o suficiente.
    Vá para dentro.
    - S-senhor...
    - Vá para dentro/
    Corado, Sam atravessou as peles de veado, voltando à escuridão do salão. Mormont seguiu-o.
    - Que espécie de idiota você é? - disse o velho lá dentro, com a voz estrangulada e zangada. -
    Mesmo se Craster nos desse a criança, estaria morta antes de chegarmos à Muralha. Precisamos
    tanto de um recém-nascido para cuidar como de mais neve. Tem leite para lhe dar nessas suas
    grandes tetas? Ou pensava em levar também a mãe?
    - Ela quer vir - disse Sam. - Suplicou-me...
    Mormont ergueu uma mão.
    - Não ouvirei nem mais uma palavra sobre isso, Tarly. Foi-lhe dito e rédito para se manter bem
    longe das esposas de Craster.
    - Ela é filha dele - disse Sam numa voz fraca.
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:46 pm

    - Vá cuidar de Bannen, Já. Antes que me deixe furioso.
    - Sim, senhor. - Sam afastou-se correndo, tremendo.
    Mas quando chegou à fogueira, foi só a tempo de ver o Gigante puxar um manto de peles por
    sobre a cabeça de Bannen.
    - Ele dizia que tinha frio - disse o pequeno homem. - Espero que tenha ido para algum lugar
    quente, espero mesmo.
    - O ferimento... - disse Sam.
    - Que se foda o ferimento. - O Adaga deu uma pancada no cadáver com o pé. - Ele tinha o pé
    ferido. Conheci um homem lá na minha aldeia que perdeu um pé. Viveu até os quarenta e nove.
    - O frio - disse Sam. - Ele não chegou a se aquecer.
    - Ele não chegou a comer - disse o Adaga. - Não como deve ser. Aquele bastardo do Craster
    matou-o de fome.
    Sam olhou em volta ansiosamente, mas Craster não tinha retornado ao salão. Se tivesse, as
    coisas poderiam ter ficado feias. O selvagem odiava bastardos, embora os patru- lheiros
    dissessem que ele próprio era ilegítimo, gerado numa mulher selvagem por um corvo morto havia
    muito tempo.
    - Craster tem os seus para alimentar - disse o Gigante. - Todas essas mulheres. Ele deu-nos o
    que pôde.
    - Não acredite nessa lorota. No dia em que formos embora, vai furar uma barrica de hidromel e
    se sentar pra se banquetear com presunto e mel. E vai rir imaginando a gente passando fome na
    neve. Ele é um maldito selvagem, não passa disso. Nenhum deles é amigo da Patrulha. - Chutou o
    cadáver de Bannen. - Se não acredita em mim, pergunte a ele.
    Queimaram o cadáver do patrulheiro ao pôr do sol, na fogueira que Grenn tinha passado o dia
    alimentando. Tim Stone e Garth de Vilavelha transportaram o cadáver nu e fizeram-no balançar
    duas vezes entre eles antes de o lançarem às chamas. Os irmãos sobreviventes dividiram entre si
    a roupa dele, as armas, a armadura, e tudo mais que possuía. Em Castelo Negro, a Patrulha da
    Noite enterrava seus mortos com toda a cerimônia que lhes era devida, Mas não estavam em
    Castelo Negro. E ossos não voltam como criaturas.
    - O nome dele era Bannen - disse o Senhor Comandante Mormont, quando as chamas o
    envolveram. - Era um homem corajoso, um bom patrulheiro. Veio até nós de... de onde ele veio?
    - Lá de baixo, dos lados de Porto Branco - gritou alguém.
    Mormont fez um aceno.
    - Veio até nós de Porto Branco e nunca falhou no seu dever. Cumpriu seus votos o melhor que
    pôde, percorreu longas distâncias, lutou ferozmente, Não voltaremos a ver alguém como ele.
    - E agora terminou a sua vigia - disseram os irmãos negros, num cântico solene.
    - E agora terminou a sua vigia - ecoou Mormont.
    "Terminou", gritou seu corvo. "Terminou."
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:46 pm

    Sam tinha os olhos vermelhos e sentia-se enjoado devido à fumaça. Quando olhou para o fogo,
    teve a impressão de ver Bannen sentado, com as mãos fechando-se em punhos, como que para
    lutar contra as chamas que o consumiam, mas foi apenas por um instante, antes que as volutas de
    fumaça escondessem tudo. Mas o pior era o cheiro. Se tivesse sido um cheiro ruim e desagradável,
    podia ter suportado, mas o irmão que ardia cheirava tanto a porco assado que ficou com água na
    boca, e isso era tão horrível que, assim que o pássaro grasnou "terminou", Sam correu para trás do
    edifício para vomitar na vala.
    Estava ali, ajoelhado na lama, quando Edd Doloroso se aproximou.
    - Escavando à procura de minhocas, Sam? Ou está só enjoado?
    - Enjoado - disse Sam numa voz frágil, limpando a boca com as costas da mão, - O cheiro,.,
    - Não sabia que o Bannen podia cheirar tão bem, - O tom de Edd era tão sombrio como sempre.
    ~ Quase desejei cortar uma fatia dele. Se tivesse um pouco de molho de maçã talvez tivesse
    cortado. O porco sempre fica mais gostoso com molho de maçã, acho eu. - Edd desatou os nós da
    roupa e tirou o pinto para fora. - É melhor não morrer, Sam, senão tenho medo de sucumbir. Vai
    haver mais pele pururuca em você do que o Bannen jamais teve, e eu nunca consegui resistir a um
    pouco de pururuca. — Suspirou quando a urina começou a sair em arco, amarela e fumegante. -
    Seguimos a cavalo à primeira luz da aurora, você sabia? Faça sol ou faça neve, segundo me disse
    o Velho Urso.
    Sol ou neve. Sam lançou um olhar ansioso ao céu.
    - Neve? - guinchou, - Nós... a cavalo? Todos?
    - Bem, não, alguns terão de caminhar. - Sacudiu. - O Dywen diz que temos de aprender a
    montar cavalos mortos, como os Outros fazem. Diz que isso pouparia na comida. Quanto será que
    come um cavalo morto? - Edd amarrou os nós, - Não posso dizer que a idéia me agrade. Depois de
    descobrirem uma maneira de dominar um cavalo morto, é a nossa vez. E o mais certo é que eu
    seja o primeiro. "Edd", vão dizer, "morrer já não é desculpa para ficar deitado, portanto levante-se e
    pegue essa lança, pois está de vigia esta noite". Bem, eu não devia ser tão pessimista. Pode ser
    que morra antes de eles descobrirem isso.
    Pode ser que todos nós morramos, e mais depressa do que gostaríamos, pensou Sam, enquanto
    levantava-se, desajeitadamente.
    Quando Craster soube que seus indesejados hóspedes partiriam na manhã seguinte, o
    selvagem ficou quase amigável, ou tão perto disso quanto podia ficar.
    -Já era tempo - disse -, aqui não é o lugar de vocês, já tinha lhes dito. Seja como for, vou me
    despedir de vocês como deve ser, com um banquete. Bem, com uma refeição. Minhas esposas
    podem assar esses cavalos que mataram, e eu arranjo cerveja e pão. - Exibiu seu sorriso marrom.
    - Não há nada melhor do que cerveja e carne de cavalo. Eu digo sempre que quem não pode
    montá-los deve comê-los.
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:47 pm

    As esposas e filhas dele trouxeram os bancos e as longas mesas feitas de troncos, e também
    cozinharam e serviram. Com exceção de Goiva, Sam quase não conseguia distinguir as mulheres
    umas das outras. Algumas eram velhas e outras novas, e algumas eram só garotas, mas muitas
    eram não só esposas de Craster mas também filhas dele, e todas tinham mais ou menos o mesmo
    aspecto. Enquanto tratavam do seu serviço, falavam umas com as outras em voz baixa, mas nunca
    se dirigiam aos homens de negro.
    Craster não possuía mais do que uma cadeira. Sentou-se nela, vestido com um gibão sem
    mangas de pele de ovelha. Seus braços grossos estavam cobertos de pelos brancos, e em volta de
    um pulso tinha um aro retorcido de ouro. O Senhor Comandante Mormont ocupou seu lugar ao
    topo do banco, à sua direita, enquanto os irmãos se aglomeravam, joelho contra joelho; uma dúzia
    ficou lá fora, para guardar o portão e cuidar das fogueiras.
    Sam arranjou lugar entre Grenn e o Órfão Oss, com o estômago a resmungar. A carne de cavalo
    assada pingava de gordura enquanto as esposas de Craster rodavam os espetos por cima da
    fogueira, e o cheiro que ela exalava deixou-o de novo com água na boca, mas isso fez com que se
    lembrasse de Bannen. Por mais fome que tivesse, Sam sabia que vomitaria se desse apenas uma
    mordida. Como podiam comer os pobres e leais garranos que os tinham trazido até tão longe?
    Quando as esposas de Craster trouxeram cebolas, pegou avidamente uma. Um dos lados estava
    negro de podridão, mas cortou essa parte com o punhal e comeu crua a metade boa. Também
    havia pães, mas apenas dois filões. Quando Ulmer pediu mais, a mulher limitou-se a negar com um
    movimento de cabeça. Foi então que a confusão começou.
    - Dois pães? - queixou-se Karl Pé-Torto de seu lugar no banco. - Suas mulheres são assim tão
    burras? Precisamos de mais pão do que isso!
    O Senhor Comandante Mormont dirigiu-lhe um olhar duro,
    - Aceite o que lhe é dado e agradeça. Gostaria mais de estar no meio da tempestade comendo
    neve?
    - Estaremos lá bem depressa. - Karl Pé-Torto não vacilou diante da fúria do Velho Urso. -
    Preferia comer o que o Craster está escondendo, senhor.
    Craster estreitou os olhos.
    - Dou aos corvos o suficiente. Tenho as minhas mulheres para sustentar.
    Punhal espetou um pedaço de carne de cavalo.
    - Pois bem. Então admite que tem uma despensa escondida. De que outra forma agüentaria um
    Inverno?
    - Sou um homem devoto... - começou Craster.
    - É um sovina - disse Karl - e um mentiroso.
    - Presuntos - disse Garth de Vilavelha, com uma voz cheia de reverência. - Da última vez que
    viemos aqui havia porcos. Aposto que ele tem presuntos escondidos em algum lugar. Presuntos
    defumados e salgados, e bacon também.
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:47 pm

    - Salsichas - disse Adaga. - Daquelas compridas e pretas, são como rocha, conservam- -se
    durante anos. Aposto que ele tem umas cem, penduradas num porão qualquer.
    - Aveia - sugeriu Ollo Mão-Cortada, - Grão, cevada.
    "Grão", disse o corvo de Mormont, batendo as asas,"Grão, grão, grão, grão, grão"
    - Basta - disse o Senhor Comandante Mormont, por cima dos gritos roucos da ave. - Calem-se
    todos. Isso é uma loucura.
    - Maçãs - disse Garth de Viaverde. - Barris e barris de maçãs frescas de Outono. Há macieiras
    lá fora, eu vi.
    - Frutos silvestres secos. Repolhos. Pinhões.
    "Grão, grão, grão"
    - Carneiro salgado. Há um curral de ovelhas, Ele tem barricas e barricas de carneiro
    armazenadas, eu sei que tem.
    Aquela altura, Craster já parecia a ponto de pô-los todos no espeto. O Senhor Comandante
    Mormont levantou-se.
    - Silêncio, Não quero ouvir mais dessa conversa,
    - Então encha as orelhas de pão, velho. - Karl Pé-Torto afastou-se da mesa. - Ou será que já
    engoliu a porra da sua migalha?
    Sam viu o rosto do Velho Urso ficar vermelho.
    - Esqueceu-se de quem eu sou? Sente-se, coma e cale-se. Isto é uma ordem.
    Ninguém falou. Ninguém se moveu, Todos os olhos estavam postos no Senhor Comandante e
    no grande patrulheiro manco, enquanto os dois se encaravam por cima da mesa. Pareceu a Sam
    que Karl tinha sido o primeiro a ceder e se preparava para se sentar, embora carrancudo...
    .,. mas Craster levantou-se, e tinha o machado na mão. O grande machado de aço negro que
    Mormont lhe dera como presente de hospedagem.
    - Não — rosnou. - Não vai sentar. Ninguém que me chame de sovina dorme debaixo do meu
    teto e come à minha mesa. Fora daqui, aleijado. E você também, e você, e você. - espetou a
    cabeça do machado na direção de Adaga, Garth e Garth. - Vão dormir no frio, de barriga vazia, o
    bando todo, senão...
    - Maldito bastardo! - Sam ouviu um dos Garth xingar. Nunca chegou a saber qual deles.
    - Quem me chamou de bastardo? ~ rugiu Craster, varrendo pratos, carne e taças de vinho da
    mesa com a mão esquerda enquanto erguia o machado com a direita.
    - Não é mais do que o que todos sabem - respondeu Karl.
    Craster deslocou-se mais depressa do que Sam teria acreditado ser possível, saltando sobre a
    mesa de machado na mão. Uma mulher gritou, Garth Viaverde e o Órfão Oss sacaram facas, Karl
    deu um salto para trás e tropeçou em Sor Byam, que se encontrava no chão, ferido. Num instante
    Craster vinha atrás dele, cuspindo palavrões. No seguinte estava cuspindo sangue. Adaga
    agarrara-o pelos cabelos, puxara sua cabeça para trás e abrira sua goela de orelha a orelha com
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:47 pm

    um longo golpe. Então deu um forte empurrão nele, e o selvagem caiu para a frente,
    estatelando-se de cabeça sobre Sor Byam. Byam gritou de agonia enquanto Craster se afogava no
    próprio sangue, deixando o machado escorregar de seus dedos. Duas das mulheres de Craster
    choravam, uma terceira praguejava, uma quarta voou contra o Doce Donnel e tentou arrancar seus
    olhos com as unhas. Este atirou-a ao chão. O Senhor Comandante ficou diante do cadáver de
    Craster, escuro de raiva.
    - Os deuses vão nos amaldiçoar - gritou. - Não há crime mais hediondo do que um hóspede
    trazer assassinato para o salão de um homem. Por todas as leis do lar, nós...
    - Não há leis para lá da Muralha, velho. Lembra? - Adaga agarrou uma das esposas de Craster
    pelo braço e pôs a ponta do punhal ensangüentado debaixo do queixo dela. - Mostre-nos onde ele
    guarda a comida, senão acontece com você o mesmo que com ele, mulher.
    - Largue-a. - Mormont deu um passo. - Vou decapitá-lo por isso, seu...
    Garth de Viaverde bloqueou seu caminho, e Ollo Mão-Cortada empurrou-o para trás. Ambos
    tinham armas na mão.
    - Cuidado com a língua - preveniu Ollo.
    Mas, em vez de lhe obedecer, o Senhor Comandante tentou tirar o punhal dele. Ollo só tinha
    uma mão, mas essa era rápida. Libertou-se das mãos do velho, enfiou a faca na barriga de
    Mormont e puxou-a de volta, toda vermelha. E então o mundo enlouqueceu.
    Mais tarde, muito mais tarde, Sam deu por si sentado de pernas cruzadas no chão, com a
    cabeça de Mormont no colo. Não se lembrava de como tinha chegado ali, ou de muito mais do que
    havia acontecido depois de o Velho Urso ser apunhalado. Lembrava- -se de que Garth de Viaverde
    matara Garth de Vilavelha, mas não se lembrava por quê. Rolley de Vilirmãs tinha caído do sótão e
    quebrado o pescoço depois de subir a escada para provar as mulheres de Craster. Grenn...
    Grenn tinha gritado e estapeado Sam, e então fugido com Gigante, Edd Doloroso e alguns dos
    outros. Craster continuava caído por cima de Sor Byam, mas o cavaleiro ferido já não gemia.
    Quatro homens de negro estavam sentados no banco comendo pedaços queimados de carne de
    cavalo enquanto Ollo copulava sobre a mesa com uma mulher em lágrimas.
    - Tarly. - Quando tentou falar, o sangue pingou da boca do Velho Urso para cima de sua barba.
    - Tarly, vá. Vá.
    - Para onde, senhor? - tinha a voz monocórdica e sem vida. Não tenho medo. Era uma
    sensação estranha. - Não há para onde ir.
    - A Muralha. Dirija-se à Muralha. Já.
    "Já", crocitou o corvo. "Já, já." A ave caminhou ao longo do braço do velho até o seu peito e
    arrancou-lhe um pelo da barba.
    - Tem. Tem de lhes contar.
    - Contar o que, senhor? - perguntou Sam polidamente.
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:47 pm

    - Tudo. O Punho. Os selvagens. Vidro de dragão. Isto. Tudo. - Sua respiração era agora muito
    superficial e sua voz, um sussurro. - Diga ao meu filho. Jorah. Diga-lhe, vista o negro. Meu desejo.
    Ultimo desejo.
    "Desejo?" O corvo ergueu a cabeça, com os olhos negros como contas brilhando. "Grão?",
    perguntou a ave.
    - Grão, não - disse Mormont fracamente. - Diga a Jorah. Perdoo-o. Meu filho. Por favor. Vá.
    - É longe demais - disse Sam, - Nunca chegarei à Muralha, senhor. - Estava tão cansado. Tudo
    que queria era dormir, dormir e dormir, e nunca acordar, e sabia que se ficasse ali tempo suficiente,
    Adaga, Ollo Mão-Cortada ou Karl Pé-Torto se zangariam com ele e lhe concederiam o desejo, só
    para o verem morrer. - Preferia ficar com o senhor. Veja, já não estou assustado. Com o senhor,
    ou... com nada.
    - Devia estar - disse uma voz de mulher.
    Três das mulheres de Craster estavam em pé por cima deles. Duas eram velhas maci- lentas
    que ele não conhecia, mas Goiva encontrava-se entre elas, toda enrolada em peles e embalando
    uma trouxa de pelo marrom e branco que devia conter seu bebê.
    - Nós não devemos falar com as esposas de Craster - disse-lhes Sam. - Temos ordens.
    - Isso agora acabou - disse a velha da direita.
    - Os corvos mais pretos estão lá embaixo no porão, empanturrando-se - disse a velha da
    esquerda ou lá em cima no sótão com as mais novas. Mas vão voltar depressa. E melhor que já
    tenha ido embora quando voltarem. Os cavalos fugiram, mas Dyah apanhou dois.
    - Disse que me ajudaria - lembrou-lhe Goiva.
    - Eu disse que Jon a ajudaria. Jon é corajoso, e um bom guerreiro, mas acho que deve estar
    morto. Eu sou um covarde. E gordo. Olhe só como sou gordo, Além disso, Lorde Mormont está
    ferido. Não vê? Não poderia abandonar o Senhor Comandante.
    - Filho - disse a outra velha -, esse velho corvo foi embora na sua frente. Olhe.
    A cabeça de Mormont continuava no seu colo, mas os olhos estavam abertos e fixos e os lábios
    já não se moviam. O corvo inclinou a cabeça e crocitou, e depois olhou para cima, para Sam.
    "Grão?"
    - Não há grão. Ele não tem grão. - Sam fechou os olhos do Velho Urso e tentou pensar numa
    prece, mas tudo que lhe veio à cabeça foi: - Mãe, tenha piedade. Mãe, tenha piedade, Mãe, tenha
    piedade.
    - Sua mãe não pode ajudar em nada - disse a velha da esquerda. - Esse velho morto também
    não. Pegue sua espada e leve aquele grande manto quente de peles dele e leve o cavalo dele se
    conseguir encontrá-lo. E vá embora.
    - A garota não mente - disse a velha da direita» - Ela é minha filha, e arranquei a mentira dela na
    marra há um bom tempo. Disse que a ajudaria. Faça o que a Ferny diz, rapaz. Leva a garota e
    depressa.
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    Mensagem  Admin Qua maio 30, 2012 3:48 pm

    "Depressa", disse o corvo."Depressa depressa depressa"
    - Para onde? - perguntou Sam, confuso. - Para onde devo levá-la?
    - Para algum lugar quente - disseram as duas velhas em uníssono. Goiva estava
    chorando.
    - Eu e o bebê. Por favor. Serei sua mulher como fui de Craster. Por favor, sor corvo. Ele é um
    menino, exatamente como Nella disse que seria. Se não o levar, eles levam.
    - Eles? - disse Sam, e o corvo ergueu a cabeça negra e repetiu, num eco: "Eles. Eles. Eles."
    - Os irmãos do garoto - disse a velha da esquerda. - Os filhos de Craster, O frio branco está se
    erguendo lá fora, corvo. Sinto nos meus ossos. Estes pobres ossos velhos não mentem, Eles
    estarão aqui em breve, os filhos.
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    Mensagem  Admin Qui maio 31, 2012 9:51 am

    Arya 401


    Seus olhos tinham se acostumado ao negrume. Quando Harwin puxou o capuz da O cabeça dela, o clarão avermelhado dentro do monte oco fez Arya piscar como uma coruja estúpida.
    Uma enorme cova para fogueiras tinha sido escavada no centro do chão de terra, e as chamas que ali ardiam subiam rodopiando e crepitando para o teto manchado de fuma¬ça. As paredes eram de pedra e terra em partes iguais, com enormes raízes brancas que se retorciam por elas como se fossem um milhar de lentas serpentes pálidas. Enquanto observava, pessoas emergiram de entre essas raízes; saindo das sombras para lançar um olhar sobre os cativos, aparecendo nas aberturas de túneis negros como breu, saltando de fendas e frestas por todos os lados. Num ponto, do outro lado da fogueira, as raízes formavam uma espécie de escadaria que levava a um vão na terra onde um homem se encontrava sentado, quase perdido no emaranhado do represeiro.
    Limo tirou o capuz de Gendry.
    - Que lugar é este? - perguntou o Touro.
    - E um lugar antigo, profundo e secreto. Um refúgio onde nem lobos nem leões vêm zanzar.
    Nem lobos nem leões. Arya ficou arrepiada. Lembrou-se do sonho que tivera, e do sa¬bor de sangue de quando tinha arrancado do ombro o braço do homem.
    Embora a fogueira fosse grande, a gruta era maior; tornando difícil dizer onde come¬çava e onde terminava. As aberturas de túneis podiam ter meio metro de profundida¬de ou prolongar-se por três quilômetros. Arya viu homens, mulheres e crianças, todos a observá-la cautelosamente.
    Barba-Verde disse:
    - Aqui está o feiticeiro, esquilo magricela. Agora vai ter as suas respostas. - Apon¬tou para a fogueira, onde Tom Sete-Cordas conversava com um homem alto e magro com peças desencontradas de velhas armaduras afiveladas por cima de uma maltrapilha veste cor-de-rosa. E*íe não pode ser Thoros de Myr. Nas lembranças que Arya guardava, o sacerdote vermelho era um homem gordo de rosto liso e uma brilhante cabeça calva. Aquele homem tinha uma cara seca e a cabeça repleta de cabelos grisalhos armados. Algo que Tom disse fez com que ele a olhasse, e Arya pensou que o homem estivesse prestes a ir até ela. Mas então surgiu o Caçador Louco, empurrando seu cativo para a luz, e ela e Gendry foram esquecidos.
    O Caçador revelou-se um homem atarracado, vestido de couro remendado castanho-amarelado, com os cabelos a rarear e um queixo recuado, além de briguento. No Septo de Pedra, ela achara que Limo e Barba-Verde ficariam em pedaços quando o enfrentaram ao pé das gaiolas para corvos, para reclamar o seu prisioneiro em nome do senhor do relâmpago. Os
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    Mensagem  Admin Qui maio 31, 2012 9:51 am

    cães tinham-nos rodeado, farejando e rosnando. Mas Tom das Sete acalmou-os com sua música, Tanásia atravessou a praça com o avental cheio de ossos e carneiro gordo, e Limo apontou para Anguy, à janela do bordel, em pé com uma flecha preparada. O Caçador Louco amaldiçoou-os todos, chamando-os de lambe-botas, mas acabou concordando em levar o homem que tinha capturado ao Lorde Beric para ser julgado.
    Tinham amarrado os pulsos dele com corda de cânhamo, posto um laço em volta do pescoço e enfiado um saco na cabeça, mesmo assim o homem era perigoso. Arya podia senti-lo pairando na gruta. Thoros - se é que aquele era Thoros - foi encontrar captor e cativo a meio caminho da fogueira.
    - Como foi que o capturou? - perguntou o sacerdote.
    - Os cães apanharam o cheiro. Estava se recuperando de uma bebedeira debaixo de um salgueiro, por incrível que pareça.
    - Traído por sua própria espécie. - Thoros virou-se para o prisioneiro e arrancou seu capuz. - Bem-vindo ao nosso humilde salão, cão. Não é tão grandioso quanto a sala de trono de Robert, mas a companhia é melhor.
    As chamas oscilantes pintaram o rosto queimado de Sandor Clegane com sombras cor de laranja, deixando-o com um aspecto ainda mais terrível do que à luz do dia. Quando puxou a corda que lhe atava os pulsos, lascas de sangue seco caíram no chão. A boca do Cão de Caça torceu-se.
    - Conheço você - disse ele a Thoros.
    - Conheceu. Em lutas corpo a corpo costumava amaldiçoar a minha espada fíamejan- te, embora por três vezes eu o tenha derrotado com ela.
    - Thoros de Myr, Costumava raspar a cabeça.
    - Para denotar um coração humilde, embora na realidade meu coração fosse vaidoso. Além disso, perdi a navalha na floresta, - O sacerdote deu um tapinha na barriga. - Sou menos do que era, mas sou mais. Um ano no meio da natureza derrete a carne do corpo de um homem. Bem que gostaria de encontrar um alfaiate que me apertasse a pele. Pode¬ria voltar a parecer jovem, e belas donzelas iriam me banhar com beijos.
    - Só as cegas, sacerdote.
    Os fora da lei riram, nenhum tão alto quanto Thoros.
    - Exatamente. Mas não sou o falso sacerdote que conhecia. O Senhor da Luz des¬pertou no meu coração. Muitos poderes há muito adormecidos estão despertando, e há forças em movimento sobre a terra. Vi-as nas minhas chamas.
    Cão de Caça não se mostrou impressionado.
    - Que se fodam as suas chamas. E que se foda você também. - Passou o olhar pelos outros. - Anda em estranha companhia para um homem santo.
    - Estes são meus irmãos - disse Thoros simplesmente.
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    Mensagem  Admin Qui maio 31, 2012 9:52 am

    Limo Manto Limão abriu caminho entre os outros. Ele e Barba-Verde eram os únicos homens com altura suficiente para olhar Cão de Caça nos olhos.
    - Tenha cuidado com a maneira como late, cão. Temos a sua vida nas mãos.
    - Então é melhor que você limpe a merda dos dedos, - Cão de Caça soltou uma gar¬galhada. - Há quanto tempo estão escondidos neste buraco?
    Anguy, o Arqueiro, irritou-se com a sugestão de covardia.
    - Pergunte ao bode se temos estado escondidos, Cão de Caça. Pergunte ao seu irmão. Pergunte ao senhor das sanguessugas. Tiramos sangue de todos eles.
    - Vocês? Não me façam rir. Parecem mais guardadores de porcos do que soldados,
    - Alguns de nós éramos guardadores de porcos - disse um homem baixo que Arya não conhecia, - E alguns éramos curtidores, cantores ou pedreiros. Mas isso foi antes de vir a guerra.
    - Quando partimos de Porto Real, éramos homens de Winterfell, homens de Darry e homens de Portonegro, homens dos Mallery e homens dos Wylde. Éramos cavaleiros, escudeiros e homens de armas, senhores e plebeus, unidos apenas pelo nosso objetivo.
    - A voz vinha do homem sentado entre as raízes de represeiro a meia altura da parede.
    - Seis vintenas de nós partiram para levar a justiça do rei ao seu irmão. - O orador vi¬nha descendo o emaranhado de degraus em direção ao chão. - Seis vintenas de homens bravos e leais, liderados por um tolo com um manto estrelado. - Um homem que mais parecia um espantalho, ele usava um manto negro em farrapos salpicado de estrelas e uma placa de peito de ferro amassada por uma centena de batalhas, Um matagal de pelos ruivo-alourados escondia a maior parte de seu rosto, exceto numa zona calva por cima de sua orelha esquerda, onde um golpe havia aberto uma concavidade na cabe¬ça, - Mais de oitenta membros da nossa companhia estão agora mortos, mas outros pegaram as espadas que caíram de suas mãos. - Quando chegou ao chão, os fora da lei afastaram-se para deixá-lo passar. Arya viu que ele tinha perdido um dos olhos, e a pele em volta da órbita estava pregueada e cheia de cicatrizes, e ostentava um anel negro em volta do pescoço. - Com a ajuda deles, continuamos a lutar o melhor que podemos, por Robert e pelo reino.
    - Robert? - arranhou Sandor Clegane, incrédulo.
    - Ned Stark enviou-nos - disse Jack Sortudo com seu elmo redondo -, mas ele es¬tava sentado no Trono de Ferro quando nos deu as ordens, portanto nunca fomos real¬mente homens dele, e sim de Robert.
    - Robert agora é o rei dos vermes. E por isso que estão debaixo da terra, para serem a sua corte?
    - O rei está morto - admitiu o cavaleiro-espantalho -, mas continuamos a ser ho¬mens do rei, embora o estandarte real que trazíamos tenha sido perdido no Vau do Sal¬timbanco quando os carniceiros de seu irmão caíram sobre nós. - Tocou o peito com um punho. - Robert foi morto, mas sua terra perdura. E nós a defendemos.
    - Defendem-wa? - Cão de Caça resfolegou. - Ela é a sua mãe, Dondarrion? Ou a sua puta?
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    Mensagem  Admin Qui maio 31, 2012 9:52 am

    Dondarrion? Beric Dondarrion tinha sido belo; Jeyne, a amiga de Sansa, apaixonara- -se por ele. Nem mesmo Jeyne Poole era tão cega para achar aquele homem bonito. Mas quando Arya voltou a olhar para ele, viu os restos de um relâmpago bifurcado de cor púrpura, no esmalte rachado de sua placa de peito.
    - Sua terra é feita de pedras, árvores e rios - Cão de Caça estava dizendo. - As pe¬dras precisam de quem as defenda? Robert acharia que não. Qualquer coisa que não pu¬desse foder, combater ou beber aborrecia-o, assim como vocês, os... bravos companheiros.
    O ultraje varreu o monte oco.
    - Volte a nos chamar por esse nome, cão, e engolirá a língua. — Limo puxou a espada.
    Cão de Caça fitou a arma com desprezo.
    - Ora, aqui está um homem corajoso, mostrando aço a um prisioneiro amarrado. Por que é que não me desata? Veremos então como anda essa coragem. - Lançou um olhar ao Caçador Louco que se encontrava atrás dele. - E você? Ou será que deixou toda a sua coragem nos canis?
    - Não, mas devia tê-lo deixado numa gaiola para corvos. - Caçador puxou uma faca. - E ainda posso fazer isso.
    Cão de Caça riu na cara dele.
    - Aqui somos irmãos - declarou Thoros de Myr. - Irmãos sagrados juramentados ao reino, ao nosso deus e uns aos outros.
    - A irmandade sem estandartes. - Tom Sete-Cordas fez soar uma corda. - Os cava¬leiros do monte oco.
    - Cavaleiros? - Clegane transformou a palavra em chacota. - Dondarrion é um cava¬leiro, mas o resto de vocês é o mais lamentável bando de fora da lei e homens quebrados que eu já vi. Cago homens melhores do que vocês.
    - Qualquer cavaleiro pode armar cavaleiros - disse o espantalho que era Beric Dondarrion - e todos os homens que vê na sua frente sentiram uma espada no ombro. Somos a companhia esquecida.
    - Mande-me embora e também os esqueço - rouquejou Clegane. - Mas se pretende me assassinar, então trate disso de uma vez. Roubou minha espada, meu cavalo e meu ouro, portanto roube minha vida e acabou-se... mas poupe-me desses balidos devotados.
    - Morrerá em breve, cão - prometeu Thoros -, mas não será assassinato, e sim justiça.
    - Sim - disse o Caçador Louco -, e um destino mais bondoso do que merece por tudo aquilo que a sua laia tem feito. Leões, vocês chamam a si mesmos. Em Sherrer e no Vau do Saltimbanco foram estupradas meninas de seis e sete anos, e bebês de peito foram cortados em dois enquanto as mães eram obrigadas a ver, Nenhum leão jamais matou tão cruelmente.
    - Não estive em Sherrer nem no Vau do Saltimbanco - disse-lhe Cão de Caça. - De¬posite suas crianças mortas em outra porta qualquer,
    Foi Thoros quem respondeu.
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    Mensagem  Admin Qui maio 31, 2012 9:52 am

    - Nega que a Casa Clegane foi construída sobre os ossos de crianças mortas? Vi-os depositando o Príncipe Aegon e a Princesa Rhaenys perante o Trono de Ferro, O certo seria suas armas terem dois bebês ensangüentados em vez daqueles cães feios,
    A boca de Cão de Caça retorceu-se.
    - Toma-me por meu irmão? Agora é crime nascer Clegane?
    - O assassinato é um crime.
    - Quem foi que eu assassinei?
    - Lorde Lothar Mallery e Sor Gladden Wylde - disse Harwin.
    - Meus irmãos Lister e Lennocks - declarou Jack Sortudo.
    - O pai de família Beck e Mudge, o filho do moleiro, de Bosque de Donnel - gritou uma velha das sombras.
    - A viúva de Merriman, que amava tão bem - acrescentou Barba-Verde.
    - Aqueles septões no Charco Lamacento.
    - Sor Andrey Charlton. O seu escudeiro, Lucas Roote. Todos os homens, mulheres e crianças em Campopedra e no Moinho do Rato.
    - O Senhor e a Senhora Deddings, que eram tão ricos.
    Tom Sete-Cordas começou a enumerar.
    - Alyn de Winterfell, Joth Arco-Ligeiro, Matt Pequeno e a irmã, Randa, Anvil Ryn. Sor Ormond. Sor Dudley. Pate de Mory, Pate de Bosquelança, Velho Pate e Pate de Bosque de Shermer, Wyl Cego, o entalhador. Patroa Maerie. Maerie, a Prostituta. Becca Padeira. Sor Raymun Darry, Lorde Darry, o jovem Lorde Darry. Bastardo de Bracken. Fletcher Will. Harsley. Patroa Nolla...
    - Basta. - O rosto de Cão de Caça estava comprimido de fúria. - Está fazendo baru¬lho. Esses nomes não significam nada. Quem eram eles?
    - Pessoas - disse Lorde Beric. - Pessoas grandes e pequenas, jovens e velhas. Pessoas boas e pessoas más, que morreram na ponta de lanças Lannister ou viram a barriga aber¬ta por espadas Lannister.
    - Não era a minha espada na barriga deles. Quem disser isso é um mentiroso.
    - Serve aos Lannister de Rochedo Casterly - disse Thoros.
    - Servi, antigamente. Eu e mais milhares. Será cada um de nós culpado pelos crimes dos outros? - Clegane escarrou. - Pode ser que sejam cavaleiros, afinal. Mentem como cavaleiros, pode ser que assassinem como cavaleiros.
    Limo e Jack Sortudo começaram a gritar com ele, mas Dondarrion levantou uma mão para pedir silêncio.
    - Conte-nos o que quer dizer com isso, Clegane.
    - Um cavaleiro é uma espada com um cavalo, O resto, os votos e os óleos sagrados e os favores das senhoras, são fitas de seda atadas em volta da espada. A espada talvez seja mais bonita com fitas penduradas nela, mas mata igualmente bem sem elas. Bem, que se fodam as suas
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    Mensagem  Admin Qui maio 31, 2012 9:53 am

    fitas, e que enfiem as suas espadas no cu. Eu sou igual a vocês. A única diferença é que não minto a respeito do que sou. Portanto matem-me, mas não me cha¬mem de assassino enquanto ficam aí dizendo uns aos outros que a sua merda não fede. Estão me ouvindo?
    Arya espremeu-se tão depressa para a frente de Barba-Verde que ele nem a viu.
    - Você é um assassino! - gritou. - Matou o Mycah, e não diga que não matou. Assassinou-ol
    Cão de Caça fitou-a sem sequer um lampejo de reconhecimento.
    - E quem era esse Mycah, menino?
    - Não sou um menino! Mas o Mycah era. Era filho de um açougueiro e você o matou. Jory disse que você quase o cortou ao meio, e ele sequer tinha uma espada. - Agora, con¬seguia sentir os olhos deles sobre si, as mulheres, as crianças e os homens que se denomi¬navam cavaleiros do monte oco.
    - Quem é essa agora? - perguntou alguém.
    Cão de Caça respondeu.
    - Sete infernos. A irmã mais nova. A fedelha que atirou a linda espada de Joffrey ao rio. ~ Soltou um latido de riso. - Não sabe que está morta?
    - Não, você é que está morto - disparou ela de volta.
    Harwin pegou o braço de Arya e puxou-a para trás enquanto Lorde Beric dizia:
    - A garota chamou-o de assassino. Nega ter matado esse filho de açougueiro, Mycah?
    O grandalhão encolheu os ombros,
    -Eu era defensor juramentado de Joffrey, O filho do açougueiro atacou um príncipe de sangue.
    - Isso é uma mentiral - Arya sacudiu-se entre as mãos de Harwin. - Fui eu. Eu é que bati no Joffrey e joguei o dente de leão no rio. Mycah só fugiu, como eu lhe disse para fazer.
    - Viu o rapaz atacar o Príncipe Joffrey? - perguntou Lorde Beric Dondarrion ao Cão de Caça.
    - Ouvi a história dos lábios reais. Não me cabe questionar príncipes, - Clegane sacudiu as mãos na direção de Arya. - A própria irmã desta contou a mesma história diante de seu precioso Robert.
    - A Sansa é só uma mentirosa - disse Arya, de novo furiosa com a irmã. - Não foi como ela disse. Não foi.
    Thoros puxou Lorde Beric de lado. Os dois homens conversaram em murmúrios en¬quanto Arya fervia. Eles têm de matá-lo. Rezei para ele morrer, centenas e centenas de vezes.
    Beric Dondarrion virou-se de novo para Cão de Caça.
    - Foi acusado de assassinato, mas ninguém aqui conhece a verdade ou a falsidade da acusação, portanto não cabe a nós julgá-lo. Agora só o Senhor da Luz pode fazer isso. Condeno-o a ser julgado por batalha.
    Cão de Caça franziu a testa, desconfiado, como se não acreditasse em seus próprios ouvidos.
    - Você é tolo ou é louco?
    - Nem uma coisa nem outra. Sou um senhor justo. Prove a sua inocência com uma arma, e ficará livre para partir.

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